Chamas Negras escrita por Benuzinha


Capítulo 1
Em busca das salamandras


Notas iniciais do capítulo

Eu sempre achei o Kagaho um dos personagens mais interessantes de The Lost Canvas e, como ele passa um bom tempo fora de cena na história, fiquei imaginando o que ele poderia estar fazendo durante esse tempo?



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Elisa, uma jovem naturalista belga, aproveitava sua viagem à Grécia com entusiasmo. Sua pesquisa, sobre uma espécie rara de salamandra, estava evoluindo com rapidez. Ao pensar naquilo, ela sorriu para si mesma. Seu pai, um renomado botânico, sentiria muito orgulho dela quando voltasse para casa. Agora, ela conversava com a filha do dono da única hospedaria da pequena vila em que se hospedara.

— Ontem eu consegui encontrar uma salamandra da espécie que estou estudando, depois de quase um mês! – exclamou a pesquisadora, extasiada.

— Isso é ótimo. – a outra sorriu em resposta – Fico muito feliz por você.

— Quero conseguir descrever seus ovos e filhotes, que ninguém conseguiu ver ainda. – os olhos dela brilhavam – Tenho certeza que conseguirei publicar esse trabalho na revista oficial da universidade, mesmo sendo uma mulher. Dessa vez não precisarei usar o nome do meu pai.

— Espero que tenha sucesso. – um homem estranho comentou.

— Obrigada. – Elisa olhou para o estranho, que acabara de chegar.

— Juliet, trouxe as rosas que me pediu. – ele estendeu as flores para a filha do dono da hospedaria.

— Obrigada, Albafica, gentil como sempre.

Elisa não conseguiu despregar os olhos do homem até ele sair logo em seguida.

— Ele é incrível, não é? – Juliet perguntou.

— Quem é ele?

— Está interessada? – Juliet deu uma risadinha.

— Não é isso! – Elisa corou.

— O senhor Albafica é demais. Ele é forte, corajoso, elegante... – a garota suspirou – Ele é o máximo. É uma pena que ele quase não venha por aqui, ele vai muito mais em Rodorio.

— Ele também é botânico? – Elisa perguntou, interessada.

— Ah, não! – Juliet deu uma risada – Nem perto. Ele é um guerreiro.

— Guerreiro? Ele não parece um... – Elisa franziu o cenho.

— Ele é um guerreiro do Santuário – Elisa colocou as mãos na cintura -Só os mais fortes vivem lá.

— Santuário?

— Ih... – Juliet fez uma careta – Acho que falei demais.

— O quê?! Agora você me deixou curiosa.

— Vem, vamos para o jardim. Eu tenho um segredo, mas tem que prometer que não vai contar para ninguém quando for embora!

— Eu prometo!

Ambas se dirigiram rapidamente para o jardim que ficava na lateral da hospedaria e sentaram em um dos bancos de pedra.

— Sabe aquela montanha que fica ao norte daqui?

— Aquela que seu pai falou que era muito perigosa?

— Essa mesma! Aquela montanha na verdade é o Santuário de Athena.

— O quê? – Elisa riu – Santuário de Athena?

— Não ria – Juliet fez um muxoxo. – Este é um assunto muito sério. Ali é onde Athena fica toda vez que reencarna na Terra.

Ao ouvir aquilo, Elisa, que possuía a mente cética de uma pesquisadora, olhou para a nova amiga com certo ar de pena. Afinal, aquele povo era tão simples assim para acreditar em deuses antigos e reencarnações divinas?

— Ali vivem apenas os guerreiros mais fortes e corajosos, dispostas a dar a vida por ela. São os Cavaleiros de Athena. Poucas pessoas além deles têm permissão de entrar lá.

— E você disse que aquele homem é um deles?

— Ele é um dos mais poderosos, a elite dos cavaleiros.

— E como ele luta? Jogando flores nos inimigos?

— Exatamente – Juliet estreitou os olhos. – Espera aí, você está zombando de mim!

— Claro que não – Elisa foi traída pelo brilho em seu olhar.

— Sua boba! Um dia você vai acreditar!

Antes que pudesse responder, Elisa ouviu chamarem seu nome e pedindo licença para a nova amiga, se afastou. Era Andrew que a chamava. Ele e Thorgan eram homens de confiança de seu pai e haviam sido designados por ele para acompanhá-la em sua viagem.

Normalmente, uma jovem moça da sua idade – 27 anos – dificilmente sonharia em tornar-se pesquisadora e, muito menos, viajar sozinha desbravando florestas. No entanto, Elisa, filha de uma bela egípcia que seu pai trouxera para morar com ele na Bélgica, não se encaixava nos padrões da sociedade européia. Portanto, tinha passe livre para agir com certa liberdade.

— Senhorita Elisa, esse rapaz aqui disse que tem parte da floresta que ele sempre vê umas salamandras parecidas com as da sua pesquisa.

— Verdade? – ela olhou para o jovem de cerca de 20 anos – Por favor, me conte tudo, quero cada detalhe.

Mais tarde, naquela noite, Elisa pegou-se pensando no que Juliet dissera mais cedo. Apesar de ter apenas catorze anos, a menina tornara-se muito sua amiga e a sua viagem tornara-se muito mais animada com ela, principalmente com todas as fofocas e novidades que ela sempre tinha para contar, como a do rapaz que ela chamara de Albafica. Um cavaleiro de Athena. Como era possível que em pleno século XVIII alguém ainda acreditasse naquelas coisas? A verdade era que ela gostaria de perguntar ao tal Albafica o que ele achava daquela história maluca. Provavelmente ele teria alguma explicação para aquilo ou talvez ele gostasse de ter aquelas histórias fantásticas sendo contadas sobre ele.


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Notas finais do capítulo

Eu coloquei a Elisa estudando as salamandras porque, além de serem uns bichinhos muito interessantes, eles são ligados ao fogo desde a antiguidade :)



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