Dia 23 de Julho de 2539

“Mãe”, Sarada me chamou extremamente impaciente. Eu coloquei o dedo na boca, pedindo silêncio. Vi Sasuke se remexer na cama, mas ele não acordou. Estava extremamente cansado afinal.

Eu beijei levemente sua testa e me levantei indo atender minha filha impaciente que tinha acabado de me acordar.

Ao me afastar da porta, o sensor de aproximação fechou a mesma. Eu fui em direção as escadas sendo seguida pela mulher de duzentos e trinta anos, mais conhecida como minha primogênita.

Ao chegar na cozinha, minha empregada robotizada nos serviu com um café da manhã. “O tio Kakashi, a tia Ino e o tio Sai ainda não chegaram!”, Sarada exclamou irada. Ela idolatra o pai e sendo hoje o aniversário do mesmo, ela quer tudo perfeito.

Eu respirei fundo e comecei a sinalizar: “Seus tios estão buscando um presente que eu encomendei para seu pai. Eles estarão aqui na hora do seu casamento”. Sim, minha menina decidiu casar no dia do aniversário do pai.

“Você está muito tranquila mamãe, não está animada com o aniversário?”, perguntou com um tom investigativo, debruçando-se na mesa de vidro com a cabeça encostada no punho.

Eu sorri maliciosamente para Sarada. “Querida, eu sei exatamente o que seu pai deseja no aniversário dele. Não preciso ficar nervosa”, eu sinalizei ainda sorrindo. Ela arregalou os olhos e ficou vermelha. “Minha mãe é uma pervertida”, disse desacreditada.

Kim, a empregada, riu da situação e Sarada saiu emburrada. “Devo preparar o café de seu Sasuke?”, ela perguntou parando de rir. Eu assenti e ela logo pegou a bandeja e me entregou, como eu sempre desejava.

Eu voltei aos meus aposentos e vi meu marido ainda dormindo. Fiz um sinal com a mão e logo uma pequena mesinha digitalizada, porém com uma aparência extremamente real, surgiu na cama e eu coloquei a bandeja lá.

Subi na cama aproximando-me de Sasuke, distribui diversos beijos em seu rosto, acordando-o. “Então Sarada está muito nervosa hoje?”, perguntou-me com seu tom brincalhão costumeiro.

“É o casamento”, sinalizei e ele logo me beijou. “É, ela vai casar com aquele loiro estúpido”, disse enciumado. “Por que você me deixou treinar e salvar aquele moleque tantas vezes?”, perguntou esperando minha resposta com ansiedade.

“Porque você o ama e adora tê-lo como discípulo”, sinalizei e logo aproximei a mesinha para ele tomar seu café-da-manhã. “Tem razão”, disse emburrado. “Eu sempre tenho querido”, o respondi sorrindo.

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O casamento de Sarada começa ao pôr-do-sol, os preparativos já estavam prontos, e os noivos, tremendo de nervosismo. A cerimônia se dará em nossa casa, uma mansão que eu e Sasuke construímos há algumas décadas, em uma colina.

Diferente de séculos atrás, o mundo sobrenatural não é um mistério, é apenas uma realidade. O governo mundial decidiu criar armas específicas para matar “monstros”, surgindo assim, os robôs.

No começo, eram apenas armas secretas. Depois, tornaram-se armas conhecidas aos civis. Hoje, não são apenas armas. Os robôs se fundiram à sociedade, eles trabalham, estudam, servem, casam-se, e etc. Eles só não possuem o poder de mandar na sociedade.

“O que tanto pensa querida?”, Sasuke perguntou-me ao fechar o zíper de meu vestido. Era engraçado, eu sempre tive curiosidades sobre o futuro, mas ainda retomo o passado.

“Eu estou pensando que não terei mais minha menininha, ela terá seu próprio Conto agora”, o respondi através dos sinais. Sasuke passou seus braços por minha cintura, me abraçando por trás.

Encarei-o pelo espelho, observando seus traços, notando, mais uma vez, que ele não envelheceu um dia sequer. Sorri para ele, sendo retribuída.

Fiz outro sinal à ele, “Eu te amo”. Eu sempre, em todos os dias, o dizia isso. Durante estes longos séculos que passaram-se, muitas coisas sobreveio-nos. Sasuke sempre diz que era aventuras acrescentadas em nosso Conto e um dia, seremos mais conhecidos do que Cinderela, Branca de Neve e demais Contos famosos.

Eu sempre concordo com ele, tudo que passamos é nossa história. Minha e de Sasuke Uchiha. Meu segundo amor.

Ele beijou meu pescoço e respirou fundo em meu ouvido, dizendo: “Eu te amo querida, tanto que meu coração ás vezes não suporta”.

Meus olhos lacrimejaram e rapidamente virei-me á ele. “Acho bom este coração aguentar então, você tem uma filha para casar senhor Uchiha”, sinalizei olhando-o com todo meu amor.

oOo

“Então?”, perguntei à Ino, Kakashi e Sai animada. A loira bufou e Sai e Kakashi reviraram os olhos.

“Você tem ideia do trabalho que foi conseguir isto?!”, Ino indagou-me indignada. Desviei os olhos da espada incrível que Kakashi segurava, para encarar a loira sem entender.

“Sei, por isso pedi à vocês”, sinalizei usando toda minha inocência. “Você é inacreditável!”, disse a loira saindo da sala pisando fundo. Brigaram de novo?, perguntei ao Sai e o mesmo assentiu. Tudo explicado agora.

“Bom, verei minha menina agora e o pirralho Hyuuga”, Kakashi me entregou meu presente e saiu com as mãos no bolso.

Quando ele saiu, virei-me para Sai, o interrogando pelo olhar. “No caminho passamos por Konoha, e a loira quis visitar o túmulo de Gaara”, explicou fechando os olhos.

Ao citar o nome de meu velho companheiro, meu coração se apertou. A morte de Gaara e Kiba, desestabilizaram a Família completamente. Mesmo a morte sendo comum a todos, ela dói profundamente.

Ino sente um profundo remorso pela morte de Gaara, na época, a mesma descobriu que seus sentimentos eram fortes pelo ruivo, e que seu receio pelo mundo sobrenatural não apagava isso.

“Dê um momento à ela Sai, apesar de todo este tempo, ela ainda não se perdoou por culpá-lo pela morte dos pais”, ele suspirou e assentiu. “Ela tem a eternidade para se perdoar, e eu continuarei a esperá-la pelo tempo que for necessário”, disse-me dando um beijo em minha testa e saindo.

Mordi meu lábio inferior triste, quero que minha Família encontre o amor assim como eu o encontrei e sou feliz.

oOo

“Sarada!”, ouvi Hinata chamando minha filha no andar de baixo da mansão. Teletransportei-me até ela, sendo logo bombardeada de perguntas: “Onde está Sarada? Ela desistiu? Desistiu né? O que será de Boruto? Ela está aqui? Sabe onde ela está? Boruto não aguenta ser deixado no altar!”.

“Hinata!”, sinalizei após segurá-la pelos braços. “O que houve?”, perguntei. “Eu estava indo ver Sarada, mas não a achei em lugar nenhum!”, disse-me com os olhos lacrimejando.

Sarada sumiu? Ela não sumiria no seu casamento, um casamento no dia do aniversário do pai então, impossível!

Só se ela…..

“Eu sei onde ela pode estar”, sinalizei e fui atrás de Sarada, sendo seguida por Hinata. Fomos em direção a biblioteca e encontrei Sarada sentada no tapete felpudo preto que cobria o centro da sala.

Seu vestido branco entrava em um perfeito contraste com seus cabelos e olhos negros, como os dos pai, e o tapete negro.

Seu vestido continha pequenas pedrinhas de diamantes espalhadas por ele, presente de Itachi, e seus cabelos curtos estavam presos em um coque despojado e elegante, com uma coroa de ouro, presente de Kakashi, o enfeitando.

Minha filha estava séria, as sobrancelhas franzidas e mordendo a parte interna da bochecha, igual a Sasuke. Ela lia um livro e o apertava apreensivamente. Logo percebi que livro era e senti meu coração falhar uma batida.

Caminhei até minha menina, esquecendo-me de Hinata. Ao chegar até ela, agachei-me ao seu lado e toquei seu ombro levemente.

Ela levantou seus olhos vagarosamente a mim. “Mentiu para mim”, murmurou magoada. “Disse que nunca mentiria para mim, e mentiu sobre isso!”, ela não levantou a voz, mas demonstrava sua raiva e mágoa pelo olhar.

Olhei para a página aberto do livro, vendo-a, percebi estar no capítulo onde conta o surgimento de Konoha. Lembro-me de quando li este capítulo, chorei dolorosamente.

O livro Contos, que minha filha segurava com raiva, contava a história de minha vida e de um antigo amor, Madara Uchiha.

O livro, com diversas páginas, abrigava uma linda e trágica história de amor, onde o casal de apaixonados não viviam felizes para sempre. Conta também, o pós-morte de um amor, e o sofrimento dele provindo.

Conta o lado do homem, Madara Uchiha. Sobre como ele viveu séculos sem seu amor, sem poder se revelar. Suas angústias, lágrimas, cantigas de amor, lembranças, desespero.

“Papai não foi seu primeiro amor”, disse magoada. Neguei com um balançar de cabeça. “Seu pai foi meu segundo amor, mas não o primeiro homem em minha vida”, confirmei seu medo.

“Este homem, é um Uchiha também...onde ele está? Por que não está com ele?”, perguntou olhando-me apreensiva. Sorri ao olhar para ela, seu olhar de agora, lembrou-me sua infância, quando Sasuke e eu tínhamos nos separado, e ele não sabia que eu tive um bebê, um filho nosso.

Sarada, em sua inocência de criança, pergunto-me sobre seu pai, se ele a amava, se voltaria…

“Mãe, me responda! Quem é ele?”, perguntou-me mais uma vez. “Ele foi meu primeiro amor, querida. Antes de eu conhecer seu pai…”, respirei fundo e olhei nos negros de seus olhos.

Com minha audição, ouvi Sasuke respirar fundo de algum lugar da mansão e sussurrar meu nome.

“Madara era um Uchiha, o líder deles na época e nos apaixonamos e vivemos uma aventura, mas ela chegou ao fim”, seus olhos não desviavam dos meus. “Madara, criou este livro para eternizar nossa história, já que nós não viveríamos a eternidade juntos”, peguei o livro dela e acariciei a capa. Madara fez esta pintura e por fim, ela se tornou a capa do livro.

“Ao sermos separados, conheci seu pai e me apaixonei novamente. Com isso, deixei a antiga história para trás, para viver uma nova”, segurei o rosto de Sarada e o acariciei.

“Como..como eu tive uma história com Mitsuri?”, perguntou levemente. Eu assenti, infelizmente, minha filha sabe um pouco sobre amar e perder alguém. Não pude protegê-la da vida, de fato.

“Se você pudesse escolher, prefere papai ou Madara?”, perguntou novamente apreensiva. Tentei escutar algo sobre Sasuke, mas só ouvi um leve suspirar. Sasuke sabe minha resposta. Ele soube dela há séculos atrás.

“Querida, você já sabe disso, mas falarei-lhe uma outra vez. A vida não é preto e branco”, disse suavemente, mas sem deixar a firmeza na voz. Na vida de mãe, pode-se traduzir como um conselho disfarçado de bronca.

“Eu conheci um homem e o amei. Anos depois, conheci outro homem e o amei. Hoje, eu não trocaria seu pai por ninguém, pois o amo intensamente. Porém, nem sempre foi assim”, expliquei pacientemente.

Sarada suspirou e balançou a cabeça para os lados repetidamente. “Vou me casar”, disse minha filha convicta e com um sorriso nos lábios.

Atrás de nós, somente ouvi o suspiro aliviado de Hinata. Uma mãe completamente preocupada com o coração do filho, completamente entendível.

oOo

Finalmente, o casamento começaria. A comemoração do aniversário de Sasuke será junto da do casamento.

O jardim estava completamente cheio, mas não era imprevisível. Minha Família comanda vários clãs, em todas as realidades. São dois milênios de conquistas, afinal. E no casamento de Sarada, todos vieram puxar o saco.

A decoração estava linda, alternando entre azul, vermelho, branco e laranja. As cores do Clã Uchiha e o Hyuuga. Quem diria, nossas Casas se juntarão.

Os padrinhos estavam no altar junto de Boruto e as meninas estavam dentro da mansão, junto de Sarada.

Boruto não parava os olhos em um único lugar e seu coração denunciava todo seu nervosismo. “Querido”, sinalizei a Sasuke. Ele desviou as orbes negras do Clã dos Dragões e me encarou. “Porque não vai acalmar Boruto?”, indiquei o loiro que tremia levemente. Nem parecia que enfrentou dois mil vampiros sozinho duas semanas atrás.

“Fique de olho neles”, disse-me e saiu indo ao encontro do Uzumaki. Quando ele chegou ao lado do discípulo, Naruto chegou na festa acompanhado de sua caçula, Himawari. A mulher foi correndo até o irmão e o abraçou, depois foi em direção as outras madrinhas, junto de Sarada.

Assim como Sasuke pediu, eu estava de olho no Clã dos Dragões. Eles se aliaram a nós dois séculos atrás, mas ultimamente Sasuke desconfia que são eles por trás dos ataques ao Clã das Sereias, das Fadas, dos Lobos e das Feiticeiras.

A intuição de Sasuke nunca está errada, e meu marido desconfia que eles planejam uma guerra contra minha Família, para ocupar nosso “trono”.

Quando meu marido voltou ao meu lado, demos-nos as mãos e nos levantamos da nossa poltrona. “Queridos amigos e familiares”, como um trovão, a voz de Sasuke silenciou o ambiente.

“Sakura e eu, agradecemos a presença de todos à esta data tão especial para nós”, sua voz baixa chegava a todos os convidados com uma pitada de cordialidade e perigo. De fato, era um aviso. “Esta data é especial para nós, e não deixaremos ninguém estragá-la”. “Daremos início a Festa agora”, disse encarando o Clã responsável por suas preocupações.

Nós nos sentamos e Hinata e Naruto conduziram o casamento. A entrada das madrinhas e da minha filha. Sarada estava linda, e pela forma que apertava suavemente o buque e ajeitou seus óculos, estava nervosa também.

Sasuke estava emocionado, seu olhar transbordava isso. Quando Sarada começou a andar pelo caminho de pétalas de rosas, Sasuke beijou meu pescoço, murmurando um “Obrigado pelo sexto momento mais feliz da minha vida”.

Sorri e sinalizei para ele: “Já estamos no sexto?”. Ele assentiu, beijou meus lábios e passou o braço pelo meu ombro. Sabendo que ele conseguiria ver, sinalizei: “Obrigada pelo quinto momento mais feliz da minha vida”.

“Agora, queridos familiares e amigos, as alianças serão entregues”, Naruto disse do seu jeito alegre e comovente, apontando para a entrada. Lá estava meu princípe, Satsuki, meu filho mais novo ao lado da minha princesinha, Aika, minha primeira neta.

Depois de Sarada e eu, Aika era a terceira mulher na vida de Sasuke. Aika tinha 7 anos e era a princesinha de toda a Família, mimada por todos.

Os dois entraram pelo caminho das pétalas, e Aika sorria para todos enquanto trazia as alianças. Seu vestido, presente meu, era branco com flores de Sakura´s desenhadas a fios de ouro. E seus cabelos, em um penteado igual a de Sarada, com uma tiara de ouro, presente de Sasuke, enfeitando os cabelos rosados.

Ao chegar até o altar, Hinata perguntou a ambos: “Aceitam um ao outro como companheiro para a eternidade e além?”. Boruto prontamente afirmou e pegou a aliança da fronha vermelha que Aiko segurava, colocando no dedo de Sarada.

“E você Sarada, aceita-o como companheiro para a eternidade e além?”, Hinata perguntou-a, ao ver que minha filha encarava o anel sem nada a fazer e dizer.

“Com todo meu coração”, disse após olhar-me. Os noivos sorriram um ao outro e Sarada colocou o anel em Boruto. “E os declaro, Marido e Mulher”, exclamou animado Naruto.

Uma salva de palmas preencheu aquela colina, as feiticeiras, lançaram feitiços ao céu, o cobrindo com diversas explosões de fogos coloridos, no meio dos fogos escrito: Felicidades aos noivos.

Aika ria dos fogos, depois desviou o olhar a Sasuke e a mim. Ela correu até nós, abraçando minha perna e a de Sasuke.

Sasuke a pegou no colo e eu ao ver seus olhos brilharem em lágrimas, peguei suas mãozinhas e a acariciei.

“Vovó, vovô”, ela nos chamou com sua voz trêmula. Sasuke logo a perguntou o por que do choro, e eu a abracei de lado. “O dragão malvado está vindo pegar a princesa”, disse o motivo das lágrimas.