— Bu! - Chego por trás dele o assustando tanto que ele quase se desequilibra e cai do parapeito.

— Meu Deus! As vezes eu esqueço que você está aqui - Ele dá um sorriso fraco. Eu estou sentindo o Chat Noir tão desanimado, tão pra triste.

— o que aconteceu pra te deixar assim? - me sento ao seu lado, mas mantendo uma certa distância. 

— Nada, tudo tem sido tão exaustivo - Ele suspira. 

— Hey, eu sei que as coisas não tem sido fáceis mas nesse momento temos que tomar cuidado com nossas emoções. 

— Eu sei. Se eu for akumatizado, não sabemos o que pode acontecer ... Me desculpe, você acabou de voltar e eu já estou te dando problemas  - Seus olhos estão fixos na cidade. 

— Chat Noir! - Eu o puxo pela orelha para que olhe pra mim - nunca mais diga isso! Eu sei porque você está tão cansado e a culpa é minha. Eu cometi um erro e fui obrigada a te deixar sozinho. 

— My Lady ... - Seus olhos verdes estão diferentes. 

— Eu estou aqui agora e pode se apoiar em mim, não vou deslizar de novo. - Dou um sorriso pra ele que corresponde prontamente. 

— O que seria de mim sem você? - Ele revira os olhos. 

— Sinceramente? Não sei. Você ficou bem frouxo , aquela sombra quase te pegou. Tava afim de dar uns beijos nela é? - finjo estar ofendida. 

— Você realmente ficou com ciúmes!

O gatinho apenas ri. 

— Achei que você me amasse - Olho pra frente admirando a cidade. 

— Eu amei, por muito tempo ... - Franzo a minha testa automaticamente. 

Não ama mais? Espera. Como assim?!!!!

— Hmmmm, estou com você. Para o que precisar. - E o que consigo dizer. 

— Eu preciso ir... - Ele se levanta e estende a mão pra mim, quando eu a seguro e levanto ele da um delicado beijo em meu torço - Eu estou muito feliz por você ter voltado, de verdade. 

— Vai, vai, vai gatinho! Chega desse drama todo - Digo parecendo mandona. 

Ele ri e vai embora.

—-

Alya está na frente do espelho a meia hora se olhando na minha obra de arte. o vestido tem um caimento perfeito em seu corpo e a cor parece brilhar contra a pele bronzeada. Seu cabelo está completamente solto apenas com um arco dourado com uns raios como referencia, sua maquiagem bem marcada caprichada no iluminador dourado.

— Rasteira mesmo né? - Ela diz olhando uma sandália de fitas.

— Hmm ... Eu vou de rasteira. - Dou de ombros.

Termino minha maquiagem, bem estilo coreana, leve com aparência de saudável. Coloco um aplique tic tac para alongar meu cabelo e faço uma trança elaborada. Coloco o vestido branco esvoaçante com detalhes dourados no busto, pareço que estou vestindo um lençol chique e dou uma risadinha.

— Espera, você não colocou isso direito. - Ela vai atrás de mim dá um laço Chanel na cintura do vestido o fazendo ficar acinturado - Bem melhor ... Mas, tá faltando algumas coisinhas.

Ela pega meu kit de maquiagem e reforça o blush e o iluminador prata. Pega uns pontos de luz e coloca por toda extensão da trança e forma também uma espécie de tiara na cabeça, como um arco de luz.

— Agora parece uma princesa da Lua. - Estamos exatamente opostas. Acho que essa era a intenção.

Escuto uma buzina lá fora.

— É o Nino? - Pergunto estranhando ele não ter chego até agora.

— Não. Ele não vem. Porque não dá uma olhada na janela? - Ela dá um sorriso travesso.

Ao olhar vejo um cavaleiro de cabelos azuis me encarando com uma rosa vermelha. Seu sorriso encantador me faz ficar embabacada por um minuto.

— De nada. - Ela me segura pelos ombros - Agora vamos!

— Espera, porque chamou o Luka? - Eu dou um puxão em seu braço.

— Porque toda princesa precisa de um príncipe.- Eu apenas balanço a cabeça negando - Ah relaxa, Ladybug. Você está precisando. - Ela sai andando rebolando de um lado pro outro.

— Não me chame assim! - Eu tento sussurrar. Tikki surge me rodeando.

— Uau Marinette! Você está linda! 

— Obrigada, mas me sinto um tanto fora de contexto - Passo a mão pelo cabeço nervosa.

— Você vai aproveitar essa festa. Esteve muito desanimada essa semana por conta do ... - Eu a corto.

— Shiu, se esconde Tikki. Eles estão nos esperando - Ela entra no meio do laço e sigo para a festa.

Luka esta me esperando na porta do carro, sua roupa lembra uma armadura preta e a capa vermelha me lembra alguém.

— Princesa Serenity ... - Ele me entrega a rosa vermelha.

— Principe Endymion - Eu dou um largo sorriso ao segurar sua rosa.

— Oh pombinhos, vambôra!!!! - Alya grita la de dentro me fazendo entrar rapidinho.

—-

A entrada do salão de festas foi decorada como se fosse a entrada do olimpo. Nuvens feitas com led e cenografia. Um grande portão dourado.

— Uau! – Estou com a cara grudada na janela do carro.

— A noiva dele nem é extravagante, imagina. – Luka da de ombros.

— Você sabia qual era a temática? – Alya me pergunta.

— Não, foi pura coincidência! Alias, cadê o seu príncipe? – Pergunto pra ela quando saímos do carro.

— Eu não preciso, afinal hoje, sou uma deusa – Ela pisca pra mim e nos rimos.

Ao tentar subir a escadaria a “calda” do meu vestido atrapalha me fazendo quase cair, mesmo de rasteira.

Luka segura a parte de baixo a levantando me ajudando a subir tranquilamente.

— Obrigada.

— Hoje, vamos ter um encontro. – Ele dispara me fazendo me engasgar e começar a tossir.

— Você é encantadora, mas se eu não falar, você não percebe – Ele dá de ombros tentando se explicar – Tudo bem?

Eu penso por um minuto. Tudo que minha amiga falou passa pela minha cabeça, ele sempre gostou de mim, eu mesma. Eu devo dar uma chance.

— Tudo bem. – Ele dá um sorriso e entrelaça sua mão na minha. A ruiva já entrou direto e quando finalmente entramos, vemos que todas as pessoas estão com fantasias bem aleatórias, Alya poderia ser a anfitriã da festa, porque por onde passa quebra o pescoço das pessoas. – Ela realmente esta bonita né? – Digo sendo praticamente obrigada a ficar colada em Luka já que o salão está mais do cheio.

— Ela é bonita, mas você está linda – Ele pronuncia as palavras com sua voz melodiosa e nesse momento eu encaro seus olhos azuis. Ele me faz me sentir tão confortável, tão “suficiente” entende? Me odeio por me sentir assim por um lado.

— Temos que cumprimentá-los – Respiro fundo ao vê-los no segundo andar. Os noivos.

Entre empurrões conseguimos subir, Alya já esta conversando com a Lovely, ela está vestida como uma deusa grega mas de longe não consigo identificar. Ao nos ver ela vem correndo com suas sandálias de tiras, ainda bem que a Alya escolheu a rasteira.

Pelo figurino impecável mente branco com as bordas queimadas e o perfeito arco de flores naturais em seus cabelos. Ela é Persephone.

— Mari Mari, como seu namorado é bonito! Você não se incomoda de dizer isso né? – A ruiva diz com um olhar sedutor para o Luka que não esboça reação alguma.

Ela me irrita instantaneamente.

— Bela festa Persephone, adorei o vestido – Digo a empurrando para longe do meu príncipe por uma noite.

— Ah Mari, agindo assim vou pensar que você tem medo de competição! – Ela dá um sorriso até meio sádico e eu tenho vontade de socar a cara dessa desgraçada – Brincadeirinha! Hahahah, confesso que amei o vestido da Alya. Talvez devesse ter pedido para você fazer o meu – Ela olha pra ruiva que está parada com uma taça de espumante encarando o celular a uns dois metros de nós – Bom, eu preciso ir, fiquem a vontade! – Ela dá um sorriso perfeito antes de jogar o cabelo e descer as escadas sumindo no meio dos convidados.

— Você detesta ela mesmo. – Luka ri do meu lado enquanto eu o encaro emburrada – Porque não desmentiu ela?

— Ela estava dando em cima de você, que descarada – Digo indignada e ele chega mais perto, como está escuro seu cabelo e seus olhos estão pretos.

— Eu estou acostumado a ignorar o que não me interessa – Seus olhos estão fixos nos meus, nesse momento alguém passa atras de mim e acaba me jogando em cima dele que me segura prontamente – Posso fazer uma coisa que estou querendo a muitos anos? – Suas palavras saem em um sussurro.

— Eu acho que penso demais ... – Penso alto e aproximo meus lábios dos dele quando um braço me puxa pra longe do músico.

— Adrien! – Luka diz surpreso.

Ao olhar pra trás seus olhos verdes estão me encarando mesmo no escuro.

— Quase que você cai Marinette, cheguei na hora certa – Ele me endireita – Vamos lá pra fora, aqui ta muito cheio.

Ele segue para a varanda e vamos atras. O jardim está decorado apenas com luzes e led.

— Ahhhhhhhhhhhhhhhhh – Respiro fundo.

— Lá dentro está tão – O loiro me corta.

— Sufocante.

— Isso ... – Agora consigo ver sua fantasia. Botas cano alto, blusa branca decotada, espada na cintura, chapéu ... – A meu Deus! Você é o gato de botas! – Digo surpresa.

— Você foi a única que percebeu! – Ele levanta o chapéu e faz um passinho em referencia.

— Eu vou, buscar algo para bebermos. – Luka diz subitamente nos lembrando que ele estava lá, e eu me sinto muito mal por isso.

Assim que ele sai Adrien vai andando pelo caminho iluminado.

— Você não vem? – Ele para me olhando e eu acompanho – Parece que ele não gosta muito de mim não é?

— Ah não, você está enganado ... Luka é muito simpático, só precisam conversar mais.

— Pelo que eu vi lá no salão, vocês estão bem próximos – Isso foi uma alfinetada?

— Hoje é um encontro. – Ele para me encarando. Sem salto ele fica bem maior que eu.

— Atrapalhei então – Ele se vira de frente pra mim.

— É, acho que sim – Desvio o olhar porque os olhos dele parecem me queimar.

— Você ia beijar mesmo ele? – Eu sinto uma pontadinha de raiva em sua pergunta.

— Porque não? – Eu o encaro como uma criança – É só um beijo né? - Tento despertar sua memória.

Nesse momento a luz acaba na festa inteira, nos deixando em um escuro absoluto.

— O que foi isso? - Dou um pulo de susto.

— Você realmente brilha ... – Escuto Adrien falar, mas o tom da sua voz, faz meu coração acelerar.
Ao olhar pra baixo vejo que o branco do meu vestido ainda dá pra ver, e os pontos de luz do cabelo também.

Sinto acariciar minha bochecha, e seu calor pela proximidade. Eu não consigo ouvir nada além da nossa respiração irregular.

— Talvez você seja mesmo a princesa da lua. – Essa voz! Porque está me deixando louca?

Chat Noir! Chat Noir!

— Você ... V-você ...  – Eu o seguro pela nuca e o beijo. Um beijo lento onde entrego cada cantinho do meu ser.

O loiro me aperta pela cintura junto a seu corpo e eu conheço muito bem aquela sensação e como se eu tomasse um choque eu me afasto dele. Não dizemos nada. E parece uma eternidade até a luz voltar e Luka voltar correndo. É o Adrien na minha frente, não o Chat Noir. Ele me olha intensamente enquanto eu apenas passo a mão pela minha trança nervosamente.

— Está tudo bem? Parece que teve um problema com o gerador e ... – Ele para de falar por um segundo e seu tom muda – Aconteceu alguma coisa?

— Eu fiquei assustada, só isso – Vou até o garoto de cabelos azuis que me fita preocupado – Eu fui atacada uma vez voltando pra casa em um apagão. Acho que fiquei um tanto traumatizada com escuro.

— Quer que eu pegue uma água pra você? – Detesto me aproveitar disso mas ...

— Por favor – Eu concordo com um aceno de cabeça e o príncipe sai disparado.

Eu me viro para o Adrien que tira o chapéu e olha para o céu.

— Marinette ... Eu queria ...

— Me desculpa. Você me traz uma sensação que eu não sei explicar. Eu sinto muito mesmo pelo que eu fiz. – Ele me olha boquiaberto – Eu acho melhor não me aproximar mais de você, pelo menos por enquanto.

— Você não percebe? O que tem aqui? – Ele aponta pra nós dois – Marinette, pensa. Pensa! – Ele cruza os braços me encarando – Eu tenho que montar um telão em neon pra você entender?

Esse temperamento.

— Olha, o que eu vou fazer agora, pode colocar tudo a perder mas eu preciso fazer. – O loiro pega minha mão e me puxa, o que eu pensei ser só uma varanda era muito mais.

— O que você está fazendo?! – Tento me desvencilhar.

— Você vai entender. – Seguimos por entre as arvores até ele abrir meio que uma parede falsa feita de folhas.

Ao entrar vejo que a mata é tão fechada que ninguém nos verá por fora e se não souber que existe esse lugar. Nunca irão achar. A luz da lua nos ilumina deixando claro o suficiente para não me deixar fazer outra burrada.

— Porque me trouxe aqui Adrien?

— Você me beijou, na minha festa de noivado e ia fugir, de novo.  – Ele me encara a uma distancia segura.

— Eu não posso te explicar, você não entenderia ... – Eu coloco as mãos no rosto tentando arrumar uma saída. Não posso dizer, “hey você me lembra o meu ex caso e agora eu quero te agarrar um pouquinho porque infelizmente terminamos! Pode ser?”

O loiro vem até mim e segura minhas mãos.

— Eu te beijei no bar e você fugiu antes que eu pudesse falar.

— Você ta noivo e eu gosto de outro cara o que estamos fazendo? – Ele me abraça pela cintura me surpreendendo.

— Ele faz o seu coração acelerar assim? – Ele fixa seus olhos verdes em mim – Não tenha medo, no final, tudo vai fazer sentido ... – Ele aproxima seus lábios dos meus e tudo que eu quero fazer é beija-lo.

— Adrien ...

— Se depois disso, você me disser que não sente nada por mim, nunca mais chego tão perto de você, toco em você ... beijo você. – Seus lábios roçam os meus e eu fecho meus olhos sendo invadida por um desejo descontrolado.

— E se eu quiser que você me beije de novo? – Mantenho meus olhos fechados sentindo sua respiração irregular se chocar com  a minha.

— Então, eu não vou ser capaz de te deixar ir. – Ele me beija de verdade. Eu entrelaço meus braços em seu pescoço e aprofundo o beijo. Adrien me segura como se a qualquer momento eu pudesse sumir mas dessa vez me entrego por completo ao momento e sinto que estou onde meu coração quer estar. Só consigo pensar em uma coisa, Adrien é o Chat Noir.