Digimon Invocação escrita por Kevin


Capítulo 13
Episódio 12: Vidas


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo da fanfic... espero que gostem!



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Eu estava começando a me perguntar porque fui parar no meio disso tudo. Não que eu não entendesse a parte do lugar errado na hora errada. Entendia perfeitamente que ser atacada por um digimon que acabou de sair do portal aconteceria com qualquer um, perfeitamente não seria a expressão, mas entendo a loteria e que fomos sorteados.Mas, porque dos três ali eu me tornei invocadora e eles não? Entrei em desespero total. Eu me sentia azarada e condenada sem explicação alguma. Não chegava a desejar que tivesse sido com Daniel ou com Benjamin, mas esperava que tivesse acontecido com qualquer outra pessoa. Era egoísta da minha parte, mas o que eu podia fazer?

Acho que Penmon de uma forma bem estranha acabou conseguindo me acalmar com aquela animação dele de quem estava realizando o sonho dele. Isso me colocava em movimento, aumentava o meu medo, mas me deixava ocupada o suficiente e com um norte. Não era como se eu tivesse sido convencida a lutar. A vergonha de ter sido egoísta e achando que eu estava perdida tinha seu ponto escondido, mas eu pensava que se lidássemos com Impmon, tudo acabaria. Não que ignorasse a informação de Penmon sobre ser uma invasão, mas Impmon começava a invasão, Impmon era detido, então eles parariam.

 

— Aqui! -

 

Foi um murmúrio que Cecilia não teria escutado não tivesse parado a poucos metros da rua de acesso à escola, onde uma batalha titânica ocorria. Ficou estática diante a dois digimon de mais de dois metros que lutavam sem ela poder identificar, realmente, a forma que possuíam. Via duas silhuetas humanas menores que estavam se batendo também e imaginou serem os invocadores das duas criaturas. Não teria percebido Daniel escondido observando a batalha caso ele não tivesse a chamado.

Daniel parecia tranquilo e aquilo fez ela estranhar a situação. Ele normalmente estava com medo e tremia, talvez já até tivesse saído correndo. Mas, estava ali observando tanto a batalha na rua quanto na escola.

 

Quando encontrei-o após conhecermos Impmon ele estava apavorado e se recusava a fazer qualquer perigosa, queria apenas fugir do que fosse perigoso. Ele teria fugido muito rápido nessa situação. Quando estávamos com meu pai e o outro cara ele pareceu não querer fugir, ainda que tenha me deixado lá após eu fazer sinal para ir, ele pareceu relutar. Será que ter como servo um digimon do potencial de Gabumon deixou-o mais acalmado?

 

— O que está acontecendo? - Perguntou a menina.

 

Incomodava-me ter ganho na loteria. Não compreendia como Benjamin poderia ter feito o ritual para se tornar invocador por vontade própria. Quando entendi que os pais dele eram invocador e tive contato com eles compreendi que ele já tinha sido escolhido para isso desde que nascera. Aquilo me incomodou, Benjamin escolheu ou talvez não tivesse escolha, Daniel para sobreviver escolheu isso, o que talvez eu também faria. Mas, eu ainda estava incomodada que os meninos puderam escolher e eu não, fui apenas selecionada ao acaso.

Encontrar meu pai como invocador no meio da noite fez minha mente ferver. Se eu queria entender como meu pai era um invocador? Sim! Se eu estava zangada com ele por ele ter guardado esse segredo? Posso dizer que sim, mas eu o entendia porque era a regra e ele estava apenas a me proteger. Mas, estava mais confortável em saber porque eu era invocadora. Mais ainda em saber que Penmon veio por causa de minha mãe que era invocadora. Eu estava escolhida desde o nascimento, como Benjamin, e colocaram aquele colar em mim por precaução e proteção.

Eu havia começado a me preocupar com a ideia de ter que matar, mas sei que meu perfil não será esse e que se tiver Benjamin e Daniel ao meu lado, teremos como resolver isso juntos. Benjamin está tendo conter seu pai, então vai me conter.

 

— Tem uns cinco lá dentro, eu acho. - Comentou Daniel. - Antes de entrarem alguém chegou e uma discussão começou sobre matar e não matar e dois deles se engalfinharam. - Daniel revirou os olhos.

 

— Já que está esperando, está querendo evitar o confronto contra os dois, né? - Cecilia recebeu confirmação. - Tem certeza que Impmon e Jose conseguem esperar lá dentro? -

 

Daniel olhou de forma marota e depois escutou um grito vindo da escola.

 

— Impmon encheu de armadilhas, estou escutando esses gritos de lá já faz algum tempo. Tenho certeza que não é José ou Impmon, não teriam como gritar assim. -

 

 

Digimon Invocação - Rituais
Arco 01: Pactos
Episódio 12: Vidas

 

 

— Seu ponto de vista é sólido. -

 

Meu pai está exausto. A voz dele indica isso mais do que a aparência. Eu tentei encarar digimons algumas vezes, mas eu não sabia o que estava fazendo. O perigo e estar sempre no limite me ajudava, mas meu pai é totalmente. Ele se segurou por quase meia hora contra Aururamon recusando-se a trazer seu digimon mesmo depois que começamos a mostrar para ele que íamos drenar todas as suas forças.

Eu fiquei para dar tempo ao grupo. Impmon e José precisam ser salvos, no entanto eu pensei que talvez aguentasse um tempo aqui para tudo se resolver e meu pai não ter que matá-los. Isso me incomoda, ele sempre teve seu modo de agir, mas nada parecido com isso.

 

— Tenho impressão de que está disposto a me segurar aqui até que tudo se acabe. - Wendel sentou-se no lixo mostrando que não iria mais tentar algo. - Já clareou então a partir de agora é corrida desenfreada. Invocadores locais sentem a pressão da regra para fazer isso se resolver. Eu penso que posso ficar com você e assim você eu estaremos protegidos. Eu protegido na sua visão de proteção e você protegido na minha visão de proteção. -

 

Fiquei escutando ele falar. Eu admito que estou mais cansado do que ele, mas eu não poderia deixar meu pai continuar a ser assassino, ainda mais de uma pessoa que eu meti nisso.

 

— Não se preocupe com sua mãe, ela dará um jeito. - Wendel riu. - Ele sempre, sempre dá um jeito de conseguir o que ela quer. Sinceramente nem sei quem seduziu quem no início. - Ele respirou. - Mas, não posso falar sobre aqueles outros dois. Entenda, se eles tentarem proteger um humano que não é invocador as consequências não serão grandes e pode ser que tenham chances de ficarem bem. Mas, percebi que tentaram ajudar Impmon e infelizmente ninguém vai deixar isso acontecer. Estarão sozinhos contra todos os invocadores. -

 

— Vai me manipular? - Questionou Benjamin.

 

— A regra está fazendo isso. - Comentou Aururamon. - Ele está tentando encontrar formas de não machucar a você, seu filho. Se ele tivesse trago o digimon dele, estaríamos a muito tempo no chão. - Benjamin e Aururamon se olharam. Era evidente que o digimon fala a verdade, mas Benajmin não entendia. - A evolução de Gabumon é brincadeira perto do que ele faz. -

 

— Se ficar aqui eu fico, se sair eu saio. Faço isso via selo de regra para te dar garantia. - Disse Wendel. - Quais as vidas você vai tentar salvar? -

 

<><><><>

 

Salamon olhava assustada, Impmon estava sentado como alvo e todos os invocadores e digimon que entravam eram massacrados por suas armadilhas. Inicialmente foram cinco, mas agora já eram 10. Entre as pancadas e as prisões que os humanos estavam, questionou-se se aqueles ossos expostos não eram calculados. Afinal, assim que os humanos estavam com aqueles tipos de ferimentos, os digimons pareciam ficar hesitantes de continuar a fazer qualquer coisa.

Salamon desconhecia aquele fator, Impmon só aprendeu graças aos adolescentes. Invocador Humano era a fonte de energia para os servos digimons habitarem o Mundo Material, o que significa que eles estavam a dividir a energia vital do humano. Se o Humano viesse a gastar mais energia que devia ele poderia desmaiar, ou mesmo, vir a falecer. Para Impmon estava claro, ferido o humano não representava perigo, mas também ao mesmo tempo tirava o digimon da jogada dependendo da gravidade do ferimento. Para um demônio, não usar tal informação parecia ir contra sua própria natureza.

 

— Vou dizer o que vou fazer. - Impmon sorriu maliciosamente. - Deixarei que recuem para salvarem aquele ali que tá jorrando sangue já a bons cinco minutos. E farei isso sem lhes fazer mais nenhum mal, mas devem parar essa perseguição. Ou… -

 

Um sorriso diabólico surgiu. Não era o que ele queria. Queria ativar sua bola de fogo e manifestar ainda mais medo, mas aprendeu em que era necessário poupar energias para momentos melhores que aquele. Manifestar chamas apenas para intimidar era desperdício.

Os invocadores caídos pareciam se consultar, bem como os digimons invocados. Poderiam confiar naquela espécie de trégua? Eles poderiam recuar e aceitar o acordo, afinal feridos a regra parecia não fazer tanto efeito neles e logo outros encontrariam aquele demônio. Mas, sair daquela forma parecia vergonho para quem estava ali para eliminá-lo e não somente pará-lo.

 

— Aceitamos se prometer não fazer mal a mais nenhum humano e voltar ao seu mundo. -

 

A voz saiu confiante. Impmon apenas sorriu de forma maliciosa quando escutará a voz. Procurou com o olhar e viu, acima dos muros, Daniel.

 

— Posso prometer, desde que entenda que aquele ali vai morrer e não pode querer vir atrás de vingança. Mas como terá certeza que vou cumprir? Vai ficar do meu ladinho até eu passar pelo portal? - Impmon encarou-o ironizando o medroso. - Ou vai querer um trato via ritual? -

 

— Bem… - Daniel permaneceu em cima do muto e pareceu duvidar da pergunta. - Está mesmo dizendo que prefere combater invocadores por horas, sabendo que eles vão vir para te matar, do que deixar esses irem, ganhando tempo de acabar o que está fazendo e partir? Quer mesmo que outros cheguem e saibam o que andou fazendo? -

 

Os invocadores feridos já eram retirados pelos seus digimons e por Cecilia que nada dizia e apenas escutava. Todos eles se perguntavam que duelo de propostas era aquela? Os feridos já percebiam que um plano se desenrolava ali, mas não tinham certeza de qual.


<><><><> Casa de Benjamin – Pouco antes da batalha contra Skullgreymon <><><><>

 

Havia um silêncio realizado pelos quatro que estavam na casa. Cecilia, Jose, Gabumon e Penmon partiram para analisar o lixão enquanto os demais estavam ali aproveitando o momento que não estavam com os olhares perigosos de Gabumon sobre eles para traçar um plano para salvarem-se.

Daniel dizia saber o que fazer, mas alguém ainda corria o risco de morrer e por isso negava-se a contar o plano. Ainda que Impmon, Aururamon e Benjamin soubessem que uma das ideias era transformar José e Daniel em Invocadores. Mas, diante a hesitação do garoto eles não disseram e deixaram que Daniel guiasse a reunião procurando outra opção. Uma que os levou a refletir sobre o motivo da vinda de Impmon.

 

— Só eu percebo que a alternativa é ajudar Impmon? -

 

O silêncio havia sido quebrado. Após entender como funcionava a competição em que Impmon estava metido, não demorou para entenderem que Impmon talvez tivesse sido o primeiro a se arriscar no mundo humano, mas que se a competição não terminasse outros logo estariam ali. O silêncio se fez assim que o entendimento foi feito. Nenhuma ideia existente impediria novas vindas de digimons e muito menos outros ataques. Aquilo acabaria realmente sendo uma invasão.

 

— Também estou pensando nisso Mestre. O único jeito de protegermos o Mundo Material é fazendo a competição ter fim. Ela só terá fim quando alguém completar todas as tarefas. - Aururamon parecia pensativo. - Só temos Impmon para ajudar-nos a finalizar a competição. -

 

— O que não se torna uma solução para as vidas que estão em jogo, a minha e de José. - Daniel suspirou.

 

— Temos um trato, vocês me ajudam a sobreviver e eu ajudo-os a sobreviver. - Disse Impmon. - Eu não vou lhes das nada por me ajudarem a ganhar. - Ele sorriu abertamente. - Mas, aceitaria essa ajuda sem dúvida alguma. -

 

— Pode e vai. - Aururamon encarou o digimon das trevas. - Se prometer não vai cumprir nada que combinarmos. Mas, tem algo que queremos e pode nos dar. -

 

Os dois humanos se olharam e depois olharam para Impmon que parecia confuso. Os três passaram a encarar a digimon planta esperando que ele dissesse o que Impmon poderia dar que eles queriam.

 

— Um trato via ritual garantiria que cumprisse sua parte, mas duvido que possamos fazê-lo. - Comentou Aururamon indicando que sabia que ele não tinha tal conhecimento assim como sabia que Impmon não possuía. - Então a única coisa que você tem que pode nos servir para pagar se o ajudarmos é o nome e fraquezas dos digimons que você conhece que estão competindo pela liderança. -

 

— O que? - Impmon pareceu estarrecido. - Está querendo que eu traia o clã inteiro? -

 

— Não. - Disse Aururamon calmo. - Se o ajudarmos a cumprir tudo, isso terá fim e um lord substituto acenderá. Se você vencer, você terá legitimidade para fazer o que quiser inclusive validar que entregou dados de seus concorrentes. Mas, se perder, ao menos nós saberemos o que virá por aquele portal e saberemos nos preparar. -

 

— Mas, ele pode inventar. - Disse Daniel. - Ainda que a ideia seja boa. -

 

— Não tenho como. - Impmon parecia desnorteado. - Aururamon não espera que eu diga fraquezas psicológicas apenas, mas fraquezas próprias da espécie. Ele saberá se for mentira essa parte e muito provavelmente ele já conhece todas, só quer confirmar quem são os candidatos atuais. -

 

Benjamin pareceu compreender e olhou para Daniel. O rapaz inteligente parecia formular a situação e prever o que ocorreria.

 

— Eu aceito. - Impmon suspirou. - Mas, é bom realmente me ajudarem a cumprir tudo e termos um acordo de que vão me proteger, mesmo depois que eu sair deste mundo. -

 

— Feito! - Daniel sorriu sabendo que o digimon estava dizendo que quereria proteção no futuro, caso viesse a perder a competição e alguém tentasse eliminá-lo. - Vamos te ajudar a cumprir tudo o que te falta e você pode começar a listar todos. -


<><><><>


“Quer mesmo que outros cheguem e saibam o que andou fazendo?” Confesso que se não fosse Digimon candidato a lord demônio quereria ser um servo invocado dele. Me chantageando com o nosso trato? Sabe que se eu ficar enrolando aqui outros candidatos chegarão. Ele ao mesmo tempo que me chantageia e mantém o trato me protegendo.

 

Impmon saltou escondendo-se nas salas da escola. Ele sabia, agora havia poucos minutos, ele teria que passar pelo portal na frente deles.

 

— Você… Você… - Salamon parecia estarrecida em como Impmon lidara com os invocadores com tanta facilidade com apenas armadilhas que pareciam ridículas ao primeiro momento. - Vai partir? -

 

Impmon caminhou até José e confirmou que tudo estava no lugar como havia pedido. Olhou para Salomon e a encarou por alguns instantes.

 

— Até parece que vou abrir mão dessa tarefa por ameaças tão vazias quanto aquelas. - Impmon se posicionou de frente para Jose e deu uns tapinhas na cara dele e de repente ele começou a recobrar os sentidos. - Vejo que o ritual de recuperação de energia que fez realmente funciona. - Ele sorriu. - Obrigado! -

 

Salamon revirou os olhos ao escutar aquilo. Ela passava a perna nas pessoas em suas negociações, mas entregava o que havia combinado. Mas, parecia que Impmon estava esquecendo-se que ela não conseguia traí-lo por causa de um ritual realizado com SkullGreymon. Até pensou em mencionar aquilo de novo, apenas pelo gosto de mostrar ao rival que ele não era tão esperto assim.

 

No entanto, não conseguiu fazê-lo diante a cena. Um salto assustado do humano que acordara e de repente ele pareceu se acalmar diante a cena de Impmon pedindo para ele ficar calmo. Aqueles dois realmente se conheciam? O humano era normal, ela procurou pela marca dos invocadores, mas não achou nenhuma. Estava curiosa antes sobre o que ele pretendia com Jose, ficou ainda mais quando montou as coisas de um ritual ao redor dele, era um ritual de invocação aparentemente e duvidava que ele fosse se unir a um humano, mas agora que via que os dois se conheciam e não era um invocador, a coisa estava ficando muito esquisita.

 

— Vou te salvar, mas você vai ter uns 75% de chance de morrer durante a tentativa e depois se não for esperto. - Disse Impmon. - Tem invocadores cercando esse prédio, já amanheceu e eles são tão sanguinolentos quanto a Gabumon. -

 

Salamon escutou aquilo e piscou algumas vezes. Ele salvaria o humano não invocador. Ele deveria matá-lo diante as regras e a competição até pedia a morte de um humano. Não tinha ideia do que ele estava fazendo, mas parecia que era um plano muito bem arquitetado.

 

— Tenho vaga lembrança das coisas antes de me colocar aqui na escola. - Jose parecia ter se recuperado completamente, mas parecia hesitar. - Talvez o grupo tenha encontrado uma alternativa. -

 

— A alternativa é a mesma que tentou antes, mas não tinha fonte de energia digital para fazer. - E de repente Impmon mostrou um pedaço de osso.

 

Jose sabia, era o mesmo pedaço de osso que ele tentou usar para fazer a invocação de Skullgreymon no lixão. De todas as alternativas para mantê-lo vivo, torná-lo um invocador era realmente a mais certa de que invocadores e Lobos Solitários não tentariam mais matá-lo, ao menos até onde ele conhecia da história. Entendia que ele correria riscos mais tarde, mas correr riscos durante a invocação? Aquilo era novidade já que viu duas e não parecia perigoso o ato em si.

 

— Por que correrei risco para fazer a invocação? - José perguntou. - É por ele ser soldado do pesadelo? -

 

— O nível. - Disse Impmon.

 

Salamon ficou observando aquilo sem entender quem iria ser invocado até que escutou as últimas palavras “o nível”. Arregalou os olhos compreendendo que certamente era Skullgreymon e pensou em falar algo, mas Jose já recitava as falas da invocação.

 

Aquele desgraçado! Vai invocar um digimon morto. Teoricamente seria impossível se ele tivesse morrido no Mundo Digital, mas estando no mundo material os dados dele devem ainda estar flutuando por aqui. Vai cumprir mais uma tarefa, profanação dos mortos. Se esse garoto sobreviver ele terá o tutor de volta e ainda vai ter a fama de trazer os mortos da vida, agora se falhar, ele só cumprirá a tarefa e vai ganhar muito tempo enquanto os invocadores lidam com o desastre que vai acontecer.

 

A escola de repente foi despedaçada. SkullGreymon surgiu enquanto Jose caia de joelhos arfando. Havia sido um sucesso a invocação, para a surpresa de Salamon. Ela ajudou a preparar tudo, mas duvidava, quando tudo se revelou, que funcionaria.

 

— Grandão! Como faço um portal? - Disse ele sorrindo de forma debochada para Salamon. - Desculpe te ressuscitei como servo invocador, mas vamos ganhar essa parada e comandar o clã. -

 

SkullGreymon parecia lento em entender tudo o que havia acontecido. Viu Salamon e um humano ajoelhado em seus pés a instantes de desmaiar. Entendia perfeitamente o que Impmon falava, mas sua atenção agora estava em José, seu Mestre Invocador.

 

— Respire fundo e acesse os dados do núcleo que te dei. Será o suficiente. - Disse a Impmon e logo depois virou-se para José. - Mestre patético, diga desmaterializar antes que desmaie. -

 

— Des… materializar. - José balbuciou o gigante digimon desapareceu e ele sentiu um alívio voltando a respirar melhor, mas em seguida sentiu um impacto forte na cabeça, desmaiando.

 

Salamon que estava quase que soterrada pelos escombros, acompanhou tudo estarrecida. Principalmente quando Impmon golpeou José na cabeça ficou olhando sem entender. Viu Impmon correr até ela e a arrastá-la para junto ao corpo de José.

 

— Agora ele tem uma marca, mas está fraco demais. Vai dormir por ao menos quatro horas. - Disse Impmon. - Fique ao lado dele e finja para todos os invocadores que é sua serva até ele acordar, depois se mande. -

 

Salamon escutou aquilo e viu o digimon das trevas correr pelos escombros e desaparecer no mesmo instante que alguns invocadores começavam a avistar aos dois.

 

— Tem um humano caído ali e uma digimon que parece ser das trevas. -

 

A digimon das trevas escutou o anúncio. Ainda estava estarrecida com o plano de Impmon. Não sabia de nada do que ele armou, mas estava claro que ele armou e bem. Duvidava que fosse funcionar, mas nunca ouvira falar de alguém que soubesse dizer se o digimon era ou não servo de alguém e o anúncio dera a ela o que precisava, a dúvida deles. Arriscaria. Colocou-se em modo de ataque e rosnou como pode, mesmo ferida.

 

— Não vão tocar no meu mestre! -

 

<><><><>

 

Os olhos se abriram devagar. O corpo não estava apresentando dor ou nada do tipo, mas com o passar dos segundos as lembranças vieram. Não havia realmente dormido e sim desmaiado, não estava seguro na hora que desmaiou então as chances de estar seguro agora que despertava eram poucas. Mas, o medo tomou conta e não conseguia fazer nenhum movimento rápido. Penumbra. Por um momento duvidou que conseguiria saber onde estava, mas aos poucos seus olhos foram se acostumando ao ambiente e uma luz, não muito longe ajudou-o a distinguir que tratava-se da sala de um apartamento e que Daniel e Cecilia estavam deitados naquele local também, ambos no chão, deixando o sofá para ele. Não sabia de quem era a casa, mas sentiu-se aliviado de ver os amigos ali. Estava seguro.

 

— Eu estava começando a achar que havia morrido, ou entrado em coma. -

 

A voz surpreendeu José. Arrepiou-se todo e contraiu-se no sofá onde estava deitado. Procurando em meio a escuridão viu se aproximar uma espécie de pequeno cão com tons escuros. Fechou os olhos respirando, tinha certeza de ser um digimon e sua mente vagamente lhe dava a ideia de ser um Soldado do Pesadelo. Talvez tivesse visto-a junto a Impmon, mas não tinha certeza.

 

— Eu… - Jose abriu os olhos e sentou-se. - O que aconteceu depois que realizei a invocação de SkullGreymon e desmaterializei-o em seguida? -

 

Salamon ficou olhando-o por alguns instantes. Apenas balançou a cabeça parecendo ter compreendido algo.

 

— A escola veio abaixo. Você desmaiou e Impmon disse, finja ser a serva dele enquanto ele não acordar. Vai levar umas quatro horas. Ta bom, você está apagado a mais de 12 horas. - Salamon começou a falar. - Depois disso uma quantidade absurda de Invocadores humanos chegou ao local. Alguns digimons servos estavam manifestados e outros não. Eu fiquei arisca tentando fingir que era sua serva e você meu Mestre. - Ela riu. - Ninguém la sabia sobre você ou porque sua marca era diferente. Mas, Esses dois apareceram e o narigudo começou a mentir na cara dura. -

 

 

Jose viu que ela parou encarando Daniel que dormia profundamente.

 

— Ele parece o Impmon. - Disse Salamon se arrepiando, mas prosseguiu. - Convenceu aos presentes que você ganhou essa marca na chegada de Impmon e que não sabiam o que ela representava. Falaram qualquer coisa, logo após isso, que eram muito jovens e deveriam ir descansar e que procurariam por eles assim que encontrasse os invocadores antigos, que saberiam da marca estranha. -

 

— Então viemos todos para cá descansar. - Concluiu José.

 

— Basicamente. Assim que nos afastamos, comigo te seguindo toda apreensiva o narigudo virou-se e disse que sabia que eu não era a parceira por causa do uso da energia. - Ela pareceu pensativa. - Parece que um Humano desmaiado não pode ficar com um digimon manifestado. - Ela pareceu indicar que não sabia. - Disse que entendia ser uma armação de Impmon e que eles eram aliados. -

 

Aliados! Como Impmon se aliou a humanos invocadores? Ele é realmente diabólico. O pior que quando ele falou aliado meu corpo inteiro estremeceu. O ritual que me impede de trair Impmon foi ativado para eles. Não consigo fazer mal a eles. DROGA! Salamon praguejava tentando entender o que havia acontecido ali.

 

— Quando chegamos a esse lugar, que parece que a menina é a dona, disseram-me para ficar vigiando até você acordar. Se um invocador grande e gordo chegasse era para eu fugir de imediato. - Salamon lembrava-se das palavras como um aviso educado e atencioso. Ela não conseguia compreender porque invocadores ajudariam um digimon das trevas. - Logo depois escreveram um bilhete que está ali, colocaram aquelas coisas estranhas nas tomadas e deixaram comida na mesa e apagaram. -

 

José piscou algumas vezes com a situação. Levantou-se procurando o bilhete. Percebeu que os aparelhos eram os celulares de todos eles, eles estavam próximo do bilhete. Estava escuro e não daria para ler, mas percebia que estava endereçada a outra pessoa que não ele, pois conseguia ler perfeitamente a palavra, PAI.

 

— Salamon, você vai… - Ele parou de repente. Piscou algumas vezes e olhou para a digimon que lhe dava atenção. - Como eu sei o seu nome? - Ele parecia perguntar mais para ele mesmo do que para a digimon.

 

A digimon fez sinal para ele se sentar. Não estava muito interessada em ajudá-los, mas agora estava curiosa com algo e precisava ter certeza. Esperou ele sentar-se.

 

— Fale-me de PicoDevimon. - Disse a digimon que o viu franzir o cenho. - Respire fundo, se quiser feche os olhos e concentre-se. -

 

O garoto não compreendeu bem aquilo, não conhecia o que era ou quem era PicoDevimon. Achava difícil até pronunciar aquele nome. Mas, acabou fazendo o que ela pediu. E tão logo os olhos estavam fechados e a respiração era feita, ele abriu os olhos um tanto quanto pensativo.

 

— PicoDevimon. Digimon das Trevas em fase de treinamento. Candidato a Lord Demônio. Ataca com Rajada de injeções. - Ele parou por alguns instantes. - Eu tenho mais um monte de informação dele e não tenho ideia de como isso pode ser real.-

 

— Como eu pensava, sua invocação deu errado. - Disse Salamon que vu o garoto arregalar os olhos. - Você pode me dizer melhor do que eu. - A digimon se levantou. - Bom, está quase amanhecendo, eu vou nessa! Acho que o portal já pode ser aberto novamente. -

 

— Como assim? - Jose viu a pequena digimon ir em direção a janela. - Por que o portal não podia ser aberto antes? -

 

— No meu acordo com Impmon combinamos de fazer um ritual que impediria que o portal se abrisse. Mas, para isso precisava que um estivesse no Mundo Material e outro no Mundo Digital. Nem mesmo os digimons dos invocadores passariam. - Salamon revirou os olhos. - Se eu não errei o passo foi Impmon e o que era para ser apenas seis horas ficou muito mais que isso. Quando deu a hora de ir para casa eu estava presa aqui. Mas, já deve estar acabando. Boa sorte e cuidado! -

 

Salamon saltou pela janela antes que José pudesse processar as informações.4

 

— Eu posso explicar melhor como eu tenho as informações? - José questionou a si mesmo. Piscou algumas vezes e respirou fundo fechando os olhos.

 

<><><><>

 

— SkullGreymon já não tinha mais vida. Por isso quando o ritual foi feito usando um pedaço de osso dele como amuleto para indicar quem estava sendo invocado, o retirei do mundo dos mortos. Se muito tempo tivesse se passado, algo muito diferente de SkullGreymon teria surgido. Mas, seus dados ainda estavam pairando pelo Mundo Material, não havia dado tempo deles perderem suas propriedades digitais, então havia ainda como seu corpo ser reestabelecido usando minha energia e a da invocação. Por isso quase desmaiei, não foi uma simples invocação foi uma ressuscitação. - Jose parou percebendo que todos da sala o acompanhavam. - Por conta de ter ligado a vida de SkullGreymon a minha, sua mente também acessa suas informações. Assim sei isso tudo. -

 

Pouco mais de 10 minutos depois que Salamon saiu o sol raiava e porta do apartamento se abria. Quatro pessoas passaram por ela, sendo May, Wendell, Benjamin e um senhor gordo que parecia ser o dono da casa. Quase uma hora se passou desde que chegaram até o momento em que Daniel e Cecilia acordaram e enquanto apresentações e algumas broncas aconteciam, eles pareciam não se fazer de rogados quanto a tomarem o café da manhã.
Rogério, o pai de Cecilia, foi quem tomou a iniciativa de falarem um pouco sobre a marca no braço de José. Mas, o menino de repente começou a despejar informações sem que eles tivessem tempo de respirar.

 

— Eu sabia que vocês tinham passado dificuldades durante toda a noite e tentado sobreviver, mas… Lobo Solitário e Digimons das trevas ressuscitado, ambos como parceiros... - Rogério pareceu incrédulo que invocaram para parceiro um digimon das trevas morto. - Vocês estão vivos e acho que fizeram mais do que nós da primeira vez. -

 

Wendel e May riram, já haviam comentado aquilo o que fez o grupo de adolescentes rir.

 

— Vamos precisar que nos digam mais sobre isso. - Disse Benjamin. - Mas, e a tatuagem diferente que está em José? -

 

— Ela é um problema. - Diz May. - A maioria dos Invocadores tem digimons em fase de treinamento por um motivo. - Ela parou. - O Consumo de energia de um digimon em fase de treinamento é relativamente baixo. Se ele estiver treinado mesmo, humano e digimon conseguem lidar com o consumo de energia, sem colocar nenhum dos dois em risco. Um Adulto por outro lado, podemos colocar que o Invocador tem de trinta minutos a uma hora com ele evoluído antes de cair sem forças. -

 

— May aguenta mais porque ela tem uma regra na marca que lhe dá mais energia. Mas, não é muito mais. - Diz Wendel. - Agora, um digimon na fase de Skullgreymon, 5 a 10 minutos. -

 

Jose ficou em silêncio. Ele já sabia daquilo. SkullGreymon sabia, afinal ele era um digimon tutor e tinha conhecimentos além do que ele poderia imaginar. José no momento tinha toda a informação sobre o Mundo Digital a sua disposição, mas não podia invocar ser servo, ou morreria sem energia, já que o seu tempo de 5 a 10 minutos era reduzido por SkullGreymon não possuir nem um pingo de energia própria.

 

— Eu não entendi uma coisa. - Comentou Cecilia quebrando o silêncio.

 

— Já sei! Quer saber como nunca viu minha marca de invocador? - Rogério, o pai de Cecilia riu. - Foi um ritual que consegui para não invocadores não enxergarem minha marca. - Ele balançou a cabeça. - Presente de sua mãe. -

 

— Entendi. - A menina sorriu imaginando se poderia conseguir algo assim. - Mas, não era isso! - A menina insistiu. - Impmon voltou e junto com Salamon fizeram uma barreira para impedir a ida e vinda dos Digimons, inclusive os servos. Mas, pelo que falaram, muitos estão ainda materializando e desmaterializando os seus digimons pela cidade para acabar de resolver os casos. -

 

— Quando invocamos eles do Mundo Digital é uma situação. É uma invocação. Mas, quando fazemos o materializar e desmaterializar, ele está aqui. - Wendel ao dizer isso tocou a tatuagem. - Temos o ato de mandá-lo para o mundo digital de volta a vida dele. -

 

E a conversa ainda rendeu mais alguns minutos até que todos resolveram partir para suas casas. Sendo Jose e Daniel pegando o mesmo caminho.

 

— E eu não consegui concluir o meu trabalho. - Comentou Daniel rindo. - Bom, também não tem mais escola para entregarmos o… -

 

Daniel percebeu que José olhava para cima. Procurou o que ele olhava e então identificou um grupo de digimons saltando apressados.

 

— O portal ainda não pode ser aberto. - Disse José antecipando a pergunta que Daniel estava pronto para fazer. - SkullGreymon. - Disse o menino vendo a cara de questionar de Daniel.

 

— Eu acho que posso me acostumar a você ser uma enciclopédia sobre digimons. - Daniel começava a mexer no celular. - Vá para casa e rápido. Além de não poder usar seu digimon os outros invocadores podem querer colidir com você por achar que estão com objetivos diferentes quanto a regra da marca. -

 

José apenas assentiu enquanto via Daniel respirar fundo, claramente apavorado, mas começar a correr enquanto telefonava para Cecilia e os demais.


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