Laura escrita por Lady Liv


Capítulo 6
Come As You Are


Notas iniciais do capítulo

Em meio ao luto, um inimigo dos quadrinhos de Laura vem em ajuda das crianças. Será que poderiam confiar, depois de tudo que lhes aconteceu?

NO BANNER: (da esquerda para direita) Erik, Laura, Delilah, Bobby e Rebecca.



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Come, as you are

As you were

As I want you to be

As a friend, as a friend

As an known enemy

 •

 

 

Avenida Graymalkin Lane, n° 1407. Salem Center, Condado de Westchester, Nova York.

Hank McCoy apontava para os pontos de energia na tela, explicando a todos a dimensão do poder e sorrindo de orelha a orelha enquanto o fazia.

— Okay... isso não deveria ser preocupante? – Peter ergueu a mão, perguntando.

— Eu sei que parece assustador, e talvez seja. – ele ignorou as sobrancelhas arqueadas do Mercúrio e voltou a dizer, sem perder a animação: — Mas vejam os níveis orgânicos! São muitos, o terreno ao redor continua intacto. Se fosse para nos preocupar, essa área não estaria assim.

Scott, Jean, Ororo, Peter e Xavier se entreolharam pensativos.

Há quanto tempo não o via animado daquele jeito? A possibilidade do impossível bem diante deles... Xavier perguntou-se, provavelmente desde 1973.

— Então não foi um sonho. – Scott  concluiu, cruzando os braços. — A Jean reagiu a essa energia.

— Eu te disse que não foi um sonho.

Desviando o olhar da tela, murmurou um “desculpe” a namorada, que sorriu aceitando.

— Certo, foi uma visão ou sei lá. – Ororo deu de ombros. — O que é exatamente?

— Infelizmente, eu não consigo me lembrar muito bem do que vi, foi como um flash. – a telepata respondeu a amiga, frustrada. — Eu vi crianças... e senti o que elas sentiam.

— É isso que me preocupa. – Scott voltou a dizer. — Se o que causou essa energia foi uma dessas crianças...

— Então elas são muito poderosas. – Ororo concluiu, assentindo. — Jean, o que elas sentiam?

— Adrenalina. Impotência. Medo.

Hank coçou a cabeça, sentindo-se preso a uma incógnita: — São mutantes... e surgiram do nada... hummm...

O silêncio que tomou conta do laboratório foi quebrado pela risada nervosa de Peter:

— Tem certeza que não devemos nos preocupar? Porque eu não sei se vocês se lembram, mas da última vez que isso aconteceu, o maluco quebrou a minha perna.

— São crianças, Peter. – a mulher de cabelos brancos rolou os olhos.

— Sim, são sempre crianças nos filmes de terror também.

Charles Xavier observou a localização na tela. Assim como Jean, também tinha sentido a energia; foi como um meteoro, rasgando a superfície da Terra.

Preocupou-se. Quantos mais satélites haviam detectado aquilo?

Pelo o que Hank havia dito, até mesmo o governo poderia já estar atrás fonte.

— Dakota do Norte. – o Professor pensou alto. — Erik está lá agora.

— Magneto? – Scott o olhou confuso. — O que ele foi fazer lá?

— Pedi que ele fosse dar uma olhada numa base militar em Alberta.

Peter quase se engasgou com a própria saliva.

— O que?! Alberta? Por acaso não seria a mesma base que nós-

— ...ficamos presos em 1983? Sim. – Hank quase riu de sua expressão. — Relaxa, eles só trabalham com tecnologia agora, computadores, essas coisas.

— Então por que ele foi?

— Sabe como seu pai é, Peter. Sempre preocupado com a nossa segurança, com a sua segurança, ele queria ter certeza. – Charles moveu-se pelo laboratório. — Vou ligar pra ele, chegará lá antes mesmo de ligarmos o jato.

— Eu o acompanho, Professor. – Jean ergueu-se da cadeira, cansada. — Preciso de um chá. Essa confusão me deu uma baita dor de cabeça.

Charles a observou, uma ruga de apreensão em sua testa.

— Não são apenas os sentimentos, são? As palavras estão rodeando a sua mente, eu posso sentir...

— Sim, mas não são palavras, são nomes. Laura, Meg-

As palavras morreram assim que ela abriu a porta e deu de cara com o homem de mão erguida, prestes a bater.

Podia fazer algum tempo que Jean Grey não via sua aparência selvagem e seus traços marcantes, mas a sensação que se instalava em seu peito sempre seria a mesma quando o via.

Mal sabia ela, que ele tinha essa sensação também.

Logan ergueu a sobrancelha.

— Que confusão vocês estão falando? Que Laura?

 

Dakota do Norte.

 

— LAURA! LEVANTA! – ouviu Joey gritando distante e forçou-se a abrir os olhos. — CUIDADO!

O som alto do motor do jipe reverberou perto demais e ao erguer a cabeça, viu que estava prestes a ser atropelada. Arrastou-se para trás, preparando-se para o impacto... que não veio.

Admirou-se vendo o veículo flutuar acima de seu corpo. Joey! pensou com um sorriso ao lembrar da telecinese do amigo.

Certo, okay... COMO isso aconteceu?!

Ao que parece o novo passatempo do universo era virá-los de cabeça para baixo. Estavam bem, e então não estavam; ora seguros, ora sangrando. Queria poder dizer que não estava a se acostumar com isso, mas infelizmente era o que acontecia. Sua vida era uma bagunça.

 

Algumas horas antes...

 

— Rictor... acho que não estamos mais numa floresta. – Laura diz, sua voz carregada de admiração.

— O perímetro! – Joey é rápido ao se lembrar. — Onde estamos?

Rictor o tocou, e junto de Jamaica e Erica, os quatro saíram para fora. Houve silêncio e de repente tudo voltou a desmoronar.

— Mamãe não acorda! Siryn, mamãe não acorda! – Megan passou a gritar balançando o corpo de Grace no chão. — Alguém ajuda! Laura!

A garota se aproximou, tensa. A pele de Grace estava mais pálida que o normal, os lábios sem cor, e os olhos abertos; arregalados, sem foco.

Já viu acontecer antes.

Pois nem todos os projetos da Transigen foram salvos pelos enfermeiros. Era algo que Gabriela chamava de... qual era o nome mesmo? Muerte... cerebral... morte cerebral, sim... quando o cérebro para de funcionar por causa de alguma lesão, parecia.

— Megan, se afaste. Meu amor, por favor. – Siryn ergueu a mão e Laura ajudou, puxando a pequena para perto de si.

Grace tinha contado que seus poderes não eram o que haviam sido criados para ser. Ela devia ter se esforçado ao máximo para envia-los à um lugar seguro, sacrificando-se pelo bem das crianças, pelo bem de Megan. Mais uma morte para ser lembrada, o pensamento fez Laura respirar pesarosa e suplicar a pequena que lhe abraçava:

— Não olhe, Megan, não olhe.

Eles a enterraram ali mesmo, e em nenhum momento Megan soltou-se de Laura. Deixaram o corpo dentro da toca e Lance usou de seus dons para soterrar o local. Erica, Jamaica e Charlotte usaram seus poderes, a manipulação de plantas, e trouxeram à vida flores da beira da estrada, colocando-as sobre o terreno e criando grama verde e viva sobre ele. Ficou bastante claro que não era apenas um enterro para Grace, e sim para os outros. Todos os outros que ficaram para trás, que não tiveram uma chance.

Laura segurou as lágrimas neste enterro, a morte sendo nada além de um calo seco no momento. Doeria mais tarde, ela sabia. Agora eles tinham que lidar com outra situação.

— Rictor. – após deixar Megan com Siryn, Laura se aproximou. — Não podemos ficar aqui parados, descobriu algo?

Ele assentiu, desviando o olhar em luto.

Realmente, não era mais uma floresta onde estavam. Era uma longa e promissora estrada de asfalto, postes iluminando o caminho de leve porém quase inexistente vegetação, que época do ano estavam afinal? Apenas dois caminhões passaram em todo o momento em que estiveram ali, cegos ao que ocorria. Laura secretamente preferia assim. Seria um presente poder passar despercebida neste mundo novo.

— De acordo com o mapa que estava na sua mochila, e aquela placa lá longe... – ele apontou para o fim estrada. — Ainda estamos na Dakota do Norte.

— Mas cadê a floresta?

— É noite, Laura. – Joey se juntou aos dois, os olhos puxados confusos. — Como pode ser noite? Tinha acabado de amanhecer.

— E logo vai amanhecer novamente. – Jamaica olhou pro céu carrancuda.

— Acho que essa realidade tem fuso horário. – Rictor brincou, sem sorrir. — Não tem explicação, a Wanda é pequena demais para entender os próprios poderes e estava sendo guiada pela Grace que... não parecia muito segura do que ia funcionar. Da mesma maneira que o dia mudou pra noite, a floresta sumiu e... os militares também.

Não, algo dentro de Laura ecoou, fazendo seu estômago embrulhar. Eles nunca estariam livres dos militares, dos cientistas, da morte... era tudo questão de tempo. Eles viriam cedo ou tarde assim que os descobrissem.

Seus punhos queimaram em antecipação.

— Eu não me acostumaria com isso. – a filha de Logan murmurou e Jamaica assentiu concordando.

Joey olhou ao redor pensativo (ou eram apenas seus traços asiáticos, Laura não sabia dizer), e apontou para o lado esquerdo da estrada.

— O Canadá fica pra lá. Eu diria para irmos na direção contrária.

— E por que?

— Chame de pressentimento. – Rictor arqueou as sobrancelhas, ao ponto que Joey continuou: — Ou a cidade mais próxima fica pra lá, e eu não sei vocês, mas eu não estou afim de atravessar outra fronteira.

Eles sorriram diante de seu tom, não por acharam engraçado, mas porque precisavam sorrir. Estavam cansados demais para chorar.

E então, eles caminharam.

Lance e Rictor iam na frente, os liderando. Para surpresa de Laura, o mais velho parecia levar uma conversa tranquila com o mais novo.

Tamara vinha logo atrás deles, carregando uma Megan adormecida em seus braços, e que desde o enterro improvisado, em nenhum momento chorou, trazendo uma ruga de preocupação na expressão de Laura. Anotou mentalmente de ter uma conversa com a menina, e pelo jeito que Siryn caminhava próxima, podia ver que a senhora também tinha o mesmo pensamento.

Do outro lado, Ariel tirou o próprio moletom e o colocou em Wanda, revelando cortes em seus braços. Perguntou-se o quanto aquilo doía na jovem, que tinha água como ponto forte. E água era justamente o que eles não tinham.

Jamaica, Erica e Joey caminhavam juntos mais no meio. Eles eram um trio e tanto, Laura tinha que admitir; com a manipulação de plantas das meninas e a telecinese de Joey, a Transigen esperou que eles se tornassem competitivos entre si, a ponto de se odiarem. Não seria a primeira vez que a Transigen estaria errada.

Outra que podia manipular plantas era Charlotte, que vinha mais atrás com Tomás, Delilah, Jonah e Bobby. Laura lamentava profundamente não ter presenciado quando aqueles cinco e mais alguns outros deram um fim a Donald Pierce.

A garota diminuiu o passo para Gideon e Rebecca a ultrapassassem, ficando como a última da fila propositalmente. Ela queria prestar atenção em tudo. Ela morreria antes de deixar que algo ruim acontecesse com seus amigos de novo.

E com esses pensamentos em mente, ela sentiu falta da voz em sua cabeça. Ele sempre abria a boca para julgá-la nesses momentos, onde ele estava?

Ei papa, murió ahí también? Ela produziu, esperando minutos por uma resposta que não veio.

— Mal educado. – crispou os lábios em desgosto. Era tão difícil para Logan apenas ser gentil? Aparentemente. Ela lembrava que sim.

Depois de uma ou duas horas, quando o sol já apontava no céu, Laura diminuiu os passos tensa. Um carro estava reduzindo a velocidade, vindo de encontro a eles.

— Se ele for vilão, podemos ficar com o carro? – Jonah perguntou no momento que o carro parou à alguns metros. — É uma Chevy Silverado azul!

Todos o ignoraram, focando os instintos no motorista que se aproximava. Charlotte, entretanto, fitou o amigo com uma careta.

— O que? – Jonah ergueu os braços na defensiva. — Um carrão desses pode ser útil.

— Todo mundo quieto, hein. – Rictor avisou e quase imediatamente todos se ajuntaram, receosos.

— Bom dia! Estão bem? Precisam uma carona?

Siryn tomou a frente, sorrindo de modo educado, seu sotaque americano ajudando com certeza.

— Obrigada, sr. Estamos apenas tentando chegar na cidade, perdemos nosso ônibus de passeio.

— Oh? Escola, eu presumo? É um grupo grande de crianças que você tem aí.

— São meus netos, na verdade. – ela mentiu, porém com verdade em seu tom. — Fomos acampar à noite e, bom... já estamos voltando pra casa, obrigada.

O homem não pareceu muito convencido, erguendo as sobrancelhas por baixo dos óculos escuros.

— De onde vocês vieram? E por quê há sangue em suas roupas?

O silêncio tinha som de perigo. Ao seu lado, Laura viu Bobby menear os dedos, pequenos raios elétricos prontos para serem atirados.

O solo em que pisavam pareceu rachar, e Lance deu um passo à frente:

— Se eu fosse o sr., eu voltaria para o carro e seguiria viajem.

O desconhecido o olhou de cima a baixo, parecendo confuso.

— Dominic?

Lance franziu o cenho, sem entender.

— Ãnh?

— Desculpe, por um momento, você me lembrou alguém-

— Escuta, cara, é sério. É uma estrada bem perigosa essa daqui.

— Na verdade, essa é uma área bem protegida. Tão protegida, que se olharem pra trás agora, podem ver os militares se aproximando.

Laura praguejou mentalmente, virando-se. Realmente, do outro lado da estrada, apontavam-se três veículos militares.

— Eu não os encontrei por acaso. – o estranho revelou, apoiando as mãos nos quadris. — Meu nome é Erik Lehnsherr, e seja lá o que fizeram chamou atenção não só dos meus amigos, mas também de pessoas perigosas.

O queixo de alguns caíram diante da revelação e Laura apertou a alça da mochila contra suas mãos; as revistas ainda estavam consigo, guardadas como um tesouro. Ela conhecia as histórias... e seus amigos também.

— Você é o Magneto? – Bobby perguntou olhando-o de cima à baixo, os poderes não mais visíveis. — É bem mais jovem do que eu imaginava.

Era mais do que claro a confusão no possível Magneto, que indagou:

— Quem são vocês?

Ninguém respondeu e Rictor virou, encarando Laura. Sua expressão pedia ajuda, apoio. Claro, sendo a única a ter tido convivência com as lendas dos quadrinhos que eles tanto admiravam – Wolverine e Professor X –, então ela poderia guia-los nisso, certo?

Tolos! A mexicana resistiu a vontade de bufar. Não conseguia guiar nem a si mesma, quem dirá outros.

— Esses homens têm tecnologia! Vieram do Lago Alkali direto pra cá em busca da fonte de energia que vocês causaram. – Magneto focou-se em Laura enquanto falava, e do outro lado Ariel tencionou, escondendo o rosto de Wanda em seu abraço, tendo consciência que grande parte da energia causada vinha dos poderes da mutante. — Vão saber que foram vocês, isso se já não souberem. Uma energia assim... poderiam usar... poderiam-

— O que? Nos usar como armas? – ao lado de Laura, Jamaica questionou.

Ele deu de ombros, sem alternativa:

— É bem isso sim.

— Não seria a primeira vez que tentariam.

Aquilo apenas serviu para deixa-lo mais intrigado.

— Não ‘tô gostando disso. – Lance admitiu inquieto, e fitou Erik, ironizando: — E você é quem? O bonzinho da história?

— Na verdade, eu sou o mais perigoso.

Seus sentidos a avisaram dos veículos se aproximando. Duas espécies de vans e um jipe de guerra; do mesmo que atacou o acampamento em seu mundo. Podia ouvir suas vozes abafadas e seus corações acelerados.

— Theresa, eu posso ouvi-los. – Laura disse para Siryn, que parou ao seu lado.

— É impressão minha ou eles estão aumentando a velocidade? – Bobby arquejou, raios elétricos voltando a surgir em suas mãos.

— Eles já devem saber. – assim como Bobby, Magneto parecia pronto para atacar. — Fiquem atrás de mim.

Lance exclamou um “Há!” ironicamente.

— É ruim hein, coroa! A gente se virou muito bem até aqui sem a ajuda de ninguém.

— Pelo estado de suas roupas, eu não tenho dúvidas!

— Quem você pensa que é pra vir dando ordens pra gente?

— Querem calar a boca?! – Siryn explodiu, nervosa, seu tom de voz se transformando em algo que ela nunca tinha ouvido antes: — X-23! O que eles estão dizendo?

Em choque com a liderança que a mulher exibiu, a filha de Logan pode apenas se concentrar em seus ouvidos.

“—...detectando 9 radiantes e aumentando...”

“— É a mais nova.”

“— Não, é a mais velha. Nós podemos atirar?”

“—...capturar... avisaram ao General Stryker!”

“— Aquele é o Magneto. Não o deixem escapar.”

— Eles sabem? – ouviu Siryn perguntar ao passo que Laura girou, o olhar desviando-se da mulher para Magneto.

— E sabem de você também.

— Droga! – ele praguejou com as mãos em punho. — Temos que ir, agora! Eu tenho um quarto na cidade, podemos ficar lá até a poeira baixar.

— Laura, vão nos atacar, não vão? – Tamara perguntou temerosa, Megan em seu colo escondendo o rosto entre os cachos da jovem.

— Ainda estão se decidindo. Acho que o Magne-

— Aaaah, chega disso! – e subitamente, antes que qualquer um tivesse qualquer reação, Lance se jogou para frente deles, escorregando o jeans no asfalto e erguendo as mãos pra cima, berrando: — AVALANCHE!

O chão rachou com força total e o solo subiu, fazendo postes tombarem e um dos veículos capotar, os outros sendo forçados a derrapar na pista, parando e evitando serem atingidos pelas rochas e os fios de alta tensão.

As crianças gritaram em susto, e alguns até caíram pra trás, vendo a toda aquela chuva de terra causar uma grande nuvem de poeira entre eles.

Houve um segundo de calmaria antes da gritaria começar.

— Lance, ESTAS LOCO!? – Rictor e outros o xingavam em espanhol.  Laura tossiu, enraivecida:

— BASTARDO! QUE HICISTE?!

— VAMOS ATIRAR! – os homens do outro lado da montanha de areia e solo gritaram.

— Joey, eles têm armas! – Erica agarrou o braço do amigo, apontando para os que podia ver. — O que faremos?

— Todo mundo pra trás! – o tal Magneto ordenou e olhou para Siryn. — Você leva eles pro carro, eu cuido disso.

— Isso é tudo culpa sua! – Erica empurrou Lance, que infantilmente deu língua a ela.

Joey e Jamaica se preparam ao lado da loira, em apoio.

— Escuta aqui Rapunzel, eles iam sair armados de qualquer jeito, tá? – Lance ironizou. — Eu digo: Ataquemos primeiro!

Eles estavam se aproximando, Laura podia ver. As garras quase pulsando em seus punhos junto de seu coração acelerado. Eles estavam se aproximando e era tudo culpa desse idiota— X-23 urrou, perdendo a paciência. A raiva e adrenalina a cegando e fazendo-a correr em direção do perigo.

— Laura, Laura, não! – Siryn ergueu a mão tentando segura-la, mas já era tarde. — Laura!

— Laura, fica aqui! – Megan gritou, e se Laura tivesse visto sua expressão assombrada, talvez tivesse parado. Mas ela não viu. — Não vai!

Magneto franziu o cenho, confuso com aquela ação estranhamente familiar. O que uma garota de menos de 1,50 poderia fazer contra homens armados? Bom... ela era uma mutante, então ele tinha que dar algum crédito.

O que certamente não o deixava menos preocupado em relação as outras crianças. Haviam duas delas ligeiramente pequenas em relação as outras.

— Ei, leva eles pra trás! Pro carro! – ele segurou nos braços de Siryn e ordenou, que perdida, assentiu puxando Tamara e chamando os mais novos.

— Isso! Arranca a cabeça deles, maluquinha! – Lance encorajou vendo Laura sumir entre a fumaça não natural que se formava.

Rictor o encarou com aversão: — Eu devia manda-la arrancar a sua cabeça, seu imbecil!

Magneto os ignorou, frustrado consigo mesmo. Como pôde permitir que isto acontecesse? Era uma missão de resgate, apenas isso, droga!

— Charles, você me paga.

A poeira causada pelos poderes de Lance estava se esvaindo e outra sintética começando, Laura notou, aqueles homens tinham bombas de fumaça e se as tinham... era porque eram treinados. Ela contou dez silhuetas armadas que cometeram o erro de se separarem, usaria isso a seu favor. Um deles atirou erroneamente assim que a viu e foi este que X-23 atacou primeiro; garras decepando seu braço direito e agindo rapidamente em nocauteá-lo.

Outro que veio em apoio teve seu corpo escalado pela mutante, como um macaco em uma árvore. As garras atingiram seu pescoço, e ela girou quando ambos foram ao chão, engatinhando com velocidade até o próximo e acertando suas canelas. O sangue espirrou em seu rosto, e X-23 apoiou-se nos antebraços dando uma estrelinha e chutando a arma que este carregava para longe. 

No entanto, mesmo ferido, tinha um truque na manga. Puxou um spray da cintura, apertando-o direto no rosto da garota. Laura caiu para trás retraindo as garras, os dedos se encontrando aos próprios olhos de modo quase humilhante, o cheiro queimando em suas narinas e fazendo lágrimas sem controle descerem por suas bochechas. Tentou erguer-se, sem sucesso.

E não era a primeira vez que usavam isto contra ela, muitas vezes na Transigen a fizeram passar pela mesma tortura. Tinha quase esquecido qual era a sensação.

— LAURA! LEVANTA! – ouviu Joey gritando distante e forçou-se a abrir os olhos. — CUIDADO!

O som alto do motor do jipe reverberou perto demais e ao erguer a cabeça, viu que estava prestes a ser atropelada. Se arrastou para trás, preparando-se para o impacto... que não veio.

Admirou-se vendo o veículo flutuar acima de seu corpo. Joey! pensou com um sorriso ao lembrar da telecinese do amigo-

E constatou que não era ele quem mantinha o jipe no ar e sim...

Magneto.

O homem estava no meio da estrada com os braços abertos e focado nos dois veículos restantes. Ele os fez flutuarem e arremessou-os para longe, o impacto os capotando.

Droga, como isso aconteceu? Enquanto lembrava-se de como o dia tinha começado, sentiu Gideon jogar-se ao seu lado desesperado:

— Laura! Você está bem?

— Gideon, meu rosto- – a mexicana reclamou chorosa. — 'Tá ardendo...

O garoto passou o braço pelos ombros dela e a ajudou a se levantar. — Vem comigo!

— Mas os soldados-

— Magneto está resolvendo tudo, não se preocupa!

E ele realmente estava. Em segundos, os soldados que sobraram se encontravam presos contra o chão, metais de seus próprios veículos os rodeando.

Por fim, o mutante olhou ao redor, o forte vento dissipando a poeira completamente. Três veículos capotados, cinco homens mortos e quatro se contorcendo no chão. Além é claro, do grande monte de areia que o tal Lance havia criado em sua “avalanche”. Era no mínimo assustador o quanto aquele adolescente se parecia com falecido Dominic Petros, o Avalanche.

Erik se perguntou o que mais aquelas crianças tinham para lhe surpreender.

— Eeeeee é isso! – Lance exclamou rindo como um sádico, sendo contido no canto por Rictor. — É DISSO que eu estou falando! Moeda por moeda! Mas vem cá, e os outros ali coroa? Vai deixar vivos não né?

Distante, Siryn viu tudo se acalmar e deixando Tamara cuidado dos mais novos, aproximou-se do jovem.

— O que diabos você estava pensando?! – a senhora perguntou indignada. — Colocou em risco todos nós!

— EU? – Lance retrucou, irado. — VOCÊ POR ACASO NÃO OS VIU SE APROXIMANDO? ELES IAM NOS MATAR OU, OU, OU PIOR!

— Não grita comigo, garoto!

— Você enlouqueceu?! – Joey se aproximou com Erica e Jamaica atrás. — Por que fez isso?!

— Vai dar lição de moral em mim? Você e suas backing vocals mataram dois caras ainda agora!

— Nós não somos backing vocals! – Jamaica gritou, e Erica a segurou pelo braço. — Seja lá o que isso significa.

— Podíamos ter evitado isso. – Siryn voltou a dizer de modo acusatório — Não está cansado de lutar?!

— Eu estou cansado de PERDER! – o jovem gritou chorando de raiva.

Erik observou tudo, chocado. Charles não estava brincando quando o ligou avisando-o da energia que pareceu rasgar o tecido da realidade. O que quer que tivesse acontecido com aquelas pessoas, de onde quer que elas tenham vindo, era sério. Elas estavam cansadas físicas e mentalmente.

E era mais do que claro que embora alguns fossem mais velhos que outros, todos pareciam perdidos. Crianças, de fato.

— Aí! – ele ergueu a voz, aquietando-os. — Temos que ir! O seu showzinho, Lance, derrubou alguns postes, então é bem provável que algumas áreas estejam sem energia agora. É questão de tempo até chegar alguém.

— Só pra você saber nós não temos um bom histórico em confiar em pessoas. – o jovem não perdeu tempo em falar, sempre com uma resposta na ponta da língua. — Então, que razão temos para confiar em você?

— Nenhuma. Só estou fazendo um favor.

— Ele acabou de salvar nossas vidas, é mais do que você já fez. – Rictor interviu.

O jovem bufou e Siryn fitou Erik com curiosidade enquanto todos se dirigiam até a picape dele. Tomás, Delilah, Jonah, Charlotte, Bobby, Rebecca, Tamara, Megan e Ariel estavam já sentados na carroceria junto de Wanda, Gideon e Laura, que se encontravam em pé; o garoto-réptil assoprando os olhos da filha de Logan com cuidado enquanto a pequena Maximoff mexia no zíper do moletom que vestia, tentando ajustá-lo.

— Siryn, você vai pra frente com o Magneto e o Lance, o crianção aqui precisa ser vigiado pra não fazer besteira de novo. – Rictor estapeou a cabeça do jovem, que o encarou feio.

— Escuta aqui pirralho, eu não recebo ordens de você!

— Mas recebe de mim e vai fazer exatamente isso! – Siryn rebateu e Laura não conseguiu evitar o sorriso. — Nove pessoas sofreram com suas ações.

— Sabe que eles são os vilões da história né? Nós somos os mocinhos!

— Cara, para com isso. — Charlotte reclamou.

— É, isso aqui é vida real mermão. — Jonah concordou.

Laura franziu o cenho, absorta em pensamentos. — Nove? Mas eram dez?

— O que? — Siryn perguntou.

— Dez sombras. Dez soldados.

— Tem certeza que eram dez? – Gideon perguntou, todos com a mesma tensão no corpo.

— Sim! Eu matei dois... três... – a mexicana fez as contas nos dedos. — Joey, Erica, Jamaica, quantos-

— Eles foram dois, eu mesmo vi! – Lance exclamou, a cabeça pra fora da janela do carro. — Foi incrível, aliás.

Siryn rolou os olhos, empurrando-o de volta.

— Bom, eu prendi quatro. – Erik voltou sua atenção à garota de sotaque espanhol e percebeu os punhos dela melados de sangue.

Sua mente piscou e ele lembrou-se do jeito que ela correu em direção ao perigo com apenas com um grito de guerra e sua fúria. A familiaridade das ações começava a atingi-lo como uma onda crescente: — Aaahm... como os matou? Não te vi usando os poderes...

Jonah sorriu, dizendo:

— Pode não parecer, mas X-23 é discreta.

Houve um breve silêncio e o assunto pareceu ter sido esquecido... até o momento que Laura sentiu a aproximação vinda por trás.

— Espera, tem alguma coisa-

Wanda foi puxada violentamente pra trás, o militar que faltava passando um braço ao redor de sua cintura e o outro pelo seu pescoço.

— WANDA! WANDA! – Ariel ergueu-se desesperada. — WANDINHA!

— Larga ela, seu monte de bosta! – Charlotte gritou pulando pra fora da carroceria.

Laura arregalou os olhos, largando sua mochila e acompanhando Charlotte para fora.

Num movimento rápido, o soldado puxou a arma do coldre e o colocou contra a cabeça da menina, o movimento fazendo o capuz do moletom ser jogado pra trás.

— NEM MAIS UM PASSO OU EU ESTOURO OS MIOLOS DESSA ABERRAÇÃO!

— NINA? — Erik gritou, em choque.

Aquela menina.

Aquela menina era absolutamente igual a sua falecida filha.

Antes que qualquer um tivesse alguma reação, a própria Wanda se defendeu; estendendo as mãos, a fumaça vermelha surgiu entre seus dedos e ela a colocou contra o peito, atravessando seu próprio corpo e acertando o soldado que a segurava, jogando-o pra trás.

Laura aproveitou o momento e correu. Gritando, pulou sobre o homem e o acertou com sua garra, deixando Magneto mais chocado ainda.

Aquilo nos punhos dela eram garras?! De adamantium?!

— Que susto, Wandinha! – a menina abraçou uma Ariel chorosa. — Eu pensei que fosse perder você também!

— Essa é a nossa deixa, com certeza! – Rictor ergueu Charlotte e a colocou de volta na carroceria. — Todo mundo entrando, vamos!

— Wandinha? – Erik murmurou pra si mesmo, paralisado. Como aquilo era possível? Era como ver um fantasma. Era como um de seus sonhos, onde tinha sua filha nos braços, e ali estava ela. Se ele apenas se aproximasse-

— EI! Hora de ir! – Laura gritou, o cutucando e fazendo-o perceber que todos já estavam em seus lugares. — Ou prefere que eu dirija?

Ignorou a marra da garota, sem conseguir prestar atenção em algo além de suas dúvidas e perguntas. Quem eram aquelas pessoas? Por que eles tinham uma menina que era idêntica a sua Nina?

Forçou os pés a andarem e deu a volta com o carro, acelerando para longe da destruição causada.

— Então. – Siryn falou, o encarando. — Você disse que estava fazendo um favor vindo até nós... favor pra quem?

Erik suspirou, é, eles tinham muito o que conversar.

— Para os X-men.

  

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Memoria, memoria, memoria, memoria


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Notas finais do capítulo

*1 Ei papai, morreu aí também?
*2 IDIOTA! O QUE VOCÊ FEZ?!

PLAYLIST: https://www.youtube.com/playlist?list=PLRDqKW8M7-nFVTTtn4E-vvVPq4dypbePZ
Em breve no spotfy! Até lá as músicas serão adicionadas com o passar dos capítulos.



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