Miranda: Midwinter escrita por wickedfroot, mandyziens, HappyCookies


Capítulo 18
Wicked Wand




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Greeny Wicked

Quando aquela névoa negra se dispersou eu não tinha equilíbrio para manter-se de pé, então logo que senti o chão, senti também meu corpo cair, eu só queria chorar, eu não sabia o que poderia acontecer com Juan agora, eu sabia que ele era um pinguim bom e que foi um acidente, ele estava em perigo, não era como Lina.

A neve caía do outro lado e o frio era intenso devido estarmos em um dos pontos mais altos da ilha. Fechei as portas e as janelas, depois usei minha magia para fazer uma bola de fogo que logo arremessei na lareira.

Minkis e Thay se mantinham em silêncio desde quando chegaram, assim como eu elas sentiram o impacto daquele susto, eu queria ter usado minha magia para derrubar os inimigos, mas não dava tempo, o pó das esferas já tinha se espalhado e eu só conseguia gritar.

De repente, Minkis se levantou e coçou sua cabeça pensando em algo.

— Cream Soda. Tem Cream Soda aqui? Seu iglu é isolado, eles não sabem que ele existe! Nós podemos reativar o pó para ir atrás de Juan! O que faltava pra nós conseguirmos reativar? Você tem livros sobre a ilha, deve ter sobre o minério que eles usam para extrair o pó negro!  Disse Minkis bastante animada, o que ela dizia tinha sentido, só precisava ser lapidado.

— Boa ideia. Eu tenho alguns livros no sótão, pode ir lá pegar o que quiser enquanto eu preparo alguma mesa pra nós começarmos a restauração. — Respondi.

Minutos depois Minkis voltou com cinco livros grossos nas nadadeiras, Thay pegou alguns para ajudá-la e colocou na mesa de jantar marrom com arabescos dourados que ficava na minha cozinha.

Enquanto Minkis e Thay procuravam algum indício do minério, eu coloquei a Cream Soda e o pó sem utilidade na mesa, ambos em dois bowls distintos, sendo um rosa pastel e outro rosa fúcsia.

Minutos depois, Minkis deu um grito histérico, ela tinha encontrado informações que seriam úteis.

O minério negro nascia no subterrâneo e tinha diversas substâncias na sua formação sendo algumas uma substância da Cream Soda, ônix e havia algo mais que estava rasgado no livro.

Nós tínhamos a Cream Soda e um colar com uma pedra de ônix enorme que eu já tinha á muito tempo, era essa pedra que formaria as esferas.

Peguei o colar e coloquei ao lado dos outros ingredientes, com minha magia eu reduzi a Cream Soda em um pó cor de rosa queimado e adicionei no outro pó sem utilidade.

Misturei tudo isso e esperei alguns segundo para ver se algo acontecia. Foi em vão, o pó continuava sendo a mesma poeira, eu não sabia o que fazer, não havia nada que nos ajudasse naquele momento.

Até que uma lembrança do passado veio em minha mente, corri para o porão do iglu e entrei na minha sala com ingredientes mágicos, objetos e poções. Existia uma cúpula de vidro que guardava algo que há muito tempo eu deixei de usar, um antigo bem que foi me dado para que eu usasse para me defender enquanto não tivesse controle da minha própria magia.

***

Há 3 anos.

Eu estava em meu jardim, abaixo das montanhas, eu sempre gostei muito das flores e do maravilhoso aroma que deixavam no ar, eu colocava meu chapéu marrom com uma fita rosa pastel e um óculos escuro, eu sempre usava um poncho de lã branca por conta do frio, mas naquele dia o sol tinha resolvido brilhar mais forte. Fazia sentido, afinal era primavera, e o tempo ficava instável, só chovia, mas não nevava.

Aproveitei o bom tempo e resolvi fazer uma trilha até o topo da montanha para fotografar a paisagem, era tudo tão bonito, tão natural, por mais que tinha sol o gelo continuava intacto e conforme eu subia eu via algumas estalagmites surgindo no chão.

Depois de tanto fotografar eu cheguei ao topo e era tão bonito, brilhante e gelado. Havia uma caverna escorregadia, as paredes eram de gelo com várias estalactites apontadas para o chão. Eu me sentia dentro de um freezer, um freezer muito bonito por sinal.

Adentrando mais na caverna, eu conseguia ver um pequeno rio com algumas pedrinhas bem escuras.

O que era estranho é que parecia ter luz, como se eu estivesse em um iglu, atravessei o pequeno rio e fotografei algumas formações de gelo, parecia um eterno labirinto.

De súbito eu escutei um barulho, meu coração bateu mais forte, quando olhei para trás era apenas um goteira que caía devido o derretimento das estalactites, era triste ver que aquele lugar poderia um dia desaparecer.

Depois de alguns minutos caminhando eu encontrei um pequeno puffle branco que assoprava alguns flocos de neve na parede, ele se assustou comigo e se escondeu.

Eu estava meio cansado, sentei em uma pedra e verifiquei as fotos que tirei. Logo depois que acabei de olhar, uma luz bem forte começou a brilhar em uma parede de gelo, pensei ser a saída então peguei uma pedra e tentei quebrar aquele gelo. Passei alguns minutos fazendo isso até que finalmente rachou. Dei um passo para trás e chutei aquela estrutura gelada que automaticamente se quebrou.

Cobri meu rosto e esperei todos os estilhaços voarem, depois  tirei as nadadeiras do rosto com esperança e quando vi, existia uma pequena sala por trás da parede de gelo, nessa sala tinha um altar de pedras congelado na ponta, eu queria ir embora, mas ao mesmo tempo queria descobrir o que estava no altar. Levantei-me e me preparei para entrar, mas fui jogado para trás, existia um campo de luz que me impedia de entrar, joguei uma pedrinha para ver se ela também seria impedida, mas não foi.

Levantei-me da queda e tentei examinar aquilo, coloquei as nadadeiras delicadamente e senti como se estivesse trocando em um tecido bem fino, tentei empurrar e nada acontecia.

Olhei para o lado e vi uma estrutura de pedra que emitia uma luz, coloquei minha nadadeira em cima dela e o campo de luz da entrada da sala desapareceu, eu não sabia o que era, mas eu iria conseguir entrar.

Peguei uma pedra não tão grande e não tão pequena, coloquei em cima do ponto de luz da estrutura de pedra e então atravessei a barreira mágica.

Cheguei perto do altar e quando fui tocar, um pinguim de capuz segurou minha nadadeira.

— Não. — Disse uma voz feminina. Era uma pinguim com as penas grená. Ela tirou seu capuz e revelou seu rosto, um rosto que eu nunca tinha visto.

— Isso é magia de luz, e você, Greeny Wicked, é cheio de trevas dentro de si. — Disse.

— Quem é você? Como sabe meu nome? — Eu perguntei com medo.

— Eu reconheço uma bruxa de longe. — Disse ela enquanto pegava um vidro com algum líquido verde. Ela encostou aquilo no altar que logo se quebrou revelando uma varinha de condão prateada com um cristal branco na base.

A pinguim me entregou aquilo e logo que eu toquei a varinha escureceu e virou pó. Eu estava com medo, não sabia o que estava acontecendo, eu só queria sair dali.

— Você tem muito poder, mas precisa praticar. Eu me chamo Elizabeth, mas você pode me chamar de Lizzie, agora vamos você precisa conhecer minha amiga, Lucy, ela vai te ajudar a se proteger. — Ela disse.

— Me proteger? Proteger do quê? Eu nem te conheço. — Eu respondi.

— As outras bruxas estão vindo, e quando se trata de bruxa, elas são as piores das piores, vamos logo. — Disse ela jogando uma esfera negra no chão que nos teletransportou para um lugar estranho cheio de coisas estranhas, caldeirões e poções.

Eu estava com medo, uma pinguim cor de lavanda mexia uma poção no caldeirão e ria estranhamente.

— Lizzie! Finalmente! Encontrou a sétima bruxa? — Disse ela, provavelmente se referindo a mim.

— Sim, irmã, esse pinguim estava na caverna prestes a cair na armadilha das outras, mas consegui pará-lo antes. — Disse Elizabeth.

— Você deve ser Greeny, é um prazer conhecer você, eu vou te ajudar a controlar o poder das trevas que tem dentro de você. Eu me chamo de Lucy — Disse a pinguim lavanda.

Eu estava confuso, um pouco atordoado e com medo, então aquela pinguim, Lucy me levou para um lugar deserto, só com neve e pinheiros.

Eu não aguentava mais esses teleportes, eles só me davam tontura e ânsia.

— Feche seus olhos, pense em um lugar que você conhece muito bem. — Ela disse. Eu não queria obedecê-la, mas pensei em meu amado jardim, cada detalhe dele. A fileira das rosas, dos girassóis, das tulipas, dos lírios do campo e das margaridas. A terra marrom molhada e fofa, as cercas rose gold que limitavam o jardim, e o portão da mesma cor.

De repente eu mexi minhas nadadeiras e senti um vento em minha volta, abri meus olhos e estava lá, bem no meu jardim, como eu tinha feito aquilo?

— Você se chama Greeny porque sua magia é verde? Isso não é muito criativo. — Disse Lucy rindo.

— Parece que você finalmente fez seu primeiro teletransporte, parabéns! — Ela disse, enquanto jogava mais uma esfera no chão.

Nós estávamos de volta no lugar deserto, ali Lucy mexeu jogou umas sementes mágicas no chão fazendo uma flor crescer no chão.

— Acho que você gostou desse. Sua vez! Pense na flor que você quer nasça e como ela deve ser. Tudo tem que ter uma riqueza de detalhes. — Ela disse.

Eu comecei a imaginar um girassol. Ah! Como eu gosto de girassóis, são tão bonitos e atrativos...

Não dava certo, eu não conseguia fazer nada brotar daquele solo nevado.

— Não está dando certo! — Eu disse com raiva.

— É, eu temia que isso acontecesse. — A pinguim pegou uma esfera e jogou no chão, nos enviando para a cripta, lá ela correu até uma cúpula e pegou uma varinha de condão preta com uma esmeralda na base, era bastante parecida com a que vi na caverna, mas esta tinha mais algumas pedrinhas em volta dela, parecia ser ônix e pérolas negras.

— Essa varinha consegue fazer todos os feitiços, tudo que você precisa fazer é pensar no que deseja, ela irá te obedecer. Não te aconselho a usá-la sempre, você tem magia própria é só praticar, a varinha será apenas para sua defesa, principalmente agora que as outras bruxas estão vindo. — Disse Lucy.

— Que bruxas são essas? Elas são do mal? — Perguntei com bastante medo.

— Sim, elas são as piores, estão presas dentro de uma caixa na Dimensão das Caixas, mas podem escapar á qualquer momento. —Disse Elizabeth surgindo na conversa.

— Por que você sempre me corta, Liz? — Disse Lucy revirando os olhos.

Essas pinguins eram muito simpáticas e engraçadas, no começo eu tive medo do que elas poderiam fazer, mas eu sentia que podia confiar nelas.

Os anos foram passando e eu comecei a utilizar minha verdadeira magia, meu estilo também mudou, eu estava usando mais preto e verde, acho que verde se tornou minha cor favorita depois de abraçar a magia.

Eu havia guardado minha varinha de condão há um tempo, dentro de uma caixa de madeira com detalhes prateados, ela era útil para muitas coisas, mas agora eu conseguia me virar sozinho.

Certa noite, eu me deitei para dormir e fiquei olhando as estrelas por um tempo, era tudo tão bonito... Olhar para as estrelas me fazia refletir sobre o futuro, os anos passam, mas as estrelas continuam brilhando e isso era tão inspirador, eu só tinha um medo, o medo das bruxas saírem da Dimensão das Caixas.

Quando estava pegando no sono eu ouvi um barulho, eu podia me defender, mas e se fosse as bruxas? Eu não teria chance com elas. Levantei-me delicadamente e era apenas Lucy e Elizabeth, elas estavam mexendo na caixa que eu guardava minha varinha de condão.

— O que é isso? O que estão fazendo? — Eu perguntei bastante confuso. Lucy pegou a caixa e a abraçou a fim de protegê-la.

— Nós não podemos deixar você ficar com essa varinha, Greeny Wicked! — Responderam com raiva, eu não entendia, mas estava me irritando, então aumentei meu tom de voz:

— Por que não? — Perguntei.

— Você é herdou a magia negra das bruxas perversas que estão presas! — Disse Lucy cuspindo as palavras.

— Essa varinha é muito poderosa para você! Você não pode continuar com ela, nós não podemos confiar esse poder em um herdeiro do clã das sete bruxas! — Continuou Lucy.

Nesse momento eu estava com muita raiva, minhas amigas não confiavam em mim... Então usei minha magia e teletransportei a varinha para minhas nadadeiras, apontando para as duas.

— Nós vamos te prender junto com elas, você não pode continuar nessa dimensão! — Responderam.

— Como vão me prender se não enxergaram a si mesmas? — Eu disse em um tom irônico.

— Sabe... Vocês me ensinaram muitas coisas inúteis, quer dizer, eu achava inútil até perceber que as coisas menores podem ter grande efeito, feitiço de invisibilidade, vai ser bom para vocês ficarem um pouco... Apagadas! — Eu disse rindo.

— Os malvados não vencem, Greeny. Nós podemos quebrar esse feitiço. — Disse Elizabeth.

— Você tem razão, os malvados não vencem, mas os perversos sim. Escuto vocês depois, porque acho que não vou conseguir enxergá-las! — Eu disse, então lancei o feitiço nas duas pinguins que desapareceram automaticamente, por consequência, elas também perderam a memória, eu as escutei dizerem que não sabiam onde estavam, era perfeito.

***

Desci ao meu porão e encontrei a caixa em que eu mantinha a varinha, quando abri, ela permanecia ali, tão bela, tão poderosa, tão... Perversa.

Tirei-a da caixa e a levei para conjurar o feitiço, Minkis e Thay esperavam ansiosamente enquanto eu mexia a varinha.

De repente ela soltou uma fagulha dentro da pedra de ônix que brilhou fortemente. Nós precisávamos testar, mas tínhamos medo de dar uma reação inesperada.


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