Catarina de Lurton: Além do tempo. escrita por Anabella Salvatore


Capítulo 9
Memórias de Heitor




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AOS SEIS ANOS, Heitor de Lurton e Monferato conheceu aquele no qual todos diziam ser seu pai. Contudo, ele sabia que todos estavam equivocados, errados. Seu pai já tinha um nome e uma memoria criada, foi ele que lhe apresentou ao seu fiel amigo Braw, foi ele que o ensinou a caçar e a cavalgar. Sebastian Tudor, poderia não ter o seu DNA correndo pelas veias do garoto, mas tinha seus princípios e lições que, algumas vezes, poderiam valer tanto quanto os genes. 

O Concelho da Cália, regido por grandes reis e rainhas, determinou que a criança deveria conviver em ambos reinos, em Artena (com sua mãe) e em Montemor (Ele necessitava tanto de educação a respeito dos costumes do reino, quanto convivência com o povo), sendo assim, Heitor passou a transitar entre os reinos. Para o ódio de Amália, que recebeu a triste noticia que o seu filho nem ao menos tinha direito a linha de sucessão do trono. 

A barriga de Catarina crescia cada vez mais e mais. O menino se divertia ao sentir sua irmã mexer-se. 

—Irmã? -Questionou Catarina. 

—Sim mamãe, irmã. -O garotinha parou para pensar. -Brianna. 

—Brianna? -Questionou Sebastian. 

—Sim, papai, está é a Brianna. 

Um mês antes de completar 7 anos, a pequena Brianna veio ao mundo. Em sua visita a Montemor ele contou ao irmão sobre a pequena princesa. Ronald, ainda criança, ficou ansioso para conhece-la. Contudo, ao contar a mãe, foi punido com severas palavras e alguns tapas. Ele passou os últimos dias sem sair do seu quarto, até que o irmão voltasse a Artena. 

—É para o seu bem, Ronald. -Disse Amália. -Ele é tão ruim quanto sua mãe. 

O menino assentiu, sem saber o que fazer. 

As visitas seguintes foram cheias de planos e armações. Amália não escondia de ninguém o ódio que sentia pelo príncipe e sua família. Ronald e Heitor aprendiam, mais e mais, a armar encontros as escondidas. Seja para brincar ou treinar. Heitor se tornou o melhor amigo do irmão e lhe ensina tanto travessuras, quanto manobras com a espada ou leis de algum reino.

Afonso observava-os as escondida. Eles lembravam-no ele mesmo e Rodolfo. Quando crianças eram tão unidos quanto os seus filhos.

E logo Heitor voltava a Artena. 

Mas aquele foi um dia diferente, sua mãe se isolou em uma parte do jardim e se pôs a escrever. Heitor a observava de longe. Lagrimas começaram a cair, mas o menino não fez nada, era comum. Sua mãe precisava daquilo. O que fez daquele dia especial foi a presença de um homem. 

Heitor estranhou a rápida aproximação de um senhor, os guardas que estavam ali para proteger a rainha não fizeram nada. Eles se afastaram. 

—Eu sinto tanto, papai. -Dizia Catarina entre soluços, falando sozinha. -Me perdoe! 

O homem sentiu o coração apertar, era sua menina ali e mesmo com todas as suas escolhas, sempre seria a sua menina ali. Ele andou rapidamente até ela e pôs seus braços ao redor dela. 

—Eu sinto tanto...- Ela continuava a dizer, Heitor sentiu vontade de sair dali e ir abraçar sua mãe. 

Catarina imaginava está imaginando seu pai ali. 

—Está tudo bem, minha criança. -Disse Augusto, com calma. 

Catarina se assustou ao ouvir tal voz. E abriu os olhos. 

—Meu pai... Eu... EU... -Ela tentava formar uma frase, sem sucesso. 

—Eu sei, querida. Está tudo bem. 

E sua mãe chorou, mais do que ele julgava ser possível. Eles passaram a tarde ali. Quando a noite chegou, e Heitor sentiu sua barriga gemer de fome, ele tentou sair, mas, por um pequeno erro, acabou caindo no chão. Chamando a atenção de ambos os monarcas. 

Ele levantou a cabeça, bem devagar, suas bochechas vermelhas. Catarina riu. E o chamou. 

—Venha aqui, pequeno príncipe atrapalhado. -Quando ele chegou ao lado dela, ela o sentou em sua colo.

O homem o olhava emocionado. 

—Papai, este é Heitor, meu primogênito. Heitor, meu querido, este é Augusto de Lurton, meu pai. -Disse emocionada. -E vosso avô.

Augusto abraçou o neto, como gostaria de ter feito a muitos anos. Eles passaram algum tempo assim, abraçados, juntos. Trocaram palavras e gestos de carinha. Até que sua barriga fez barulho, fazendo seu avô e sua mãe rirem. 

AOS DEZ ANOS, Heitor colocou algo na cabeça, que ninguém conseguiria tirar. 

—Papai? 

—Sim. -Respondeu Sebastian, sem tirar os olhos de documentos importantes para o reino. 

—Posso perguntar algo? 

Ele tirou os olhos dos papeis e olhou o menino. 

—O que desejar. 

Ele andou até o pai e sentou-se no colo do mesmo. 

—Reis devem ser bem protegidos, certo? 

—Certo. -Respondeu, mentalmente se perguntando o motivo do questionamento.

—Por isso eu tenho o Braw e o senhor tem o Ares?

—Eles são mais que isso, são amigos... Mas, sim, é um dos motivos. 

O menino ficou pensativo, por alguns segundos. 

—Pai. -Chamou novamente, Sebastian o olhou. -Por que o rei Afonso não tem um lobo também? 

Sebastian se assustou com o assunto. 

—Por que ele deveria? 

—Reis são destinados a lobos, da mesma forma que lobos são destinados a reis. 

Sebastian sorriu com a fala do menino. 

—Você está certo, pequeno guerreiro. -Disse passando a mão no cabelo da criança. -Mas, por que só Afonso, Ronald deveria ter um também, ou o vosso avô Augusto? 

Heitor riu.

—Meu irmão é muito pequeno, papai, ele também não será rei! -Disse como se fosse obvio, quase revirando os olhos. - E o vovô Augusto... -Ele pensou. -E o vovô Augusto, papai? -Perguntou confuso.

—Não sei, diga-me.

Heitor pensou e pensou. Sebastian voltou para a papelada que o aguardava. Até sentir o menino mexer no sue braço.

—Já sei, papai. O vovô Augusto não tem um lobo porque ele não é rei! A mamãe é. -Disse com um imenso sorriso no rosto. -Sendo assim, podemos pegar um dos lobos da matilha para o rei Afonso? -Perguntou inocentemente.

Sebastian queria dizer que não. Mas ele via aquilo, os olhos brilhando, o sorriso nos lábios... Tão parecido com sua Catarina e só ele sabia que ele não resistia a sua rainha. Só em pensar em vê-lós horar, seu coração doía. 

—Sim, querido, podemos. -Disse com um falso sorriso nos lábios. 

Foi complicado achar um animal que Heitor julgasse correto para Afonso. Mas, ele conseguiu. 

—AFONSO! -Gritou Amália histericamente. -AFONSO! 

Ele passou a mão na cabeça, sentindo que uma nova dor de cabeça começaria. 

—O que ouve, Amália? -Questionou cansado. 

—O QUE OUVE? O QUE OUVE? 

—Não grite. -Mandou. -Ronald está bem? Heitor? 

—É DA CRIA DELA QUE VENHO FALAR! Esse menino é um louco! -Afonso sentiu vontade de ataca-la. -ELE PLANEJA MATAR-NOS! 

—Por que acha isso? 

—Vá ver o que ele trouxe, vá ver. VEJA! 

Afonso se levantou e foi até o quarto do filho. 

—O que é isso? -Perguntou Afonso, se aproximando do menino e se afastando dos gritos da esposa. Ele fechou a porta. -Pode me dizer, Heitor?

O menino assentiu. 

—É um lobo. -Disse com simplicidade. 

—Um lobo? Eu deveria me assustar? -perguntou receoso. 

—Não.

—E por que trouxe um lobo para o castelo? 

O menino suspirou, como se a resposta fosse muito obvia. 

Meu pai me disse que um lobo nunca machuca um rei, por isso eu tenho um e, por isso meu pai também tem um. Ambos somos reis... Ou seremos -Se corrigiu envergonhado. 

Afonso assentiu. 

—Ele é seu? -O menino negou. -A quem pertence o lobo? 

Heitor respirou fundo e se levantou, pegou o filhote nos braços. 

—É seu. -Ele elevou o animal com as mãos para que Afonso pegasse ele. -Ele irá te proteger, de todo. Você não estará mais sozinho. 

—Você... -Ele queria dizer algo, mexe-se, mas continuava ali, para e balbuciando palavras. 

Reis são destinados a lobos, da mesma forma que lobos são destinados a reis.—Disse com certeza.  

Percebendo que ele não se movia, Heitor colocou o animal perto dele. Logo, Afonso sentiu algo molhar sua mão, fazendo cocegas, fazendo-o rir. Ele alisou o pelo do seu novo companheiro. E recebeu outra lambida, abriu um sorriso maior. 

—Como irá chama-lo? -Perguntou Heitor, ansioso. 

—Não sei, como chamaria? Deve ser um nome que ama muito.

—Ah, não posso chama-ló pelo nome da mamãe, Catarina, rei Afonso. -Disse o menino achando graça. 

—Pense em algo. 

—Cathus. 

—Cathus? -Questionou Afonso, estranhando o nome. 

—Sim, parece o nome da mamãe. 

—Cathus. -Experimentou o nome. -CATHUS! -Chamou o lobo e o mesmo o olhou com atenção. -Assim seja, eis Cathus, o protetor de Montemor. 

Os anos foram passando, Afonso andava apara todo canto com o seu protetor. O lobo fazia a guarda pessoal do rei, em todos os momentos. Afonso não estava mais sozinho. Heitor entrou para a academia militar e a cada dia aprendia mais. Idiomas, leis, diplomacia... E um rei era sendo formado. 

Ele comemorou com alegria, os aniversários de Brianna. A segunda gravidez da mãe. O nascimento de mais um irmão. O futuro Monarca de Cannot: Alexandre de Lurton Turner.  

Catarina quase podia ouvir a doce sinfonia da guerra. Não, guerra não, guerras eram para quem tinha algo para lutar, não era necessário nenhuma guerra. Heitor era o herdeiro de Montemor. Fim. Afonso e seus bastardos poderiam arder no mais quente dos infernos junto da desprezível plebeia. 

De fato, as vestimentas da mulher tinham melhorado. Ela usada tecidos nobres, joias e até parecia que seus cabelos algum dia iriam se acostumar com os penteados. Parecia. Contudo, o seu andar, a forma de falar, os gestos, tudo isso denunciava sua criação. Ela não passava de uma mulher que, como as crianças, não pertenciam aquele lugar. Afonso fora tolo em pensar que algum dia poderia encontrar a felicidade ali. Seus olhos cansados expressavam isso. 

—Todos estão acomodados? -Questionou Catarina ao passar pelos reis. 

—Vossa majestade está de parabéns. -Disse Getúlio, rei de Sonciera. 

—De fato, está sendo uma bela recepção. 

Catarina assentiu. 

—Agradeço. -Heitor passava, acompanhado de Sebastian, inconsciente, Catarina sorriu ao vê-los lado a lado. Eram dois dos seus homens preferidos. 

—Podemos ver que a senhora está contente com os rumos que a vossa vida tem tomado. 

Catarina abriu um grande e belo sorriso. 

—Sim, nunca poderia imaginar as surpresas que me aguardavam. 

—As escolhas de Afonso para sempre serão lembradas. -Os olhares passaram para o rei de Montemor. -Vosso filho é a grande salvação de Montemor. 

—Heitor governará com sabedoria e poupará Montemor de qualquer dor ou... Vergonha. Meu filho será um grande monarca. 

O jovem se aproximou ao escutar seu nome. 

—Estamos falando de vossa alteza. -Disse o velho rei de Alfambres.

—Espero que com belas palavras. 

—Sim, falávamos sobre seu futuro reinado. 

Heitor assentiu. Não lhe era estranho aquele assunto. Seus pais tiveram 3 filhos (contando com ele), Alexandre e Brianna, ninguém foi criado ou recebeu ensinamentos diferentes. Todos, em algum momento, iriam reinar sobre seus reinos. Helena reinaria sobre Artena. O reino teria a primeiro rainha soberana, ela seria a Rainha Brianna de Lurton Turner. Juntos, eles fariam história e levariam seus reinos a outro patamar, nunca visto antes. 

Quando ele completou quinze anos, outra confusão surgiu, uma moça dizia ter engravidado do príncipe. Dizia com firmeza. Amália apoiava a moça e condenou o príncipe. Afonso, cego, pela "irresponsabilidade" do jovem, o prendeu em seu quarto. 

Quando a porta se abriu, Afonso entrou, pediu que ele fosse para a sala de reuniões e outra calorosa discursão começou.

—Um pai não lhe dar a vida, ele lhe ensina a vive-la, e o senhor? O senhor nunca foi um pai, nem mesmo quando eu comecei a ser um filho para ti! Em nenhum momento! A mamãe...

Afonso se descontrolou.

—SUA MÃE! É CLARO! TINHA QUE SER A SUA MÃE...

Heitor se decepcionou ainda mais

—E se ele não gostar de mim, a moça ao seu lado parece não gostar, mamãe.

Eles ainda estavam em Montemor, alguns dias após o batizado de Ronald.

Catarina sorriu.

—Não se preocupe, pequeno guerreiro. Não dê atenção a essa mulher que está ao lado dele. Contudo, sobre ele... Bom, decisões trazem suas consequências... Ele apenas está pagando pelas dele e isso não é algo ruim. -Por isso que, -Ela pegou no nariz dele. -devemos tomar cuidado com o fazemos.

—Então ele não é ruim?- Perguntou inocentemente. 

—Não! Claro que não, ele só está perdido. E, é sue dever, como filho, ajuda-lo a se encontrar. -Ela respirou fundo. -Afonso não é um monstro, meu pequeno príncipe, ele é apenas um homem. Não tenha medo dele, jamais. Tente, talvez, ser amigo dele. Mas, se ver que não consegue, tente compreende-lo. Ele não é ruim...

—Minha mãe estava errada, Afonso de Monferato, você não merece ser, ao menos tratado como eu trata o meu pai. -Heitor suspirou. -São apenas negócios, o que nos une é o reino. E assim será até o vosso fim, ou o meu.

Heitor não esperou respostas, ele se virou e saiu da sala de reuniões. 

Afonso passou a mão nos cabelos, já com alguns fios brancos. O que ele tinha feito? Perguntava-se. Sua cabeça estava tão confusa e todos aquelas provas apontavam para Heitor. Uma moça estava gravida, uma plebeia que dizia ter sido abusada pelo herdeiro do trono. Por Heitor. 

As portas do castelo se abriram com violência. Afonso e Amália estavam sentados nos seus tronos. Ao redor de todo o castelo havia guardas, soldados, preparados para uma guerra. Para defender o seu príncipe. O povo estava atrás deles, formando uma segunda camada.  

—ONDE ESTÁ O MEU FILHO? -Catarina perguntou, sua raiava a dominava. Ela se virou para alguns guardas. -Tirem-no de onde quer que ele esteja! É UMA ORDEM! -Mandou. 

Eles assentiram e saíram. 

—Chame a moça! -Ordenou Sebastian. 

Afonso e Amália levantaram-se. 

—Quem pensam que são para chegarem dando ordens? -Questionou Afonso. 

Bem, ele não deveria ter feito isso. 

—NÓS? -Questionou Catarina. -Quem VOCÊ acha que é para prender o MEU filho? -Catarina se dirigiu a ele com violência. 

—Você sabe o que sua prole aprontou... -Amália começou a falar, mas foi interrompida. 

—Desculpe, mas sua opinião ou fala não foi requisitada. -Disse Sebastian, com um leve tom de ironia. -Sendo assim, sente-se e recolha-se a sua própria insignificância.

Afonso caminhou até o homem, enquanto Amália espumava de ódio. 

—Ela é a rainha! -Exclamou raivoso. 

—Não nos importa! -Exclamou Catarina se acalmando ao ser avisada que Heitor já se encontrava nos jardins.

Um jovem entrou na sala, reverenciou os monarcas. 

—Sua Elisa, filha do Conte de Brenton. 

Cadeiras foram postas para Catarina e Sebastian. 

—Pois bem, vamos aos negócios. -Disse o rei de Cannot e Artena. 

—Escute, com atenção! Há uma maneira de saber se essa criança, que a senhorita diz está esperando, é ou um Monferato. -A moça se assustou e arregalou os olhos. Catarina sorria, ela tinha, claramente, criado o filho muito bem. -Se, ao nascer, for percebida uma marca na pele da criança. A marca que os herdeiros carregam. Você receberá honras e títulos e poderá criar o meu neto como um príncipe que ele será. -A mulher abriu um pequeno sorriso, já imaginando as glorias que lhe aguardavam.-Contudo! Se for descoberto que a senhorita está mentindo nenhum titulo ou familiar lhe salvará dos meus lobos e da minha forca. Você sofrerá e terá a vida tirada de si, apenas por isso, uma mentira. 

A calma de Catarina chegava a assustar os presentes. O pai da moça que se dizia gravida a olhou com temor.

—Então. -Prosseguiu Sebastian. -Devemos preparar vossos aposentos?

Ele colocou a mão na cintura da sua amada e, juntos, (e para o horror de Afonso) assistiram a mulher dizer que não e clamar pelo perdão dos monarcas.

Amália assistiu a tido com serias feições. Ela levantou-se do seu trono, como se fosse uma espécie de rainha da razão. 

—GUARDAS! -Gritou. -Prendam essa impostora! -Decretou. 

—NÃO! -Gritou a moça em desespero. 

Os homens se aproximaram e pegaram-na pelos braços. 

—Espere. -Mandou Catarina. 

—Soltem-na. -Ordenou Sebastian. 

Catarina assentiu.

—Devo ressaltar que você criou muita... Confusão. -Disse, ainda com uma aparente calma. -Por que? Diga-me e serei grata. 

Antes que a moça abrisse a boca, Sebastian prosseguiu. 

—Lhe será de muita ajuda ter a gratidão da minha rainha.  -Ele frisou o "minha", olhando diretamente para Afonso. 

A moça limpou os olhos, tentando limpar todas aquelas lagrimas. 

—Me disseram que eu ganharia honras, que seria recompensada com uma vida de princesa e que... -Ela colocou a mão no ventre. -Que ele teria alguma chance. 

—Quem lhe disse? -Questionou Afonso, confuso e irritado. 

A moça levantou a cabeça e olhou para a rainha de Montemor. 

—A rainha. 

Todas as cabeças se viraram para Amália. 

—O que? Eu... Afonso, meu amor, isso não passa de mentiras... Eu... Nunca faria isso! Você sabe, sabe que o... Heitor. -O nome saiu com nojo. -É como um filho, eu nunca faria isso com ele. ou conosco. Ainda somos uma família. -Lagrimas começaram a descer dos seus olhos e ela se virou com uma loucura aparente para Catarina. -FOI ELA MEU AMOR! -Gritou. 

E ela continuava a gritar e  profanar palavras de ódio contra a rainha de Artena e Cannot. A gritaria era ouvida em diversas salas do castelos, logo, alguns servos se aglomeraram para ver do que se tratava. Alguns ignoraram, acostumados com as "loucuras" da rainha. Outras, espertos, ficaram, esperando uma reação da rainha Catarina. 

E não ouve nada, Catarina nem se moveu. Apenas ficou a assistir o desenrolar do teatro. 

—MAMÃE! 

O grito fez que com Amália se calasse. Era Ronald, o príncipe. Suas feições estavam rubras, ao lado dele estava Heitor e Brianna. A garotinha correu para os braços do pai e Heitor foi até Catarina. Os quatro estavam juntos, lado a lado. Contrariando todas as expectativas, Ronald se juntou a eles. 

O ruivo olhou para o pai. 

—É mentira. -Disse serio, sem olhar para a mãe. -A rainha Amália, minha mãe, armou tudo isso. -Não havia uma ponta de pena em sua voz. -Tenho provas e há servos que podem contribuir para, enfim, acabar com toda essa confusão. 

—RONALD DE MONF... 

—Sendo assim, podemos nos acomodar nos quartos e descansar. -Ele continuou. -Os monarcas de Artena e Cannot devem está cansados. 

Ele caminhou até a porta, mas, antes de virara ara o corredor, virou-se novamente. Seus olhos focaram na sua mãe. 

—Não foi por mim. -Disse serio. -Foi pela senhora. Foi pela vingança que a senhora alimenta a anos, foi pela ganancia. Pela estupidez... Nunca foi por mim e nunca será. 

E ele se virou e dobrou o corredor. Heitor logo foi atrás do irmão.

E todos os olhares se voltaram para Amália. Afonso estava sem palavras. 

—O que mais? -Questionou Catarina. -O que mais você fez? Não. Não precisa dizer nada, eu imagino. 

Ela enfim, levantou-se. 

—E eu irei lhe castigar. -Disse Catarina. -Você irá pagar pelo que fez ao meu filho. -Antes que Afonso pudesse falar algo em defesa da esposa, Catarina o olhou com um claro ódio. -Não ouse se pronunciar, sua voz já foi ouvida. Agora é o meu momento. -Seu olhar voltou para Amália. -Você será mandada para o castelo de inverno. Sem serviçais. SO-ZI-NHA! -Decretou. -Seu filho não irá visita-la, assim como, o rei. Seus títulos serão revogados. Você voltará a ser aquilo que sempre foi: Nada. 

—Afonso... -Ela clamava por clemencia. 

—Afonso? -Questionou Catarina antes do rei se pronunciar e virou-se para o mesmo. -Não haverá clemencia, mas se houver, haverá mais. Haverá guerra. Meu exercito está preparado. Heitor crescerá mais um pouco e assumirá o trono. Tudo será resolvido. 

—Isso é uma monarquia, não um é um jardim de diversão. Uma louca não deve permanecer no poder, não deve aparecer ao povo. -Concluiu Sebastian. 

Afonso sentiu vontade de ataca-lo. 

—Guardas!-Chamou Catarina. -Levem a rainha para os seus aposentos, mandem servas para lá. Ela vai preparar suas malas. E NÃO! -Falou alto. -Ninguém irá com ela. -Olhou diretamente para Diana. -Acredite, não me desobedeçam, não tenho clemencia com todos e a forca de Artena a muito não é usada. 

Guardas se aproximaram de Amália, que esperneava e pedia ajuda a Afonso. Contudo, ele nada poderia fazer. Ela foi levada aos gritos. 

—Voltando. -Catarina olhou para a moça gravida. -Obrigada por falar a verdade, pela sua coragem, terras e um pequeno valor lhe será dado, valor suficiente para se ter uma boa vida para você a o seu filho. -Catarina andou até ela. -Não se preocupe, eu sei o quanto é difícil está na sua situação.

Lagrimas caiam dos olhos da moça, que assentiu e logo saiu dali.

 Aos dezessete anos, Heitor viu Ronald visitar, pela primeira vez, Cannot. O jovem moço estava ansioso. Com o passar do tempo ele se acostumou a não ter a mãe por perto. Amália era melhor longe. De todos. Afonso focou no reino e em dar atenção a Cathus, seu lobo e fiel amigo. Os reinos prosperavam cada vez mais. A mina de Montemor dava lucros que possibilitavam que seu povo sobrevivesse com luxos. A terra fértil de Artena alimentava seu povo e toda a Cália. As casas construídas durariam muito, tal como, as lendas a respeitos dos seus soberanos. Ele cresceu com seu avô lhe aconselhando, o velho e antigo rei de Artena, adorava utilizar seu tempo com os seus netos e com Ronald, como foi acolhido como tal.

Heitor cresceu em meio a isso, a esse luxo. A essa prosperidade. Seus irmãos viviam aquilo e prolongariam tais tempos de ouro. 

A grande rainha Catarina levantou-se, junto aos seus ministros e lordes, todos a olhavam com admiração. 

—Levante-se, Ronald de Monferrato. - O jovem príncipe levantou-se, emocionado. 

Trocou um rápido olhar com o seu irmão.

—Você não é apenas um lorde em Artena, mas também em Cannot! Sua coragem e lealdade lhe proporcionaram não só tais títulos, mas também o respeito e admiração dos súditos. 

Naquela mesma noite, Ronald conheceu a doce Charlotte. Mulher, na qual, roubou seu coração e lhe devotaria amor e carinho durante toda a sua vida... Mas, essa já é outra história. Talvez o senhor destino se encarregue de escreve-la. 

Heitor sorria, seu irmão era um atrapalhado. Sua irmão, Brianna, tinha o mesmo brilho que sua mãe. A doce sinfonia da vitória parecia cantar aos seus ouvidos. Em plenos 12 anos de idade, a princesa conquistava a todos com sua beleza e educação. Seu irmão caçula, Alexandre, parecia dividir com a irmão a atenção do irmão mais velho. Ele seria um grande rei algum dia. E Heitor estaria lá para apoia-lo. 

—O que o meu pequeno príncipe tanto pensa? -Questionou Catarina. 

Sua idade de nada serviu para diminuir sua beleza e encanto. 

—Deve está de olho nos formosas moças. -Intrometeu-se seu pai, o rei Sebastian. 

Heitor riu. 

—Creio que não, meu pai. 

O rei riu. 

—Bobagem. Algum dia, quando você menos esperar, irá aparecer uma moça que lhe tirara o ar e roubarão seu coração. -Disse a Heitor, com os olhos em Catarina. -Talvez ela parece um pouco... Surtado. -Usou a palavra para provocar a rainha. 

—Oras, surtada! -Exclamou, revoltada. 

O rei Sebastian abriu um sorriso maior. 

—Mas, mesmo assim, ela não sairá da sua cabeça. E você desejará mais tempo para poder admira-lá mais e mais. 

Catarina tinha alguns lagrimas nos olhos. 

—Eu também te amo, querido. -Ela lhe deu um beijo casto. 

—Não mais que eu. 

Sim, ele estaria. Ele veria tudo aquilo, suspiraria ao encontra-lá e lhe prometeria vidas, um amor tão puro quanto o do seus pais, tão cheio de vida quanto as aguas dos mares. Ele seria adorado e amado e em seus últimos segundos de vida, ele se recordaria de tudo o que viveu. E agradeceria aos céus.  

Pois ele era filho de Catarina de Lurton, grande rainha da Cália. Seu sangue gritava por poder e seu coração já o tinha. Longo seria seu reinado. 

Vida Longa a Heitor de Monferato. 

Deus o salve.

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AAAAAAAAAAAAA, ESTAMOS ACABANDOOOOO, Jesus!!! Vocês ficaram arrepiados  com esse final? Porque eu fiquei!!!! Deus nos salve... Então, ansiosos para o fim? O que vocês acham que irá acontecer? Até os comentários ;) 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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