Catarina de Lurton: Além do tempo. escrita por Anabella Salvatore


Capítulo 7
Reações




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Amália não sabia o que fazer. Ela estava em choque. Parecia um pesadelo, no qual sua maior inimiga retornava e tomava tudo que ela conquistou. Estava acontecendo. Catarina estava ali. 

—Afonso, o que está acontecendo? -Perguntou tremula. 

Ele gostaria de saber. Mas, o rei estava tão chocado quanto a sua rainha. Ele olhava para Catarina, ela estava tão poderosa ali, tinha um homem ao seu lado e então... A criança. Havia uma criança. Um menino, grande. Ele era apenas uma criança, mas Afonso sentia que ele seria grande, poder emanava dele. Deles. 

Aquele menino era seu filho? , se perguntava. 

°

Catarina conversava com Beatriz, princesa de Lungria, elas falavam sobre a vida e sobre o fato de que o concelho da Cália, enfim, aceitou sua união com o chefe da guarda, agora rei. 

—Me diga, como foi sua união com o rei Sebastian? Ouvi comentários sobre a sua impetuosidade. 

Catarina riu. 

—Meu marido carrega uma péssima fama, contudo, lhe asseguro que o seu senso de justiça nunca será posto em duvida. Ele é um bom homem. -Catarina o olhou, a admiração era clara. - Um bom pai e um amoroso marido. De fato, não poderia ter desejado ou imagina alguém melhor para mim. 

Como se soubesse que era o foco da fala de amada, Sebastian a olhou, sorriu ao contar que ele o encarava. 

—Fico imensamente feliz por você, minha amiga. 

—E eu por você, Beatriz. Assumo que já tomei muitas decisões erradas e me equivoquei em escolhas e ações, entretanto, me sinto bem. 

Beatriz assentiu, sorrindo. 

—Seu filho parece ser muito esperto. 

Ao ouvir sobre Heitor e grande sorriso surgiu em sua face, elas entraram em uma conversa sobre seus filhos. Beatriz se surpreendeu com Catarina. 

Afonso estava distante, não se aproximou em nenhum momento de Catarina ou da sua família. Ronald parecia sentir que algo afligia a sua mãe e logo começou a chorar, fazendo com que a rainha se distanciasse com ele, para o seu alivio.  Afonso caminhou pelo salão até sentir algo bater contra as suas pernas. 

—Desculpa, senhor. -Disse uma voz infantil. 

Afonso abaixou o olhar, viu um garotinho, o garotinho que Catarina apresentou como herdeiro do trono. 

—Tudo bem.

—O senhor é um rei? 

—Sim, sou. -Disse serio. -Acredito que você também logo será. 

Heitor levantou a cabeça, orgulhoso.

—Sim, serei. -Disse serio, Afonso achou uma graça, mas se conteve. -Serei rei desse reino. Mamãe me disse que carrego o sangue de duas famílias fortes, por isso sou forte. 

Catarina passou os olhos pelo salão, a procura do filho e o encontrou conversando com um homem, sentado em um banco. Ela se aproximou, silenciosamente, fez sinal para que Heitor não dissesse nada. 

—Sou mãe... Como ela é?

Heitor ficou confuso e Catarina curiosa, afinal, onde ele queria chegar. 

—Oras, ela é a minha mamãe. Como deveria ser?

Ela sentiu vontade de rir.  

—Sim, me diga Afonso, como eu deveria ser? -Questionou se dirigindo a ele. 

O rei de virou, surpreso. 

—Como vai, Afonso? -Perguntou. -Parabéns pelo nascimento do seu filho, é uma bela festa. 

—Catarina... -Ele viu que ele se aproximou da criança. -O que faz aqui? 

—Oras, estou ao lado do meu filho. Onde mais poderia está? -Respondeu com ironia. 

—Você sabe do que estou falando. 

Catarina suspirou, cansada. 

—Devo admitir que espera mais animação com a minha chegada e com a chegada da minha família, me decepciona sua reação, Afonso. -Fingiu tristeza, cinicamente. 

Amália retornava com Ronald, já calma e viu o marido ao lado de Catarina. Seus olhos encheram de lagrimas ao ver os três juntos. E ela tratou de engolir em seco e ir até eles. 

—Não seja cínica. -Disse Afonso. 

—Olá, Amália. 

Ela ignorou. 

—Esse é Heitor. -Apresentou-o, o menino se aproximou e olhou para Afonso e Amália. -Querido, esses são o rei e a rainha de Montemor. 

O garotinho fez uma pequena referencia. 

—E esse é Ronald de Monferato, ele detém um lugar atrás de você na linha do trono. Sendo assim, ele é um...

—Príncipe, mamãe. -Completou entediado, sua mãe tinha a mania de fazer aquilo. 

Catarina sorriu. 

—Isso mesmo, querido. -Ela se abaixou. -Agora, me diga, gostaria de ir brincar com as outras crianças? 

Ele sorriu e assentiu, fez uma rápida reverencia aos monarcas e saiu dali. 

Afonso engoliu em seco. 

—Eu poderia expulsa-lá daqui. -Ameaçou. 

—Você não faria isso. -Disse Sebastian, se aproximando. -Necessitada da agua de Artena, tal como, dos acordos comerciais com Canoth. Fora que, imagine como os monarcas reagiriam ao saber que, pela segunda vez, você está expulsando o herdeiro do trono. Seria revoltoso. -Disse em tom de ameaça. 

Catarina passou o nariz pela barba do marido, em um gesto de carinho. 

—Afonso, este é Sebastian, meu esposo e rei de Canoth. 

Sebastian segurou na mão dele, tentou passar coragem.  Amália engoliu em seco e desistiu de continuara ali. Reverenciou-os e saiu dali com Ronald em seus braços. Afonso também. 

A festa continuou sem muitos embates. Logo, o sol estava se pondo e os monarcas foram para seus quartos. Catarina ajudou Heitor a achar o seu e deixou quatro guardas, bem armadas, guardando a porta. A baba do menino logo cuidou em dá-lhe banho. Catarina se virou para sair e ver como Sebastian estava. 

Passou por um corredor e, quando se virou novamente, deu de cara com Afonso. 

—Afonso. 

—Catarina, que bom que te encontrei, precisamos conversar. 

Ele segurou no braço dela e a levou até um quarto vazio. 

—O que está fazendo? Me solte! -Exclamou revoltada. 

—O QUE ESTOU FAZENDO? -Gritou ele, a assustando. - O que você está fazendo? VINDO AQUI E FAZNEDO TODA ESSA FESTA. 

—FESTA? -Gritou. - Vim devolver o que, por sua causa e culpa, meu filho não teve. Suas terras e seu trono. Acredita realmente que eu não voltaria? Acredita mesmo que eu deixaria que um bastardo assumisse, ou tentasse, assumir o lugar que é do meu filho? HEITOR É O HERDEIRO. Ele não precisa de você, para absolutamente nada. Mas, diferente do doador de material genético, ele será justo e responsável.

Afonso queria bate-lá por chamar Ronald de bastardo, mas ele não conseguia se mexer. Parecia que Catarina era quem o batia, só que com palavras. 

—Você é uma vergonha, tenho sorte de que tudo aquilo aconteceu e eu pude ser quem você realmente é. Um fraco, um tolo. Acredita mesmo que eu não voltaria? Acredita que seria feliz com a sua plebeia dos infernos e o menino? Admito que a criança não tenha culpa dos pais que tem. Ele nunca será maltratado por ninguém da minha parte. Teria sorte de ser criado por outros, infelizmente não terá. 

—Eu nem sei se ele é mesmo meu filho. -Disse, tentado magoar a rainha. 

Ela sorriu. 

—Posso provar, ele tem a marca dos Monferatos. 

—O que você pretende? -Perguntou num suspiro. 

Catarina suspirou e sorriu. 

—Eu? Nada. Lhe disse a verdade, não me interesso por você ou com sua família. Me interesso em Montemor. Sendo assim, Heitor fará visitas ao reino, afinal, ele será rei e precisa se acostumar com o povo. Ele será acompanhado de guardas e das babas. A qualquer confusão ou ameaça eu não hesitarei em tomar Montemor de você.

—Isso é uma ameaça? 

Ela sorriu. 

—Não, é apenas um aviso. Agora, com sua licença, pretendo dar um beijo de "boa noite" no meu filho. 

°

Augusto estava ao lado de Lucíola e Dellano, eles ouviam os sons de festa vindos da cidade. 

—Parece que o batizado ocorreu bem. -Disse Augusto. 

Lucíola sentia que não era aquilo. 

—Isso é muito estranho. O povo não se agrada com o rei e a rainha, muito menos com essa criança. 

—O povo gosta de vinho. -Disse Dellano. 

Lucíola negou. 

—Irei ir até a cidade, já volto. 

—Mas, já é noite. -Disse Augusto. 

—Não se preocupe, majestade. Sei o que estou fazendo. 

Pegando sua capa, ela saiu da cabana e foi para a cidade, não demorou para que ela achasse o foco da festividade. 

—Com licença, o que o povo comemora? -Perguntou a um homem. 

— Chegada do príncipe! Herdeiro de Montemor. -Disse com orgulho. 

—Sim, o filho do rei Afonso e da rainha Amália... 

—NÃO! -Exclamou revoltado. -Não falo do filho da plebeia. Mas, sim do filho da rainha Catarina. O verdadeiro Monferato. 

Lucíola assentiu e se afastou. 

—DEUS SALVE HEITOR DE LURTON E MONFERATO. 

Ela sentia a alegria se apossar de si. 

Finalmente, pensou, A rainha Catarina está de volta

Quando chegou na cabana, vou recebida por Augusto e seu amado Dellano.

—O que está acontecendo, Lucíola? 

Ela olhou para Augusto. 

—Eles comemoram a chegada do príncipe. 

—Sim, Ronald de Monferato. 

—Não, majestade, eles comemoram a chegado de verdadeiro herdeiro do trono. Heitor. 

—Heitor... Mas, Heitor é  nome do meu... Ele...

Heitor de Lurton e Monferato. -Sussurrou Dellano. 

—Sim, é ele. 

—Meu neto. Meu neto. -Ele repetiu, sentindo uma estranha alegria. -Meu neto está aqui. 

—Sim, majestade. Acredito que logo o senhor poderá conhece-lo e rever sua filha. 

—Catarina. 

—A rainha retornou. 

°

Poucas velas estavam ligadas. 

Catarina estava parada na porta, observando seu menino ser coberto. 

—Mamãe. -Chamou manhoso, ele estava com sono. 

Catarina sorriu. Aquela palavra (mamãe) era uma das suas palavras favoritas. 

—Sim, querido. -Disse se aproximando. 

—A senhora pode me contar uma história? -Perguntou. 

—É claro que eu posso. -Disse sorridente. Ela contaria quantas histórias ele desejasse. 

Lembrou-se de quando pedia ao sue pai que lhe contasse histórias, ele costumava contar-lhe sobre a águia que era símbolo do brasão de Artena. 

—Papai, me conta uma história? 

Augusto sorria. 

—Quando você quiser. O que quer ouvir? 

—A história da águia que se tornou a primeira rainha de Artena. 

Augusto se divertia e passaria a noite ali com ela. 

Catarina suspirou, sentia falta dele.

—Havia uma poderosa águia no grande céu. Diferente das outras ele apresentava o desejo de se tornar humana. Em uma noite chuvosa ela se apaixonou por um majestoso rei, seu desejo era tão forte, tal como seu poder, que ela se transformou em uma mulher. O rei Assuero, assim que viu a bela mulher, se apaixonou e, juntos, eles fundaram Artena. Com o pode da terra e dos céus, juntos. Nos carregamos o poder da grande águia. -Ela percebeu que o pequeno príncipe dormia. -Nada pode contra nos. Juntos venceremos. 

—Sim. -Disse uma voz masculina, da porta. 

Era Sebastian. 

—Juntos venceremos. 

Ela beijou o rosto do filho e foi até o amado. Ele a recebeu com amor e a abraçou. 

—Senti sua falta no quarto. 

—Sou toda sua.- Disse sedutoramente. 

Sebastian apertou sua cintura. 

—Minha?

—Só sua. 

 

 

 


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