Survivor escrita por Dandara Santos


Capítulo 26
Capítulo 26




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"Eu sou uma sobrevivente (O quê?) Eu não vou desistir (O quê?) Eu não vou parar (O quê?) Eu vou trabalhar duro (O quê?) Eu sou uma sobrevivente (O quê?) Eu vou conseguir (O quê?) Eu vou sobreviver (O quê?) Eu vou continuar sobrevivendo." SURVIVOR

Seguindo o conselho de Catarina, Afonso mandou que na mesma noite fosse enviado um mensageiro com uma bandeira branca, falando que na manhã seguinte eles poderiam ir recolher os corpos de todos os seus homens mortos na guerra, e que aquele dia seria um dia de trégua, para que cada homem tivesse seus corpos queimados, em um enterro digno de cada guerreiro.

Tomou banho e se trocou em um outro quarto, para que assim a ama de Catarina continuasse com as compressas e ela tomasse os chás que o médico ordenou, mandou também que preparasse uma sopa de verduras para ela, já que mal se alimentou nesses dias, então o médico recomendou uma dieta bem leve.

Fechou seus olhos e aproveitou a água da banheira, estava cansado, fisicamente e mentalmente. Seus ombros estavam doloridos, suas pernas cansadas. Mas o sorriso não abandonava seu rosto, enfim estava com alguma vantagem nesse maldita guerra, dizimou mais da metade do exército de Otávio, eles tinham uma carta na manga e conseguiu resgatar Catarina.

Só em pensar nela seu sorriso aumentava, mesmo assim ele tinha medo. Enfim estava consertando todo o estrago que tinha feito, sentia-se aliviado por ter contado tudo para ela, mesmo que ela não tenha ouvido sobre a parte de seus pais, ele teve a coragem suficiente de falar em voz alta o que fez.

Mas era como ela mesma tinha dito, não podia ficar preso ao passado, nunca poderia seguir em frente se fizesse isso. Não se arrependia de ter mandado matar o rei de Artena, ele era um velho covarde que se escondia por trás aquela farsa de homem ambicioso e corajoso. No entanto, se arrependia do sofrimento que isso causou a Catarina.

Se não fosse isso, Otávio teria conquistado Artena, destruído Montemor e estaria agora reinando nesse castelo com Catarina. Só de pensar nisso sentia seu sangue esquentar novamente. Afundou a cabeça na água, precisava manter a calma e parar de pensar no que podia ou não ter acontecido, o que estava no passado deveria permanecer no passado. Quando sentiu o ar faltando em seus pulmões submergiu, saindo de uma vez da banheira, precisa voltar para Catarina.

Ao chegar no quarto devidamente vestido, a encontrou sentada na cama já tomando da sopa. Lucíola estava penteando seus cabelos enquanto conversavam rindo de alguma coisa.

Ela o olhou parado na porta, com um pequeno sorriso nos lábios, seus cabelos ainda estavam molhados. Tudo o que ela queria fazer era deitar em seu peitoral e aproveitar do conforto que só seus braços poderiam trazer. Mas eles tinham coisas importantes para tratar.

"Obrigada Lucíola, mas agora pode se retirar e descansar." Ela falou gentilmente para sua ama. Ela fez uma pequena revência e saiu do quarto. Observou quando ele andou calmamente até onde ela estava, seus olhos descendo para o seu pescoço e seu rosto endurecer.

"Eu estou bem, é um pequeno corte e o doutor disse que a marca sumirá com o passar do tempo." Falou estendo a mão para ele, que suspirou, mas aceitou sua mão e sentou-se ao seu lado na cama.

"Sua febre já baixou" Ele comentou quando tocou em sua testa, observou que seu rosto não estava mais tão vermelho devido a temperatura corporal.

"Eu estou bem." Ela voltou a repetir baixinho, passando a mão em seu rosto. "Mandou o mensageiro?" Perguntou pela primeira vez séria.

"Sim, eles concordaram. Então teremos um dia para preparar o seu plano." Ele respondeu, era um plano arriscado, mas que podia acabar com a guerra de uma vez por todas. "E Otávio?" Ele perguntou a ela, sabia que a pessoa que mais sofreu ali por conta daquele crápula foi ela, então deixaria em suas mãos o que fazer com ele.

"Meu pai criava cães de caça, eles são extremamente rápidos e obedecem ao meu comando. Mande que parem de alimentá-los. Quero que você traga Otávio até aqui, não me importa como ele chegue, mas o quero vivo." Ela falou friamente. Sem um pingo de compaixão em seu rosto.

"Você tem certeza que quer fazer isso?" Afonso perguntou, sabia que ela ainda estava muito fragilizada, e agora que estava grávida, o cuidado tinha que ser redobrado.

"Por favor, não tire isso de mim. Eu fui tão humilhada, espancada... Nunca imaginei que poderia sentir tanto medo como senti esses dias. Por favor." Ela falou com lágrimas nos olhos, ele sabia que ela estava tentando ser forte, mas que ainda estava assustada e com medo por tudo o que tinha passado.

"Tudo bem meu amor, você já terminou de comer? Precisa descansar. Amanhã falamos sobre isso." Afonso falou suavemente, ela lhe entregou a vasilha que antes estava com a sopa e deitou-se na cama. Ele deitou atrás dela, passando os braços cuidadosamente por sua cintura com medo e machucá-la.

"Durma minha pequena feiticeira, descanse. Quando você acordar ainda estarei aqui." Sussurrou em seu ouvido, e começou a cantar uma melodia antiga, que sua mãe sempre cantava para ele e seu irmão quando iam dormir, e em poucos minutos ela ressonava baixinho.

Afonso ainda demorou um pouco para conseguir dormir, passou a mão suavemente por sua barriga, onde ela carregava seus filhos.

"Eu prometo que nunca mais irei lhe fazer sofrer, eu cuidarei de você, e de nossos filhos." Falou por fim e deixou o cansaço lhe dominar, depois de dias conseguiu enfim dormir em paz, com a mulher que amava em seus braços.

XXX

Catarina abriu lentamente os olhos e por uma fração de segundos esqueceu onde estava, o medo tomou conta de seu corpo até que sentiu um braço lhe apertar um pouco e o corpo de Afonso atrás de si se remexeu na cama, seu rosto estava afundado em seus cabelos. Ela soltou um suspiro de alivio, estava em casa.

"Bom dia querida." Ele falou com a voz rouca. "Senti tanta falta do seu cheiro." murmurou afundado mais ainda o rosto em seu pescoço. Seu corpo ainda estava todo dolorido, mas não tinha mais febre e o curativo em seu pescoço estava incomodando.

"Bom dia" Catarina respondeu virando-se na cama, mas soltou um pequeno gemido de dor no processo, fazendo Afonso ficar em alerta. "Melhor chamar Lucíola para lhe ajudar com sua higiene matinal, vou pedir que seu café da manhã seja enviado para a cá e que o médico do castelo venha ver seus curativos." Falou preocupado, e levantou-se da cama, mas no processo deu um pequeno beijo em seus lábios. Seu corpo implorava para ficar na cama com ela, mas esse era um luxo que não podia no momento. Eles ainda estavam em guerra.

"Preciso me reunir com os outros reis e comandantes. Teremos um dia ocupado hoje." Disse já trocando de roupa.

"Onde está Brice?" Catarina perguntou lembrando de sua amiga, e se repreendeu por ter perguntando somente agora.

"Ela está bem, apenas descansando. Virgílio se comprometeu em passar a noite a observando caso ela precisasse de algo." O rei lhe respondeu. Virgílio? Porque ele faria isso se podia mandar que um criado o fizesse.

Afonso viu o olhar confuso dela, mas sorria. "Imagino o que esteja pensamento, também fiquei confuso, mas ele insistiu."

Catarina resolveu deixar isso quieto por enquanto, será que sua amiga tinha ganhado a afeição do conselheiro do rei? Um dos poucos homens que também sabia de seu dom. "Eu preciso ir vê-la" Ela falou tentando se sentar na cama.

"Não, você precisa descansar. Mandarei que a tragam até aqui assim que ela acordar. Você ficará aqui e irá descansar. Na hora do almoço venho lhe fazer companhia e lhe colocar a par dos acontecimentos. Até lá não seja teimosa e fique na cama." Falou, era mais como uma ordem e não um pedido. Entretanto Catarina apenas sorriu, sabia que aquilo fazia parte de sua personalidade e a muito tempo já tinha aceitado aquela parte mandona dele. Claro, isso não quer dizer que ela ia acatar suas ordens. Apenas lhe deu um sorriso quando ele deixou o quarto. Alguns minutos depois Lucíola entrou, com uma bandeja de café da manhã, percebeu que tinha mingau, suco e algumas frutas.

Depois de ter feito sua higiene, o médico chegou para trocar seus curativos. Graças a Deus não era mais preciso usar aquela faixa em seu pescoço, o corte tinha sido superficial. Então o médico apenas passou algo como uma pomada no local, e disse que ela deveria passar aquilo 3x por dia. Mas as suas pernas ainda iriam ficar alguns dias com os curativos.

Pode enfim tomar seu café da manhã e pediu para que Lucíola escolhesse um vestido apropriado para sair de seus aposentos e arrumasse seus cabelos.

"Mas, minha senhora, o rei deixou ordens explicitas de que a senhora não saísse da cama hoje." Sua ama falou temerosa. Catarina lhe lançou um sorriso consolador através do espelho e continuou a comer de sua uva enquanto tinha seus cabelo escovados.

"Lucíola, tem dezenas de pessoas nos portões do castelo orando por mim, preciso ir até elas. Preciso ver como Brice está e depois irei até a sala de reuniões. Afinal o plano foi ideia minha." Falou determinada. Sua ama apenas concordou com a cabeça e terminou seu serviço.

XXX

Quando os portões do castelo foram abertos, e a rainha apareceu por entre eles, todos as pessoas que estavam ali na frente, segurando suas velas orando pela melhora de sua rainha, a encararam surpresos. Ninguém imaginou que ela estaria de pé tão rápido. Com um sorriso nos lábios ela olhou para todas aquelas pessoas de forma agradecida, sabia que todos ajudaram no seu resgate da maneira que podiam.

"Suas orações me deram forças, para aguentar esses dias de cativeiro e estar aqui agora para agradecer. Por algumas vezes cheguei a pensar que meu momento tinha chegado. Mas eu voltei, voltei mais forte do que nunca, estejam certos que eu honrarei essa segunda chance que a vida me deu, e retribuirei tudo o que fizeram por mim" Catarina falou da forma mais sincera. Agora o povo tinha mais um motivo para comemorar. Gritos de "Deus salve a rainha" e "Vida longa a rainha" foram ecoados pelo pátio do castelo. Ela sorriu mais uma vez agradecida, e entrou novamente. Dessa vez seu destino era o quarto de sua amiga.

Sentia suas pernas arderem, mesmo assim continuou a andar calmamente, até o quarto que Brice estava hospedada. Tinha dois guardas na porta, fazendo sua segurança. Assim que viram a rainha, tiveram a mesma reação de todos, primeiro espanto por ela já está fora da cama e depois baixaram a cabeça em reverência.

Ao entrar no quarto encontrou sua amiga sentada na cama, ainda estava pálida. Mas seus cabelos estavam praticamente todos pretos novamente, ela comia algumas frutas com um copo de suco e sorriu ao ver quem entrava.

"Você definitivamente é umas das pessoas mais teimosas que conheço. Não deveria estar em repouso?" Brice perguntou, dando espaço para a amiga sentar ao seu lado na cama.

"Passei tempo demais sem fazer nada, preciso ajudar a acabar de vez com toda essa matança. Sem contar que precisava ver como você estava." Catarina disse ao se sentar com cuidado na cama, mas isso não impediu que fizesse uma careta de dor no processo.

Sua amiga a olhou com preocupação e automaticamente estendeu sua mão para ajudar. "Não!" Catarina disse firme, ao ver a intenção dela. "Chega de curas, por um bom tempo se possível. Mas eu irei precisar de sua ajuda para uma outra coisa." Disse por fim.

"E o que você deseja majestade?" Brice falou sorrindo.

"Amália." 

 


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Notas finais do capítulo


Demorei mais cheguei!! rsrs

Little Candies, estamos no capítulo 26 e o gostinho de despedida começa a aparecer. Teremos 30 capítulos e depois 3 bônus. E não vou falar de despedidas agora, não desses personagens que tanto amo. Vamos deixar para chorar no último capítulo! rsrs

Oque será que Queen Cat e nossa bruxinha vão aprontar???

Cães de caça + Otávio = ?

Destino da Amália= ?

Guerra= ?

Tantas interrogações, mas teorias é o que não fala né?
XOXO



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