Tell Me You Love Me escrita por WeekendWarrior


Capítulo 1
Silly Kid


Notas iniciais do capítulo

Com muito amor e carinho dedico essa história á minha amigona do coração! ♥ Amiga, te amo. Espero que goste. rsrs



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03 de Março de 1991 – Newark - New Jersey

Lembro-me da primeira vez que vi Demetria, eu devia beirar os meus oito anos de idade. Era um dia ensolarado, bonito, sem nuvens, mas por infortúnio estava preso dentro de casa, de castigo, havia aprontado e mamãe me puniu com uma semana sem brincadeiras na rua, televisão e jogos. Tinha de aturar meu irmão mais velho me enchendo o saco, pois o mesmo passava a tarde inteira enfurnado em casa.

Eu bisbilhotava pela janela lateral, qual dava diretamente para o jardim vizinho, onde a movimentação era grande. Um caminhão descia vários móveis, havia um carro na garagem e logo procurei pelos novos moradores do bairro. Rapidamente deduzi que a mulher alta, de cabelo castanho, de vestido longo fosse a mãe, o também alto caucasiano que a beijou fosse o pai e as duas meninas que corriam afobadas tentando ajudar eram as filhas; os outros pareciam apenas ajudantes na mudança.

Primeiramente notei a mais nova, ainda muito pequenina, devia ter seus quatro anos de idade. Os cabelos castanhos, iguais ao da mulher que a pegou no colo sorrindo. Logo foquei-me na outra garota, cabelos também castanhos, provavelmente minha idade. Ela corria de lá pra cá, entrava na casa, saía correndo, ia até seu pai que estava próximo ao caminhão e voltava correndo. Não pude negar, a pequenina era muito bonita.

— Hey, Log! – exclamou meu irmão atrás de mim, bagunçando meu cabelo – Só bisbilhotando os novos vizinhos, não é?

Abaixei minha cabeça tirando a mão dele de mim, odiava quando Kevin fazia isso.

— Não estava bisbilhotando – respondi de cenho franzido.

Kevin riu em seu habitual deboche.

— Claro que não! Imagine – tentou passar a mão mais uma vez em meu cabelo, porém desviei rapidamente – Mamãe pediu que ajudássemos os novos vizinhos na mudança. O que acha?

Dei de ombros.

— Por mim tudo bem.

Melhor do que ficar preso dentro de casa.

E logo seguimos até o quintal vizinho. Kevin, em seus dezessete, muito parecido comigo, chegou cumprimentando a família.

— Boa tarde. Somos os Henderson, seus novos vizinhos.

O homem, qual era o pai, aproximou-se num sorriso.

— Olá! Prazer conhecê-los. Chamo-me Patrick Lovato, essa é minha esposa Diana.

A mulher muito bonita aproximou-se sorrindo.

— Olá, garotos. Vocês são os primeiros a nos receberem.

— Eu e meu irmão viemos nos oferecer para ajudar – proferiu Kevin trazendo-me para seu lado – Chamo-me Kevin e este é Log.

— Logan! – me apresentei dando ênfase na última letra.

Sorri timidamente para os demais presentes.

— Esta é Dallas— falou a mulher abraçando a menina que segurava no colo – Diga oi, Dally.

A garotinha deu um singelo “oi” e escondeu o rosto no pescoço da mãe fazendo todos rirem. Porém logo Patricia afastou o pano da enorme saia e ali atrás estava uma tímida garotinha.

— E esta é Demetria. Diga oi para nossos novos vizinhos, querida.

A menina estava com bochechas vermelhas fitando a mim e meu irmão. Mas do nada, abriu um enorme sorriso e aproximou-se de minha pessoa, imediatamente franzi o cenho quando ela me estendeu a mão num cumprimento.

— Oi, meu nome é Demi.

Me afastei um passo e cruzei os braços.

— Logan.

Foi tudo que falei antes de sair de perto dela e ir ajudar na mudança. Claro que aquilo não ficou por menos, Kevin contou para mamãe de minha má-educação e a mesma deixou-me mais uma semana de castigo. E em forma de desculpas pela minha mal criação levou uma torta para os Lovato.

Eu não havia feito nada demais, apenas não quis cumprimentá-la… Apenas isso! Logo de cara esta menina havia trazido-me problemas, não havia gostado nada. Mas já sabia o que fazer; mantê-la longe de mim.

 

Porém manter Demetria longe foi uma tarefa difícil, digamos, quase impossível.

Ela logo infiltrou-se em minhas amizades e toda vez que saía para brincar com o pessoal ela estava lá. Aquilo irritou-me, pois a mesma sempre fazia questão de estar em meu grupo, sempre me atormentando.

— Fico no grupo do Logan! – exclamou correndo para meu lado enquanto separávamos os times.

— Garotas não entram em meu time – falei.

— Pare de ser chato!

— Não estou sendo chato.

— Estou no seu time! – exclamou e virou-se de costas cruzando os braços.

Lembro-me bem do quão chata e insistente ela poderia ser. Quando ela botava algo na cabeça era impossível de se desfazer.

Bufei e a deixei em meu time.

E assim foi pelas outras milhares de vezes nos dois anos seguintes, Demi sempre enchendo meu saco para entrar em meu time, porém agora, era diferente, eu havia descoberto uma nova coisa: Atentá-la!

Era meu novo hobbie e ela sempre se exaltava e aquilo a fazia ficar irada. Vê-la irada era muito bom, era um tipo de vingança por ela ser uma chata de galocha que não largava do meu pé.

— Qual o seu problema, Demi? Não sabe correr? Está com artrose que nem meu avô? – indaguei rindo.

Ela se aproximou brava.

— Cale sua boca, Logan! Pare de ser um irritante. Você é mais alto que eu, por isso corre mais rápido.

— Saia do meu time, você só nos empaca, sempre perdemos nos jogos.

— Me obrigue a sair! Você não manda em mim.

— Pare de ser metida.

— Pare de ser chato.

— Meninas não servem pra essas coisas.

Ela me olhou com tanta raiva que quase não a reconheci e do nada ela me deu um chute tão forte na canela que pensei que tinha quebrado.

— Au! Que dor! Está louca? – gritei.

Logo uma roda formou-se ao redor.

— Isso é pra aprender, seu imbecil! Vai se ferrar.

— Não precisava me chutar.

— Logan, eu só queria estar no seu time porque gosto de você. Será que não percebeu? Idiota!

E deu-me as costas enquanto eu estava ali, sentado no meio-fio sem entender nada.

— Como assim ela gosta de você? – indagou um dos meninos.

— É paixão, vi isso num filme uma vez – respondeu uma menina.

— Só temos dez anos, essas coisas não são para nós.

— Amor não tem idade, foi o que minha irmã disse.

Olhei uma última vez pra trás e Demi se distanciava em sua bicicleta. Meneei a cabeça e não me importei com ela.

— O que é artrose, Logan? – perguntou o lerdo do Alex.

Eu ri e suspirei.

 

E a partir do ano seguinte Demi começou a aparecer menos em nossas brincadeiras na rua, na verdade, a grande maioria das meninas haviam parado de sair conosco para brincar. Mamãe me disse algo como “garotas amadurecem mais rápido, logo brincar de esconde-esconde já não é mais algo interessante”. Bem, eu não me importei muito, na real, até gostei, pois a chata de galocha havia parado de empacar meu time e me atormentar…

Bom, será mesmo?

E logo quem parou de sair para esses lugares era eu. Já com doze anos foi quando comecei a me interessar por música, pois meu irmão mais velho tocava guitarra e ele passou isso pra mim, sempre ensinando-me a tocar violão, porém minha onda era o contrabaixo, o som daquele instrumento era maravilhoso pra mim. Conversei com alguns amigos e combinamos de formar uma banda, seria bacana, poderíamos ficar famosos algum dia… Quem sabe…

Contudo, quando voltei das férias de fim de ano, tive uma surpresa, Demi havia mudado de colégio e tinha caído bem na minha turma. Já não me bastava ter de aturá-la pelo bairro, agora no colégio também. Ah, isso era demais!

E o pior que ela era daquelas alunas sabichonas que sentavam na frente, sempre respondendo tudo certo, promovendo debates e boas notas. Fala sério! Ela era uma chata de galocha nível máximo. Eu nem sabia porque teimava tanto com ela, mas eu gostava de vê-la irritada.

— Acho que você já pode tomar o posto da professora, Demi — exclamei alto e a turma riu.

Ela virou-se para mim que sentava nos fundos.

— E você já pode tomar seu posto de lata de lixo! – dito isso jogou uma bolinha de papel, qual acertou certeiramente em minha cabeça.

Arranquei uma folha de meu caderno e a embolei revidando rapidamente, e ela fez o mesmo e logo a sala tornou-se uma guerra de bolinha de papel.

— Parem já! – a professora de um grito de estourar tímpanos – Henderson e Lovato, já pra fora! Agora para a coordenação.

Levantamos e fomos em direção à sala do diretor, saindo de lá levamos uma leve advertência, qual Demi disse que mancharia pra sempre seu histórico escolar.

— Você me paga, Logan.

Foi tudo que falou antes de me dar as costas. Eu apenas ri e meneei a cabeça.

E foi assim que se seguiu os próximos dois anos; Demetria a sabichona arrasava nas aulas, eu a atentava, a colocava em encrencas, ela me respondia de forma mal-educada, discutíamos, brigávamos quase todos os dias. Sala de aula, refeitório, no ônibus, até quando descíamos em nosso ponto para irmos pra casa.

Eu posso até tentar negar, mas este era o único modo de ter contato com ela, se não fosse isso, ela não me notaria, não trocaria uma palavra comigo, pois eramos totalmente opostos. E esses momentos que ela brigava comigo, eram tudo que eu tinha de Demetria Lovato.

Ainda lembro-me da última vez que discutimos, da última vez que ela deu ouvidos aos meus insultos bobos. Tínhamos quatorze anos, nem lembro direito o que falei, porém ela veio tão raivosa para cima de mim que assustei, me empurrou nos armários dizendo:

— Você é um completo idiota, Logan. Eu não sei porque ainda gosto de você, eu realmente não sei.

Ela estava tão perto que seu cheiro que me lembrava erva-doce chegou até mim. Estranhei, pois nunca havia notado isso, e outra, pela primeira vez vi que os olhos dela eram verdes, verdes-escuro, muito bonitos, grandes, cílios compridos, nariz arrebitado, boca grossa, sardinhas leves nas bochechas… Ela era linda.

Demi meneou a cabeça e me empurrou mais uma vez, porém eu fiquei quieto, não falei nada. Ela se afastou rapidamente indo até suas amigas… Franzi o cenho pensando no que ela disse. Demi gostar de mim? Até parece.

Saí dali e nunca mais pensei sobre aquilo.


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