Narcisa sentia como se tivesse encontrado a felicidade pela primeira vez. Era como se fosse a primeira vez que tivesse feito um feitiço, ou a primeira vez que houvesse comido o doce dos elfos domésticos de Hogwarts. Era tudo novo. 

O pequenino era perfeito... seu pequenino era perfeito. 

— Oi, Draco. – sussurrou docemente.

— Ele é... – Lucius se conteve. Não sabia ainda como lidar, afinal de contas... era pai.

— Sim. Ele é. – Cissy compreendia perfeitamente. Eles haviam desenvolvido essa habilidade de se entenderem melhor do que ninguém.

— Bem, – soou uma voz feminina atrás deles. – acho que estão se esquecendo de uma coisinha.

O sorriso da senhora Malfoy desapareceu. 

— Já sabemos, Bella. – disse repreendendo-a. – Papai avisou sobre isso.

— Oh! Sim, verdade. Avisou todas nós. Pelo visto, você foi a ganhadora da vez. – havia um tom de comicidade em sua voz. Lucius definitivamente odiou a brincadeira.

— É, tirei a sorte grande. – respondeu rabugenta. – Meu filho recebeu a maldição. 

— Eu não diria que é uma maldição! Eu adoraria não sentir nada. – Bellatrix tinha o dom de ser inconveniente.

— Deveria ter caído sobre você isso, então. Meu filho jamais sentirá nada. – Narcissa segurou o bebê mais perto. Não queria pensar que seu filho jamais seria feliz, isso partia seu coração.

Ainda lembrava-se do dia que seu pai contou à ela e suas irmãs sobre a Black's Curse. Seu pai, Cygnus Black, narrava a história de seu bisavô e seu maior inimigo, Abrillino Norwell. Dizia detalhe por detalhe em como Norwell era um bruxo poderoso; bruxo que havia amaldiçoado a família Black até a quinta geração. 

Ele havia jogado uma maldição que envolvia sentimentos, especificamente, em não tê-los. Era basicamente um feitiço que dizia que um escolhido da linhagem Black traria grande desgraça para o nome da família, exatamente pelo motivo de não conter emoção alguma. 

As garotas estavam curiosas para saber se já havia acontecido com algum familiar. "Ainda não", respondera seu pai. Todas souberam então que poderia ainda cair em cima delas ou até seus descendentes. 

Adiaram o máximo que podiam para ter filhos. Queriam evitar qualquer desgraça. 

Até pensaram que fosse Andrômeda quem havia nascido amaldiçoada, mas, no fundo, todos sabiam que ela era apenas rebelde – afinal de contas, ela havia trazido desonra para o nome da família exatamente por sentir demais. Também pensaram que fosse Sirius. Entretanto, sabiam da mesma forma que Sirius era intenso demais para não conter emoções. 

Souberam finalmente quando Draco, primogênito Malfoy, havia nascido. Ele tinha a marca. Pensaram que fosse só um rumor. Era real. Real até demais para o gosto da família. 

— Talvez, – começou Lucius, após longo tempo de silêncio. – ele ainda possa conseguir sentir.

— Abrillino era poderoso, querido. – Narcissa respondeu em tom de derrota. 

— Agora, o garoto viverá assim. – completou Bella. – Mas pensem pelo lado bom! Agora ninguém mais nascerá amaldiçoado! 

A vontade dos Malfoy era de jogar um crucio em Bellatrix.

— É, realmente. Tiramos a sorte grande. – responderam em uníssono.

"Eu jamais verei meu filho sorrir pra mim." Parecia que a vida havia dado-lhe um tapa na cara. 

Cissy realmente gostaria que tivesse caído sobre ela aquele desastre.