Guarda-Costas escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 2
O Julgamento


Notas iniciais do capítulo

Oooooiiii! Voltei! =D

Leitores lindos, vocês quase me mataram do coração com o jeito que receberam minha historinha! Sério, muito obrigada, de coração! Vocês colocaram um sorrisão besta na cara dessa autora bobona! ♥
Vou deixar o textão para as notas finais, rs.
Fiquem agora com o julgamento de Hinata. Perdão pelo capítulo grande de novo, mas não deu pra cortar. ^^" (Mas eu soube nos comentários de gente que gosta, então me sinto menos mal, kkkk)

Lembrando que a fonte normal retrata o presente, enquanto os trechos em itálico são lembranças.
Boa leitura! ♥



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Culpada ou inocente... uma pergunta simples, mas a dúvida a atingiu mesmo assim.

Sim, ela era culpada em parte. Mentiu para todos no castelo e fingiu ser Neji Hyuuga por mais de quatro anos. Ignorou as ordens diretas de Naruto e do rei no mesmo dia.

Mas era inocente também... fingiu ser outra pessoa para ficar perto de Naruto, desobedeceu às ordens para salvá-lo e não se arrependia.

— Sou inocente — falou claramente, para todos ouvirem. — Não traí a coroa. Não desonrei ninguém. E desobedeci ao rei para salvar o príncipe. Não fiz nada de errado.

— Mas mentiu para todos sobre sua identidade.

— Sim, menti. Mas porque sabia que poderia ocupar o cargo com eficiência e que não me deixariam fazê-lo se me apresentasse como Hinata Hyuuga. — Ela hesitou antes de continuar. — E eu estava certa, não é? Estou sendo julgada por ser uma mulher.

O juiz ficou desconcertado, pigarreando a fim de continuar.

— A senhorita Hinata Hyuuga — dirigiu-se ao público — se inscreveu para os testes que escolheriam o novo guarda-costas do príncipe-herdeiro no dia vinte e seis de julho do ano oitocentos e setenta e dois, passando-se pelo primo, Neji Hyuuga, que deixou o vilarejo há dez anos com o pai, Hizashi Hyuuga. O senhor Hizashi recebeu uma proposta de trabalho e partiu para Miyama Kayabuki no Sato, uma vila vizinha, com o filho, que atualmente encontra-se casado com Tenten Mitsashi Hyuuga. A senhorita Hinata morava com o pai, Hiashi Hyuuga, e a irmã mais nova, Hanabi Hyuuga, presentes nesse julgamento, antes de ser selecionada como guarda-costas do príncipe e vir morar neste castelo. Tanto pai quanto irmã sabiam do segredo da senhorita Hyuuga e nunca o revelaram para o rei. E suspeita-se que Hizashi, Neji e Tenten Hyuuga também sabiam do fato, evitando voltar à Vila da Folha para não colocarem em risco o segredo da senhorita Hinata. — Ele voltou a olhar a morena. — A senhorita confirma os fatos?

— Sim.

— E então, por mais quatro anos, a senhorita Hinata disfarçou-se de homem para continuar como protetora do príncipe-herdeiro. — De volta para o júri e com um tom dramático a mais. — Ela nunca contou seu segredo a ninguém. Nem aos guardas que a consideravam como um amigo, nem às criadas que cuidavam de suas roupas, e muito menos ao príncipe, com quem convivia todos os dias. Seu disfarce poderia durar por muitos anos, porém ela se descuidou há quatro dias, quando esqueceu de colocar a armadura que lhe cobria as curvas femininas e entrou no quarto do príncipe-herdeiro sem ser autorizada, alegando que havia traidores no castelo que planejavam sequestrar o príncipe e, em troca, forçar o rei Minato a abdicar da coroa. — Novamente, voltou-se para ela. — A senhorita confirma?

— Sim.

— E é aqui que entram as acusações, senhoras e senhores. A ré é suspeita de enganar a família real por todos esses anos a fim ganhar sua confiança, para que quando chegasse o melhor momento, convencesse o príncipe Naruto a deixar o castelo em sua companhia e ser sequestrado no caminho, para negociar a coroa do rei. — Hinata o olhou chocada. — Senhorita Hinata, apresente sua versão dos fatos.

Não imaginava que Minato e Naruto realmente pensariam isso dela. Voltou seu olhar para Kushina, que acenou para ela, incentivando-a a ser forte.

Ela seria.

Por sua família, que confiava nela e estava ali para lhe dar forças.

Por Neji, que soube de seu segredo e, em vez de recriminá-la por sua escolha, a apoiou e decidiu ficar na cidade vizinha até que Hinata tomasse coragem de contar tudo.

Por Sasuke, Shikamaru, Lee e Itachi, seus amigos, que acreditaram que fez tudo por dedicação ao príncipe.

Por Kushina, que sempre a tratou como um filho e, agora, como uma filha.

E por Naruto, aquele que mais merecia saber a verdade.

— Era manhã do dia quatro de setembro quando desci mais cedo para a cozinha...

 

~*~

 

Às vezes ela odiava Naruto Namikaze. Como ele conseguiu convencê-la a acordar duas horas mais cedo que ele para preparar um bolo?! Não era aniversário de ninguém!

— Aquele chocólatra...

Arrependera-se de ter levado para o príncipe uma fatia do bolo que prepara com Hanabi em sua última folga. É claro que tinha dito que o bolo era da Hyuuga mais nova, mas ele ficou insistindo para que Neji pegasse a receita com a “prima” e a entregasse para as cozinheiras, com a desculpa de que tinha sido o melhor bolo que já comeu na vida!

Talvez o excesso de elogios a tenha convencido, afinal.

Estava a poucos passos da cozinha quando ouviu sussurros vindos do cômodo. Iria dar meia volta e esperar no corredor, mas ouviu nomes que chamaram sua atenção:

— Estou dizendo, hoje é um dia perfeito! Naruto não vai esperar nenhum ataque no meio da semana. Dizemos que Neji está o esperando na saída do castelo e o cercamos!

— Na saída do castelo? Com mil guardas nos olhando? — O tom saiu sarcástico. — Que ideia idiota, Kabuto.

Hinata arregalou os olhos. Kabuto? Então o outro só poderia ser...

— Por isso que disse que o horário do almoço é perfeito, Orochimaru. Durante a troca dos guardas. Naruto é um garoto bobo e super apegado aquele Neji. Vai nos ouvir sem pensar duas vezes!

— Ainda acho que está cedo — insistiu Orochimaru. — E se Naruto não acreditar? E se estiver num dia ruim e pedir o oposto, para que Neji vá procurá-lo? É arriscado.

— Não é. Neji e Naruto são amigos, assim como Sasuke é para o príncipe. E além disso, se algo der errado, Naruto desconfiará de Neji e mandará prendê-lo, podendo facilitar ainda mais nosso trabalho.

O queixo da moça caía a cada nova fala.

— Pode ser um bom plano, Kabuto. — O mais velho riu baixo. — A coroa está cada vez mais perto...

Era um golpe! Eles queriam tomar a coroa!

Hinata correu, esquecendo-se de colocar a armadura antes de entrar, afobada, no quarto do príncipe.

— Naruto! — Ela entrou gritando, sem cerimônias, sacudindo o rapaz adormecido. — Naruto, acorde, pelo amor de Deus!

Ela poderia ter alertado Sasuke e o resto da guarda, mas ficou tão desesperada com a possiblidade de sequestrarem Naruto, que não pensou direito antes de ir até ele, para que os dois tomassem as providências com mais calma e paciência.

Uma pena que Hinata só pensaria nisso quando fosse tarde demais...

— Naruto, acorde! — ela gritou mais uma vez.

O loiro abriu os olhos devagar, o rosto franzido por ser despertado de maneira tão bruta.

— Se não for para me dar um bolo de chocolate, quero que saia do meu quarto agora — ameaçou baixo, irritado.

— Nada de bolo, Naruto. Você precisa me ouvir! — Ignorou-o prontamente. — Eu estava indo na cozinha agora para fazer seu bolo quando ouvi Orochimaru e Kabuto falando baixinho, escondidos. Eles estão tramando seu sequestro, Naruto! Eles querem tomar a coroa de seu pai!

— O quê? — Ele se sentou rapidamente na cama.

Hinata se afastou, passando a andar de um lado para outro no quarto, aflita.

— Eles estavam na cozinha, cochichando! Aposto que por causa da hora, não pensariam que seriam ouvidos! Ainda bem que você me pediu o bolo, Naruto! Eu jamais iria desconfiar de Kabuto planejando algo assim! A ideia dele é aproveitar a troca dos guardas, no almoço, para atraí-lo aos portões usando meu nome. E então, acreditando que eu o chamei, você estaria com a guarda baixa e eles usariam isso para sequestrá-lo! Não ouvi o resto do plano, mas não precisa ser nenhum gênio para pensar que eles usarão isso para chantagear seus pais!

Ela parou em frente a cama novamente, ansiosa para ouvir mais uma ideia maluca que poderia dar certo. Mas ficou confusa com a simples pergunta vinda do semblante pasmo do príncipe:

— Quem é você? — ele gaguejou.

— O quê?

— Você é uma mulher...

Hinata olhou para as próprias roupas, assustada. Esquecera-se da armadura! Estava usando apenas uma camiseta branca grande, masculina, que usava como pijama. Com o sono que estava minutos antes, também não lembrou de apertar os seios... apenas uma faixa preta os cobria, mas não impedia Naruto de ver suas curvas.

E, para piorar, o chá com a erva que engrossava sua voz também foi esquecido ao lado de sua cama, no criado-mudo.

Naruto parou na sua frente em menos de dois segundos, ágil como o soldado que foi treinado para ser. Uma adaga pressionava ameaçadoramente o pescoço da jovem.

— Vou perguntar mais uma vez: quem é você?

Ela engoliu em seco. Não havia tempo. Era melhor que dissesse logo a verdade, para que pudessem armar rapidamente uma estratégia contra Orochimaru.

— Sou Hinata.

A adaga caiu no chão. Seu dono perdera os sentidos com a resposta.

 

~*~

 

— O príncipe desmaiou? — o juiz interrompeu, confuso, virando-se para os reis. — Isso é verdade, Alteza?

Naruto ainda estava com a cabeça abaixada, mas ouvia tudo. No entanto, apenas se limitou a confirmar com a cabeça. O juiz então acenou para Hinata, para que continuasse com a história.

— O príncipe acordou poucos minutos depois e saiu do quarto, chamando pelo guarda que mais confia, Sasuke, para que me prendesse.

A morena percebeu as mãos de Naruto tremerem quando mencionou que não era ela o guarda que ele mais confiava, como o loiro tinha dito várias vezes antes.

 

~*~

 

— Prendam-na! — ordenou o loiro para os irmãos Uchiha. — Agora!

— Você pode me prender, mas precisa acreditar em mim! — Hinata gritou antes que os morenos a tocassem. — Eu ouvi Kabuto e Orochimaru planejarem seu sequestro, Naruto! Na hora...

— Respeite seu príncipe! — ele gritou para ela, em fúria. — Não me chame pelo meu nome! Dirija-se a mim como “Vossa Alteza”!

— Que seja, Alteza! — respondeu em desespero. — O senhor precisa fazer algo! Sasuke, Itachi, — ela se virou para eles — eu estou falando a verdade! Por favor, vocês precisam garantir que Naruto não saia do castelo na hora do almoço!

— Eu já disse que...

— Senhorita — Itachi falou firme, calando os dois. — Venha conosco, por favor.

Os lábios dela tremeram.

— Por favor, digam que vão protegê-lo e eu irei.

— É claro que iremos — Sasuke abriu um pequeno sorriso em sua direção. — Mas por enquanto precisamos que nos acompanhe.

Ela respirou fundo, assentindo. Ainda olhou para Naruto uma última vez, mas ele virou o rosto, bufando.

Hinata acompanhou os irmãos até o porão do castelo, onde eram mantidos os prisioneiros. Ela não temia a prisão, mas tremia dos pés à cabeça caso algo acontecesse com Naruto.

— Por favor, me escute — implorou a Sasuke assim que ele a trancou numa das celas. — Só alguns minutos. Eu conto tudo que sei e então você decide se acredita em mim.

Sasuke fez um gesto para o irmão, que deu as costas e voltou ao andar superior, provavelmente para o quarto do príncipe. O moreno mais novo esperou o outro sumir de vista para dirigir-se a Hinata, sério, mas disposto a conversar.

— Primeiro eu quero saber quem é você. E por que fingiu ser Neji Hyuuga.

— Neji é meu primo — falou sem hesitar. Quanto antes contasse sua história, mais rápido Sasuke poderia salvar Naruto. — Sou Hinata Hyuuga, e me inscrevi para ser guarda-costas do príncipe porque ouvi boatos de que o rei queria alguém com a idade próxima a do filho para cuidar dele. Meu pai foi contra, mas quando consegui o cargo, ele providenciou tudo para que eu me adaptasse ao castelo e não fosse descoberta.

— A armadura, a voz...?

— Meu pai é fazendeiro, mas seu pai era ferreiro, então ele aprendeu o suficiente para adaptar a armadura dele para mim. Ainda precisava ser grande, mas apenas o bastante para cobrir o que me denunciasse. E a voz eu imitava no primeiro dia, mas como minha garganta ficou doendo por horas, meu pai conseguiu falar com uma curandeira. Ela nos forneceu uma erva, cujo chá modifica minha garganta e altera minha voz, sem me fazer mal. Eu tomava todas as manhãs, mas hoje, achando que ainda ficaria sozinha por algumas horas, acabei esquecendo de tomar.

Os olhos de Sasuke estavam arregalados ao fim da história.

— Por favor, Sasuke, você me conhece. Eu jamais faria mal a Naruto! Estou aqui para protegê-lo, e não para roubar a coroa do pai dele! Eu não entendo nada de política e...

— Você é Hinata Hyuuga.

E então ela entendeu o que o chocara.

— Sim...

— Garota, você tem alguma ideia do quanto...?

— Do quanto Naruto procurava por mim? Sim. Mas eu sempre dei pistas falsas.

— Por quê? — falou aflito. — Você não percebe que isso só piora tudo?

— É claro que eu sei — respondeu cabisbaixa. — Na primeira vez que Naruto perguntou por mim, eu soube que tinha me metido numa encrenca maior do que me disfarçar de homem. — Ela respirou fundo, não disposta a remexer naquele assunto. — Mas isso não importa agora, Sasuke. Precisamos falar sobre Orochimaru e Kabuto.

Contou cada instante daquela manhã, desde a conversa aos sussurros dos possíveis sequestradores de Naruto, até o ato desesperado de contar a ele os planos sem se preparar direito antes, ocasionando o desmaio e o ataque histérico do loiro.

— Isso é loucura, Hinata! — concluiu o Uchiha, andando de um lado para outro, imitando os passos da morena minutos antes.

— E você acha que eu não sei?! Eu estou numa cela agora, Sasuke! Por causa de uma suspeita maluca!

— Orochimaru e Kabuto trabalham nesse castelo há anos! — argumentou, de volta à porta da cela. — Há muito mais tempo do que eu e você! Juntos!

— Eu sei...

— Kabuto trabalha na enfermaria e já ajudou a família real mais vezes do que me lembro!

— Sasuke...

— E Orochimaru é amigo de Jiraiya, padrinho de Naruto! Trabalha na área de pesquisas por indicação dele!

— Sasuke, me escute! Eu não inventei nada! Eu não teria imaginação para tal! Precisamos nos concentrar em Naruto, na emboscada que estão tramando para daqui a algumas horas! Eles planejavam atrai-lo para fora do castelo em meu nome! Vão dizer que eu estou o chamando, Sasuke! E Naruto poderia acreditar, mas não agora que estou presa... em poucos minutos todos nesse castelo saberão minha condição, então eles usarão outra pessoa para atrair Naruto! Podem usar o seu nome, Sasuke! Para que Naruto pense mais tarde que você está envolvido!

— Por Deus, Hinata! — Ele cobriu o rosto por instantes, em agonia. — Como vou conseguir convencer todos com essa história? Principalmente agora que sabemos que você não é quem dizia ser?

— Minta também! Diga que você ouviu tudo na cozinha!

 

~*~

 

— Você sugeriu que o soldado Uchiha mentisse por você?

— Sim, eu estava em pânico! Precisava salvar o príncipe...

— Mas a senhorita já tinha contado a ele que você ouviu tudo.

— Eu sei — afirmou contrariada. — Sasuke me lembrou de tal, mas conseguiu convencer o irmão e Shikamaru de que eu não teria motivos para mentir. — Suspirou. — Mas o príncipe fugiu de suas vistas na hora do almoço mesmo assim... e eu implorei para que me tirassem da cela para ir atrás dele.

— E foi então que a senhorita encontrou o rei.

— Sim...

Hesitou antes de olhar para Minato. Seu semblante impassível ainda a intimidava, mesmo depois de anos.

 

~*~

 

Os passos apressados na escada a fizeram pular do fino colchão no chão. Era a única prisioneira na masmorra, então era óbvio que a pressa de quem quer que fosse era para falar com ela. Já estava colada nas grades quando avistou o rosto de Sasuke.

Ele não precisou falar nada.

Hinata identificou o tormento nos olhos negros.

— Tire-me daqui! — Não pensou duas vezes antes de ordenar. — Agora!

— Sabe que eu não posso.

— Não me interessa o que você pode ou não fazer! — gritou, a raiva aflorando. — Você tinha o dever de cuidar de Naruto! Se não pôde fazer isso, então me tire daqui e me deixe fazer o meu trabalho!

— Hinata, você agora é uma prisioneira...

— Então deixe que esse seja meu último serviço como guarda-costas real! Deixe-me encontrar Naruto e eu prometo que aceitarei toda e qualquer punição! Por favor, Sasuke, você sabe que posso encontrá-lo! Eles não devem ter ido longe!

Shikamaru apareceu ao lado de Sasuke, tão silencioso que causou susto nos dois ao dizer:

— Ela está certa. Não faz muito tempo que demos falta de Naruto. E ela tem olhos tão bons quanto sua família, Sasuke. — Ele olhou para os dois com um sorriso encorajador. — Hinata pode nos ajudar.

Foi questão de pouco tempo para Shikamaru, o estrategista mais novo do reino, convencer o Uchiha a abrir a cela. Hinata não prestou muita atenção no discurso, mas agradeceu quando ficou de frente para o Nara:

— Obrigada por confiar em mim... prometo não o desapontar.

— Você nunca o fez. — Ele deu de ombros, fingindo indiferença, fazendo-a sorrir. — Mas vamos sair daqui. Precisamos nos organizar.

Os três correram até o salão de estratégias do rei. Hinata se posicionou rapidamente em frente ao grande mapa do País do Fogo, preso na mesa redonda que permitia uma reunião de até vinte pessoas com folga.

— Que horas são? — ela perguntou assim que encontrou a Vila de Konoha no mapa. — A que horas deram falta do príncipe?

— São uma e meia — respondeu Sasuke. — Os guardas estão fazendo rondas atrás de Naruto há pouco mais de trinta minutos.

Hinata reparou bem na distância entre as vilas ao redor da Folha.

— Não deu tempo de chegarem em nenhum lugar — ela concluiu, erguendo o olhar para os dois. — Preciso de uma espada.

— Não precisa, não.

Os três se organizaram depressa, em posição de sentido, ao ouvirem a voz do rei.

— O que essa mulher está fazendo aqui, senhor Uchiha?

— Está nos ajudando a traçar um plano para resgatar vosso filho, Majestade.

— Não a quero perto de meu filho nunca mais, senhor Uchiha. Achei que tinha deixado isso claro mais cedo.

— Perdão, Majestade — intrometeu-se Shikamaru. — Mas foi Hinata quem nos contou de um possível sequestro. Poderíamos ter nos preparado para tal se tivéssemos confiado...

— Confiar?! — Minato a olhou desgostoso. — Como posso confiar depois de tudo?

— Eu não quero o mal de seu filho, Majestade — falou a moça, sincera. — Eu só quero ajudar, juro. Prometi a Sasuke e Shikamaru que voltaria à prisão assim que colocasse Naruto em segurança novamente.

— Não quero sua ajuda! Não acredito em uma palavra do que diz! — rebateu, irritado. — Quem me garante que não foi a senhorita que tramou tudo isso?

— O quê?

— Eu ordeno que volte para a prisão imediatamente. Não quero vê-la mais aqui em cima até o dia de seu julgamento! — Virou-se para Sasuke. — Prendam-na agora.

— Mas, Majestade, ela... — ele ainda tentou dizer.

— Agora, senhor Uchiha. Ou então poderá acompanhá-la atrás das grades também.

Hinata postou-se ao lado do moreno quando ele a chamou para perto. Sasuke colocou a mão em seu pulso e dirigiu-se à saída, sendo seguido por Shikamaru.

Porém, a Hyuuga esperou apenas que sumissem da visão do rei para puxar os dois pelo corredor oposto ao do calabouço.

— O que está fazendo?

— Saindo do castelo — ela respondeu, firme. — Vou pegar uma espada no depósito dos soldados, enquanto vocês vão pegar dois cavalos. Nos encontramos fora dos muros do castelo em quinze minutos.

Shikamaru segurou seu braço, hesitante.

— Se o rei souber disso, ele nos mandará para a forca por desobediência.

— E eu irei morrer de qualquer jeito, Shikamaru. — Soltou-se dele. — Seja na forca, seja de desespero se não fizer nada.

E deu as costas aos dois, correndo para a ala dos soldados.

 

~*~

 

— Tivemos problemas para sair do castelo — continuou Sasuke. Ele foi chamado para sentar ao lado de Hinata e confirmar sua versão. — O cocheiro não queria liberar os cavalos. Foi somente depois de muita insistência que ele soltou dois... Shikamaru lhe disse que não eram para passeio, e sim para uma missão secreta do rei.

Hinata olhou para o lado, sorrindo ao ver o Nara disfarçando um sorriso.

— Encontramos Hinata fora dos muros. Ela já nos esperava na estrada com armas novas, mas lamentou não encontrar uma armadura de seu tamanho.

Algumas risadas se espalharam pelo salão, incomodando o rei.

— Não vejo graça, senhor Uchiha.

— Não pretendia ser engraçado, Majestade — respondeu naturalmente. — Só estou explicando o motivo de Hinata ter sido a única a voltar tão machucada.

Minato estreitou os olhos com a provocação. Sasuke, no entanto, não se acanhou, olhando novamente para o juiz e continuando:

— Demoramos mais um tempo para achar os rastros e mais algumas horas para segui-las e encontrar o galpão abandonado, escondido por quase um quilômetro para dentro da floresta. Ficamos quase meia hora de vigia ao redor da construção, esperando uma brecha para entrar sem sermos vistos. Mas nunca era o suficiente para nós três... — Ele soltou um suspiro. — Então concordamos que Hinata, por ser menor e mais rápida, entraria e tiraria Naruto dali de dentro. E se tivesse problemas, ela daria um sinal para que invadíssemos o galpão.

 

~*~

 

Entrou pelo primeiro andar, quando dois capangas de Kabuto estavam de costas para a tubulação que vinha do telhado. Ela subiu por ali rapidamente, pulando para uma janela pequena e descobrindo-se no mezanino de um celeiro. Deitou-se no chão e se escondeu nas sombras, analisando o local.

O celeiro era um ambiente único no andar de baixo, com apenas um portão de entrada e saída, e três pontos de iluminação. Hinata avistou dois homens em frente à porta, mas nenhum deles era Kabuto ou Orochimaru. O segundo piso, onde se encontrava, não era grande, e ficava na parede oposta ao portão, com acesso somente por uma escada de madeira.

O coração bateu acelerado ao ver Naruto, preso em uma cadeira encostada na parede da esquerda e sendo vigiado de perto por outro homem com o rosto coberto. O loiro estava amarrado e com a cabeça abaixada, mas definitivamente inteiro. Hinata não enxergou nenhum arranhão e agradeceu mentalmente aos deuses por isso.

Olhou para todos os lados, mas ela estava limitada à visão do mezanino. Não sabia o que havia abaixo dela, então precisava bolar um plano com a ajuda de Naruto.

Por sorte, ele ainda lembrava dos treinos que tiveram juntos, pois levantou a cabeça no instante que ouviu o baixo pio de um rouxinol. Nenhum dos homens achou estranho o barulho de um pássaro – a imitação que ela e Naruto combinaram há anos para avisar que estavam por perto – no meio da floresta, sequer desconfiando das írises azuis vasculhando o ambiente com mais atenção.

Ela imitou um rouxinol mais uma vez, apenas para que ele a encontrasse. Naruto a viu escondida e não a denunciou, virando o rosto para baixo sem pressa, para que não suspeitassem de nada.

Hinata esperou pacientemente que Naruto revistasse o ambiente novamente.

Ele seria seus olhos...

A mão direita dele se fechou devagar. E se abriu. E fechou de novo antes de três dedos se levantarem. A mão relaxou.

Hinata respirou fundo. Oito homens... oito homens contra uma mulher com uma espada e uma adaga. E ela duvidava que Naruto estivesse armado.

Levantou discretamente seis dedos e apontou para as paredes. Depois levantou dois e apontou para si. Ele acenou levemente, como se fingisse estalar o pescoço.

Como lidariam com oito homens ali dentro? Mesmo que chamasse Sasuke e Shikamaru, eles ainda teriam que passar por mais seis homens do lado de fora antes de conseguirem entrar.

Eram quatro contra catorze.

Ela sorriu. Somente um plano daria certo...

— Olá, querida — disse um dos homens.

Naruto tentou gritar, com a mordaça na boca, ao vê-la descer a escada tranquilamente. Os oito mascarados já estavam perto de Naruto, sorrindo diabolicamente, quando ela se voltou para eles.

— Olá. — Fingiu doçura.

O plano do improviso, que Naruto se gabava de usar sempre, precisava funcionar!

— O que posso fazer pela senhorita? — perguntou outro, malicioso.

Olhou para os oito homens, não reconhecendo os olhos dos dois que procurava. Colocou as mãos para trás e sorriu.

— Podem soltar o príncipe para mim.

As risadas não a assustaram. Ao contrário, ela aproveitou a pequena distração deles para esquadrinhar o ambiente. Só havia mesmo uma porta.

Mas várias janelas.

Ela só precisaria dar o sinal para os rapazes lá fora e ser rápida.

As botas que usava, surrupiadas do depósito dos soldados, eram dois números maiores e poderiam dificultar seus movimentos. A espada e a adaga não estavam tão afiadas, e ela não estava acostumada com o peso delas.

Precisava ser rápida. Mesmo com tudo conspirando contra.

— E por que faríamos isso?

— Porque vocês estão em desvantagem. — Ela sorriu, abrindo os braços, como se a constatação fosse óbvia. — Se catorze homens não me viram entrar, aposto que não terei dificuldades para sair. Então seria mais fácil se soltassem logo o príncipe para mim.

Aquele que parecia o líder virou o rosto para o homem a sua esquerda e apontou com a cabeça na direção da mulher. Hinata revirou os olhos quando o outro obedeceu, dando dois passos em sua direção. Naruto se remexeu ainda mais na cadeira. Impaciente, o líder deu um tapa no rosto do loiro.

A mulher puxou a adaga, o sorriso falso sumindo no mesmo segundo.

— Não toque nele!

— Ou... — o líder provocou.

— Ou você será um homem morto.

Alguns riram, mas aqueles olhos negros não pareceram duvidar de sua palavra.

— Isso vale para todos. — Apontou com a arma para cada um.

E um deles foi afobado, partindo para cima dela com a espada em punho. Hinata desviou, deu uma cotovelada nas costelas do bandido e ainda o chutou quando ele caiu. Puxou a espada da bainha e colocou a ponta no pescoço do homem.

— Faça-me um favor, sim? — Ele arregalou os olhos com a voz suave de quem não tinha nem se cansado. — Saia por aquela porta gritando feito um louco, tudo bem?

Ele se afastou, ligeiramente apavorado. E saiu correndo como ela pediu, mas não gritou.

Teria que bastar para avisar os amigos, ela pensou, voltando-se para os outros.

— Quem é o próximo?

Três foram para cima dela de uma vez, mas os anos de treinamento com seu pai e mais outros com Naruto a deixaram ágil. É claro que nunca lutara com três de uma vez, mas uma vez arriscara lutar com o príncipe e Sasuke ao mesmo tempo. Ninguém ganhou e os três ficaram exaustos. Isso teria que contar...

E aqueles homens não pareciam soldados ou sequer possuir algum treinamento, pois Hinata conseguiu vencê-los com sua velocidade. Mais três vieram e ela lidou com eles também, mas já estava ficando cansada. Não tinha se alimentado direito o dia inteiro e a preocupação com Naruto a deixara incapaz de comer toda a refeição que uma criada lhe levou na prisão.

Ela deixou todos desacordados, exceto o último, que ela usou de escudo quando outro corria com a espada em sua direção.

Faltavam dois e ela já estava ofegante. E tudo piorou quando os vigilantes do lado de fora entraram, atraídos pelo barulho das lutas. Ela praguejou baixinho.

E as lutas recomeçaram. Todos a cercaram enquanto ela lutava com dois ou três de uma vez. Em um momento de fraqueza, um dos mascarados fez com que tropeçasse, e com isso avistou Sasuke e Shikamaru dentro do celeiro, aproveitando a confusão para soltarem Naruto.

Porém, seus olhos a traíram... o líder viu que ela incentivou os amigos a saírem logo dali, e tentou correr na direção dos três, mas Hinata levantou-se depressa, puxando o homem para a luta.

— Hinata! — Ouviu a voz de Naruto já na porta, mas Sasuke o puxou para fugirem. Ela sorriu, aliviada. Mesmo cercada novamente.

Faltavam sete...

 

~*~

 

— Não me recordo de muito depois disso — confessou. — Consegui derrubar alguns homens antes de fugir. E depois encontrei o príncipe, Sasuke e Shikamaru na estrada. Fiquei feliz por terem me esperado...

— Foi insistência minha, senhores — falou Sasuke. — Eu pedi para que esperássemos Hinata. Ela já tinha se mostrado uma excelente esgrimista em seus treinos com o príncipe Naruto, então sabia que ela sairia de lá tão logo estivéssemos a salvo. E eu estava certo... — Hesitou. — Mas eu notei seus ferimentos, então a coloquei rapidamente no cavalo e a trouxe para a vila, Shikamaru levando o príncipe no outro cavalo.

O juiz fez sinal para que a médica do castelo, Tsunade Senju, tomasse o lugar de Sasuke ao lado de Hinata. A loira alta, de olhos azuis, poderia facilmente ser parente dos Namikaze. Seu porte também era de uma nobre.

— Senhora Tsunade, como era o estado de Hinata ao encontrá-la?

— Hinata chegou em minha enfermaria na madrugada do dia cinco — falou firme — com uma perfuração de espada no abdômen, uma costela quebrada e vários hematomas pelo corpo. Tive que enchê-la de remédios para que dormisse o dia inteiro e não sentisse nenhuma dor. Já disse antes para a rainha, mas repito: é altamente improvável que Hinata esteja envolvida no sequestro do príncipe Naruto. Nenhum bandido, por mais cruel que seja, machucaria tanto um comparsa em nome de uma farsa. E eu acompanhei de perto esses dois! — Ela apontou para Naruto e Hinata — Viviam me incomodando na enfermaria e pedindo ajuda com os machucados que recebiam nos treinos.

— Então a senhora sabia que Neji na verdade era uma mulher? — perguntou o juiz.

— Não, nem desconfiava! — respondeu sorridente. — Ela nunca me mostrou machucados no corpo. Somente nos braços e pernas, e uma vez na cabeça, quando o príncipe foi descuidado e a derrubou, deixando-a tonta. Mas não era nada sério. — Ela pigarreou, percebendo ter fugido do assunto. — Eu quis dizer que a maioria dos machucados era de Naruto. E sempre Neji... Hinata — corrigiu — estava o acompanhando, preocupada com seu bem-estar. Aquilo não era falso, senhores. Hinata realmente prezava pelo bem do príncipe Naruto.

Tsunade foi dispensada pelo juiz. Hinata voltou a ficar sozinha no centro do salão. O juiz cruzou os braços antes de se dirigir a ela novamente:

— Então, senhorita Hinata, você acusa os senhores Orochimaru e Kabuto Yakushi de planejarem o sequestro do príncipe-herdeiro? Não me lembro de a senhorita mencioná-los no cativeiro do príncipe.

— Porque eles não estavam lá. Seria tolice se estivessem também.

— Mas mesmo assim a senhorita os procurou.

— Sim, eu quis me certificar de que eles não estavam por debaixo de nenhum pano ou máscara. Se estivessem, eu já os traria presos.

— Que audácia! — A voz debochada de Orochimaru foi ouvida no meio do público. Hinata o olhou, furiosa. — Eu trabalho há anos nesse castelo! O que eu ganharia com o sequestro do meu príncipe? Aquele que eu vi crescer?

— Minha coroa.

Burburinhos se espalharam pelo salão. Hinata voltou o rosto chocado para um dos tronos.

Naruto enfim resolveu se manifestar.

 


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Notas finais do capítulo

Parabéns para você que leu mais cinco mil palavras e chegou até aqui, rsrs. ^^" Espero que tenham gostado! xD
O próximo capítulo também está grande, mas ainda não contei quantas palavras ele tem, rs. Amanhã descobriremos. =D

Quero agradecer enormemente aos cinco acompanhamentos e dois favoritos (desde ontem, no lançamento da fic! ♥), com destaque para thai carvalho, Phoenix, Luciana Neves e Naivil Hyuuga, que me deixaram toda boba com os comentários! Vocês são um amor só! ❤ E quero agradecer também, com a gratidão do tamanho de Júpiter, pelo comentário da aniversariante/presenteada, a __Nathy__, lá no Spirit... sua linda, muito obrigada por suas palavras! Tô torcendo aqui para que goste desse capítulo também! ❤❤❤❤❤

Acho que é só isso. Qualquer erro ou algo sem sentido, por favor, podem dizer sem medo, tá? Eu não mordo. ^^"
Espero que tenham gostado desse capítulo! ♥
Até o próximo! =* ♥



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