O fogo já estava fraco, eu não consegui dormir muito, tive medo dos meus sonhos. Era para estar descansando, como planejado, mas eu tinha preocupações demais na cabeça. Do tipo, como destruir uma lua ou um gigante. Sem contar no Fenrir e nos elfos. Ah sim, minha vida estava perfeitamente a beira da destruição. Nem mesmo a guerra fora tão difícil assim.

_Também não consegue dormir? – disse Eric sentando-se ao meu lado.

Eu o encarei e ia dizer que não, mas ai eu lembrei de outras coisas. Tentei pensar em algo inteligente para dizer, mas nada vinha a minha mente senão os últimos momentos que eu passei junto com Eric. O beijo, a declaração, o medo de perdê-lo. Eu o encarei em pleno silêncio, apesar de meu coração estar disparado.

_Hum bem, eu sei que você curte o frio mas... Quer um pouco de calor? – ele perguntou totalmente tímido.

Aquilo era uma desculpa, eu sabia. Mesmo assim me aproximei mais dele e o abracei, Eric envolveu-me nos seus braços me apertando contra ele como se fosse uma necessidade... e não era? O calor que vinha dele era gostoso, reconfortante, mágico. Deitei minha cabeça no peito largo e fiquei o coração dele tão disparado quanto o meu.

_Quando isso tudo terminar eu vou querer tomar um bom banho – comentei em um suspiro – Um bem gelado.

Ele riu rouco e baixo para não acordar os outros, aquilo para mim foi como a mais bela das canções. O fitei e os olhos dourados me encantaram mais uma vez, eu poderia ter continuado a ver aqueles olhos, mas do nada Eric se aproximou e me beijou. Talvez para não perder a coragem. Eu simplesmente me aconcheguei nos braços dele e o beijei de volta, fiquei surpresa com o carinho do beijo, talvez fosse o ultimo e eu esperava que fosse devastador, mas Eric me beijava... com amor.

Quando o beijo acabou o silêncio voltou, mas Eric me abraçou mais forte, como se aquilo fosse proteger de tudo o que estava lá fora. Foi assim que eu me senti.

_Com licença – Sirius pediu.

Eu fiquei vermelha, pensei que todos estivessem dormindo! Quando ia me afastar o aperto no braços de Eric aumentou, ele não queria me soltar apesar de ter ficado vermelho também. Suspirei mentalmente e encarei o elfo amigo.

_Eu estava pensando em como distrair o Gigante e em como destruir a lua – Sirius comentou – E eu tenho um plano, muito arriscado mas é um plano.

_Diga – pediu Eric com a voz grave.

Como eu gostava daquele som...

_Para destruir a lua seria necessário a garota dos raios, ela é ótima no arco e flecha por causa da benção da deusa Artemis. Porém seria necessário depois de lançar a flecha um condutor que desse impulso mágico a flecha para ela conseguir chegar até o Olho. E esse condutor seria o raio de Thor, o garoto Ryan.

Seria impossível. Thalia nunca iria destruir a lua, tinha peso simbólico muito grande para ela. Então eu escutei um barulho e a própria Thalia sentou-se onde antes estava deitada dormindo e encarou Sirius séria.

_Funcionaria? – ela questionou.

_Provável que sim, a lua não está em sua distância natural por causa do olho, porém não deixa de estar muito longe. E ninguém mais conseguiria ir ao pico que não fosse os filhos de Zeus e Thor – Sirius explicou.

_Encontraremos outro jeito – disse Ryan ainda deitado. Estavam todos acordados?! – Não precisa fazer isso Thalia.

_O que está dizendo? Eu sou capaz disso! – Thalia revoltou-se.

_Ah eu sei que sim... Mas a lua é importante para você, não quero que sofra.

Até mesmo eu fiquei surpresa com a gentileza na voz de Ryan. Ele estava tão meigo e calmo, algo nada próprio da natureza dele e encarava unicamente a Thalia. Ela arfou com as palavras dele e eu juraria que também estava encantada com o olhar dele como eu ficava quando olhava Eric.

_Não tem outro jeito, não temos tempo de pensar em outros modos – Thalia murmurou – Eu vou destruir a lua.

_Bem, mas ainda temos outro problema – Percy também sentou-se. É estavam todos acordados – E o gigante?

_Essa será a jogada mais ousada – disse Sirius – Eu conheço um feitiço ancestral, muito poderoso e forte. Um feitiço que faria aquele garoto do sol se transformar em um, e então poder lutar contra o gelo do gigante e distraí-lo, talvez até derrotá-lo.

Eu literalmente congelei. Eu também sabia que feitiço era aquele, li em um dos livros de minha mãe. Respirei ofegante e quase gritei:

_Não! Nem pensar!

_O que? Por que? – Eric me encarou surpreso.

Soltei-me dele e fiquei de pé. Estava agitada, louca com aquela idéia. Nunca iria deixar acontecer, até porque eu que teria de fazer o feitiço.

_Esse feitiço pode matá-lo, não tem como prever como irá reagir em um humano!

_Mas é um humano que também é filho do sol, talvez dê certo – Sirius continuou.

_Quero saber que feitiço é esse – Eric pediu sério.

_Não, eu não vou fazer!

_É um feitiço que surgiu desde os tempos primordiais – Sirius contou apesar da minha recusa – Um que tem como base trazer a tona o poder do sol. Se o usarmos em você, você seria o sol, literalmente. Quente o suficiente para derreter um gigante.

_E perderia o controle ou iria derreter completamente depois de um tempo! – disse irada – Eu não vou fazer isso, não posso!

_É a nossa única chance contra o Gigante. Nunca chegaríamos na montanha a tempo, ele já teria acabado com a raiz – dessa vez foi Lilian quem comentou.

_Querem sacrificar Eric por causa disso?! – gritei e não notei as lágrimas, só sentia o meu coração disparado e totalmente temeroso – Eu não vou perder ele!

E então sai andando na escuridão. Não me importava que estivesse escuro, simplesmente andei para longe daqueles seres que queriam matar o único homem que eu já amei na vida além de meu pai. Parei apenas quando me bati em um rocha grande, respirei fundo e notei que estava chorando muito, minhas pernas ficaram tremulas e eu cai no chão em pleno pranto.

Eu sabia, no fundo eu sabia. Que aquela era a nossa única chance. Por isso eu estava chorando tanto, porque se fosse para todos sobreviverem eu teria de seguir aquele plano e por em risco Eric. Eu não havia escutado nada, então quando uma mão tocou meu ombro eu saltei.

_Calma sou eu – a voz de Eric veio do escuro.

Eu o procurei com as mãos e o puxei de uma vez só fazendo-o cair e me abraçar. Aquele calor, eu precisava daquilo tanto que agora acreditava que era necessário para que eu continuasse vivendo.

_Nick... sabe que vamos ter de fazer isso.. – Eric arriscou dizer.

_Não! Não! Não! – teimei como uma criança.

_Também não quero morrer, quero viver ao seu lado em qualquer lugar do mundo, mas que seja com você. Mas para isso temos de sair daqui e se for necessário que eu me transforme no sol, eu farei isso.

_Droga Eric pare de ser perfeito uma vez na vida! – disse batendo nele – Largue de ser bonzinho!

Apesar de tudo eu o escutei ri e isso me fez estremecer. Mesmo no escuro procurei os olhos dourados dele.

_Não posso te perder – falei em um fio de voz – Eu te amo, e amo com todas as minhas forças.

_Eu sei... – a voz dele ficou baixa e emocionada – Mas é o único jeito, faça-o. Prometo que ficaremos juntos, quando sairmos daqui. Temos de fazer isso.

_Se disser que não tem medo eu te bato até você começar a sentir – disse ainda zangada com a idéia.

_Nunca tive tanto medo na vida, não sei o que vai acontecer quando fizer isso comigo. Tenho medo da possibilidade de tudo acabar e eu não poder viver com você. Tenho medo que você se machuque e morra. Você também é a minha razão de estar vivo até agora Nick.

Engoli em seco e o abracei mais forte. Procurei os lábios dele, precisava sentir o calor do beijo. E dessa vez o beijo foi avassalador, desesperado e necessitado. Não sei quanto tempo ficamos ali, juntinhos um do outro nos entregando em um beijo. Mas quando acabou eu estava ofegante, com os lábios inchados e com lágrimas novamente nos olhos. Chorava porque havia tomado a decisão... Iríamos fazer aquilo.