Pela tarde acompanhei a construção do Chalé, já estava bem adiantado, os campistas estavam mesmo ajudando. Contei a Rosalyn, Tyler e Ryan o que aconteceu em Sessrumir e até que consegui me distrair bastante e ajudar na construção sem quebrar a minha unha. Isso era um fato importante, acredite.

_Onde está Annabeth? – reclamou um filho de Atena.

_Eu vi o Percy chamando ela – disse Ronald do chalé de Hefesto.

Não consegui evitar um sorriso contente e desejar mentalmente boa sorte para Percy e Annabeth. Eles eram feitos um para o outro, não importava quantas vezes discutissem, sempre voltariam um para o outro por simplesmente não conseguirem viver longe. Era assim que almas predestinadas são, como uma alma só.

_Olha eles lá – apontou Ronald.

No alto da colina eu vi Percy bem próximo de Annabeth, ela falava sem parar, ansiosa. Pelo visto ela tinha muito que falar... Mas então Percy tomou uma atitude que me surpreendeu e ainda mais a Annabeth quando ele a calou com um beijo. No inicio acho que era para ser um beijo simples, mas se tornou demorado e apaixonado. Sorri sentindo um pequeno sabor de vitória e desviei o olhar logo depois que Percy entregou a lilás para Annabeth e ela ficou encantada.

_Uma lilás? – Tyler comentou ao meu lado – Isso tem um dedo seu.

_Se não tivesse seria de estranhar não? Sendo filha de minha mãe – comentei rindo.

_Você quase disse quem era sua mãe – Ryan lembrou – Naquela briga com o Eric Donovan.

_Não era briga, ele que estava sendo idiota – me defendi prontamente.

_Sei... Você até que apreciou aquele abraço – Ryan provocou.

Por raiva eu peguei um balde com água e joguei encima de Ryan. Infelizmente acabou atingindo Roselyn e outro garoto. Foi então que a bagunça começou, Ryan para se vingar abaixou-se e pegou cimento fresco e correu em minha direção. Comecei a correr também até encontrar Ronald como obstáculo, por instinto eu me joguei para o lado e Ryan acabou acertando Ronald em cheio na cara.

Ronald tentou vingar-se, mas acertou areia encima de uma filha de Hécate que tentou lançar um feitiço e por ai foi. A pequena guerra começou e se espalhou. Por um dado momento eu podia jurar que muitos estavam apenas se divertindo. Porém esse tipo de brincadeira não era para mim e minha roupa limpa. Corri desviando e fugindo de coisas asquerosas até chegar ao lago. Encostei-me em uma enorme rocha para recobrar o fôlego.

_Ah droga, tem acho que tem terra até dentro do meu ouvido!

Surpresa ergui o olhar e vi Eric se aproximando. Ele estava ocupado demais passando a mão no cabelo castanho fazendo uma camada de poeira se erguer. Eric estava com a cabeça e ombros melados de terra e provavelmente veio até o lago se limpar e fugir da confusão. Ele não me avistou, foi direto para a margem, tirou a camisa e começou a se limpar jogando a água no cabelo.

Fiquei completamente sem reação. Primeiro porque eu não sabia o que dizer, segundo porque eu não iria conseguir falar, minha atenção estava completamente naquele peitoril definido e em como o sol refletia no corpo dele. Só percebi que meu coração estava disparado quando comecei a ofegar, pisquei o olho estranhando minha própria reação. Parecia até que eu nunca tinha visto um homem sem camisa antes!

_Ei ensolarado – chamei a atenção finalmente.

Eric tomou um susto com minha voz e acabou por cair completamente dentro do lago. Eu pensei em ir ajudar, eu realmente pensei nisso, mas entrei em uma crise de riso incontrolável. A cara que ele fez seria inesquecível.

_Não devia sair assustando assim! – ele reclamou enquanto saia do lago todo molhado – Argh a água estava gelada!

_O que não é necessariamente ruim.

Aproximei-me do lago, tirei as sandálias, sentei na margem e mergulhei meus pés na água. Suspirei em puro alivio. Como sentia saudades do friozinho delicioso que era minha casa.

_Desculpe, às vezes esqueço que você é nórdica – Eric disse sentando-se ao meu lado – E olha, desculpe por hoje mais cedo, eu só fiquei muito preocupado com você.

Dei de ombros para que não tivesse que falar, eu não sabia como minha voz iria soar e não quis me arriscar. Mas quando eu o olhei ele estava sorrindo da mesma forma que sorriu ao me “salvar”.

_Fico feliz que esteja bem – Eric disse.

_Você não devia ter feito aquilo – comentei, mas estava tranqüila e não brava – Eu poderia ter me cuidado.

_Desculpe, agi por impulso. Sou assim as vezes – Eric pediu – E agradeço pelo o que fez comigo, meus irmãos disseram que a coisa estava mesmo sinistra e que se não fosse você levaria bastante tempo para me curar.

Finalmente sorri e o encarei.

_Poderia me dar umas aulas extras de arco? Você até mesmo delirando disse que eu sou ruim.

_Não é verdade, você aprende muito bem... O que não quer dizer que ainda esteja boa.

_Então me ensine, certo?

_Certo.

Ele sorriu e eu desviei o olhar para a água. Via o meu reflexo nela, uma garota mais linda que o comum por ser filha de Freya, a deusa nórdica mais bela. Mas ao meu lado estava Eric, o garoto que parecia não se importar com minha beleza ou algo exterior, pois ele praticamente me ignorava, preferia ficar olhando o céu e as nuvens. Aquele garoto, querendo ou não, era diferente.