The Worst Date Ever escrita por Siaht


Capítulo 2
Aquele em que Lily Evans bebe um drink no Inferno


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!!! ;D
Tudo bem com vocês?
Bom, aqui está o segundo capítulo da fic e eu realmente espero que vocês gostem! ♥



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31 de outubro de 1982,

20h30min

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Aquele era definitivamente o lugar mais decadente e potencialmente nojento que Lily Evans já havia visto em sua vida. As janelas estavam cobertas de fuligem, as paredes desbotadas, algumas telhas faltavam no telhado e a placa de madeira lascada, na qual ainda era possível ler Inferno, parecia prestes a cair na cabeça da próxima pessoa que se atrevesse a passar pela porta. Ainda assim, mesmo do lado de fora era possível ouvir o som da música irritante e o ruído das conversar e perceber que o local estava lotado. A moça tentou, então, conter o comentário mordaz de censura. As pessoas estavam cada dia mais loucas, não havia outra explicação.

— Apreciando a fachada desse maravilhoso estabelecimento, Evans? — James questionou, quase saltando de empolgação ao seu lado. Até o fim da noite, Lily iria mata-lo. Lenta e dolorosamente. Tudo o que precisava era pensar na melhor forma de ocultar o cadáver...

— Inferno. É claro que esse é o tipo de ambiente no qual você passa seu tempo livre. Nada poderia ser mais adequado.

O Potter deu de ombros.

— A bebida é barata, você sempre conhece pessoas peculiares e eles sempre deixam a banda do Sirius tocar aqui.

— O Sirius tem uma banda?

O rapaz a olhou como se ela o estivesse estapeado.

— Claro que tem, Os Prisioneiros de Azkaban! Eu sempre convido todo mundo no Quartel para os shows... — disse, parecendo genuinamente ofendido. Se era por ela nem se dar ao trabalho de prestar atenção aos convites dele, ou por estar ignorando a banda do melhor amigo, a garota não saberia dizer.

— Os Prisioneiros de Azkaban? Isso é sério?

— Um nome genial, não é mesmo? É em homenagem a família do Sirius e ao fato da maior parte dela estar – você sabe – em Azkaban...

A ruiva o encarou perplexa.

— Isso é errado de tantas formas diferentes.

— Por favor, Evans! Onde está seu senso de humor? Ah, claro morreu quando você ainda era um bebê. Que descanse sem paz!

A mulher se limitou a revirar os olhos. Vendo que não haveria qualquer outro tipo de interação, James voltou a se pronunciar.

— Ok, vamos entrar. Está na hora da diversão!

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Sem causar qualquer tipo de surpresa, o interior do bar era ainda pior do que a sua fachada. Quem quer que tivesse escolhido nomear aquela espelunca de Inferno não poderia estar mais correto. De qualquer forma, a imundice, a mobília quebrada e a nuvem de fumaça, causada pela quantidade de cigarros acessos ali dentro, não parecia suficiente para afastar o público. Muito pelo contrário. Aquele antro asqueroso estava completamente cheio de pessoas em fantasias ridículas. Para Lily fora como adentrar literalmente em sua visão particular do inferno.

— Eu odeio você! — a auror afirmou, enquanto ela e James tentavam se desvincular da multidão e chegar até o balcão onde os pedidos estavam sendo atendidos.

— Eu sabia que você ia amar. — o Potter respondeu com o sorriso torto brincando em seus lábios.

“Filho da puta desgraçado!” A ruiva pensou, mas se limitou a tentar se equilibrar naqueles saltos demoníacos e não trombar em ninguém. Quando chegaram até a outra extremidade do bar, entretanto, a garota se sentiu absurdamente aliviada por ver Remus Lupin, em uma fantasia de Luke Skywalker, sentado ali e parecendo levemente desconfortável.

— Ei, Moony! — James se aproximou, saudando o amigo com um abraço — Star Wars, hein? Super legal!

— Ei, Prongs! Lily! — cumprimentou a garota com um aceno de cabeça — Bom, Sirius queria ser o Han Solo e exigiu que nós usássemos uma fantasia de casal, já que aparentemente essa é “a coisa mais divertida sobre estar em uma relação monogâmica em pleno Halloween”. — comentou dando de ombros, mas havia um sorriso doce em seus lábios.

Lily ainda não havia se acostumado com o conceito de Remus Lupin e Sirius Black em uma relação monogâmica. Bom, ela provavelmente nunca se acostumaria com a ideia de Sirius Black – Sirius “Peguei Hogwarts Inteira” Black! – em um relacionamento monogâmico, mas o fato dele estar namorando justamente com Remus era ainda mais bizarro.

Bom, é verdade que eles eram amigos desde os onze anos de idade, mas os dois eram tão diferentes! E, entretanto, a ruiva não se lembrava de já ter visto o Lupin mais feliz. Quer dizer, ele estava em um bar nojento e decadente, vestindo uma fantasia estúpida (que só ficava mais estúpida por ser uma fantasia de casal. Pelo amor de Merlin, quem fazia aquilo?) e nem parecia se importar, na verdade, parecia estar genuinamente gostando de tudo aquilo. A Evans não conseguia entender, mas não pode deixar de se sentir feliz por ele. Apesar do péssimo gosto para amigos, Remus era uma boa pessoa e se alguém merecia algum nível de felicidade era ele.

— Então, Grease? — o rapaz perguntou, analisando as fantasias dos recém-chegados.

— Isso é coisa do Potter. — Lily disse, cruzando os braços sobre o peito. Adoraria esquecer que estava usando aqueles trajes estúpidos.

— Ah, eu sei. Na verdade, sei tudo sobre essa aposta que vocês fizeram. Além disso, Prongs ama Grease, já deve ter assistido umas 10 vezes.

— Provavelmente mais de 15, mas não quero me gabar.

 — Claro, porque isso é realmente algo para se ter orgulho... — Lily disse sarcástica.

— Evans, qual é o seu problema com Grease? — James exigiu saber.

— Mais fácil perguntar qual não é o meu problema com Grease. — ela respondeu ácida – Pra começar é um musical. Sério, quem gosta de musicais?

— Ah! Como se atreve! — o Potter soou realmente ofendido.

— Oh-oh, você não devia ter dito isso... — Remus comentou divertido.

— Eu sabia que a sua alma estava morta, Evans, mas eu realmente não podia imaginar que ela já havia atingido um estado tão avançado de decomposição. — James disse com pura censura.

Antes que a moça pudesse dizer alguma coisa – e ela realmente não imaginava o que poderia ser dito além de James Potter é a pessoa mais patética que eu já conheci, o que é muito quando se é cunhada de Vernon Dursley –, Peter Pettigrew, apareceu se desvencilhando da multidão em um traje de Indiana Jones. Sério, qual era o problema daqueles garotos com filmes trouxas?

 — Wormtail! — James saudou feliz — Grande noite hoje, hein!

— Oi, gente! — o rapaz disse, parecendo nervoso, enquanto batia os dedos das mãos nas pernas repetidamente.

— Cara, você está pálido como um fantasma. Está tudo bem? É sobre essa noite ou aconteceu alguma coisa? — Remus perguntou, soando preocupado.

— Não está nada bem, eu deveria desistir. Ainda dá tempo de desmarcar, certo? Isso foi um erro tão grande... — Peter começou e Lily percebeu que não dispunha de informações suficientes para entender o que estava acontecendo. Estava presenciando uma conversa interna dos Marotos (e ela realmente esperava que eles houvessem deixado de se intitular daquela maneira no instante em que deixaram Hogwarts).

— Você não vai desistir de nada, Wormtail! — James disse, passando um braço ao redor dos ombros do amigo e o trazendo para mais perto — Essa é a nossa noite, meu caro Indiana Jones, nós dois esperamos muito por isso e trabalhamos muito por isso. Eu pela chance de humilhar a Evans por várias horas seguidas, e você por um encontro com a Jones. Hoje nós vamos colher os louros da nossa vitória. Tudo o que você precisa é de um pouco de coragem líquida e, por sorte, nós estamos em um bar.

— Ok, você está certo, Prongs! — o rapaz concordou, respirando fundo.

— Eu sempre estou certo, Wormtail, você já devia ter aprendido isso. De qualquer forma, falando em bebidas, eu tenho algo aqui que você vai amar, Evans. Anda, chegue mais perto, ruiva. — acrescentou com um sorriso maléfico.

Lily suspirou  frustrada, mas chegou mais perto do balcão, evitando encostar na superfície de madeira grudenta. Por que o Potter não podia apenas concentrar-se em seus amigos e esquecê-la pelo resto da noite?

— Georgina, minha querida, você está deslumbrante hoje. —  James cumprimentou a barista com seu maior sorriso sedutor, praticamente se deitando sobre o balcão.

— Fala logo o que você quer, Potter, porque isso aqui está um inferno e eu estou ocupada demais pra seu charme barato. Merlin, eu odeio o Halloween! — a moça de cabelos verdes e várias tatuagens pelo braço, respondeu mal-humorada, enquanto pegava algumas garrafas. Lily poderia se casar com ela naquele instante.

— Ok! — ele disse, levantando as mãos em sinal de rendição — Para o meu amigo aqui, um Coice de Centauro. – falou, pontando para Peter. — Para minha adorável acompanhante, um Sexo com Vampiros e para mim um Cuspe do Capeta.

A auror ergueu uma sobrancelha ao ouvir o nome dos pedidos. Que espécie de lugar era aquele?

— Ah, o que você estava bebendo, Moony? — o Potter questionou educado.

Remus abriu um sorriso debochado que a Evans nunca havia visto em seus lábios.

— Uma Mordida de Lobisomem. — comentou, mostrando o copo vazio.

James e Peter gargalharam alto. Lily tentou não parecer desconfortável. Ela sabia que o Lupin era um licantrope, mas não achava que os dois eram íntimos o suficiente para que pudesse dar risada daquele tipo de piada.

— E mais uma Mordida de Lobisomem para o meu amigo, por favor. — o Potter acrescentou entre gargalhadas – Cara, eu amo esse lugar!

— Sem dúvida um dos maiores achados do Padfoot. — Peter concordou, se apoiando preguiçosamente no balcão. Aqueles garotos realmente não tinham medo das doenças as quais estavam se expondo, tocando aquela superfície cheia de lixo e germes de forma tão despreocupada.

Não demorou muito para as bebidas ficarem prontas e a ruiva receber um copo cheio de um líquido extremamente vermelho. Uma parte dela se questionava se aquele copo havia sido lavado corretamente, a outra sabia que apenas álcool a faria conseguir passar por aquela noite. Um tanto receosa sobre a escolha do Potter, ela tinha convicção de que ele não escolheria um drink que a agradasse, a ruiva levou a bebida aos lábios. Por Merlin, que droga era aquela? Não era algo tão forte ou nojento como esperava, mas era doce – doce o suficiente para causar diabetes em um único gole – e tinha gosto de cerejas. Cerejas!

— Argh, eu odeio cereja! — exclamou irritada, colocando o copo sobre o balcão.

— Eu sei! — James riu e a moça sentiu vontade de contratar uma gangue de gigantes para espancarem o rapaz até a morte. Quanto tempo em Azkaban ela pegaria por aquele pequeno delito?

Lily ainda divagava sobre homicídios, quando uma garota loura – com uma fantasia cheia de penas – se aproximou, tropeçando em direção a eles.

— Santa Ravenclaw, isso aqui ‘tá uma loucura hoje! — enquanto a moça, ainda ofegante, tentava se ajeitar, Lily percebeu que a figura lhe era familiar — O show ainda não começou, né? Graças a Morgana! Eu fiquei presa no St. Mungus e achei que ia perder. Já era para ter começado, certo?

Enquanto a loira tagarelava, a Evans se deu conta de que se tratava de Dorcas Meadowes – em uma bizarra fantasia e anjo, com muita maquiagem cintilante e assas gigantescas! –, uma antiga colega dos tempos de Hogwarts. 

— Você conhece o Sirius, Dorcs, ele é a própria Wendelin: a Esquisita e adora um efeito dramático. Tenho certeza que esse atraso é totalmente proposital. — James disse com um sorriso orgulhoso.

— Só tenho pena do Moony, no dia que esses dois casarem ele certamente vai ficar umas cinco horas esperando o ilustríssimo Sirius Black dar o ar de sua graça. — Peter comentou divertido, fazendo as bochechas de Remus se tornarem escarlate, enquanto o Potter gargalhava alto.

— Bom, no meu mundo, atrasos são uma forma bem grosseira de desrespeito. — Lily comentou, cruzando os braços sobre os peitos, mais para tirar as atenções do Lupin do que para qualquer coisa. O atraso da porcaria da banda do Black certamente era um favor aos seus tímpanos.

—  Lily! — Dorcas exclamou empolgada, finalmente percebendo a antiga colega de turma — Uau, você está tão linda! — disse enquanto abraçava a ruiva.

— Obrigada, Dorcas! — agradeceu sem jeito — Você também está incrível. — era verdade, com os cabelos loiros caindo em cachos e os grandes olhos azuis brilhando, Dorcas realmente parecia um anjo.

— Veio para o show? — questionou animada.

Antes que a Evans pudesse responder, James apareceu passando um braço pelo ombro da colega de trabalho e a puxando para um abraço de lado.

— Na verdade, Dorcs, nós estamos em um encontro.

Os olhos da Meadowes passaram do rapaz para a moça confusos e, então, se iluminaram, enquanto um sorriso se abria em seus lábios.

— Minha Morgana que reina incompreendida em Avalon! Eu sabia que vocês dois eventualmente iriam se acertar. Na verdade, sempre torci para isso! — Dorcas parecia exultante, James sorriu divertido e Lily desejou abrir um buraco naquele piso de madeira asqueroso e desaparecer. — Vocês ficam tão bem juntos!

— Nós não estamos juntos! — a ruiva afirmou categoricamente, enquanto se desvencilhava do rapaz.

— É, você sabe, Dorcs, é nosso primeiro encontro. Muito cedo para colocar rótulos na nossa relação... — James comentou fingindo despreocupação, enquanto sorria maliciosamente para Lily que não pode deixar de revirar os olhos.

— Ah, claro! Não se apressem, eu e a Emmeline demoramos meses para definir nosso relacionamento. Faz parte.

— Espera! Você e a Emmeline estão namorando? — Lily perguntou incapaz de esconder o choque — Emmeline Vance?

— Sim. — Dorcas respondeu enrolando uma mecha dos cabelos nos dedos e parecendo constrangida — Pensei que você soubesse, afinal vocês trabalham juntas e, bom, nós estamos todos esperando o show dos Prisioneiros de Azkaban...

— O que esse show tem a ver com a Emmeline? — a Evans estava realmente confusa agora.

— Emmeline é a baterista da banda, Lily. — Remus interviu em auxílio da garota.

— Oh! — a ruiva sentiu o rosto atingir a coloração de seus cabelos.

James nem se deu ao trabalho de tentar conter a risada.

— Por Merlin! Você é péssima, Evans! Dorcas e Emmeline estão juntas há dois anos. Dois anos! Como você não sabia que uma das suas parceiras mais frequentes de trabalho está namorando e tocando regularmente em uma banda?

A garota ficou ainda mais vermelha.

— Nós não falamos muito sobre nossas vidas pessoais... — tentou se justificar.

— O que é completamente normal. Nem todo mundo tem sua necessidade patológica de nunca calar a boca, Prongs. — Remus mais uma vez saiu em defesa da moça. Merlin, Lily amava tanto aquele garoto!

Antes que James pudesse retrucar, um homenzinho atarracado, usando uma fantasia de sereia – o que era provavelmente uma das coisas mais ridículas que Lily já havia visto – subiu no pequeno palco, que ficava na extremidade oposto do bar, para anunciar “Os Prisioneiros de Azkaban”. E ali estavam Sirus Black, vestido com Han Solo, nos vocais e guitarra; Emmeline Vance, vestida de demônio, na bateria; Edgar Bones, vestido de vampiro, nos teclados e uma garota negra de cabelos cor de rosa, que a Evans não conhecia, vestida de Ripley, tocando baixo.

Assim que a banda começou a tocar, o local se encheu de aplausos e gritos empolgados. A ruiva adoraria entender o motivo. Os Prisioneiros de Azkaban deveriam estar em Azkaban pelo crime que cometiam contra música. Eles eram péssimos. Pior do que isso. No entanto, ninguém parecia realmente se importar. Pelo contrário, todos pareciam estar se divertindo bastante.

— Aproveitando o show, Evans? — James se aproximou com seu estúpido sorriso pretensioso.

— A banda do seu amigo é uma droga. — a garota disse baixo, para que Remus e Dorcas não ouvissem.

— Nah, eles são ótimos. Talvez apenas não seja o seu estilo.

— Eu duvido que seja o estilo de qualquer pessoa nesse planeta.

James riu.

— Você precisa relaxar e aproveitar o momento, Evans.

— Vá para o inferno, Potter!

— Nós meio que já estamos nele, Evans. — o rapaz disse debochado. De certa forma, não podia estar mais correto.

.

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31 de outubro de 1982

21 horas

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Enquanto Os Prisioneiros de Azkaban tocavam os acordes finais de sua última música, Peter Pettigrew endireitou seu corpo, desencostando-se do balcão nojento, enquanto parecia extremamente ansioso.

— Acho que agora eu tenho que ir. — disse, torcendo uma mão na outra — Ou talvez devesse desmarcar de uma vez...

James suspirou impaciente.

— Pela milésima vez, Wormtai, você não vai desmarcar nada! Você vai buscar a Hestia em casa, vocês vão jantar em um lugar legal e você vai encantá-la com seu charme e personalidade.

Peter olhou para o piso de madeira velha, parecendo incerto.

— Não sei se isso vai funcionar muito bem, Prongs... — falou, passando as mãos nervosamente pelo pescoço.

O Potter se limitou a balançar a cabeça, enquanto sorria maroto e passava os braços pelos ombros do amigo, o puxando para longe e lhe dizendo coisas que ninguém mais poderia ouvir. Lily achou a cena um tanto intrigante, mas se forçou a desviar os olhos. Dorcas já havia saído de onde estava e corrido até o palco, onde prendia Emmeline em um abraço de urso. Aquele frame era estranho em todos os sentidos. Um anjo abraçando um demônio. Emmeline permitindo que alguém a tocasse. Emmeline Vance e Dorcas Meadowes namorando. Era um conceito que a Evans ainda precisava digerir, porque Emmeline era a pessoa um tanto assustadora, que prendia bruxos das trevas como profissão e quebrava narizes sem hesitar. E Dorcas era uma hippie pacifista que escolheu dedicar sua vida a curar pessoas.  Era estranho e irônico, mas, de certa forma, parecia realmente funcionar. Suspirou, se lembrando de aquilo não era da sua conta.

— Então, o que está rolando com o Peter? — a ruiva questionou, se voltando para o Lupin, sentado ao seu lado. Sabia que aquilo também não era da sua conta, mas precisava focar sua atenção em alguma coisa.

— Ele tem um encontro hoje. — Remus contou, tomando um gole de sua bebida.

— Oh, isso é ótimo! Bom, pelo menos quando você não é forçada a ir a um encontro após perder alguma aposta idiota...

O rapaz riu, enquanto colocava o copo de volta na bancada do bar.

— Sim, é uma coisa boa, mas Peter sempre foi inseguro e eu acho que ele realmente gosta da Hestia. Então, está com medo de estragar tudo. — falou parecendo cheio de compaixão.

— Espera! Hestia tipo Hestia Jones do Departamento de Regulamentação das Leis da Magia? — Lily questionou surpresa.

— A própria.

— Uau, como isso aconteceu? — a moça não conseguiu se conter. Peter e Hestia eram uma combinação estranha. Assim como todos os casais com os quais havia se deparado naquela noite. O que estava acontecendo? Aparentemente algum cupido cego andava distribuindo flechas por aí e fazendo as pessoas mais improváveis se apaixonarem...

— James pode ter dado uma ajudinha. — Remus deu de ombros.

— Então quer dizer que o Potter é casamenteiro nas horas vagas? — a ruiva comentou sarcástica.

O rapaz ao seu lado riu.

— Talvez pareça surpreendente para você, Lily, mas o James é realmente muito bom em bancar o cupido para os amigos. Foi ele que juntou Emmeline e Dorcas, por exemplo. Foi ele também que me fez deixar de ser um idiota e parar de fugir do que eu sentia pelo Sirius.

— Ok, então quer dizer que o Potter é realmente um casamenteiro?

— Ele é ótimo em lidar com a vida amorosa dos outros. Pena que péssimo quando se trata da própria vida amorosa...

— O que você quer dizer com isso? — a garota perguntou confusa.

Remus balançou a cabeça em negação, como se soubesse algo que a mulher ao seu lado não sabia.

— Nada. Não é esse o ponto de qualquer forma.

— E qual é o ponto? — a ruiva não estava entendendo mais nada.

— O ponto é que você acha que conhece o James. Você se lembra do adolescente idiota que ele era em Hogwarts e acha que ele ainda é aquela pessoa, mas não é. Mesmo nos seus momentos mais imbecis, ele não era só isso. Eu sei que o James pode ser uma grande babaca quando quer – e como pode –, mas ele também tem muitas qualidades.

Lily desviou os olhos, encarando os próprios pés.

— Se você diz...

— Eu estou falando sério, Lily. James é corajoso, inteligente e extremamente leal. Ele morreria pelas pessoas que ama, eu sei que sim. Ele me ajudou de formas que você nem imaginaria, desde que éramos apenas garotos em Hogwarts, e nunca me pediu nada em retorno. Por Merlin, se hoje eu tenho um trabalho é graças a ele! Quando eu não conseguia parar em um maldito emprego, você sabe porque, ele me conseguiu uma posição na empresa do pai dele. E quando senhor Potter morreu, James me deixou no comando. Você tem noção de como isso é insano? Ele confiou a mim algo que ninguém confiaria e eu não posso nem começar a te explicar como sou grato. E essa é apenas a minha história. Sirius e Peter têm milhões delas também.

— O que você quer com tudo isso, Remus?

— Te dizer que o James não é mais aquele garoto idiota, mimado e irresponsável. Ele é um homem bom. E eu realmente acho que vocês dois poderiam ser incríveis juntos. — observando a expressão no rosto da moça, o Lupin acrescentou. — Não estou dizendo necessariamente de forma romântica. Mas vocês seriam uma dupla incrível, se deixassem as desavenças de lado e parassem de usar a energia que poderia ser utilizada para construir algo bom, brigando como duas crianças. Se tentassem, vocês poderiam ser invencíveis, eu sei que sim.

Lily Evans sempre fora boa com as palavras, mas naquele momento não havia uma única frase que se julgasse capaz de proferir. Após tudo o que ouvira, entretanto, não acreditava que um dia conseguiria voltar a enxergar James Potter da mesma forma.


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Notas finais do capítulo

Remus Lupin shipando muito Jily, sim!
Espero que vocês tenham gostado! ♥
Beijinhos...
Thaís