Eu, Lucy, Max e seu grupo ocupavamos toda uma extensão de mesas, algumas das líderes de torcida nojentas paparicavam os meninos, entre eles Filipe, provocando assim reações não muito boas em Lucy.
Valéria, uma das cretinas, vem até mim e se senta ao meu lado, com um sorriso tosco na boca.
— Aly, querida, porque não sentou com a gente na sala? - ela então se vira para Lu - Você também fofa.
Lucy se vira para mim e imita o jeito de Valéria, revirando os olhos.
— Eu não estava me sentindo bem - ela então ergue as sombrancelhas - só isso - afirmo.
— Bom - ela começa - é que eu e as meninas estávamos comentando que agora você é uma de nós - Valéria chama as amigas e todas então me cercam - você e Max são um casal, os futuros rei e rainha do baile - ela então abaixa o tom da voz e se aproxima mais ainda de mim - você não iria gostar se alguém o roubasse de você, ou gostaria?
Seus olhos brilham ao soltar a última frase, é claro que ela tinha interesse nele, agora vir até aqui e falar isso na minha cara, só pode ser brincadeira.
Então eu decido imita-la, me aproximo juntando nossos quadris no banco, passo levemente a mão por seus cabelos, jogando-os para trás do ombro, e digo:
— Qualquer vadia pode tentar Val - sorriso e a encaro nos olhos - mas no final vamos ser eu e ele, sabe por quê? - ela fecha a cara e recua - porquê ele já se divertiu bastante catando as plebeias - me afasto e fito as garotas ao redor - agora só o que ele quer é a rainha.
Lucy ri histericamente ao meu lado e instantaneamente Valéria e as meninas vão embora, sei que Max não me trairia e sinceramente não sinto nem um pouquinho de ciúmes dele, mas se tem uma coisa que eu odeio é ser desafiada.
Bebo do meu suco e levo um susto quando Lu agarra meu braço, ela faz sinal para frente e vejo Filipe se aproximar, Max está atrás dele e me olha vitorioso, sorrio e saio dali, vou deixar os pombinhos às sós, passo por Max e ele me pega no colo, me girando no ar, olho de relance para uma das mesas no canto da parede e vejo Ned me encarando, dou um rápido beijo em Max e lhe prometo uma surpresa mais tarde, ele se afasta de mim saltitante.
Além de Ned na mesa também está sua irmã Michelle e claro, Peter, quando me aproximo Michelle ri surpresa e me cumprimenta.
— Se não é a minha bêbada favorita - ela meio que grita e Ned a olha cansado - o que foi irmãozinho?Tem vergonha de mim?
Eu rio e sento ao seu lado, ficando exatamente de frente a Peter, que por sua vez não me lançou um olhar sequer.
— Eu te mandei mensagem anteontem e vc ainda não me respondeu Mi - digo pegando uma das uvas que ela comia.
— Quebrei meu celular - ela diz encarando Peter - de novo - ela suspira e se volta para mim animadamente - mas e aí? Quer sair qualquer dia?
Michelle era engraçada e eu amava ficar com ela, mas isso significava ficar com Ned que também significava ficar com Peter, coisa que estava fora de questão. Mas quer saber? Que se dane.
— Claro - digo e aponto Peter com a cabeça para ela, que entende a deixa e fala.
— Eai cabeção - ele continua encarando o nada e então ela o emburra - eu tô falando com você estranho.
Peter então me encara rapidamente e se volta para ela.
— Dessa vez eu passo.
É isso, direto e reto. Mas beleza, não acabou ainda.
— Ai gente vocês sabiam que agora eu faço parte do clube de soletração? - digo para os irmãos e Peter levanta a cabeça instantaneamente, descrente. Ele também fazia parte do clube e teria que me aguentar de todo jeito.
— Finalmente Aly - comemora Ned que recebe um olhar de desaprovação de Peter.
O sinal toca e eu e Michelle continuamos conversando até a sala, eu estava morrendo de vontade de perguntar tudo sobre o Peter a ela, mas sabia que não tinha o direito, foi quando Lucy passa por mim e me pega pelo braço, indo até a última carteira da sala.
Nos sentamos e eu a olho, confusa.
— Adivinha quem vai no baile com o Filipinho? - ela da gritinhos de felicidade e eu a abraço, amava ver ela assim.
Ela passa o resto do dia me contando como foi que ele pediu e quando o sinal toca eu me apresso em guardar meu material, tenho um plano.
— Lu, eu vou conversar com o Peter - digo e ela bufa nervosa.
— Sei não amiga - ela diz dividida - tem certeza que é melhor assim? Você só vai criar mais problema para sua cabeça.
Ela tinha razão, mas eu já estava cansada do jeito frio dele, e eu tinha que admitir, Parker fazia uma falta gigantesca.
— Eu preciso tentar.
Saio correndo pelos corredores, quando mais uma vez dou de cara com Ned, ele me olha e suspira.
— Ele acabou de sair - diz com um sorriso torto - se eu fosse você correria.
Dou um beijo em seu rosto e ele cora, então corro, e quando vejo estou na mesma rua que ele, paro um pouco e respiro, me acalmo, e indiferentemente chamo por ele.

POV Peter

Saio o mais rápido que posso da escola, não aguentava mais, só o que eu queria era chegar em casa e tentar esquecer Alyssa, mas assim que escuto a voz dela sei que querer isso é impossível.
Me viro e lá está ela, assim que ela chega até mim ainda ofegante eu suspiro, estava realmente cansado disso.
— Alyssa, eu..
Ela levanta uma mão e pede silêncio.
— Não fala nada - ela diz olhando no fundo dos meus olhos, de uma maneira que só ela fazia - eu preciso falar e preciso que você me escute - eu a olho, meu coração acelera - só isso - ela sussurra e eu lhe dou um fraco sorriso.
Alyssa e eu caminhamos em silêncio até o final da rua, estavamos chegando até minha casa quando me canso do joguinho dela.
— A menos que eu esteja surdo tenho quase certeza que você não me falou nada ainda Alyssa - digo e ela me olha frustada.
— Só estou pensando em como começar a dizer o que tenho para dizer - isso me intriga, o que ela quer falar afinal?
Quando chegamos na porta de onde eu morava eu a olho, e ela olhava para o chão. Num súbito momento de coragem pego na mão dela, fazendo com que ela me olhe surpresa, só havia um lugar onde ela poderia me falar o que queria.
— Quer ir no terraço?