Babooshka escrita por Jibrille_chan
Notas iniciais do capítulo
Gente, desculpa mesmo a minha demora ._. Mas é que eu entrei em período de provas, e agora fica mais complicado... ;_; Desculpem. Mesmo.
Reita\'s P.O.V.
Já devia ser umas três da manhã, e eu ainda não havia conseguido dormir. Acho que de tanto reler aquela carta, tinha quase decorado. Fiquei lendo e relendo pra ver se eu descobria alguma coisa que entregasse quem era o autor. Porque depois da perspectiva de "fã deturpada", me veio a perspectiva de "amigo sacana". Porque sempre ia ter um filho da puta meu amigo pra me sacanear.
Suspirei, cansado, olhando pras costas nuas de Ruki. Tão desejável... Às vezes eu gastava aquelas horas de insônia apenas tentando pensar em como havíamos caído numa rotina tão monótona quanto a que tínhamos. E eu nunca chegava a uma conclusão. Ruki se virou no seu sono, e eu me aproveitei, puxando-o pra mim. Ele pareceu estranhar, mas depois relaxou, continuando a dormir.
- Reita, ta tudo bem?
Olhei para Uruha, a preocupação mais do que visível nos olhos.
- Ta sim, Uru. É que eu não dormi muito bem. Crise de insônia.
Ele assentiu, se afastando depois. Tínhamos dado uma pausa no ensaio, cansados, e eu com olheiras simplesmente medonhas. Joguei-me no sofá, fechando os olhos. Só agora o sono maldito tinha resolvido aparecer. Senti dedos leves nos meus cabelos e abri os olhos, curioso.
- Não dormiu, ne?
Sorri pra Ruki, vendo-o erguer a minha cabeça e sentar no sofá, fazendo as vezes de meu travesseiro.
- Não muito. Mas se você continuar mexendo no meu cabelo, logo eu durmo.
Ele riu, continuando o carinho pequeno. E eu percebi que era daquele tipo de coisa que eu estava sentindo falta. Pequenas demonstrações de carinho. Não que eu fosse do tipo que fizesse isso, mas... De alguma forma, fazia falta. Puxei a outra mão dele, entrelaçando os dedos e começando a dormir.
- Hey, dorminhoco!
Abri os olhos, a cabeça girando um pouco pelo sono interrompido. Olhei pra Ruki, intrigado.
- Vamos?
- Ah, ta. Ensaiar.
- Não, Rei... pra casa. Eu não deixei os outros te acordar. Aoi bem que tentou, ele queria...
Mas o que Aoi queria fazer, eu não soube, e nem queria saber. Sentei no sofá, abraçando-o e colando nossos lábios. Ele pareceu surpreso no começo, mas depois correspondeu.
- Obrigado, Ruki.
Ele riu, me apertando nos braços. Depois se esticou, pegando algo na mesinha de centro. E quando eu vi aquele envelope vermelho, até estremeci. Mais cartas pornográficas era tudo o que eu não queria.
- Chegou outra. Pelo visto é alguém determinado.
Sorri, pegando a carta, mas não a abrindo. Ruki não fez perguntas, respeitando minha ação. Ele me arrastou até o carro e eu cochilei mais um pouco enquanto ele dirigia. Enquanto Ruki foi para o banho, eu fiquei na sala, e aproveitei para abrir a segunda carta.
"Deixe-me tocar sua pele
Deixe-me ver os seus olhos
E no meu mundo de tentação
Eu esperarei por você
Eu te mostrarei todos os prazeres
Há tanto que podemos fazer
Não tenha medo, meu querido
Me deixe ser a luz que te guia
Não tenha medo, meu querido
Não há motivo para você se esconder
Eu te beijo dos seus pés
Até a sua boca aberta
Eu posso ver seus olhos de cobiça
Você gosta de me beijar¹
Te ofereço a chance de algo novo..."
É realmente incrível como uma pessoa pode passar tanta perversão com palavras. E aquela maldita caligrafia que eu não conseguia reconhecer. Me era um pouco familiar, mas... se fosse de alguém conhecido, eu saberia. E o que mais intrigava era a última frase.
"Te ofereço a chance de algo novo". Se o ser maldito estava dando uma indireta para deixar Ruki, precisaria nascer de novo, e como o Ruki. Fechei a carta, suspirando irritado. Levantei-me, ouvindo o barulho do chuveiro sendo desligado. Joguei-me na cama, exausto. Teria que descobrir quem diabos estava me mandando aquelas... cartas.
- Ah, mas tem certeza de que dá certo?
Estávamos os cinco em torno de uma mesa, discutindo uma música nova. Toda vez era a mesma coisa. E o problema sempre em pauta era a letra ilegível de Ruki. Ah, nem era tão ilegível assim. Bem, eu conseguia entender. Já os outros três...
- Tenho sim, Uruha. Eu repassei essa letra mil vezes...
- Isso eu percebi pelas rasuras, Ruki...
- Ah, então reescreve você.
- Desculpa, Ruki, eu não quis ofender. Mas você podia ter caprichado um pouquinho mais, ne?
- Ta bom. Mas passa a limpo, sua letra é mais redonda.
Ergui o rosto, curioso. Bem, a letra das cartas era redonda também. Mas era cheia demais de floreios pra ser a letra de Uruha... e seria estranho se fosse ele o remetente das malditas cartas, já que havia Aoi... Sacudi a cabeça, tirando aquele pensamento dali.
Discutimos mais algumas horas sobre acordes, melodias e letras, quando fomos interrompidos por batidas na porta. Kai foi atender, trocando breves palavras com o carteiro. Depois voltou, com um bolo de envelopes nas mãos, e eu de longe já avistei a ponta de um envelope vermelho.
Kai distribuiu, e eu já sabia o que viria. Pelo menos tinha uma vaga noção. Peguei o envelope vermelho, meus olhos correndo por aquela caligrafia. Franzi o cenho. Olhei por cima da carta, encarando a letra da nova música, que fora reescrita por Uruha. O mesmo jeito de fazer o "g", o "b"... Mas... Não era possível. Era?
"Eu cheiro a sua carne
Eu provo a sua carne
Eu toco a sua pele
Sua pele de seda
Venha a mim
Você é o meu desejo
Você faz todos os meus sonhos realidade
Venha a mim
Seu fogo queimante
Tudo o que eu realmente quero é você
Eu beijo seus lábios
Eu bebo o seu suor
Você é o pecado envenenado
Você é o demônio da tentação
Venha a mim
Você é o meu desejo
Você faz todos os meus sonhos realidade
Venha a mim
Seu fogo queimante
Tudo o que eu realmente quero é você
Você é o demônio da tentação²
E eu serei pra sempre teu..."
Continua...
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¹ Tradução da música "Bloody Pleasures", do BlutEngel.
² Tradução da música "Demon of Temptaion", do BlutEngel
Juro que eu só percebi depois que eu li essas traduções do que diabos essas músicas falavam O_O'