In a Crown escrita por Nipuni


Capítulo 1
I Know What Boys Want


Notas iniciais do capítulo

Faz tempo que não escrevo nada e aí venho com essa xD ainda assim, foi de coração, e fiquei muito feliz em escrever de novo. Espero que gostem!



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Ele era muito diferente da foto que me deram. Não em aparência, seu rosto era o mesmo e não foi difícil encontrá-lo no restaurante que tinha marcado de me encontrar – sua postura, sua roupa, sua expressão eram idênticas ao que eu recebi, mas o ar a sua volta não era o que eu imaginava. Francamente, não era o que eu imaginaria de ninguém.

Sasuke era muito novo e não parecia ser experiente no que fazia. Era um clássico “herdei um império de dinheiro e não sei o que fazer primeiro” clichê, ou pelo menos, era o que estava escrito em sua ficha. Mas ao vê-lo pessoalmente, sentado sozinho numa mesa encostada no canto, tudo nele parecia ser superior ao que estava ao seu redor. Ele não pertencia ao ambiente, e foi difícil imaginá-lo em algum lugar que fosse digno de sua postura enquanto eu caminhava em sua direção. Claro, essa foi só minha primeira impressão.

— Você deve ser a srta. Haruno. – ele se levantou ao me perceber, o queixo elevado e rosto impassível. – É um prazer conhecê-la.

Não foi a primeira vez que ouvi aquela exata mesma frase. Já fui casada quatro vezes, de acordo com os ossos do ofício, e todos se apresentavam do mesmo jeito. Esperava que a quinta vez fosse especial, mas claramente todos pareciam seguir o mesmo livro de ética.

Sorri e apertei sua mão estendida. Esperaria um pouco mais antes de respondê-lo.

— Por favor, sente. – ele puxou a cadeira para mim, ainda sem muita expressão no rosto. Normalmente eles sorriem para quebrar o gelo, mas Sasuke, pelo menos, fez isso diferente. – Acho que não preciso dizer que não estou acostumado com esse tipo de situação.

Era engraçado como eu me sentia uma prostituta quando eles diziam isso.

— Eu vou te instruir no que for necessário, de acordo com o seu contrato. – foi a primeira coisa que disse a ele. Sasuke se acertou no acento, distante, e dei o meu melhor para não parecer curiosa. Quer dizer, pelo menos muito curiosa. – Mas devo dizer que foi uma surpresa ver o seu nome na minha mesa. Normalmente os homens que procuram esposas para aluguel são muito mais...

— Suspeitos?

— Velhos. – corrigi. – Acho que “suspeitos” é uma boa definição, no entanto.

Você é suspeito, Sasuke? Por que todos os jornais no Japão parecem ter alguma coisa contra você. Mas é claro, não te perguntaria isso.

Ainda.

— Imagino que tenha lido o contrato que meu advogado enviou. – ele puxou o copo de água para si, mas não bebeu.

— Sim, eu li. Bem padrão. – assisti seus olhos indo e voltando em meu rosto, e por algum motivo me senti desconfortável. Cruzei as pernas e desviei o olhar. – Você tem um bom advogado, mas não é uma armadilha, sr. Uchiha. Nós trabalhamos bem, e não foi a toa que fomos recomendadas a você. – e a tantos outros.

Sasuke olhou ao redor por um momento, de mesa em mesa, garçom em garçom, até a saída. Eu conhecia muito bem aquele olhar, via sempre. Ele ainda não tinha certeza. Claro, normalmente se acharia que não há porque recusar – se casar com uma mulher da sua escolha, sem compromisso, pré-nupcial assinado e com data de expiração determinada no dia de colocar o anel. À primeira vista, parece um paraíso pra maioria dos homens.

Os espertos, no entanto, sabiam que era mais do que isso. Casamento é casamento, e ter uma estranha na sua casa pode deixar alguns acordados à noite. Na minha escala de experiência, mais rico também significava mais desconfiado.

E, meu deus, esse homem era rico. Por isso mesmo eu não podia deixá-lo levantar daquela mesa sem ter meu contrato assinado.

Estiquei meu braço sobre a mesa e toquei sua mão, umedecendo o lábio inferior. Sasuke voltou sua atenção pra mim imediatamente, e a intensidade de seus olhos sobre mim quase fez com que eu recuasse. Respirei fundo e pisquei demoradamente. Ainda sentia algo errado quando tinha que encará-lo diretamente.

— Eu entendo que possa parecer assustador. Mas eu obedeço à suas vontades, como se você fosse meu patrão. Se estiver preocupado com sua privacidade, saiba que eu não preciso ficar em sua casa quando não me quiser. Todos os seus horários são prioritários e meu sigilo é absoluto. Você pode consultar meus ex-maridos se o fizer mais confortável.

Sasuke estreitou os olhos, e uma pequena covinha de sorriso surgiu em sua bochecha.

— Você faz parecer que são só negócios.

Dei meu melhor sorriso ensaiado, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Se eu quisesse que ele me visse como sua esposa, eu precisava ser sua esposa.

— Querido – apertei sua mão, e empurrei a crescente onda de medo que se grudava a mim como um tumor para longe. – São só negócios.

E ele puxou a caneta do paletó.

...

Depois que Sasuke assinou meu contrato, sabia que teria que virar quem ele quisesse que eu fosse. A maioria quer uma boa moça de família respeitada e sem antecedentes – de nenhum tipo. Sasuke obedeceu a essa regra, e fez de mim uma órfã de Kyoto que veio para Tóquio estudar literatura e história. Ele decidiu que nos conhecemos em uma livraria como em um bom romance casto e que estávamos juntos por seis meses em segredo até agora, o casamento.

Foi uma boa história, e foi interessante ouvi-lo me contar o que ele queria. Apenas um de meus ex-maridos tinha me pedido pra encenar antes, já que os outros só queriam a papelada de casamento para ter acesso à alguma herança. Ainda queria saber o motivo de Sasuke.

Enquanto ele terminava de me explicar que precisaria de mim em sua casa sempre – já que sua família o visitava regularmente –, me peguei pensando no porque ele me procurou. Ele era atraente, novo, rico, famoso. Não devia ser difícil pra ele ter um casamento de verdade – que seria muito mais barato que meus serviços –, ou até mesmo um de favores. Seria uma boa pergunta pra me entreter nos próximos meses.

— Eu vou passar o primeiro cheque pro seu empregador hoje à noite. – sua voz me trouxe de volta para a conversa, e fiz que sim. – Quando você pode se mudar?

Suspirei, dando de ombros.

— Quando você quiser.

Ele ergueu uma sobrancelha, me alcançando com os olhos. Se eu ia me mudar pra sua casa, precisava me livrar dessa cautela.

— Vou ter seu quarto pronto na sexta-feira. Dever te dar tempo suficiente para arrumar suas coisas.

Fiz que sim. Sasuke abotoou o paletó, respirou fundo, e se levantou. Por um segundo, podia jurar ter ouvido um chocalho de cascavel.

Assisti enquanto ele – muito desconfortavelmente, devo adicionar – tentava se decidir como se despediria. Levantei da cadeira e puxei sua mão num aperto amigável.

— Eu entrarei em contato – adicionei enquanto acenava com a cabeça. Sasuke pigarreou e fez que sim. Me senti muito bem em saber que eu também detinha o poder de estremecer sua base.

E com isso, soltou minha mão e deixou o restaurante.

...

Sakura parecia ser o que ele procurava. Não era novata nem parecia burra, além de se fazer disponível a todas suas vontades. Ela era a encarnação do modelo que lhe deram, uma mulher discreta e elegante que não iria investigar onde não devia. Seria o suficiente pra acalmar o coração preocupado de sua mãe, e ele esperava que também seria o suficiente pra mostrar a seu pai que estava pronto pra assumir “os negócios da família”, já que Itachi, como primeiro na linha de sucessão, tinha recusado.

Sasuke puxou o celular do bolso e discou o número de casa enquanto entrava no carro.

— Oi, mãe. Tenho uma novidade.


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