Crawling Back To You escrita por Rafaela


Capítulo 4
A Tormenta


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!



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KATHERINE

Foi difícil dormir, Katherine tentava fechar os olhos, mas qualquer balanço diferente do navio ou barulho, ela os abria imediatamente. Até que tudo ficou calmo, as ondas do mar batiam delicadamente no casco do navio, Katherine sorriu, parecia que o mar queria a acalmar, e ela não estava errada.

A princesa segurou seu colar, o abrindo e ficou observando a imagem de seu irmão com ela, até fechar os olhos e adormecer.

O pesadelo mudou, por anos foi o mesmo, ela no litoral com seu irmão mais velho, Jonathan. Mas agora ela estava em alto mar, em um navio.

—Você finalmente veio para casa —uma voz doce e suave veio das águas.

—Quem é você? —Katherine se apoiou na amurada do navio, observando o mar e tentando achar quem falava.

—Sempre estive com você, minha menina. Sempre estarei, quando precisar de mim, é só pedir —a voz disse.

—Mas… Quem está falando? —a princesa esperou uma resposta, mas nada aconteceu. —Quem é você!?—ela gritou, mas ninguém respondeu.

 (…)

—Bonjour, mademoiselle —um pirata disse acordado Katherine, que sentou-se na cama rapidamente.

O homem era muito baixo e um pouco gordo, devia ter uns dezoito anos, usava óculos, possuía um cabelo bem grande e uma barba rala. Isso não é um pirata, a princesa pensou. Ele estava até muito elegante, suas roupas limpas e ele usava um avental amarrado em sua cintura. Parecia ser bem delicado, quando colocou uma bandeja com frutas em seu colo. Ele também havia trago um carrinho cheio de utensílios de limpeza.

—Espero ter falado certo —ele disse ajeitando os óculos e o avental. —O capitão nos contou que você é francesa.

—Francesa? —Katherine o olhou.

—Sim, majestade. O capitão estava certo —o pequeno pirata sorriu. —Seu sotaque é bem marcante.

—Mas francesa... Ah, é claro —Katherine pensou. —Os piratas ainda seguem o antigo mundo. Então sim, tecnicamente eu sou francesa. Mas quem é você?

—Ah! Pardon! —o homenzinho passou as mãos em seu avental e se curvou. —Sou Wayne Carter, a sua disposição, alteza.

Katherine sorriu, ele é muito amigável. Katherine pegou uma maçã e a comeu, estava faminta.

—Você é um Carter? —ela o olhou enquanto ele limpava a cabine do capitão.

—Sim, majestade.

—É uma família de lordes dos Filhos do Ar —Katherine o olhou com interesse.

—Eu fui deserdado, princesa —Wayne disse com uma voz triste. —Um lorde não iria querer um filho anão como sucessor —ele deu uma risada bem fraca e sem graça.

—Eu sinto muito…— Katherine disse sem graça.

—Enfim, sou um ótimo ajudante com tudo! Meus trabalhos no navio são muito importantes e aqui eu posso ser útil —ele disse alegre, até passar por várias manchas de sangue no chão. —O capitão, por acaso, feriu você?

—Ah não, isso… Eu o apunhalei ontem… —Katherine tentou ver a reação de Wayne, mas ele permaneceu normal.

—Ah, não devia fazer isso —ele riu, molhou um pano na água e começou a limpar o chão. —Os Thatch são conhecidos pela maldição, é por isso que você está aqui, ora.

—O quê? —ela o olhou. O que ela tem haver com uma maldição?

—Não devia ter falado isso —o homenzinho limpo o suor da testa. —Por favor, não conte só capitão que eu disse isso...

—Não irei… Mas que maldição? —Katherine se interessou.

—Anh… Não posso falar sobre isso —o homenzinho guardou o pano em um balde com água e limpou as mãos. —Por favor, não me pergunte mais. Caso o capitão descubra, eu posso ser punido.

—Tudo bem —Katherine suspirou, não ia força-lo a dizer nada. —Eu gostaria de tomar um banho.

O vestido da princesa estava realmente sujo, por causa da prisão. Além de que ela própria estava bastante suja, devido a tudo que ela passou.

—É claro! O capitão me disse para a senhorita utilizar o banheiro da cabine. —Wayne foi até o carrinho e pegou alguns sais de banho, outros acessórios, e entregou para a princesa. —Fique a vontade, arranjarei outra roupa para a senhorita.

Katherine sorriu para o anão e entrou no banheiro da cabine.

(...)

 A princesa gostou do banho, foi longo e relaxante. Nesse momento, ela tentou pensar no que deveria fazer, mas não havia como fugir, não havia como escapar daquele lugar.

A futura rainha sentia tanta saudade da família, o sorriso do pai, a elegância insuportável da mãe, seu pequeno Henry e suas brincadeiras, até do mal humor de Margareth.

Katherine chorou, deixou todos os sentimentos saírem dela. Ela estava com medo, estar em um navio pirata, cercado de homens e apenas William a protegendo, não era confortável.

Depois de um demorado banho, a princesa saiu apenas de toalha, já que havia entregado o vestido para Wayne.

O anão estava sentado na cama, esperando a princesa. Assim que ele a viu, levantou-se com pressa.

—Espero que tenha gostado do banho, mademoiselle —ele fez uma reverência.

—O que vou vestir? —Katherine se aproximou dele, não estava com ânimo algum para uma conversa.

—Então —o homenzinho ajeitou os óculos. —Ainda vou lavar seu vestido, ele está imundo… Perguntei ao capitão se havia algum vestido no navio, mas ele negou.

—E agora? —a princesa suspirou.

—Bem, William disse que eu encontraria roupas de piratas mulheres em seu armário —Wayne disse apontando para a cama.

Havia uma calça preta, uma camisa branca com colete, estendidos sobre a cama.

—Por que William possui isso? —Katherine disse curiosa e quase rindo.

—Algumas moças gostam de deixar lembranças ao capitão —o anão pegou a roupa e entrou a Katherine.

A princesa vestiu-se no banheiro, e quando retornou a cabine, se olhou no espelho.

Era estranho usar uma calça, já que ela passou a vida inteira dentro de vestidos. Mesmo não querendo, Katherine parecia realmente uma pirata, e bem no fundo, ela gostou de sua aparência.

—Ah ficou excelente! —Wayne bateu palmas. —Se permitir, majestade, gostaria de fazer algum penteado em seu cabelo.

—Como quiser —Katherine sorriu e sentou-se na cama. Wayne estava sendo muito gentil com ela.

Após alguns minutos, o anão acabou de fazer uma trança embutida na princesa.

—Você é muito bom —Katherine disse se olhando o espelho.

—É um prazer servir a senhorita—ele fez outra reverência e saiu da cabine.

Katherine resolveu o seguir e assim que saiu da cabine, pode observar melhor como era o navio.

Era enorme, havia vários canhões e barcos espalhados pelas bordas. Os piratas faziam diversas funções, alguns limpavam o navio, outros estavam mexendo nas velas, cada um tinha seu dever. Mais distante, Katherine viu dois piratas que se destacavam pelas roupas.

William e James. Os dois vestiam capas, a de William era mais negra e detalhada provavelmente para provar sua posição como capitão, e ambos estavam apoiados na amurada do navio.

 WILLIAM

Foi difícil para o Thatch fazer seu irmão voltar a falar com ele.

James estava em silêncio, e William não sabia o que fazer para ele dizer algo.

—Olha —William disse quebrando o silêncio entre os dois —eu sei que ontem…

—Você me ameaçou —James disse sem olhar para o irmão.

—Eu sei, mas…

—Eu sou seu irmão, William. E você me ameaçou por causa de uma princesa estúpida!

—Não foi por causa dela, você sabe disso —o capitão olhou para James. —Cara, a gente não sabe qual é o ritual para acabar com essa maldição. E se ela precisar ser virgem? Você teria estragado tudo.

James ficou em silêncio, no fundo sabia que o irmão estava certo.

—Quando isso acabar, e se até lá ela não estiver morta, a princesa é toda sua —William disse pegando uma garrafa de rum que estava ao seu lado, deu um gole e ofereceu para o irmão.

James aceitou, e isso era um sinal que as cosias estavam bem entre eles novamente.

—Me senti estranho perto dela —o irmão mais novo disse bebendo um pouco do rum e devolvendo para o irmão.

—Estranho como? —William disse interessado.

—Foi uma sensação tão… Forte. Sabe, quando a gente se afasta do mar e quando voltamos, nos sentimos…

—Completos —William sorriu. —Também sinto isso com ela —ele bebeu mais um pouco.

—É a maldição? —James olhou para o irmão.

—Provavelmente.

—Me sinto atraído... Como se ela me chamasse.

William ficou em silêncio. O seu irmão sentia exatamente o mesmo em relação a garota, e isso era muito estranho.

O capitão decidiu ir até o leme, ver se estavam indo para a direção certa, mas ao se virar, observou a princesa na porta de sua cabine.

KATHERINE

Katherine olhava para o horizonte. Ela não tinha reparado o quão bela era a vista. Então a princesa lembrou-se de seu irmão mais velho.

"Onde ele está agora?", ela se perguntou. Será que ele é um pirata? Ou já está morto? A segunda opção doía em seu coração, ele não podia estar morto.

—Esse é um dos motivos que me fazem amar ser um pirata —o capitão do navio se aproximou da princesa, até ficar ao seu lado.

Katherine o analisou. Ele parecia bem mais confiante e forte com suas vestes, assim como a coroa de seu pai, a roupa de William transmitia certo poder. A futura rainha sentiu-se amedrontada, afinal, esse era o navio dele… Talvez ela devesse fingir que se comportará bem, ela pensava.

—Pardon? —a princesa o olhou sem querer, querendo ser educada.

—Ah os franceses —o pirata sorriu ao escutar o sotaque da princesa. Ele gostava da voz dela, ainda mais com o jeito que ela pronunciava as palavras. —Eu quis dizer que essa vista, me faz gostar de ser um pirata.

—É bem bonita —Katherine voltou a olhar o horizonte, se perdendo novamente em seus pensamentos.

—É mais do que isso, princesa —William a olhou. —Feche os olhos.

Katherine achou estranho, mas não queria discutir e fez o que o capitão pediu.

—Agora, sinta o calor do sol sobre sua pele. O vento tocando seu rosto —Katherine começou a sentir tudo isso que William descrevia, e a sensação era completamente nova. A princesa percebeu que nunca em sua vida, parou para contemplar o mundo ao seu redor. —Escute, as águas batendo no casco do navio.

A princesa sorriu. Esse som era maravilhoso, e por um momento, Katherine sentiu que o mar a chamava. Ela não queria apenas ficar escutando-o, ela queria estar mais perto o possível dele.

William a observava atento, e quando a princesa abriu os olhos, o pirata jurou ter visto os olhos da menina azuis por um breve momento e em instantes voltaram para castanhos escuros.

Ela estava cada vez mais interessante para o capitão.

—Para onde estamos indo? —Katherine olhou para William que estava parado a olhando.

—Santa Helena —o pirata respondeu.

—Por que você não pede logo o resgate? —ela disse andando para o outro lado do navio e o pirata a seguiu. —O meu reino e os Filhos do Fogo já devem estar me procurando.

—Eles não são problema para mim —William sorriu. —Vocês são péssimos navegadores, já falei.

—Então por que me sequestrou? —ela ficou de frente para o rapaz. —Você não quer o dinheiro, como me disse ontem.

—Meu bem, logo você entenderá —William sorriu e se aproximou, fazendo a princesa se afastar e se encostar na amurada do navio. —Além de que eu gosto de você aqui. —ele passou a mão nos cabelos da garota, que sentiu raiva e lhe afastou.

—Eu só quero ir pra casa —ela se virou para o mar, contando as lágrimas.

William sentiu pena da menina, apesar de isso não ser muito comum.

—Tente ver isso como uma nova experiência —ele disse e quando ouviu suas próprias palavras achou estranho. Sério que estou querendo acalmar alguém? Ele pensou.

 KATHERINE

—Um sequestro é uma experiência? —Katherine riu.

—Ah qual é. Essa vista aqui você não teria no palácio. —ele sorriu.

Em questão de paisagem e sensação ele estava certo, mas nada se compara na saudade em que ela estava de sua família.

—Capitão —um pirata se aproximou. —Está se formando uma tempestade no oeste, e nosso curso é para aquela direção.

Katherine olhou ao seu redor, o semblante da tripulação não estava nada boa.

—Seria muita má sorte se fosse a Tormenta. —James desceu as escadas da proa e ficou ao lado de seu irmão.

—Provavelmente é. O vento está diferente —William olhou para o horizonte.

—Devemos mudar a rota? —o pirata perguntou, sua voz estava trêmula.

—Não —William respondeu.

—Mas senhor... —um outro pirata se aproximou. —A Tormenta destrói a maioria das embarcações…

—Meus caros —William sorriu despreocupado. —Nosso navio é o Vingança da Rainha Ana, a embarcação mais forte já criada, ela sobreviveu por séculos a ataques e tempestades.

—Considere que vocês também estão navegando com os Thatch —James sorriu cruzando os braços.

—Exatamente. O mar está ao nosso favor —o irmão mais velho sorriu.

Confiante demais, pensou a princesa.

O dia passou rápido e a noite foi demorada. A princesa se perdia em tantos pensamos ao mesmo tempo. Mas agora ela focava apenas em um: sair daquele lugar.

Eles estavam indo para uma ilha, Santa Helena. Ela já havia estudado esse lugar. Era um porto pirata, de difícil acesso, mas caso ela conseguisse escapar, daria um jeito de voltar para Sunrise.

Quando Katherine estava começando a dormir, sentiu o navio balançar fortemente e escutou passos de um lado para o outro.

Ela sentou-se rápido na cama olhando ao seu redor e viu William que estava deitado no sofá e dormia.

Ela viu a espada dele encima da mesa. Fácil, muito fácil o matar… Mas ela já tentou isso e falhou. Suspirou frustrada e se levantou esfregando os olhos. O navio balançou novamente e quase desequilibrou a princesa, que se apoiou na cama.

William acordou e se levantou bem rápido. Ele olhou pela janela e logo pegou sua capa e espada.

—Inferno —ele disse, passando por ela e saindo da cabine.

Katherine não sabia o que estava acontecendo e o seguiu. Devia ter ficado dentro da cabine, ela pensou quando abriu a porta.

O vento estava forte, o mar agitado e o céu coberto de nuvens. Via-se raios caindo na água a alguns metros.

—Mademoiselle! —Wayne correu até a princesa. —É perigoso! Por favor entre na cabine!

—O que está acontecendo? —ela o olhou.

—A Tormenta, princesa. Estamos condenados! —o pequeno homem estava apavorado.

—Acho melhor você entrar na cabine, Wayne. —Katherine colocou a mão em seu ombro.

—Eu seria covarde se fizesse isso... Os piratas não aceitam covardes...

—Direi que você estava lá para me ajudar. Ninguém irá perceber, tem a minha palavra. Logo estarei lá com você.

Depois de pensar por alguns instantes, Wayne concordou e correu para a cabine.

O cenário era assustador, mas a princesa não sentia medo do mar, apesar das ondas estarem tão altas que entravam no navio.

Katherine começou a andar com dificuldade devido ao balanço do navio. Ela não sabia ao certo o que estava fazendo, mas não queria ficar na cabine. Porém, enquanto caminhava, apenas a chuva caia sobre ela, as águas do mar não a tocavam, pareciam se desviar.

—O que está fazendo aqui? —James amarrava uma corda e fazia um nó. —Vá logo para a cabine.

—Você não manda em mim... E eu quero ajudar —ela o olhou.

—Sua única ajuda será ficar quieta dentro da cabine —ele disse passando por ela e indo para outra corda.

—Ficarei sentada enquanto morremos? —ela cruzou os braços, mas logo teve que se apoiar em algo, o navio balançava demais.

—Não vamos morrer, idiota —ele deu outro nó e já partiu para a próxima corda. —Temos William.

—Ele não controla o mar, muito menos a tempestade.

—Apenas espere. Ele tira a gente dessa. —James tinha total confiança em seu irmão e Katherine achava isso ridículo. William é só um cara amaldiçoado.

—É meio a obrigação dele fazer isso, já que foi ele que decidiu vir por esse caminho —a princesa foi indo até a porta da cabine, segurando a amurada do navio.

Foi quando ela viu William segurando o leme. Ele estava concentrado e controlava o navio. Katherine percebeu que se não fosse por ele, a embarcação já teria afundado.

Ela decidiu ir até o rapaz, talvez pudesse ajudar. Ela não queria morrer assim. Quando estava se aproximando, William a olhou.

—Você está horrível —ele disse voltando a se concentrar em dirigir a embarcação.

—Você está pior —ela segurou em uma corda.

—Vá para a cabine.

—Não.

Ele sorriu. Teimosa como sempre, pensou.

—O que posso fazer para ajudar? —ela disse tirando o cabelo molhado de seu rosto.

—Cante uma música, talvez isso anime meus homens. —ele a olhou sorrindo.

Muito bom humor para alguém que está enfrentando a pior tempestade do mar, a princesa pensou.

—Você deveria ir por ali —ela apontou pro leste.

—Não vou desviar da rota —ele respondeu.

—Você vai nos matar, William —a princesa disse nervosa.

—Gostei da entonação que você deu no meu nome. Repete, por favor—ele riu.

—Idiota —Katherine se aproximou dele. —Vá para o leste.

Por um instante William virou o navio para o leste, mas logo voltou para a realidade e virou-o novamente para o oeste. A princesa estava o afetando de novo com suas ordens e ele não havia desvendado o motivo.

—Não me distraia. —o capitão disse nervoso. Não gostava de receber ordens e muito menos segui-las.

O navio estremeceu e uma onda, de mais de vinte metros se levantou. William quis segurar Katherine, sabia que uma onda daquelas mataria a princesa com o impacto.

Ele largou o leme e a puxou para si, ficando a sua frente. Katherine sentiu medo e apoiou sua cabeça no peito do pirata e fechou os olhos.

O capitão se preparou para o impacto da onda, mas não sentiu nada. Katherine também estranhou, não sentiu nenhuma gota d'água.

William a soltou e se virou. Estranhamente, a onda estava recuando, o mar se acalmando e o céu se abrindo.

O pirata não entendia, isso é completamente ilógico. Nunca havia visto o mar fazer algo assim. A tripulação, vendo a tempestade acabando, começaram a gritar e a comemorar.

—Você conseguiu! —James correu até o irmão e o abraçou.

—Você viu a onda recuar? —William desceu as escadas.

—Foi Aegir, capitão. —um pirata concluiu. —O deus do oceano nos abençoou mais uma vez!

O resto da tripulação concordou. Mas William não estava convencido disso, foi estranho demais.

—Voltem a dormir. E amanhã abordem na primeira ilha que aparecer, o navio precisa de concertos —o capitão ordenou e os piratas começaram a descer as escadas para irem dormir. William passou a mão nos cabelos e foi em direção a cabine.

Katherine desceu rápido as escadas e barrou a entrada dele.

—Não pode entrar aí —ela disse com pressa. Wayne estava lá dentro e caso o pirata descobrisse, só os deuses saberiam o que aconteceria com o anão.

—É a minha cabine —William a olhou desconfiado. —Acho que posso entrar.

O rapaz tentou passar pela princesa, mas ela o impediu novamente.

—Estou encharcada. Quero me trocar primeiro.

—Você faz isso no banheiro, da licença —ele desviou-se dela.

—Não! —Katherine o segurou.

O corpo de William parou na hora. Estava frio lá fora, ainda mais depois de uma tempestade daquelas, mas assim que a mão da princesa o tocou, era como se ele não sentisse mais nada além daquele toque.

Ele estava literalmente paralisado, tanto pela garota o segurando, como também pela sua ordem de não prosseguir.

William a olhou nos olhos, ela mal fazia ideia do efeito que produzia nele.

—Você está escondendo algo, não é? —o capitão disse tentando voltar para a realidade.

Katherine suspirou e o soltou e William não gostou de não sentir mais o toque da menina.

—Me prometa que não fará nada —ela o olhou nos olhos.

—Prometo —o pirata respondeu imediatamente. Mas que merda é essa, ele pensou. William nunca prometia nada, afinal ele não precisava disso.

—Sem mentir ou me enganar —a futura rainha cruzou os braços.

O capitão fez um sinal positivo com a cabeça e entrou em sua cabine. Sentado em sua cama, estava Wayne. Assim que o anão viu o pirata, ele saltou da cama e logo se endireitou.

—O que você está fazendo aqui? —William disse tirando o chapéu e a sua capa, colocando-as encima da mesa.

—Meu senhor… Eu vim checar se a princesa estava bem e… —o anão esfregava suas mãos e transpirava de nervoso. Katherine mantinha-se parada na porta, olhando para o pobre homem desesperado. Ela o lançava olhares de tranquilidade e compreensão.

—A princesa não estava na cabine durante a tempestade, Wayne —William apoiou-se na mesa olhando para o anão. —Você ficou com medo?

—Meu senhor… —o pequeno rapaz começou a chorar. Katherine sentiu pena. Se os piratas não podem se acovardar, imagine chorar... Ele estava encrencado. Mas a princesa estava disposta a o proteger. —Eu errei! Eu não obedeci as regras! —o anão se ajoelhou. —Por favor senhor, não quero levar as chibatadas do imediato…

Katherine olhou para William. Ele parecia pensar sobre o que fazer.

—Você me prometeu que nada aconteceria —ela se aproximou do capitão, que a olhou.

—Nesse navio há regras —William disse alto e bom tom se aproximando de Wayne.

—William, não… —Katherine protestou.

—Mas nem sempre elas precisam ser obedecidas —o pirata piscou para a princesa e segurou Wayne, o levantando. —Se recomponha, homem. E não comente com ninguém que esteve aqui, pode ir.

—Oh meu mestre —Wayne segurou as mãos de William. —Sou eternamente grato pela tua benevolência!

Wayne se apressou em sair da cabine, mas voltou e abraçou a princesa.

—Que os deuses a abençoe, mademoiselle!

Assim que o anão os deixou, Katherine olhou para William. Ele estava na frente da cômoda e tirava a camisa encharcada, ela logo desviou o olhar, mas não antes de notar que os braços e costas de William eram completamente tatuados. Deve ter um significado cada uma daquelas marcas.

Mas outra coisa que chamou a atenção da princesa foi a atitude do pirata. Desde quando William demonstra bondade? Ele a protege, mas ela sabe que tem algum interesse por trás disso… Porém por algum instante, William já não parecia o monstro que ela imaginava.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Até o próximo!!



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