Crawling Back To You escrita por Rafaela


Capítulo 26
A Filha do Oceano


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês!!
Gente, to vendo um povão lendo sem comentar ou acompanhar que feio hein!! Hahahaha deixem os comentários, o que desejam que aconteça e etc, adoro interagir com vocês!!
Boa leitura!!



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Katherine

A princesa prendeu a respiração e fechou os olhos enquanto caia no mar. Assim que sentiu a água molhar seu corpo, esperou a dor de uma mordida. Desejava que fosse uma morte rápida e só conseguia pensar em sua família e em William. Os segundos se passaram e a única coisa que sentia era estar afundando devido a bala de canhão.

Com o passar do tempo, Katherine tomou coragem e abriu os olhos. Cerca de cinco tubarões brancos a olhavam. O maior deles de uns sete metros, cheio de cicatrizes avançou. Era agora, ela pensou.

Mas o que aconteceu foi algo completamente diferente. O tubarão atacou as correntes que a prendiam na bala, as quebrando, e ela parou de afundar. Nada mais aconteceu e a princesa ficou observando-os. Mas havia um outro problema, respirar. Ela não ia aguentar mais segurar e começou a nadar para a superfície, porém foi barrada por um tubarão.

Ele não a deixava passar e Katherine sentia seu corpo perder as forças. A futura rainha então fechou os olhos se preparando para afogar e respirou.

Katherine quase gritou quando ela não sentiu nenhuma diferença. A princesa respirava debaixo d'água e olhava sem entender ao seu redor. Os tubarões haviam a cercado e apenas observavam.  Um deles se aproximou e cutucou suas costas com o focinho, depois virou-se mostrando a barbatana dorsal.

Ela olhou para os outros, que continuavam quietos. O tubarão se remexeu, encostando a barbatana na menina. Um outro começou a nadar e o restante o acompanhou, e alguns metros a frente, pararam e olharam a menina.

Katherine entendeu que ela devia os seguir e segurou a barbatana daquele que estava a oferecendo.

Todos voltaram a nadar em linha reta. Que loucura, a princesa pensava. Respirar debaixo d'água e pegar carona em um tubarão com certeza foram as coisas mais esquisitas que já lhe aconteceu. Ela olhou para cima e viu o Vingança atrás do Death. Logo ela ultrapassou as duas embarcações e os tubarões aumentaram a velocidade e afundavam cada vez mais. Katherine nem sentia a mudança da pressão e sorriu ao ver o cenário.

Era lindo, tudo repleto de corais coloridos, peixes nadando entre eles e plantas aquáticas magnificas. À medida que Katherine atravessava toda aquela vida marinha, seus habitantes paravam de nadar e olhavam a garota.

Ela estava com um pouco de medo, afinal, não é todo dia que multidões de peixes a observavam e alguns até a seguiam. A viagem deve ter levado cerca de cinco minutos, e uma figura misteriosa se formava mais à frente. O sol atingia fracamente aquela profundidade, mas ainda estava claro.

Todos os peixes pararam e Katherine soltou o tubarão, que esfregou o focinho na garota. Ela sorriu acariciando o animal e olhou para frente.

Um homem de cabelos e barbas brancas que se assemelhavam as espumas do mar e olhos azuis iguais a cor do oceano se aproximava. Sua pele era bronzeada e era magro, seu abdômen estava descoberto e possuía uma calda, parecida com as das sereias, porém mais sofisticada e detalhada. Ele passava um ar de poder e sabedoria junto com a sua coroa cheia de pedras preciosas.

—Esperei vinte anos por esse dia —o homem sorriu gentilmente. Katherine franziu as sobrancelhas o olhando. Ela então apontou para a própria boca, perguntando indiretamente se conseguiria falar. —Ah sim, claro.

—O que... —ela disse inconformada percebendo que conseguia mesmo falar debaixo d’água. —Senhor, estou apavorada...

—Seria estranho se não ficasse. —o homem riu e ficou ao seu lado. Sua voz era forte e macia e Katherine tinha certeza que já havia a escutado.

—Eu morri? —ela o olhou.

—Não, minha pequena.

—O que tá acontecendo? —ela começou a nadar atrás do homem que se locomovia para frente.

—Não sei como lhe dizer —ele mordeu o lábio.

—Por favor... Isso... Isso tem relação com o mar sempre me proteger? Os tubarões não terem me atacado, as sereias me respeitarem e...

—Sim! —o homem a olhou contente.

—Tá... —Katherine não sabia o motivo dele estar tão feliz e o olhou com estranheza. No fundo a princesa acreditava que estava delirando. Pelos deuses, ela estava no fundo do mar conversando com um desconhecido! —O senhor pode me explicar o motivo?

—Tudo que acontece ao seu redor, Katherine, é porque o oceano corre em suas veias —o homem segurou sua mão e a olhava com bondade.

Isso tá muito estranho, ela pensou.

—Seja mais claro —ela franziu as sobrancelhas e balançou a cabeça em seguida sorrindo. —Isso é um sonho, não é? Ou eu realmente morri e isso é meio que... Ah céus —ela se entristeceu.

—O que foi?

—Eu realmente estou morta. E como morri nos mares, o senhor deve me levar até o Palácio de Ran e Aegir. — o homem sorriu com a explicação e segurou o rosto da menina.

—Pelo visto é uma mulher de muita fé nos deuses.

—Esperava que eles tivessem ajudado mais —ela suspirou, por mais que parecesse impossível debaixo d’água.

—Katherine, repito, você não está morta —o homem ficou na sua frente. —Sou Aegir, deus dos mares e oceanos.

A princesa o olhou assustada.

—Eu... —ela ficou sem ar (estranho, né?) —Você é um deus!?

—E sou mais que isso para você —ele sorriu.

—Mais do que um deus!? —Katherine quase gritou e estava prestes a ter um ataque.

—Sou seu pai, Kate —ele por fim disse.

A princesa paralisou boquiaberta. A voz do deus falando que era seu pai ecoava em sua cabeça, mas não! Era impossível, ela não poderia ser filha de um deus. Katherine tentava processar tudo em sua cabeça e isso levou alguns minutos, mas Aegir esperava com paciência.

—O senhor está enganado —ela riu com o nervosismo. —Sou filha do rei George e...

—Amélia —uma mulher agora se aproximava.  —Uma das rainhas que despertou o interesse do meu amado marido. — Katherine ficou petrificada. Se tudo aquilo fosse verdade, essa era Ran, a rainha dos mares e sereias. Sua beleza era exuberante, sua voz melodiosa fazia o coração da menina bater com mais tranquilidade. Ela tinha cabelos longos formados por algas e uma calda magnifica, igual a de Aegir. Era repleta de ouro e pedras preciosas —É ela? —a deusa olhou o marido que afirmou.

Katherine estava com as mãos no cabelo e olhava o casal a sua frente.

—Tão linda —Ran se aproximou e tocou o rosto da princesa que estava apavorada. —Nossas filhas ficarão com inveja, Aegir —ela sorriu.

—A-A senhora vai me matar? —Katherine olhou para a mulher.

—Não vou fazer isso com a filha favorita do meu marido.

—Então, é verdade? —ela olhou para Aegir. —Tudo o que disse, é verdade?

—Eu sou a voz que sempre lhe chamou —ele sorriu se aproximando. —Posso lhe abraçar, filha?

Depois de alguns segundos Katherine sorriu. Pela primeira vez sentiu que pertencia a algum lugar. Agora entendia tudo que acontecia de estranho ao seu redor e o motivo de ser tão diferente dos moradores de Sunrise. Ela afirmou com a cabeça o pedido do deus, que a envolveu.

Fechando os olhos, Katherine lembrou do seu pesadelo frequente (que agora ela sabia que era uma lembrança). George chamando ironicamente Amélia de fiel esposa e gritando para que alguém no mar ficasse longe da menina. Doía saber que não tinha sangue do rei, já que ela o amava tanto.

—Vamos, temos muito o que conversar —Aegir segurou sua mão e a levou para um lugar repleto de corais. Katherine olhou para trás, onde Ran estava acenando para a menina, que sorriu e correspondeu.

—Então —Katherine disse se animando sentando em uma pedra com o pai. —Eu tenho nove irmãs? —ela perguntou se lembrando da mitologia.

—Sim —ele riu. —As donzelas das ondas.

—Posso conhece-las um dia?

—É claro, minha querida —o deus a olhava com ternura e afeto.

—Isso é tão louco —Katherine sorriu olhando alguns peixes-leão passando por perto. —Me conta sobre tudo! Sobre os deuses, minha mãe, sobre mim...

—Ei, calma —ele sorriu. —Não posso falar muito sobre as divindades, afinal você é metade humana.

—Está certo —a princesa respirou, contendo a curiosidade.

—Mas vamos do princípio... Bem, eu costumava a caminhar no litoral com a minha forma humana. Sempre gostei de observar as pessoas —Aegir começou a contar. —Fazia isso com frequência, até que fui para Sunrise. Nesse exato dia eu vi uma mulher tão bela… Cabelos loiros que pareciam raios de sol e uma coroa reluzia em sua cabeça. Ela era incrivelmente bela e pude notar que estava infeliz.

—Minha mãe —Kate deu um sorriso fraco. Nunca se colocou no lugar de Amélia e nem sequer pensava o que a mãe sentia.

—Os guardas não haviam a acompanhado esse dia, então estávamos a sós e… Você sabe o que aconteceu —Aegir disse e Katherine franziu o rosto, não querendo imaginar a cena. —Os dias se passaram e nos encontrávamos na praia sempre na mesma hora. Demorou algum tempo para eu revelar que sou um deus, mas ela aceitou bem a informação.

—O que Ran achou disso?

—Somos o mar, Kate —seu pai sorriu olhando os peixes que nadavam perto. —Somos livres.

—E quando Amélia te contou que estava grávida?

—Isso não aconteceu... Bem, George ficou desconfiado da saída da esposa do palácio e um dia a seguiu e nos flagrou juntos. Nunca vi um homem tão furioso em toda minha vida —Aegir riu. —Fiquei entre os dois e escutei toda a briga. No fim, rei George estava prestes a chorar depois de tudo que Amélia jogou em sua cara. Sobre ser um pai ausente, só querer saber de bebidas e festas e não dar atenção para ela. Ele pediu perdão, prometeu que seria diferente e esqueceria esse episódio da praia. Lembro do último olhar que Amélia me lançou, um adeus, sabe? Queria que ela não fosse embora, mas apesar de tudo, a mulher amava o rei. Enfim os meses se passaram e certo dia o mar estremeceu, Ran notou a mudança e percebeu que algo puxava as águas para o litoral. Retornei a Sunrise para saber melhor o que havia acontecido e o povo comemorava o nascimento de uma princesinha. Desde então sabia que você era minha filha. Sempre tentei te trazer até mim, mas sempre me impediam.

—Nossa —Katherine olhou para o pai. —Eu sempre me senti atraída pelo mar, mas nunca sequer pensei que esse era o motivo.

—Veja Kate, imagine que tudo isso é um ser —ele estendeu as mãos, mostrando o oceano. —Um ser com vontades próprias, incontrolável e livre. E você é uma extensão dele, filha.

—Eu meio que… Posso controla-lo? —a menina perguntou e as águas vibraram um pouco.

—Controlar não, ninguém controla o oceano —Aegir riu. —O que acontece é que o mar acompanha seus sentimentos por considerar você parte dele. —Katherine sorriu, se sentia bem mais poderosa agora com o oceano a sua disposição —Ele te protege e faz as suas vontades.

—Céus, meu mundo todo mudou em meia hora —a princesa riu.

—Eu sei que é muita informação…

—É mais compreensível do que eu imaginava —Katherine respondeu. —Eu tenho mais alguma habilidade além do mar gostar de mim?

—Sim —Aegir riu. —Existe o Espírito das Águas, ele está dentro de você. Em muitos momentos em que a senhorita se meteu em confusão, a força que surgia dentro de você era ele. Por isso seus olhos ficam azuis, pois seu lado deusa aparece nesses momentos.

—E quando um pirata ficou também com os olhos azulados na casa da cigana?

—Ah, isso já é diferente. Era eu —o deus sorriu. —Não queria que outra pessoa lhe contasse tudo que expliquei agora.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos. Katherine tinha tantas perguntas, mas era melhor não as fazer de uma só vez.

—Eu agora terei que ficar aqui? —a princesa o olhou.

—Kate, você não pode ser controlada por ninguém —Aegir a olhou contente. —Toda sua sede por liberdade e o que chamam de teimosia, é o mar que reflete na sua personalidade. Eu pediria que ficasse, mas acho que você vai querer voltar.

—Preciso dar um jeito de salvar minha família —Katherine se levantou e foi acompanhada pelo pai.

—Eu sei disso. Mas cuidado com o que deseja que o mar faça para te ajudar... Os deuses não gostam muito de mortais utilizando da divindade.

—Está bem, só quando for necessário então —ela sorriu.

—Mais uma coisa antes de ir —Aegir a olhou. —Sobre os piratas… Mais especificamente os Thatch.

—Ah… —Katherine ficou corada de vergonha. —Você viu?

—Eu costumo fechar os olhos quando você e William se beijam —ele riu. —Não se preocupe, eu não fico monitorando você.

—Eu o amo, pai —Katherine olhou para cima, pensando no que o pirata estava sentindo ao achar que ela estava morta. —Sei que não deveria, mas eu o amo.

Aegir observou a menina com cuidado e atenção, notando a angustia que ela carregava dentro do peito quando pensava no homem.

—Sabe Katherine, eu sou o deus cultuado pelos piratas a séculos. Principalmente pela família dos Thatch —ele olhou para cima. —E posso afirmar com autoridade que em toda geração, William é o melhor deles.

—Sério? —a princesa olhou sorrindo para o pai que afirmou. —Eu preciso voltar... Te verei de novo?

—Sempre estarei aqui para você, minha querida. O mar te levará até mim quando precisar —o deus se aproximou estendendo os braços e Katherine o abraçou. —Agora vá e mostre-os quem você realmente é.

—Até logo —a princesa sorriu para o pai e o mesmo tubarão que a levou até o fundo do mar se aproximava. Katherine segurou sua barbatana e o animal começou a nadar para o norte.

Depois de alguns minutos, a Lecerf viu os dois navios mais adiante e o tubarão a levou até a superfície. Podia se ouvir sons e vozes vindo da embarcação, como se estivesse acontecendo uma festa. Ninguém estava na amurada para perceber Katherine, que estava perto do casco do navio.

—Me coloca na popa —ela falou e as águas a levantaram silenciosamente.


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Notas finais do capítulo

O que acharam!? Quem ai acertou o palpite kskssksks
Não esqueçam de favoritar, acompanhar e comentar viu!!
Um beijo e até o próximo!



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