Oliver Page / Jonathan Lecerf

Era duro saber que o melhor amigo estava com a mulher que Page amava a um quarto a frente. Oliver estava sentado bebendo com a tripulação no salão da ilha de Santa Helena e a tristeza era evidente.

—Ei garoto —dois homens altos e fortes de aproximaram do jovem de 18 anos. —O capitão Thatch quer falar com você.

—Ele está ocupado no quarto com uma mulher —o garoto deu um gole em sua bebida.

—Estamos falando do líder.

Oliver levantou os olhos e começou a ficar nervoso. Afinal, não seria por qualquer motivo que Robert Thatch o chamaria.

Sem ter outra opção, o rapaz seguiu os dois piratas até um quarto mais afastado e escuro. O mais velho Thatch estava sentado em uma mesa e polia sua espada.

—Senhor? —Oliver disse temeroso quando os outros homens saíram e fecharam a porta.

—Estive analisando a situação —a voz forte e maligna do pirata ecoou pelas paredes. —e você como o imediato e amigo de meu filho, deve saber mais do que eu.

—Não compreendo, senhor —Oliver respondeu com a cabeça baixa.

—Soube que meu filho está com uma convidada... Como é mesmo o nome? Joanne?

—Jane, senhor.

—Isso mesmo, Jane. E como um pirata, meu caro Oliver, você concorda… —Robert levantou os olhos e encarou o jovem. —Que piratas não devem se apaixonar,  certo?

O imediato de William afirmou com a cabeça.

—Creio que meu filho está indo para esse caminho. E o coração de um pirata não deve se amolecer por causa de uma vagabunda qualquer.

O sangue de Oliver se esquentou. Ele não gostou de escutar esse comentário sobre Jane e a vontade de rebater o argumento do líder foi grande, mas o medo e respeito falaram mais alto e ele se calou.

—Porém —Robert se levantou. —Um passarinho me disse que você também ama aquela mulher —ele disse irônico. —É um homem de muitas fraquezas, Jonathan Lecerf.

Um calafrio em Oliver apareceu e o nervosismo era tanto que o suor descia pelo seu rosto. Como ele descobriu? O pirata se perguntava.

—Eis o que você irá fazer —Robert ficou na frente do rapaz. —Você irá fazer um motim contra William.

—Senhor… —ele começou a contestar, mas logo o pirata o interrompeu.

—Você fará um motim ou quem ama sofrerá as consequências. —o Thatch disse firme. —Corte a garganta dele e comece uma rebelião. Vamos ver se meu filho é um pirata de verdade ou apenas um homem fraco. Agora vá.

(…)

A noite no navio, prontos para zarpar, Jonathan observou William e Jane rindo enquanto caminhavam para o navio, provavelmente bêbados.

Seu coração doía em ter que trair seu melhor amigo, mas o mau que Robert poderia causar em sua família em Sunrise ou em Jane deveria ser evitado. E para isso ele estava disposto a morrer.

Ele convocou uma reunião na madrugada com seus homens mais fiéis, ele falou de seu plano para tomar o navio. No começo os piratas não concordaram, mas Jonathan era manipulador e conseguiu fazer a cabeça deles.

Iriam esperar William dormir para começar o motim e assim que Jonathan voltou ao convés, Jane caminhava sozinha até ele.

—Oi loiro —ela se aproximou com aquele sorriso resplandescente que encantava a todos.

—Oi gata —ele sorriu beijando sua bochecha, agindo naturalmente.

—Tenho um segredo para lhe contar e preciso que prometa não falar para ninguém —ela disse animada como sempre indo até a amurada.

—Você sabe que pode confiar em mim —Oliver respondeu com o coração ainda mais angustiado.

—Eu estou grávida —ela falou de uma vez o olhando.

O rapaz olhou para a menina sem reação, seu corpo estava paralisado e seus pulmões perderam o ar.

—Eu sei o que vai pensar —ela segurou os braços do pirata. —William tem dezesseis anos, eu dezessete… Mas eu quero tanto esse bebê, Oliver. E eu sinto que é o certo. Eu e ele juntos, você entende?

Os olhos de Jonathan lacrimejaram e ele apenas abraçou a mulher. Agora mais do que nunca faria de tudo para protegê-la.

—Quero que seja o padrinho —ela sorriu apoiando a cabeça no peito do rapaz.

—Eu… Eu espero que me perdoe, Jane —ele a olhou.

—Por que eu teria que perdoar você? —ela o olhou contente. —Não está pensando em recusar, né?

Oliver não conseguia responder e apenas a olhou segurando as lágrimas. Provavelmente nunca veria aquela criança, mas a segurança e bem estar de Jane e seu amigo valia mais que a sua própria vida.

—William está me esperando, pretendo contar em breve, até lá nenhum piu —ela beijou as bochechas do rapaz. —Até mais, loiro.

(…)

Oliver havia bebido no mínimo três garrafas de rum e chorado igual uma criança no banheiro do navio. Já se passara três horas desde que teve sua conversa com Jane e era o momento do plano de Robert começar.

Os homens já haviam se reunido e apenas esperavam Oliver reivindicar o navio.

Page, dando o gole final na bebida, foi em direção a cabine do Vingança.

Ao abrir a porta, viu Jane e William dormindo tranquilamente. E o coração do pirata começou a disparar. Contendo todo seu sentimento e pensando na vida daqueles que amavam, se aproximou de William com a espada na mão.

Com a movimentação, o Thatch acordou e viu o amigo.

—Oliver? Algum problema? —ele disse esfregando os olhos.

—E-Estou reivindicando o navio. —e friamente com um golpe cortou a garganta do pirata, que sentou-se na cama depressa segurando o pescoço.

Jane acordou e olhou horrorizada para a cena.

—O que você fez!? —a mulher gritou segurando William nos braços.

O pirata que obtinha um olhar mórbido saiu da cabine e ergueu a espada.

—Reivindico! —ele gritou e os homens começaram a se espalhar pelo navio para lutar com aqueles que eram fiéis ao capitão.

Depois de cerca de três minutos. William saiu da cabine já recuperado e coberto de raiva. A tripulação que guerriava parou para ver a luta entre os dois ex amigos.

Não demorou muito, Oliver não tinha nenhuma intenção de ganhar e logo se rendeu. William chutou as pernas do rapaz que caiu de joelhos.

—Por que você fez isso!? —o Thatch disse com raiva, mas podia perceber que haviam lágrimas em seus olhos. —Você é meu melhor amigo, Oliver.

—Eu fiz um motim, Will. Você sabe as regras.

—William, por favor, não o mate. —Jane segurou os ombros do pirata.

—Não! —Oliver gritou desesperado. —Amotinados morrem! Você sabe disso, William. Você tem que me matar!

—Não são igual a você —William se afastou. —Prendam todos aqueles que se voltaram contra mim, e quando amanhecer os deixem na ilha mais próxima.

—Não… —Oliver olhou para os lados sem acreditar no que acontecia. —Não… NÃO!! ME MATE WILLIAM, VOCÊ TEM QUE ME MATAR!

Apesar dos gritos, o capitão ignorou o pedido de Oliver e dando as costas, voltou para a cabine com Jane.

Depois de três dias, Oliver Page descobriu que Robert Thatch havia descobrido que William o poupou. Depois de mais dois dias, soube-se que o pirata havia reivindicado Jane e William lutara em uma briga perdida com o pai.

Jane ficou com a tripulação de Robert por um mês. Onde foi violentada e agredida pelos homens do líder dos piratas. Ela foi devolvida com os cabelos cortados e repleta de hematomas.

O coração de Oliver havia se machucado e seu único desejo era estar do lado do amigo nessa situação. Mal podia imaginar o sofrimento que William passou por ter o poupado da morte e se culpava  pelo o que aconteceu com Jane.