Crawling Back To You escrita por Rafaela


Capítulo 20
Entre a Espada e a Coroa


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!



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WILLIAM

Katherine entrava na sala, com uma roupa de pirata. William teve que se segurar para não falar um "ual". O pirata ficou parecendo um bobo, impressionado a olhando.

—Papai, papai —Thomas chegou e cutucou William, o qual estava focado em Katherine. —PAPAI! —a criança gritou.

—Anh? Oi —William sorriu para o filho, parando de olhar para a Lecerf.

—Tia Pam não quer deixar eu ir na festa com vocês —Thomas fez cara de choro, sentando ao lado do pai e pegando o prato que Pamela distribuía entre eles.

—Já falei que lá não é ambiente pra você —Pamela disse.

—Estou cansado de ser tratado como uma criança! —o menino protestou.

—Deve ser porque você é uma criança —William disse se servindo.

—Isso é tão injusto. Nunca posso fazer nada —o menino cruzou os braços.

—Vai por mim, te entendo —Katherine sorriu para o menino.

—Como assim? —ele a olhou.

—Bem… Eu sou uma princesa e quando estava no palácio, sempre era seguida por guardas, devia obedecer ordens e comportamentos, uma chatice —ela explicou pegando uma carne de javali que estava em uma panela.

—Ual, você mora em um palácio!? —Thomas disse animado. —Como é lá?

—Muito bonito e enorme. Com várias escadarias, quadros e quartos —a princesa sorriu ao se lembrar de sua casa. Por mais que a vida inteira ela viu aquele lugar como uma prisão, agora ela sentia uma certa saudade, porém sabia que isso era apenas por causa de sua família.

—Gostaria de ver um dia —Thomas disse se desanimando e mexendo na comida. —Mas papai fala que é para eu ficar longe dos ratos da realeza.

—Sh —William falou segurando uma risada.

—Ah ele fala isso? —Katherine se apoiou na mesa, interessada. —O que mais ele andava falando?

—Que ele odeia qualquer coisa relacionada a monarquia. —Thomas franziu as sobrancelhas e olhou para William. —Ué pai, se ela é uma princesa, você a odeia?

Wayne e Pamela seguraram risadinhas enquanto William sorria e Katherine olhava para seu prato sem graça.

—Quem dera, filho —William disse comendo o purê de batata.

—Se você não a odeia… Princesa, você é namorada do meu pai? —Thomas a olhou fascinado.

—Eu… —as bochechas de Katherine ficaram rosadas. —Não sei direito o que sou do seu pai, Thomas.

—Que esquisito —o menino olhou para a comida.

—Ta falando demais e comendo nada —William ajeitou o filho na cadeira. —Come tudo ou você vai ficar sem uma perna igual o tio Morty.

—Credo William —Pamela o repreendeu.

—É a verdade. O desgraçado não comia direito, teve diabetes e amputou a perna.

—Sem palavrões na mesa de jantar —Pamela o xingou de novo.

—Desculpa —William disse sem graça, fazendo seu filho, Katherine e Wayne rir.

—Então princesa, o que está achando desse novo mundo que está vivendo? —Pamela perguntou.

—Sinceramente? É muito melhor do que eu imaginava. O mar é… Fascinante. —a princesa sorriu.

—Eu amo o mar —Thomas olhou para a princesa. —Um dia eu serei um pirata tão forte e destemido igual ao meu pai!

William sorriu e bagunçou os cabelos do filho.

—Tenho certeza que você será um ótimo pirata —Katherine sorriu para o menino.

—Mas piratas são inimigos da coroa. Eu não quero ser inimigo dela, pai —Thomas olhou triste para William.

—Bem —o capitão não sabia o que responder. —Você não precisa lutar contra o reino dela.

—Nem ser nosso inimigo —Katherine disse e William olhou para ela. —Quando eu for rainha, estou pensando seriamente sobre a lei de perseguição aos piratas.

—Sério? —o Thatch olhou para a garota que se escorou na cadeira bebendo seu suco de pêssego.

—Quem sabe Sunrise não vire um novo porto pirata —ela sorriu de canto.

—Se isso acontecer, alteza. Prometo te visitar constantemente —William piscou para Katherine, a qual as bochechas rosaram.

—Legal! Você pode me deixar entrar no castelo!? —Thomas se levantou e correu até a princesa.

—É claro —ela riu. —Tenho certeza que você e meu irmão mais novo serão bons amigos.

—Gostei! —a criança sorriu empolgada.

—Bom, melhor irmos andando —William se levantou. —Não quero perder um minuto da festa hoje. Vem fanfarrão, vou te colocar para dormir. —o pirata pegou o filho no colo e Thomas deu um tchau para a princesa, que respondeu também acenando.

Pamela e Wayne estavam tirando os pratos da mesa e Katherine resolveu passar no banheiro antes de irem.

No corredor, a princesa ouviu a voz de Thomas e William e se aproximou devagar. Chegando na porta, viu o menino deitado na cama e William sentado ao seu lado o cobrindo.

—Eu gostei dela, papai —Thomas dizia bocejando.

—Ah é? —William perguntou.

—Vocês combinam —o menino sorriu. —E seria bom ter uma nova mãe.

O coração de Katherine se apertou e ela escondeu um sorriso.

—Ei, a tia Pamela faz um bom trabalho cuidando de você —William sorriu. —Agora pare de pensar bobagens. Eu e a princesa não temos nada.

—Você a trouxe aqui. Isso é sinal que vocês têm alguma coisa —o menino sorriu.

—Você é bem espertinho —o pirata riu. —Ta bom, eu gosto dela. Satisfeito?

Katherine sorriu de novo ao escutar aquilo.

—Muito —o menino fechou os olhos. —Toca a música que você cantava para a mamãe?

—Como quiser.

William pegou o violão que estava encostado na cama de Thomas e começou a tocar uma melodia.

—Eu tenho a luz do sol num dia nublado
Quando está frio lá fora
Para mim é mês de maio
Eu acho que você diria
O que pode me fazer sentir desse jeito?
Minha garota
Falando sobre minha garota

Os olhos de Katherine brilhavam ao escutar a voz de William ao cantar uma música tão bela. E imaginou se ele um dia, a cantaria para ela.


—Eu tenho tanto mel
Que as abelhas me invejam
Eu tenho uma canção mais doce
Do que os pássaros na árvores

Eu não preciso de nenhum dinheiro fortuna ou fama
Tenho todas as riquezas baby
Que um homem possa exigir

Bom, eu suponho que você pense
O que pode me fazer sentir desse jeito
Minha garota
Falando sobre minha garota, minha garota.

No final da canção, a princesa estava com sua cabeça encostada na porta suspirando pelo rapaz.

William se inclinou e beijou a testa de seu filho. A princesa nem havia percebido que o pirata já havia parado de cantar.

—Está aí a muito tempo? —ele falou sem olhar para ela, ajeitando o cobertor no filho ainda.

—Eu… Não, eu… Eu acabei de chegar —Katherine se ajeitou novamente.

William sorriu e virou para a menina, indo até a porta.

—Acho que precisamos conversar.

—Concordo —Katherine sorriu de leve.

—Escuta… —William fechou a porta do quarto de Thomas, mas foi interrompido por Pamela que subia as escadas.

—Tom já dormiu? —ela perguntou e o pirata confirmou com a cabeça. A mulher sorriu se aproximando e segurou o braço de William. —Então vamos, estamos perdendo tempo.

O Thatch olhou para a menina que sorria e balançou a cabeça, em sinal que estava tudo bem e a conversa podia ficar para depois.

(…)

—Thomas pode ficar sozinho? —Katherine perguntou no caminho.

—Todo mundo aqui conhece todo mundo. É uma grande família —Pamela respondeu arrumando seu chapéu.

—E princesa, você precisa saber. Ninguém aqui sabe que Thomas é meu filho, para evitar fofocas. Ou seja, acham que ele é filho da Pam e eu sou só um cara que fica com ela. —William explicou.

—Mas não temos nada —Pamela virou para trás, onde Katherine andava ao lado de Wayne. —Eu não sou louca de ficar com um traste desse. —ela brincou.

—Valeu, boneca —William riu.

Adentrando um pouco na floresta e saindo de toda aquelas pontes de madeira, um bar reluzia em meio a escuridão. Um caminho de tochas levava até a porta e varias pessoas andavam e conversavam por perto.

Um rio passava atrás do lugar, onde uma ponte o cortava, também iluminada por tochas.

Quando iam passando, várias pessoas acenavam para William que respondia discretamente.

Quando adentraram o lugar, Katherine se espantou por ser tão grande e ter tantas pessoas. Havia três ambientes. O primeiro tinha várias mesas e uma banda tocava. Descendo uma pequena escada, que era onde eles estavam, era a área principal, com um bar no meio e várias cadeiras ao seu redor, mais a frente, havia um corredor com várias portas e depois, um caminho para a ponte. E assim, descendo mais uma escada, havia uma pista de dança, onde muitas pessoas conversavam, bebiam e se beijavam.

—WILLIAM! —seis homens vinham na direção do grupo e abraçaram o jovem pirata. —AYE! —gritaram.

—Cara, você perdeu muita coisa nesses tempos que andou fora! Venha, vamos beber —um homem alto, ruivo e barbudo passou os braços envolta do pescoço de William.

—Opa opa opa, que belezura é essa que você trouxe —um outro homem, um pouco mais baixo falou por trás do pirata, se aproximando do grupo.

Wayne já se pôs a frente da princesa, querendo a proteger, mas não foi preciso. William apenas ergueu o braço sobre o peito do rapaz e o parou.

—Não mexe com ela —Ele disse sério enquanto era arrastado pelos seus amigos para o andar de baixo.

O homem deu mais uma olhada em Katherine, que se manteve de cabeça erguida, e seguiu os outros rapazes.

—Wayne! —um garoto, sentado numa mesa acima deles acenava para o anão, o chamando. Mas pelo jeito o amigo da princesa ficou com medo de a deixar e Katherine percebeu isso.

—Está tudo bem, pode ir. —a Lecerf tocou o ombro de Wayne. —Vou ficar bem, divirta-se.

O anão um pouco sem jeito, sorriu e foi depressa ao encontro do rapaz. Pamela começou a caminhar e Katherine a seguiu.

—Gostou daqui? —a tia de Thomas perguntou.

—Nunca vi coisa igual —Katherine olhava admirada para cada detalhe do ambiente. Mesmo sendo rústico, havia um toque de modernidade no meio de tudo.

As duas se sentaram na frente do bar e Pamela olhava ao redor.

—Procurando alguém? —a princesa perguntou.

—Não sei se aparecerá… —ela suspirou. —Mas hoje não é dia para ficar triste, não é? —ela sorriu. —Então me conta, você e o Will…

Katherine sorriu, olhando para o andar debaixo, onde William ria e conversava com os outros homens e segurava um copo com alguma bebida. Ela pensava o quanto que aquele pirata a atraía e não sabia o motivo. Não era apenas emocionalmente e sim uma força física. Ela queria se jogar nos braços dele, se entregar por completo, coisa que nunca sentiu com seu noivo, Frederick.

—A gente... Não sei bem o que rola entre a gente —ela respondeu.

—Nunca o vi olhar para ninguém igual ele te olha —Pamela disse erguendo a mão e pedindo um drink ao atendente. —Nem mesmo para a Jane.

—Ela é o amor da vida dele, sinto muito por sua irmã —Katherine a olhou.

—Ela era o amor da vida dele. —Pamela a corrigiu. —Nesses sete anos Will nunca se envolveu com alguém. Não igual ele está com você. É claro, ele sempre foi bondoso com as mulheres, diferente dos outros piratas. Mas proteger alguém e chegar a confessar pra sua tripulação que está apaixonado… Alteza, isso não é pouca coisa.

—Eu não deveria ter duvidado do que ele sente —a princesa suspirou e se apoiou no balcão do bar. —Mas saber que ele estava com um plano para me matar, foi difícil processar.

—Eram ordens do líder dos piratas, seu próprio pai. Se coloca no lugar dele, se seu pai, rei George a mandasse para matar ele, você desobedeceria?

Katherine ficou em silêncio, realmente foi um erro toda a raiva que sentiu pelo pirata.

—Está bem claro o que ele sente por você mas, e você por ele? —Pamela continuou. —Eu sei que é bem pessoal, mas Will já sofreu demais. Não quero que ele tenha o coração partido de novo.

—O que eu sinto é… Quando eu olho para ele… —Katherine não sabia achar as palavras certas para descrever. —Ele… Ele faz meu coração pegar fogo, apesar de ser um filho do Oceano —a princesa sorriu.

O rosto de Pamela se iluminou e a mulher pulou em Katherine, a abraçando.

—Céus, obrigada, obrigada —ela falava contente. —Eu senti que você era a garota certa!

—Pamela —Katherine disse se entristecendo. —Independente do meu sentimento por ele… Eu sou uma princesa. Eu… Eu vou me casar com um Filho do Fogo.

Mesmo dizendo isso, o rosto de Pamela não mudou de expressão.

—Não duvide do que o amor é capaz, majestade. —a mulher disse olhando para os lados e logo encontrou uma garota, alta e esbelta, de vestido, acenando para ela no andar debaixo. —Você se importaria se…

—Fica a vontade —Katherine sorriu e acompanhou com o olhar Pamela se encontrar com a outra mulher e as duas se beijarem.

A princesa se virou para o bar e ficou brincando de rodar um copo na mesa, até que foi abordada por cinco garotas, que sentaram ao seu lado e duas no balcão.

—Vimos que veio com Pamela e William. —uma garota, que tinha uma pinta charmosa no canto da boca e era extremamente linda com seus cabelos castanhos longos disse. —É a nova namorada da Pam? Qual é o seu nome?

—O quê? Não, eu sou uma amiga. Convidada dela, eu acho. —a princesa respondeu achando tudo isso muito estranho. —Na verdade eu vim com o Will e me chamo Katherine. —ela se explicou gentilmente e as meninas olharam entre si, segurando para não rir.

—William e você? —uma menina loira com olhos castanhos, sentada no balcão do lado esquerdo, perguntou. Katherine se lembrou de sua irmã quando olhou para a garota.

A princesa confirmou a pergunta afirmando com a cabeça, o que fez as mulheres rirem.

—Para gente —uma morena ao lado de Katherine segurou a mão da princesa. —Todas nós já fomos vítimas daqueles olhos azuis.

—Gostaria de ser vítima de novo —outra garota disse, tirando seu chapéu e se abanando. Isso fez as mulheres rirem novamente.

—Ele nunca me deu bola —a loira parecida com Margareth lamentou. —Ao invés de mim, ele escolhe a Violet, e ela não tem nada de especial.

—Fazer o que, ele prefere as morenas —uma se exibiu jogando seus cabelos castanhos pro lado.

—Ha ha ha, engraçadinha.

—Só queria ser a Violet —uma disse e todas se escoraram no balcão, olhando para o corredor.

—Espero ser a próxima.

Katherine ficou olhando a cena e entendeu que William estava com outra. O sangue da princesa ferveu e ela se levantou, se afastando das mulheres.
Uma raiva imensa atingiu a menina, que queria bater no pirata. Ela ficou com cara fechada por mais uns vinte minutos, até que viu uma movimentação no corredor. Ao olhar, uma mulher que provavelmente era Violet vinha em direção as amigas, que se animaram para saber o acontecido. Mas a cara da mulher não era das melhores.

—Você está com cara de choro —a loira falou enquanto Katherine prestava atenção na conversa. —Foi ruim?

—E tem como algo ser ruim com William? Não é isso, é que… —Violet começou a chorar. —Bem na hora que a gente estava chegando lá... Não foi o meu nome que ele falou —a mulher caiu aos prantos, chegando a soluçar.

—Nossa… Ele pode ter se confundido —as amigas a confortaram.

—Eu também pensei isso, mas ele repetiu mais de uma vez… Não saiu Violet da boca dele… Só Katherine —ela falou em meio às lágrimas.

A princesa olhava para as mulheres, que se viraram para ela na hora. Katherine não sabia como reagir, e ficou as encarando.

WILLIAM

Depois de ajeitar o cabelo no quarto e sair pelo corredor abotoando a camisa, William viu Katherine sozinha ao lado de várias garotas no bar. Suspirou e pensou que a hora para uma conversa era agora.

Ao se aproximar, passando pelo andar debaixo para chegar por trás da garota, ele percebeu que havia um clima tenso no ar.

—Oi boneca —ele falou se apoiando no balcão. Katherine se assustou e olhou para trás. —Quer conversar?

A princesa olhou novamente para as mulheres, que estavam surpresas ao ver a cena.

—Conversar sobre o que? —Katherine cruzou os braços e olhou para frente, fazendo William perceber que ela estava com raiva.

O pirata franziu as sobrancelhas e olhou para o lado, e vendo quais eram as mulheres, já entendeu a situação.

—Isso é ciúme, Katherine? —ele sorriu olhando para a princesa.

—Ciúmes ou alguém que não tem o mínimo de senso, me traz num bar para ficar com outras —a princesa o olhou nervosa e fez o pirata rir, piorando a situação.

—Eu posso me explicar —ele respondeu.

—Não quero nenhuma explicação —a princesa revirou os olhos.

William sorriu e colocou os cabelos da princesa atrás da orelha, se aproximando.

—Te ver com essa roupa me deixou louco —ele sussurrou.

O corpo da menina se arrepiou e a princesa fechou os olhos.

—Não parei de pensar em você um minuto lá dentro.

—Não sei se fico feliz, com nojo ou com raiva por você ter usado uma mulher para se saciar —Katherine respondeu voltando ao normal e o encarando.

—Como se elas não me usassem também —ele sorriu para a princesa.

—Tudo bem Thatch, lhe perdoarei. Mas só dessa vez.

—Se não quer me ver com outra, sabe muito bem o que fazer —ele começou a andar e a princesa o acompanhou.

—Tá me propondo um compromisso? —ela riu.

—Claro que não, estou falando para você me propor um compromisso —ele brincou e a fez sorrir.

Os dois saíram o bar pela porta dos fundos, onde havia a ponte e foram para o meio dela. Estava vazio, o que facilitaria a conversa.

—Então... —a princesa se virou para o pirata. —Um filho.

—Loucura né —William se escorou na ponte.

—Nunca imaginei você… Sendo pai —a princesa ficou ao seu lado e os dois olharam para o horizonte, que era iluminado pela lua cheia.

—A vida surpreende a gente —ele a olhou. —Tem muita coisa que eu não nunca imaginaria. Tipo me apaixonar por uma princesa.

—E eu por um pirata —Katherine disse baixinho, mas o suficiente para William ouvir.

—V-Você o que? —ele a olhou assustado.

—Will, você não é o monstro que eu acreditei e temi que seria —Katherine o olhou também. —Você é diferente dos outros piratas que tanto me falavam. Me mostrou seu maior segredo, e… Eu cansei de lutar contra o que eu sinto por você.

William a olhava surpreso, sem saber o que dizer.

—Você me mostrou uma nova forma de olhar o mundo e eu não sei se quero deixar isso para trás —Katherine se aproximou. —Estou cansada de seguir regras e padrões.

—Posso te ajudar a rompe-lôs —o pirata sorriu, acariciando o rosto da menina. —Se ficar comigo, ninguém nunca vai te obrigar a nada, princesa.

—Eu sei —ela ficou nas pontas dos pés, alcançando a boca do pirata, mas se controlando para não o beijar. —Mas a cada passo pra você, é um me distanciando de Sunrise. —ela fechou os olhos e se afastou. —Queria que fosse só nos dois, mas infelizmente não é.

—Eu te levo pra lá, sempre que quiser. Te coloco dentro do palácio para ver sua família e depois vamos embora… —William se aproximou. —Não sou egoísta de pedir que desista deles.

—E meu povo? —ela o olhou triste.

—Você não é a única na linha de sucessão. Seu irmão resolveu não ser rei, por que você tem que arcar com as responsabilidades dele?

—Will, é complicado…

—Eu sei que eu não posso te oferecer os luxos de um palácio, ou uma vida de conforto igual você teria com Frederick… Mas princesa, eu… Te garanto que comigo nunca vai te faltar liberdade, um pôr do sol que você sabe que não tem comparação. Eu posso te oferecer o mar, por mais que, de alguma forma, ele já seja seu —era claro que William estava nervoso, coisa rara, já que falar com mulheres era fácil para ele. Mas a situação era diferente e ele queria fazer de tudo para que Katherine o escolha. —E prometo que sempre terá um homem que é completamente apaixonado por você.

A princesa estava emocionada e segurava um sorriso. Viver a serviço dos outros ou dela mesma?

Ela começou a se aproximar de William que estava tenso com a situação  e com medo de perder a menina, já que assim que embarcarem no navio, ou ela ficaria com ele, ou ela iria embora.

Sem dizer nada, Katherine o beijou. William sorriu, imaginando que aquilo seria um sim e correspondeu ao beijo.

—Eu quero você, Kate —o pirata colou as suas testas, enquanto sua mão descia para a cintura da garota e a outra acariciava seus cabelos. —Eu nunca quis tanto alguém como eu te quero.

—Eu escolho você —a princesa disse de imediato, fazendo William afastar seus rostos e a olhar. —Imagina só que vida infeliz eu terei se não ver esses olhos azuis todo dia —ela colocou uma mão sobre o rosto do rapaz sorrindo.

Uma explosão acontecia dentro do Thatch, seu coração se acelerou e não dava para esconder um sorriso.

O pirata abraçou a menina e a rodou, fazendo-a rir.

—Eu te amo, Katherine Lecerf —ele a colocou no chão e olhou em seus olhos.

—Eu… —ela nunca havia falado aquilo para ninguém que não fosse de sua família, mas o sentimento pelo rapaz existia e não havia motivos para esconder. —Eu te amo, William Thatch.

O pirata sorriu ainda mais ao escutar o que ele sempre quis ouvir da menina. Não conseguindo se conter, ele puxou Katherine para si e a beijou.

Essa história poderia terminar desse jeito, com os dois jovens apaixonados juntos e vivendo felizes para sempre. Mas não é assim que funciona a vida real.

Enquanto se beijavam, uma figura misteriosas se aproximava dos dois. Mas não tão silenciosamente para a audição do pirata, que escutou alguém chegar de fininho por trás da princesa.

Em meio o beijo, o pirata desembainhou a espada e puxou Katherine para trás.

Um homem levantou as mãos, enquanto William apontava a espada para sua garganta.

—Quem é você? —o pirata perguntou e Katherine se escondia em suas costas.

—Vim para falar com a minha rainha —um homem de uns cinquenta anos tirou sua capa e os olhou. —Sou um Filho do Sol, o velho pescador Maxine, seu servo alteza —ele fez uma referência.

Katherine ficou ao lado de William e tocou seu braço, abaixando sua espada.

—O que faz aqui? —ela o olhou com as sobrancelhas franzidas, um pouco desconfiada.

—Vim procurar a senhora, Vossa Graça —o homem olhava para o chão. —Sunrise está ameaçada.

O coração da princesa se acelerou e ela não conseguiu falar nada pelo nervosismo que as palavras de Maxine lhe causara. William a olhou e percebeu que Katherine estava paralisada.

—O que houve? —ele perguntou.

—O rei George não aceita declarar a morte da princesa, como o conselho de Sanguinum sugeriu. O pacto está ameaçado e os Filhos do Fogo se sentem prejudicados…

—Pacto? —William perguntou sem entender.

—Meu casamento com Frederick —Katherine disse respirando fundo e tentando manter a calma. —Por que querem que meu pai me declare como morta?

—O rei estava gastando fortunas em expedições para te achar, alteza. O conselho desaprovou essas medidas, eles acham impossível uma princesa sobreviver entre piratas que não pediram resgate.

—Sunrise... —a princesa tentou falar em meio a respiração acelerada. —Sunrise tem acordos… Tem a Trindade, a Assembleia… —Katherine estava desesperada e tentava achar uma alternativa pra sua família estar a salvo.

—Os reinos que fazem parte da trindade, os Filhos da Noite e da Terra, se voltaram contra Sunrise. O reino Sanguinum fez uma proposta melhor. A mesma coisa com a Assembleia.

Katherine começou a chorar e a ansiedade caiu sobre a garota. Seu reino estava sozinho em meio a essa confusão e sua família desprotegida.

—Não temos potencial bélico… M-Meus pais… —ela custou a perguntar e William a envolveu.

—Sunrise ainda não caiu. A própria população está defendendo o reino… Mas assim que os exércitos dos Filhos do Fogo chegarem, duvido que o Sunrise consiga aguentar.

A princesa colocou sua cabeça contra o peito de William, que acariciava seus cabelos, e suas lágrimas agora saiam com facilidade e ficou difícil de respirar. O desespero e medo começaram a invadir os pensamentos da Lecerf.

William suspirou, beijando a cabeça da menina. A ver nesse estado doía em seu coração, além de ser por amar a princesa, a maldição agia nesses momentos. William sentia fisicamente uma dor que não recordava desde que Jane começou a sofrer com os traumas.

—Como nos achou? —ele perguntou para o homem, que com lágrimas nos olhos observava a cena.

—Eu sai para procurar a princesa por conta própria e há boatos que o senhor sempre vem a essa ilha. Esperei por semanas, até que vi vocês saírem da casa de uma cigana. —ele explicava. —Vi um pequeno homem montar em um cavalo e parar nessa aldeia mais afastada.

William segurou a respiração por um instante e seu peito apertou.

—Você —o pirata disse com a voz mais rígida e sobrancelhas franzidas, e Katherine notou a mudança do tom do pirata e o olhou. —Você nos seguiu?

O homem com medo, se afastou um pouco e confirmou com a cabeça. Katherine entendeu o motivo de William estar desse jeito.

—Thomas —ela disse o olhando e William no mesmo instante saiu correndo em direção a casa de Pamela.

—Vá para o Porto. Fique próximo do Vingança da Rainha Ana, logo estaremos lá —Katherine disse limpando as lágrimas e em seguida saiu correndo atrás de William.


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Notas finais do capítulo

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