Crawling Back To You escrita por Rafaela


Capítulo 18
Uma Profecia


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora gente!!! Terceiro ano não é moleza!!! Espero que gostem!!



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Katherine

Já era pôr do sol, e segundo Wayne, depois de algumas horas eles estariam no Porto. Katherine tomou um banho e estava na cabine se olhando no espelho.

Ela estava diferente. Era estranho se ver usando camisa e não vestidos, com o rosto limpo sem maquiagens e seu cabelo natural, sem penteados.

Depois de todo esse tempo no Vingança da Rainha Ana, ela estava vendo uma mulher mais forte, com opinião própria e livre. Não uma princesa que deve seguir regras e se comportar de acordo com o que mandam. Katherine ficou triste por ter que abandonar toda a liberdade que o mar a proporcionou.

Ela sentia falta de sua família, principalmente de seu irmãozinho, Henry. Mas ela não queria ir embora e voltar para a vida que tinha.

Depois de um tempo pensando, a princesa viu que o chapéu de William estava sobre a mesa a sua frente. Bem, ninguém estava ali, Katherine decidiu experimentar.

Ela o colocou e se olhou.

—Gostei —a futura rainha sorriu fazendo algumas poses. 

—Devo considerar isso um sim para o meu pedido? —a princesa escutou e olhou para a porta, onde William estava encostado com braços cruzados, sorrindo.

—Eu… Eu só estava… —Katherine tirou o chapéu rapidamente e não sabia o que falar.

—Já posso te chamar de senhora Thatch? —ele entrou na cabine, fechando a porta.

—Eu só quis me ver com um chapéu, idiota —ela suspirou, ajeitando a camisa.

—Ou se quis ver como uma pirata? —ele arqueou as sobrancelhas.

Katherine sorriu olhando para o chão. Até que ela gostou da ideia.

—Olha só, a princesa querendo ser uma filha do Oceano —ele sorriu se escorando na mesa.

—Não posso ser —ela entregou o chapéu para William. —Tenho a minha família e um reino pra governar.

—E o que você quer não importa?

—É egoísmo pensar em mim em uma situação dessas. Tenho pessoas para cuidar.

—Boneca, pensar em você em primeiro lugar nunca é egoísmo. —ele segurou o queixo da menina o erguendo.

Os dois se encararam, mas logo a princesa abaixou a cabeça, evitando olhar nos olhos do rapaz.

—E você tem jeito para ser pirata —William continuou e colocou o chapéu na cabeça de Katherine novamente.

—Calem a boca, seus ratos imundos —ela tampou um olho e fez uma voz grossa.

—Meus deuses, isso seria um pirata? —William riu.

—Você disse que eu levava jeito.

—Retiro o que eu disse. Pelo visto, vou precisar treinar você nisso também —o capitão tirou o chapéu da princesa e o colocou.

Os dois se olharam por um momento, mas Katherine virou o rosto, desviando o olhar novamente. A cada troca de olhares, alguns sentimentos vinham à tona e o frio na barriga que ela sentia olhando para ele, não era um sinal positivo para a princesa. Qualquer sentimento por ele, deveria ser esquecido e superado, ela pensava.

—Capitão, chegamos —um dos homens de William abriu a porta da cabine.

Katherine saiu atrás do pirata, e seu irmão a esperava.

—Nossa —a princesa sorriu ao ver o lugar. Era uma ilha bem pequena, e pontes de madeira adentravam no mar, e em algumas partes, havia casas e bares. E o que mais impressionava eram as luzes, em meio a escuridão.

—Bonito né —William a olhou sorrindo e Katherine tentou não notar que todo o cenário realçava ainda mais o rapaz e ele estava irresistível, ainda mais com sua camisa preta um pouco aberta. A princesa balançou a cabeça. Onde estão seus modos, Katherine Lecerf? Ela se perguntou.

—É encantador —ela sorriu, mas sua voz falhou um pouco.

William sorriu de lado e olhou para sua tripulação.

—Todos no navio ao entardecer, até lá —ele ergueu uma garrafa de rum. —Divirtam-se meus caros.

—Aye! —os homens gritaram e logo desembarcaram.

—Kate, escute —Jonathan olhou para a irmã. —Ouvi alguns comentários que coisas acontecem ao seu redor. Sabe, as sereias, o mar... Eu conheço alguém que pode falar o motivo disso tudo e mora aqui.

William cruzou os braços com as sobrancelhas franzidas, prestando atenção.

—Ela se chama Celeste…

—Péssima ideia —William disse na mesma hora, o cortando.

—Na verdade, eu achei uma excelente ideia  —a princesa o olhou. —Se tem alguém que pode explicar tudo que acontece ao meu redor, eu tenho interesse em conhecer.

—É que Celeste e o capitão são... —Wayne começou a dizer —Amigos...

—Conhecidos —William corrigiu franzindo as sobrancelhas para o anão.

—Está mais para ex namorados, senhor —Wayne respondeu.

Katherine olhou para William, que parecia sem jeito com a situação.

—Uma ex namorada? —a princesa cruzou os braços sorrindo.

—Como eu disse, conhecidos —William deu um gole no rum e foi até as cordas para descer do navio.

—Me leve até ela Jonathan —Katherine sorriu. —Vai ser divertido.

 

(…)

Era difícil se locomover entre as pontes, elas eram apertadas e em algumas partes faltava madeira. Segundo Jonathan, a casa de Celeste era a última, descendo mais alguns metros.

Depois de cerca de cinco minutos caminhando, William, Wayne, Jonathan, Katherine e três piratas fortes do Thatch, chegaram na residência.

Jonathan abriu a porta e entrou na casa da mulher.

No caminho Wayne explicou que Celeste era uma cigana, que atendia moradores da região e até mesmo viajantes que buscavam suas previsões.

Quando entrou, Katherine deu uma volta observando o lugar. A casa de madeira era decorada com vários panos, conchas desciam do teto, gaiolas de pássaros pretos perto das janelas, uma mesa em um canto com ossos, cartas e anéis.

De repente, de uma das portas da casa uma figura aparecia. Uma mulher negra, com cabelos cacheados que desciam pelos ombros e olhos verdes intensos se aproximava. Ela usava um vestido rodado e longo, da cor preta e roxo e na sua cabeça uma tiara de safira. Ela usava um piercing no septo e nas orelhas, seus braços eram cobertos por tatuagens.

—Nossa ela é… Linda —Katherine cochichou para Wayne que também olhava admirado para a mulher.

—Hipnotizante, né? —Wayne suspirou.

—Ah Jonathan —a voz doce, porém forte de Celeste quebrou o silêncio do lugar. —Você sumiu, meu docinho —ela o abraçou.

—Estive ocupado —o irmão da princesa sorriu a abraçando.

Celeste o olhou sorrindo, mas logo reparou em alguém no canto da casa.

William havia entrado de fininho e mexia em uma estante coberta de jóias da mulher.

—Você —Celeste apontou para William franzindo as sobrancelhas.

William olhou para os lados e viu que era realmente com ele que ela se dirigia.

—Homens sábios dizem que faz mal guardar rancor —ele sorriu para Celeste, colocando algumas jóias no bolso. —Magoas fazem aparecer rugas, sabia?

—Você me abandonou —o rosto de Celeste expressava raiva e ela começou a avançar na direção do pirata.

—Em minha defesa, eu não te abandonei. —William se apressou e foi para o outro cômodo, e o resto das pessoas seguiram a perseguição. —Eu apenas…

 —Jurou que viria me buscar e nunca mais apareceu! —ela jogou uma jarra no pirata, que abaixou se protegendo e fazendo-a estraçalhar na parede.

—Você não previu isso né —William riu nervoso mas apenas piorou a situação.

—Eu vou acabar com você, William Thatch! Seu pirata maldito! —Celeste voltou a jogar tudo que via pela frente no capitão do Vingança que conseguia desviar da maioria. Mas um vaso atingiu seu braço, que se cortou imediatamente.

—O que você quer que eu faça? Volte no tempo? —William respondeu segurando um cachorro de pelúcia que a mulher atacou, e seu braço já havia se cicatrizado.

—Eu vou matar você! —ela gritou.

—Entra na fila então, e garanto, ela é bem extensa. —ele disse se aproximando, enquanto a cigana não parava de arremessar objetos.

William conseguiu ficar de frente para Celeste e segurar seu pulso, mas ela não cederia tão fácil e começou a se contorcer.

—Me solta seu cretino —ela xingava.

—Eu fui embora porque que você não daria certo no mar, nem com a minha tripulação —ele sorriu, colocando um tipo de charme na voz. —Sabe disso, né?

A mulher o olhou se acalmando.

—Eu nunca gostei do seu navio, nem dos seus homens —sua voz se acalmou e William a soltou, mas ela continuou perto do pirata. Katherine observava a cena e franziu as sobrancelhas, aquilo estava a irritando. —Mas ao menos… Sentiu a minha falta? —ela acariciou o peito do capitão, descendo até seu abdômen.

—Todo dia, coração —ele sorriu.

Celeste abaixou a cabeça sorrindo, mas logo voltou a olhar o pirata. Aos poucos ela aproximou seus rostos e o beijou.

Katherine balançou a cabeça em negação e foi até a janela, onde se apoiou. Ela sentiu raiva dos dois, mais de William que estava correspondendo, mas ela não queria ver aquilo e virou o rosto, encarando uma parede decorada com vidros que continham líquidos estranhos.

De repente Celeste se separou de  William e o olhou com as sobrancelhas franzidas.

—Ora, ora, ora —ela se afastou devagar mordendo os lábios, com um sorriso. —Essa é nova… William Thatch está apaixonado.

Katherine olhou para William, e todos da sala também.

—Por ela —Celeste disse encostando nos lábios e apontando para a princesa.

—Todo mundo aqui já sabe disso, boneca —William sorriu.

Porém Katherine olhava sem reação para a mulher. Ela percebeu isso apenas com um beijo? E outra, William então realmente a ama… Mil pensamentos se passaram pela cabeça da menina e duvidas começaram a ir embora. Estava certa de confiar nele, então. A princesa pensou.

—Katherine Lecerf — Celeste disse se aproximando da garota. —Futura rainha de Sunrise e... Sua irmã? —ela olhou para Jonathan que confirmou com a cabeça. —Interessante. —Celeste colocou a mão no queixo pensativa.

—É por causa dela que viemos —Jonathan falou. —Queremos saber o que...

—Na verdade vocês querem saber quem é ela —Celeste o interrompeu sorrindo. Ela se aproximou mais, e tocou nos cabelos da princesa. Katherine ficou um pouco assustada com a aproximação da mulher e olhou assustada para os lados. A cigana passou com os dedos pelo rosto da princesa e contornou sua boca, olhando atenciosamente.

Celeste estava prestes a dizer algo, mas um dos piratas de William se aproximou e segurou o braço da mulher. Seus olhos agora estavam com a cor azul, bem intenso. O mesmo de quando Katherine ficou com raiva na luta, o mesmo olhar que a mulher no bar na Ilha de Ascensão estava quando avisou William para sair e resgatar a princesa. O Thatch notou e se aproximou, olhando atentamente.

—Não é a hora —o pirata disse e logo seus olhos voltaram ao tom castanho. O homem parecia perdido e olhou para os lados, como se ele não soubesse do que aconteceu.

Celeste sorriu e olhou para a princesa.

—Não é a hora —ela repetiu e se afastou.

A mulher passou pelos piratas e foi em direção a porta de onde havia entrado.

—Acabamos, vocês devem sair —ela disse sem olhar para trás.

—Por favor —Katherine se moveu, indo atrás dela. —Me diga alguma coisa!

Celeste parou e virou-se para a menina.

— Quando a coroa enfrentar a espada,

Quando o sol beijar o mar,

Quando os olhos despertarem a fúria,

A filha do Oceano aparecerá — ela disse e voltou a andar para dentro de sua casa.

—E o que isso significa? —Katherine perguntou, mas a mulher já havia desaparecido de vista. —Droga.

—Quando a coroa enfrentar a espada, quando o sol beijar o mar... O que mais? —Jonathan olhou para a irmã

—Quando os olhos despertarem a fúria, a filha do Oceano aparecerá —a princesa terminou. —O que significa?

—É sobre você, isso é óbvio —William a olhou. 

—A filha do Oceano... Tá dizendo que minha irmã não é uma filha do Sol? —Jonathan o olhou com as sobrancelhas franzidas.

—Uma Filha do Sol ela é —o capitão começou a mexer na mesa com vários ossos e cartas da Celeste. —Por parte de mãe pelo menos.

—Não comece com isso de novo —a princesa suspirou, se apoiando na parede.

—Está dizendo que Katherine não é filha do rei George? —o irmão da princesa riu, mas ninguém mais achou graça. —Você só pode estar maluco de insinuar uma coisa dessas.

—Você deveria saber pelo que já viveu no mar, Page. Fidelidade não é muito o forte dos nobres —William falou analisando uma garrafa de whisky que estava em um canto da mesa e deu um gole em seguida.

—Você não conhece os nossos pais. Eles são apaixonados um pelo outro —Jonathan respondeu.

—Como se amor adiantasse alguma coisa —William revirou os olhos.

—Bem motivador escutar isso de alguém que fala que me ama —Katherine sorriu de canto para o pirata. —Mas se isso que William supôs for verdade, eu não julgo a nossa mãe. —ela olhou para Jonathan.

—Katherine é impossível que ela tenha feito uma coisa dessas. —seu irmão respondeu. —Você sabe como adultério é levado a sério em nosso reino, isso a faria perder a coroa.

—Se coloca no lugar dela —Katherine andou até o outro cômodo. —Ela se casou com vinte anos por um acordo, além de ter a obrigação de ficar grávida imediatamente. Ela não pôde se divertir, conhecer outras pessoas…. Nossa mãe não é uma máquina, Jonathan.

O Lecerf olhou para o chão e pensou por um momento.

—Mesmo que seja verdade… Como isso explica tudo que acontece com você?

—A rainha pode ter tido ela com um pirata, e o sangue influencia —William cruzou os braços observando os dois irmãos. —O que menos falta nesses mares são famílias amaldiçoadas.

—Sereias a servirem e o mar reagir a suas emoções não me parecem maldição —Jonathan disse.

Katherine ficou calada pensando no que poderia significar o que Celeste havia dito. Seria uma profecia? Ou apenas algo sobre ela que não estava explícito?

Jonathan e William continuavam discutindo sobre o que a princesa poderia ser, mas era informação demais para a futura rainha. Pensar que não é filha do rei George doía profundamente em seu coração, mas isso poderia até ser possível. Ora, em todas as gerações dos Lecerf, só ela ter cabelos castanhos deve significar algo.

—Por favor, parem —ela pediu olhando as os dois homens. —Seja lá o que a Celeste quis dizer… Depois pensamos nisso. —eles confirmaram com a cabeça. —William, podemos ir?

O pirata sorriu para a menina, gostou do interesse dela pelo seu misterioso segredo.

—É aqui que nos separamos —ele disse para Jonathan quando chegaram no meio de uma encruzilhada de pontes.

—Para onde você vai com ela? —o irmão mais velho da primeira franziu as sobrancelhas.

—Tá tudo bem —Katherine tocou o braço do irmão. —Ele não vai me fazer mal.

—Espero que esteja certa —Jonathan suspirou, sabia que discutir iria apenas fazer a menina ficar com raiva dele. —Nos vemos no entardecer  —ele beijou a testa da irmã. —Não vá fazer nenhuma estupidez, Thatch —ele olhou para o pirata, que sorriu de canto para o velho amigo.

William lançou um olhar para Wayne, que confirmou com a cabeça e logo saiu sozinho por um dos caminhos.

—Vamos —Katherine virou-se para o capitão, que deu passagem para a menina seguir pelas pontes atrás dele.


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