Já não se viam há meses, mas quando os olhos do rapaz encontraram os dela, não abriu mão de tentar chamar sua atenção. Sempre soube que ela era insegura e isso fazia tudo ficar mais complicado para ele, na verdade, para ambos. Tinha medo de investir e levar um não, mas tinha mais medo ainda de não arriscar e deixar tudo ter sido em vão.

Assim que ela o notou, sentiu seu rosto corar de leve. Quis ir correndo em sua direção e o abraçar forte, mas sempre uma vozinha em sua mente insistia que algo podia dar errado ou que tinha alguma coisa estranha em sua aparência, pois ela não se parecia em nada com as pessoas com quem ele andava e tinha medo de o envergonhar. Desviou o olhar, abaixando a cabeça.

Ele notou que ela havia feito isso por vergonha. Em vez de se irritar ou desistir, sorriu. Ela continua a mesma garotinha tímida de antes.

Ela o viu passar por seu lado e caminhar à sua frente, sem menção de olhar para trás. Sentiu uma espécie de aperto em seu coração, medo de que ele tivesse cansado de ser sempre o único a puxar assunto pessoalmente enquanto ela tinha que se esconder atrás de uma tela para ter uma simples conversa. Sem que se desse conta, estava caminhando para encontrá-lo, mas uma multidão passou entre os dois, a fazendo perdê-lo de vista.

— Droga… — ela murmurou, desacelerando o passo. Pensou que sua tentativa havia falhado, mas olhou bem e o encontrou encostado na parede. “Ele deve estar esperando alguém”, a garota pensou, e de certo ele estava: ela. Temeu incomodá-lo, porém tomou coragem para dizer a primeira palavra, surpreendendo o rapaz.

— Oi… — ela disse, tentando não soar muito forçada — quanto tempo, né?

— É — ele disse, em um meio sussurro, surpreso e infinitamente feliz por ela finalmente ter tomado a iniciativa.

— Sua blusa é linda, você ficou perfeito com ela. — disse, procurando um assunto, mas sem noção do quanto isso soava como uma cantada. Só percebeu quando o rosto do rapaz corou.

— Ah, obrigado, eu… gosto dela. É da minha banda favorita, acho que você já sabe. — ele disse com um sorriso.

Ela já estava fazendo tudo errado, o que custava arriscar mais um pouco?

— Eu posso te dar um abraço? — questionou, com os braços um pouco abertos e o coração a mil.

Temeu que ele a olhasse assustado ou negasse, mas ele a abraçou o mais apertado que, para ele, não a machucaria. Seu sorriso era tão lindo, como se tivesse esperado aquilo o tempo todo.

E, nossa, como ele esperou. Desde o primeiro dia que eles se viram. Era a primeira vez que eles tinham se tocado. Ele passou a mão por suas costas com cautela para não fazer nada de errado e tentou conter um pouco da felicidade, mas ela ainda pôde ouvir uma leve risada quando repousou a cabeça no ombro dele.

Não necessitavam de palavras, nem de mais nada. Apenas eles dois ali eram suficientes, um com o outro.