A Vida de Samanta escrita por Sol
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura :)
— Onde eu estou? – coloco a mão na cabeça e sinto uma dor forte.
— Vai ficar um belo galo. – diz Maelle passando a mão suavemente no meu cabelo. – Por que você não me contou?
— Contei o que? – me ajeito na maca que estou deitada, acho eu estou na enfermaria da escola.
— Que está gravida.
— Como você sabe disso? – fiquei com medo da minha mãe também saber.
— Não sei se notou, mas estamos em um hospital. – Esfrego os olhos e vejo que nem de longe estamos na escola ainda. - Fizeram exames em você e me contaram enquanto ainda estava dormindo.
— Minha mãe sabe?
— Ela está vindo para você receber alta, mas disse que foi por causa que não comeu, também conversei com o enfermeiro, disse que você quer fazer uma surpresa. – Deu um pequeno sorriso.
— Eu ia te contar, no banheiro lá em casa, mas você saiu toda estranha falando que íamos nos atrasar.
— Desculpa, de verdade. Tive que responder uma mensagem importante. Queria ter recebido a notícia antes, não estaríamos no hospital agora. – ela rir.
— Olha, você não pode contar pra ninguém, nem pro Bruno. Se minha mãe souber vai ficar louca.
— Se acalma, vou esperar seu tempo de contar.
— Eu não vou contar.
— Contar o quê? – Minha mãe aparece de repente.
— Um segredo muito sério meu, Sarah. – Maelle diz antes de eu pensar em qualquer coisa.
— Maelle, cadê o respeito? É Senhora Culler.
— Prefiro Sarah.
— Não muda mesmo, a mesma de sempre. – Minha mãe sorrir. – Bom, por que a senhorita não comprou alguma coisa antes de entrar para a aula? Disse que não iria buscar ninguém passando mal, mas como sou boba, estou aqui.
— Desculpa mãe, só não queríamos nos atrasar. – Mentir realmente dói.
— Com tanto que esteja bem, tudo certo. Agora vamos voltar para a escola.
— Sério? Nem comigo passando mal você deixa faltar.
— Obvio que não, anda logo, compramos alguma coisa para vocês no caminho.
Minha mãe assinou a alta e fomos novamente para a escola, como se tudo estivesse normal e como nada tivesse acontecido há uma hora.
Chegamos na escola e alguns olhares se direcionavam a mim, será que já sabem do que realmente estava rolando ou é só paranoia minha? Talvez culpa por querer fazer um aborto?
— Samy, como você está? Soube que passou mal. – Sinto uma mão pesada no meu ombro, era Bruno.
— Eu estou bem, só não comi mais cedo. – Tirei sua mão do meu ombro e comecei a andar em direção a minha sala.
— Por que você está assim? Não fala comigo direito desde as férias, nem quer conversar sobre o que rolou. – Ele vem falando atrás de mim.
Eu paro e encaro ele por uns segundos, será que eu realmente superei ele?
— Olha, o que rolou não foi nada demais, e eu só não estou bem.
— Se não foi nada demais por quê fica me evitando? Você não está bem faz meses, só queria que conversasse comigo.
— Está bom! Você quer conversar? Então vamos nos encontrar na sua casa, só não me enche o saco aqui.
— Vamos conversar então, só não sei se vou continuar sendo seu amigo depois dessa conversa, ou dessa sua atitude.
Ele me deu as costas e saiu andando, alguns curiosos ficaram me olhando e eu continuei andando para a sala.
Esse foi o dia mais longo da minha vida. Senti como se todos estivessem me olhando e soubessem o que está acontecendo, é como se estivessem me julgando apenas com olhares.
Me despedi da Maelle e disse que iria para a casa de Bruno, então fui encontra-lo no seu carro.
— Oi.
— Oi, entra ai. Desculpa ter sido babaca com você. – ele abre a porta e eu entro.
— Eu também fui, mas não posso me desculpar, você não entende o que está rolando comigo. – ele dá a partida e saímos do estacionamento da escola.
— Eu queria entender, mas você não deixa. Você simplesmente sumiu depois da festa na minha casa, não respondeu nenhuma mensagem e ainda foi para um acampamento de verão, desde quando você gosta de acampamentos e como conseguiu ir de ultima hora?
— Minha mãe tem os contatos dela. – tentei ao máximo não manter contato visual.
— Sei que era pra gente conversar lá em casa, mas eu realmente quero entender o que está rolando.
— Você realmente quer saber? – Me viro para ele.
— É... sim. – Ele me olha um pouco assustado.
Pensei em contar tudo, da gravidez, do aborto que quero fazer, do acampamento. Mas isso seria um risco muito grande, conheço o Bruno, me faria desistir de tudo, falaria com minha mãe, me prenderia em um quarto até a criança nascer se fosse possível. Então resolvi ocultar essa parte.
— A gente ficou, você simplesmente depois disse que não era nada sério, que era só uma... coisa idiota. – Dou uma pausa para conter minha raiva. – Eu sempre gostei de você, vivemos nossa vida inteira juntos, e você nunca gostou de mim, sempre fui a estranha que pegava no seu pé, depois do que me disse você quebrou meu coração inteiro, sumiu todo o sentimento que eu sentia por você. Ir para o acampamento foi o jeito de manter meu pensamento longe de você, e eu conheci um garoto nesse acampamento e foi a melhor coisa que me aconteceu em tempos, ficamos o verão inteiro e infelizmente acabou e voltei para minha vida patética. E por que você se importa com o que está acontecendo comigo?
— Olha, sinto muito por ter sido um babaca. Mas não achei que isso fosse afetar você, eu nem sabia que você gostava de mim e nunca foi minha intenção te machucar, e nunca vai ser. Sabe que daria minha vida para te proteger, mas... eu não sinto o mesmo por você. Bom, nem você sente mais, mas eu nunca quis causar isso, e espero que você consiga me perdoar e as coisas voltem a ser como antes.
— Quer saber? Eu vou ser sincera, não deveria ter ficado magoada, você nunca foi obrigado a sentir o mesmo e fui só uma idiota com problemas e descontando tudo em você. Você não sabe como senti falta de conversar com você. Você é meu melhor amigo.
Talvez não fosse as palavras que eu queria ouvir, nem as que eu queria dizer, mas nada mais poderia ser feito. Fomos feitos para sermos melhores amigos, e ainda mais com tudo que está acontecendo no atual momento, nunca ficaríamos juntos. Porém fico feliz de ter meu amigo de volta, não como antes, mas tenho ele de volta.
— E ai? Vamos comer uma pizza? Que tal dormir lá em casa, pode chamar a Maelle, mesmo ela comendo a pizza inteira.
— Pode ser, então. Poderia me levar em casa?
— Com todo prazer, é antes da minha mesmo.
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