Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 7
Capítulo 7 - Wait for it, I'm gonna tell my father




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Capítulo 7 - Wait for it, I'm gonna tell my father



CAMILA SCHMIDT




Minhas pernas balançavam freneticamente embaixo da mesa, acho que aquele era o momento mais desconfortável de todo o meu ano letivo. Professor Flitwick franziu o cenho enquanto me estendia um cupcake.

— Está tudo bem Srta. Schmidt? — perguntou quando eu finalmente segurei o cupcake, me surpreendi ao ver que ele realmente estava preocupado.

— Hm...Sim. — murmurei com a voz fraca, sentindo o suor escorrer pela minha testa. Tinha tanto medo de que ele resolvesse noticiar os meus pais, porque eu sabia que Robert me tiraria de Hogwarts.

— Percebi uma certa queda nas suas notas durante esse trimestre, tem algo que a senhorita gostaria de conversar sobre? Se for algum problema com algum aluno, ou até mesmo em casa…

Engoli em seco, ainda me sentindo nervosa.

— Estou com medo que meu pai me tire da escola por causa das minhas notas, — sussurrei, e na realidade aquilo era uma possibilidade que vinha me perseguindo. Tinha muito medo do que o meu pai fosse fazer. — ele costuma ser bem exigente.

Dei uma mordida no cupcake e quase sorri, tinha ouvido boatos de que eram bolinhos deliciosos. O gosto de chocolate me deu uma leve sensação de tranquilidade, e eu logo parei de balançar as pernas. Aquilo tinha um gosto maravilhoso.

Posso conversar com o Prof. Dumbledore sobre o seu caso, talvez você queira alunos veteranos para te explicar o conteúdo? — ele propôs com um sorriso amável — Tentarei evitar que seus pais sejam comunicados, a Srta. só precisa ficar longe de confusão.

Concordei com professor, dando um sorriso, não deixando de o agradecer quando saí da sala.

Agora faltava muito pouco para que os exames finais acabassem, não podia deixar de me sentir ansiosa, todo fim de ano era praticamente a mesma coisa. Andei em passos apressados para a biblioteca que estava em completo silêncio, parecia que a escola inteira estava lá estudando. Dei um meio sorriso, apesar de gostar de lugares reservados, era bom ver outros alunos preocupados com os exames, fazia com que eu me sentisse menos pirada.

Fui direto para a seção de história, quase espirrei quando peguei um enorme livro sobre a magia do povo celta. Com um enorme peso nas mãos, fui até a próxima estante pegando um livro sobre runas antigas e mais uma livro sobre aritmancia. Andei quase tropeçando em meus próprios pés até uma mesa vazia, depositando os livros cuidadosamente.

— Ainda dá tempo. — sussurrei para mim mesma enquanto me sentava, começando a estudar runas.

Mal percebi o tempo passando enquanto estudava, estava me sentindo ansiosa a cada página que virava do livro, mas felizmente consegui absorver o conteúdo necessário.

Nem tive tempo de piscar os olhos e já era a hora do jantar. Dei um suspiro desanimado indo colocar os livros em seu devido lugar, saindo da biblioteca que agora se encontrava vazia.

Durante o jantar eu acabei conversando com alguns alunos do terceiro ano que estavam ansiosos com a prova do Professor Snape. Não pude deixar de sorrir nostálgica, eu sempre ficava muito apreensiva nos exames de poções.

— Não sei porque fui me inscrever para Estudo dos Trouxas, pensei que fosse ser uma matéria fácil… — uma menina choramingou e eu contive a risada.

— Também não sei porque me inscrevi para Adivinhações, eu sou um fracasso nessa matéria.

Sorri para eles.

— Se serve de consolo, eu sou horrível em História da Magia desde…Sempre.

Assim que o jantar acabou eu tomei banho, vesti um pijama confortável e me deitei. Tinha completa ciência de que para ter uma boa semana de provas eu precisaria de uma boa noite de estudos, e infelizmente, isso não aconteceu.

Veja bem, eu nunca conseguia dormir perfeitamente bem quando estava sob muito estresse. Já tinha acontecido de adormecer em meu quarto e acordar na sala de estar com um livro em mãos, mas em Hogwarts tal coisa nunca tinha acontecido, até hoje.

Felizmente o meu sonho não envolvia nenhum tipo de dementador, o que era um alívio. Me recordava de sonhar com o livro de História da Magia, estranhamente os personagens saiam do livro e conversavam comigo.

É, talvez eu estivesse estudando muito.

— Então, você é… — inclinei minha cabeça olhando para a figura a minha frente.

— Godric Gryffindor, um dos fundadores de Hog…

— ALUNA FORA DA CAMA! — a voz do zelador Filch me assustou, e quando eu percebi, estava caída no chão segurando um livro de História da Magia. Olhei para os lados procurando Godric Gryffindor, e não o achei.

Madame Norra ronronou, como se estivesse feliz vendo a minha desgraça.

— Onde eu estou? — perguntei olhando em volta, levando um susto, eu estava na biblioteca! — Não é possível!

Filch me arrastou pelos corredores escuros do castelo, podia ver um sorriso macabro de contentação em seus lábios, ele adorava pegar alunos fora da cama ever os mesmos pegando detenção. Tentei puxar meu braço de volta, contudo ele apenas me apertou mais. Lhe dirigi um olhar furioso.

— Espere para ver, irei contar para meu pai que o zelador está me agredindo na escola! — exclamei enquanto me esperneava, e para a minha surpresa, Filch soltou o meu braço com uma expressão de medo e raiva ao mesmo tempo.

O zelador começou a resmungar de como filhos de pessoas importantes do Ministério da Magia eram presunçosos, provavelmente lembrando de algum outro aluno da escola. Contudo eu apenas dei de ombros, furiosa demais para dar importância ao que ele falava.

Não sabia o que tinha dado em mim para ter acordado na biblioteca, já fazia um certo tempo que eu não tinha mais surtos de sonambulismo, mas eu certamente precisava me controlar mais e se acalmar. Iria acabar surtando se todo final de ano eu ficasse nesse estado.

Acabei ofegando quando percebi que estava sendo levada a sala do diretor. Nunca em minha vida escolar eu tinha ido para a sala do Professor Dumbledore, muito menos a fim de receber uma detenção. Minha última detenção tinha sido no ano anterior quando eu soquei o rosto de Draco Malfoy, mas ao menos eu tinha uma justificativa, ele tinha merecido aquele soco.

Infelizmente, Dumbledore ainda estava acordado e nos recebeu em sua sala, sendo extremamente educado.

— Esta aluna estava na biblioteca fora do horário permitido. — Filch sorriu mostrando seus dentes tortos, não pude evitar fazer uma careta para ele.

— Perdão senhor, eu tive uma crise de sonambulismo, eu garanto que não irá acon-

— Alunos que ficam zanzando na escola após o horário de recolher devem receber uma detenção como punição. — o zelador me cortou.

— Tenho certeza de que nossa querida aluna fala a verdade, — Dumbledore deu um pequeno sorriso — contudo, Filch também está certo. Seria um problema para a Srta. coletar alguns ingredientes na Floresta Proibida com Hagrid amanhã? Irá auxiliar no estoque para as aulas de poções…

Acenei positivamente com a cabeça, na minha posição não havia nada a se fazer além de aceitar a punição proposta pelo diretor.

— Srta. — Dumbledore me chamou a atenção antes que eu saísse de sua sala — o seu segredo está salvo comigo.

Sorri aliviada ao perceber que meu pai não teria conhecimento do meu deslize.




(...)






Assim que amanheceu eu soube que seria uma segunda-feira difícil, felizmente a prova de Defesa Contra as Artes das Trevas e Runas Antigas não tinha sido nada muito complicado, embora eu não pudesse falar o mesmo de Adivinhações. Ao fim da tarde tive de ir até a cabana de Hagrid, que ficava do lado de fora do castelo. Como sabia que a Floresta Proibida costumava ser gelada, acabei me agasalhando colocando uma capa e o cachecol da Corvinal.

— Hagrid? — bati na porta de sua cabana.

— Oh, Camilla Schmidt, certo? — ele perguntou enquanto saía desajeitado de sua cabana, eu apenas sorri assentindo. Harry tinha me contado que apesar de ser um meio-gigante de aparência ameaçadora, ele era na verdade uma manteiga derretida. — Bem, com sorte não iremos demorar muito tempo na Floresta. Professor Snape pediu para coletarmos alguns ingredientes que estão em falta no estoque da sala de poções.

— E nós vamos encontrar tudo isso na floresta? — perguntei curiosa e ele assentiu.

— Se você souber exatamente onde procurar. — ele disse começando a caminhar, e eu simplesmente o seguia, adentrando na Floresta Proibida. — Fiquei bem surpreso quando Dumbledore falou que a Srta. iria cumprir detenção, seus irmãos sempre foram muito certinhos quanto a isso…

Fiz uma careta de descontentamento consigo mesma.

— Talvez eu seja a errada da família. — disse rindo. — Hagrid, você conheceu minha mãe, quero dizer quando ela estudava aqui?

— Oh sim, Elisabeth Bella Davies, me lembro dela sim. — ele comentou enquanto se ajoelhou diante de um arbusto, pedindo que eu cortasse com um alicate algumas folhas — Uma das garotas mais inteligentes e bonitas de seu ano. Ela era bem parecida com você, para falar a verdade.

Fiquei pensativa enquanto coletava algumas folhas, nunca soube muito sobre como os meus pais eram na época de escola, era algo que eles não comentavam em casa. Talvez por nunca terem tempo para nada.

— E o meu pai? — perguntei com a curiosidade aguçada.

— Oh, bem, seu pai foi um grande amigo de Lucius Malfoy, desde o primeiro ano eles viviam grudados. — Hagrid comentou pensativo e fez uma careta como se tivesse se lembrado de algo ruim.

Franzi o cenho negando com a cabeça.

— Tem certeza? Quero dizer, meu pai e Lucius se odeiam.

Hagrid me olhou confuso.

— Tudo bem que meu pai nunca falou nada sobre o tempo de escola dele...Mas...Atualmente, ao menos, ele não tem tido uma boa relação com a família Malfoy. — murmurei, quase que falando consigo mesma.

— Não vejo porque os dois se viriam a se odiar, Lucius o ajudou a limpar o nome…

— Limpar o nome? — indaguei, parando imediatamente de pegar as folhas.

Hagrid engoliu em seco. — Veja, eu compreendo que esse assunto é algo sensível para a sua família assim como é para os Malfoys.

— Que assunto? — franzi o cenho.

— Ora, bem...Seu pai e Lucius lutaram ao lado do Lorde das Trevas na Primeira Guerra Bruxa, e assim que ele desapareceu, os dois e vários outros comensais alegaram estar sob o feitiço imperius. Lucius ajudou seu pai a não ficar com o nome sujo na mídia e muito menos no Ministério da Magia, já que os dois tinham e têm até hoje cargos de prestígio.

De repente todo o diálogo que eu tinha ouvido na minha casa naquele dia tinha feito completo sentido, o que me fez sentir medo de verdade. Era algo bem mais profundo do que eu tinha imaginado.

— E-Eu não sabia que meu pai era um Comensal… — murmurei com o olhar perdido na Floresta. Me perguntava quanto trabalho Robert tinha tido para esconder aquela informação de mim.

— Seu pai deve ter feito isso para te proteger, há quem diga que alguns Comensais se arrependeram de seus feitos. — Hagrid disse, mas eu sabia que ele falava aquilo apenas para me animar, até alguém como eu sabia que meu pai era extremamente preconceituoso com nascidos trouxas. Duvidava muito que ele se arrependia do que tinha feito, com ou sem a interferência do feitiço Imperius.




(...)





Finalmente o mês de junho tinha chegado, junto dele a Terceira Tarefa na qual Harry estava tão empenhado. Para falar a verdade, nunca tinha visto ele passar tanto tempo na biblioteca como ultimamente. Vez ou outra eu o ajudava, junto de Ron e Hermione.

Acho que com a chegada da Terceira Tarefa, eu pude por fim deixar minhas preocupações de lado e me animar por um amigo meu. Estava ansiosa para ver como Harry iria se sair, e estava torcendo que ele e Cedrico fossem muito bem.

O que eu não esperava fora aquele desfecho completamente assustador, Cedrico Diggory tinha morrido no labirinto. Após o fim da tarefa, eu não pude fazer nada além de retornar ao Salão Comunal da Corvinal, extremamente assustada, mesmo assim, fiz Rony e Hermione me prometer que tudo ficaria bem com Harry.

Minha mente não conseguia processar aquela informação muito, mas pela primeira vez eu senti medo, medo do que estava para acontecer.

 


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