Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 6
Capítulo 6 - He is so familiar




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Capítulo 6 - He is so familiar

CAMILLA SCHMIDT




Era impossível tentar impedir Richard, tinha seguido meu irmão por um semestre inteiro e ele não fazia nada de extraordinário. Talvez por estar no último ano, ser um monitor e precisar prestar os NIEMs, meu irmão estava bem na dele. Contudo, algo ainda me cheirava muito estranho. Era muito difícil se aproximar de qualquer pessoa da Sonserina, já que eles eram bem reservados e dificilmente se misturavam com outras casas, então a minha única vantagem era meu outro irmão, Charles.

Charlie não era muito falante, sempre quieto estudando alguma coisa em silêncio, sem dúvida o mais inteligente de nós três. Os poucos amigos que ele tinha eram tão reservados quanto ele, e devo dizer que eu dificilmente o via sorrindo na escola.

— Então, Richard está tendo aula de poções agora? — perguntei como quem não queria nada, seguindo meu irmão do meio.

Ele fez uma expressão irritada.

— Por que eu iria saber o horário dele? — disparou furioso — Não me venha com o papo de “nós somos uma família unida”, porque não somos. O que você quer Camilla?

Congelei no corredor, surpresa com a grosseria dele.

Infelizmente Charles estava certo, definitivamente não éramos uma família unida. Meus pais estavam sempre ocupados com o trabalho, Richard estava sempre tentando ser o melhor em alguma coisa, Charlie sempre estudava em silêncio no meu quarto. Já eu...Bem, eu sempre estava implorando por atenção.

— Nada, — murmurei abaixando a cabeça — deixa quieto, você está certo.

O sonserino me olhou por alguns momentos, como se tentasse entender o que eu estava fazendo mas desistiu me deixando sozinha no corredor vazio.

Dei um suspiro decepcionado e ao mesmo tempo preocupado, tinha medo do que podia acontecer com Charles, aparentemente meu pai queria que meus dois irmãos se tornassem Comensais da Morte, mas para que e por que?

Tornei a caminhar em passos lentos para a minha aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, quase que me arrastando, já que eu tinha certo medo do Professor Moody. Segurei a alça da minha mochila e fui para a sala, não conseguindo impedir uma exclamação de decepção, tinha me esquecido que aquela aula era com a Sonserina. Olhei pela sala, e acabei me sentando o mais longe possível da mesa do professor. Arrumei minhas coisas sobre a mesa, a tempo de o Professor Moody chegar mancando na sala de aula.

— Creio que esta turma esteja deveras atrasada em maldições, — o homem começou a falar em um tom sério — ensinarei tudo o que o Ministério da Magia permitir, sobre as chamadas Maldições Imperdoáveis, embora o mesmo não ache que vocês tenham idade para aprender sobre…Portanto, estarei dando continuidade a matéria das aulas passadas…

Me encolhi em minha mesa com certo receio, lembrava claramente da aula sobre as Maldições Imperdoáveis, onde o Professor Moody tinha colocado as três maldições em prática na frente de simples adolescentes. Desviei o olhar do professor para qualquer outro ponto da sala, e acabei me vendo olhando para uma cabeleira loura. Era Malfoy, ele ria de alguma coisa conversando com seus capangas Crabbe e Goyle. Ao ver o garoto sorrindo, não pude deixar de sentir um certo incômodo, sentia como...Como se eu já tivesse visto aquele sorriso e ouvido aquela risada milhares e milhares de vezes.

Balancei a minha cabeça incrédula, estava chegando em um ponto onde meus pensamentos estavam me surpreendendo. Provavelmente era de tanto virar noites revisando matéria. Sem que eu me desse conta, um breve rubor tomou conta das minhas bochechas.

Com o fim da aula, eu arrumei minhas coisas apressada, assim que tudo estava dentro da minha mochila, me levantei prestes a sair da sala de aula.

— Schmidt! — uma voz feminina irritante me chamou, eu me virei prontamente e me deparei com uma garota da Sonserina. Já tinha a visto antes, mas não fazia a mínima ideia de seu nome. — Você é realmente uma piada, não é mesmo?

Franzi o cenho, segurando a alça da minha mochila.

— Algum problema? — perguntei secamente, e um sorriso maldoso surgiu no rosto dela.

—  A sua família deve se envergonhar dos garotos que você sai, primeiro o Weasley pobretão, e agora o MacMillan no baile de inverno. — sua fala foi acompanhada de alguns risinhos, e não me surpreendi em ver algumas pessoas da minha própria casa rindo.

Ergui a sobrancelha, mostrando uma postura fria que eu já estava acostumada a lidar dentro de casa. Não era muito difícil, já que meu pai sempre teve essa postura comigo.

— Por quê o interesse? Se quisesse ir ao baile comigo, era só perguntar. — torci o lábio em um sinal de desprezo, e saí da sala deixando a garota falando sozinha. Para a minha surpresa, alguns sonserinos deram risada da cara dela, e até mesmo Draco Malfoy deu um sorrisinho de canto.

Estava furiosa por ter sido flagrada com Ernie algumas noites atrás, mas não havia nada que eu pudesse fazer, já que as fofocas se espalham muito rápido em Hogwarts. Me restava apenas aceitar e torcer para que meu pai não ficasse sabendo disso, muito menos meus irmãos. E claro, esperar que ele esqueça aquele beijo.

Com a cabeça cheia, eu fui direto para a aula de Poções. De alguma forma, o silêncio das masmorras acolheu a minha mente barulhenta e cheia de pensamentos confusos. Desde que eu tinha descoberto as afiliações da minha família tudo tinha desandado por completo, não conseguia olhar meus amigos da Grifinória nos olhos, e não conseguia pensar no que eu iria fazer com aquela informação. Tudo o que eu sabia sobre os Comensais da Morte era um nada, e cada vez que eu parava para pensar sobre o assunto, mais dúvidas surgiam na minha cabeça.

Entrei na sala de aula com a cabeça baixa, e me sentei no fundo da sala. Apesar de ser conhecida por tirar boas notas, eu não gostava de ser o centro das atenções, principalmente em uma aula do Snape.

— Você foi ótima lá. — Sabrina sorriu virando-se para mim — Quero dizer, finalmente alguém conseguiu calar a boca da Parkinson.

Dei um sorriso tímido para a menina.

— Então o nome dela é Parkinson?

— Pansy Parkinson, ela é tipo uma segurança particular do Malfoy. — disse revirando os olhos.

Fiz uma careta quando ela pronunciou o nome do loiro, não me surpreenderia Parkinson ser da mesma laia que ele.

Sem conversas paralelas na minha aula. — Snape disse em tom grave entrando na sala, e pondo um fim na nossa conversa.

O resto do dia tinha sido um completo tédio, tinha jantado silenciosamente na mesa da Corvinal, sem dar uma palavra com ninguém e me retirei assim que pude, indo me deitar. Esperava ter uma noite tranquila e sem sonhos, mas infelizmente, não foi isso o que aconteceu.

Se antes eu costumava sonhar com Lucius Malfoy vestido de dementador me perseguindo na Floresta Proibida, o meu atual sonho tinha sido bem pior, dessa vez meu pesadelo era nada menos do que Robert me obrigando a colocar a marca negra no meu antebraço esquerdo. Acho que só percebi que acordei gritando quando minha garganta doía.

— Camilla! — Natalie, uma das minhas colegas de quarto acordou assustada, a menina se ajoelhou na minha frente e colocou a palma de sua mão em minha testa. — Você está com febre.

Sentia o meu corpo amolecer por completo, enquanto a minha garganta queimava. Minha cabeça latejava, eu estava tão assustada que mal percebia as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

— Eu irei chamar nossa monitora para te levar a Madame Pomfrey. — disse desaparecendo em meio à escuridão do quarto.

Tentei murmurar um agradecimento mas minha voz simplesmente não saia, então continuei deitada.

— Merlin — Padma Patil murmurou assustada ao chegar no quarto —, Nat, me ajude, precisamos levar ela para a enfermaria o mais rápido possível.

Sentia a minha consciência bem fraca, quando pisquei os olhos, me vi na enfermaria deitada em uma maca. Olhava para o teto sentindo o meu corpo estremecer por conta dos calafrios.

A imagem da marca no pulso do meu pai me dava náuseas, eu jamais poderia imaginar que ele faria algo assim. Meu pai era como um herói para mim.

Oh oh, ela vai vomitar. — Natalie disse virando a cabeça para o lado.

Dito e feito, eu me virei e vomitei o pouco que eu tinha jantado no chão da enfermaria

— Srta. Schmidt? — ouvi a voz distante de Madame Pomfrey. — Como se sente?

Senti a resposta entalada em minha garganta, eu não estava bem, meu corpo estava tendo calafrios por nenhum motivo aparente, e minha cabeça não parava de latejar. Contudo a única coisa que eu pude falar, apesar da enorme dor na garganta foi:

— Por favor, eu imploro, não comunique os meus pais.

Depois de tirar notas baixas nos exames, um dos meus maiores medo era que comunicassem meus pais sobre qualquer coisinha que eu fizesse errado, mesmo que fosse ficar doente. Dava o meu melhor para ser a filha perfeita que meu pai exigia, não queria que ele ficasse sabendo que eu tinha ficado doente na escola.





(...)







— Com todo o respeito, você fica bem feia quando chora. — Murta afirmou olhando para o meu rosto pálido.

Não pude evitar dar um sorriso irônico, mal podia imaginar a que ponto eu tinha chegado. Estava usando o banheiro que ninguém entra, justamente porque não conseguia dar conta dos meus pensamentos e  estava conversando com uma lunática.

— Não dá pra ser linda o tempo todo. — resmunguei olhando o meu reflexo no espelho, minha pele miscigenada costumava ser tão linda, agora ela estava simplesmente pálida deixando aparente que eu não vinha me alimentando bem.

Joguei água no meu rosto, e belisquei minhas bochechas tentando trazer o meu tom vivo de volta.

— Sobre o que você me perguntou no outro dia, — Murta começou a falar, capturando toda a minha atenção — as vezes, só às vezes, vale a pena se machucar pelos seus amigos. Mas eu acredito que se você tivesse algum, não estaria pedindo conselhos para mim, certo?

Olhei para a fantasma chocada com a sua grosseria.

— Uau Murta, obrigada, eu realmente precisava ouvir isso. — rebati com ironia e ela apenas deu uma risadinha.

— A seu dispor.

Sai do banheiro da Murta disposta a contar a verdade para Harry, ele merecia saber aquilo, e de alguma forma eu tinha de admitir que Murta estava certa. Naquele caso, valia a pena me machucar pela minha amizade com ele, e claro, ia além da amizade. Eu devia aquilo a Harry, já que o Lorde das Trevas tinha tirado sua família.

Tinha uma vaga noção de onde ele estaria no momento, provavelmente na biblioteca. Desde que tinha sido escolhido junto de Cedrico pelo cálice, Harry vinha se esforçando para passar pelos desafios, então a biblioteca parecia o lugar mais óbvio de encontrá-lo.

— Alto lá, espertinha. — senti uma não se fechar no meu pulso enquanto eu corria, me fazendo parar abruptamente, e quando eu reconheci a voz, gelei por completo. — Onde você está indo, irmãzinha?

Engoli em seco, mas mesmo assim não dei o braço a torcer.

— Onde mais eu iria? Estudar é óbvio. O fim do semestre está chegando. — disse com toda a petulância que me restava.

Richard segurou meu pulso com força, me arrastando para um canto deserto do corredor.

— Você pensa que eu sou idiota que nem os seus amiguinhos de sangue-ruim?

— Não os chame desse nome! — exclamei furiosa, contudo ele apenas forçou mais o aperto no pulso.

— Achou que eu não ia perceber você me seguindo descaradamente por Hogwarts? — deu uma risada debochado — Todo esse tempo, você achando que poderia ajudar seu amiguinho Potter. Pelo visto você realmente gosta de sujar o nome da nossa família…

Meu coração batia descompassado, a todo o custo eu evitava falar mais do que o necessário, embora no fundo eu soubesse que Richard já tinha percebido.

— Escute bem, porque eu não irei repetir. Você irá calar a sua boca, e caso você não calar, pode ter certeza que eu te calarei com um cruciatus. — ele disse com seus olhos cheios de ódio.

— Você não teria coragem. — ofeguei e ele apenas riu.

— Experimente testar a minha paciência, e garanto que não só você, como seus amiguinhos irão sofrer na minha mão. Estamos entendidos? — perguntou empurrando meu corpo com força contra a parede.

— Mais claro do que isso impossível. — cuspi com nojo, e surpreendentemente um sorriso apareceu no rosto dele.

— O seu único erro Camilla, foi não ter caído na Sonserina, eu sinceramente não entendo até hoje. — disse desaparecendo no corredor, me deixando sozinha, completamente desamparada.










LUCIUS MALFOY, 5 ANOS ATRÁS





O Sr. Malfoy não mostrava uma de suas melhores expressões, com o cenho franzido e os punhos cerrados de raiva ele saiu do Ministério da Magia. Lucius não era o tipo de homem que levava desaforo para casa, mas também não era de seu capricho sujar sua imagem pública, então ele apenas rebatia quando fosse necessário. Contudo, essa pessoa em especial estava torrando a sua paciência.

Robert Schmidt tinha sido seu melhor amigo na época de Hogwarts, ambos da Sonserina e vindos de famílias puro-sangue. Juntos, os dois lutaram ao lado de Voldemort na Primeira Guerra Bruxa. A marca em seus pulsos os tornavam iguais.

Todavia, quando a guerra acabou Lucius imediatamente alegou que estava sobre o feitiço imperius, coisa que Richard também fez, e acabou por se distanciar de tudo que envolvia o Lorde das Trevas.

Pela primeira vez na vida Schmidt temia pela garota que sua mulher carregava nos braços, não, ele não se arrependia de ter recebido a marca só queria que seus filhos nascessem longe de todo aquele caos. Temia por sua mulher, que não tinha nada a ver com os Comensais da Morte, e mesmo assim ele tinha feito ela mentir diante do Ministério da Magia. Ele realmente acreditou que aquele fosse o fim de Voldemort, acreditou que tudo estava em paz.

Contudo, para os seguidores mais antigos do Lord das Trevas, como Lucius, aquilo era traição.

— Não pense que seus filhos não irão nascer em tempos de guerra, porque eles irão, queira você ou não. — Malfoy disse rispidamente, detestava o pessimismo do amigo, desde que ele tinha inventado de se preocupar com a família, tinha ficado insuportável. — O Lord das Trevas retornará, tenha isso em mente.

Como o bom manipulador que era, Malfoy conseguiu inverter o jogo e fazer a cabeça do ex-amigo. Conforme o tempo passava a amizade foi retomada, e os dois esperavam silenciosamente a volta do Lorde das Trevas.

O que Malfoy não esperava foi a súbita aproximação entre Camilla e Draco, os dois rapidamente se tornaram amigos inseparáveis e aos poucos ele percebia que o filho estava se distanciando do que ele esperava que o menino fosse.

Sua mulher, Narcisa, gostava da menina e acreditava que ela e Draco poderiam ser bons amigos.

— Draco está se distanciando do planejamento — Lucius disse friamente para a mulher —, a vida não é sobre fazer amigos e sim sobre alianças.

Foi com um breve desentendimento com Robert, que ele resolveu tomar uma decisão. Cortaria laços com os Schmidt, e apagaria aquela garota da memória de seu filho.

O erro de Camilla Schimit foi não só ter visto como saber demais, e Lucius faria de tudo para calar a menina.


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