Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 31
Capítulo 31 - Its an anagram




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/764468/chapter/31

Capítulo 31 - Its an anagram



CAMILLA SCHMIDT

 

Pousei no campo de quadribol com uma expressão nada boa em meu rosto, o mesmo podia se perceber pelo capitão do time, Bradley tinha o cenho franzido e um ar entristecido ao mesmo tempo. Trocamos olhares rapidamente e demos um suspiro.

— Eu estou indo me lavar. — resmunguei me retirando do campo e ninguém sequer me impediu, as vezes eu tinha sensação de poder fazer o que eu queria, as pessoas tinham muito medo de me contradizer por causa do meu pai.

Meu uniforme azul e prateado estava todo sujo de lama, meu cabelo estava molhado porque choveu durante o treino e o cansaço estava mais do que evidente.

Fui me arrastando do campo de quadribol até a entrada do castelo, permitindo que a chuva caísse pelo meu corpo sem sequer me importar que eu fosse ficar gripada mais tarde. Tinha esperado que as coisas fossem melhorar, e bem, muito pelo contrário.

Ainda haviam alguns boatos sobre mim rodando pela escola, mas não havia nada que comprovasse, Harry continuava a tagarelar sobre os comensais da morte e não largava o livro do Príncipe Mestiço por nada nesse mundo, meus amigos pareciam estar ocupados com suas respectivas vidas amorosas e bem...Eu continuava do mesmo jeito de sempre. Desde aquele beijo no corredor eu e Draco não falamos mais nada um com o outro, isso porque ele nunca estava em lugar nenhum, e isso me deixava melancólica. Não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo.

Até um tempo os treinos de quadribol estavam me animando um pouquinho, quando entrava em campo podia sentir parte da minha preocupação se dissipar, porque no campo apenas existia eu, a goles e o gol. Contudo, os treinos da Corvinal não estavam saindo como o esperado, estávamos correndo o risco de perder a Taça deste ano.

— Camilla! — Gina exclamou enquanto me viu se aproximar do castelo.

— Ah, oi Gina — dei um sorriso desanimado para a caçula dos Weasley.

— O treino não foi muito bom?

— Não, os nossos rebatedores não estão indo muito bem, acho que não vamos conseguir durar em um jogo contra a Sonserina. — suspirei passando a mão pelos meus cabelos molhados que respingavam no chão, pelo canto do olho pude ver Filch me olhar feio como se eu tivesse cometido um crime em sujar o chão da escola.

— Oh, a Grifinória também está tendo problemas, — ela suspirou — Ron é o novo goleiro e ele está morrendo de ansiedade.

— Ah, mas vocês tem o Harry como apanhador. — dei um pequeno sorriso e Gina pareceu ficar perdida em seus próprios pensamentos. Me despedi da garota e fui direto para o banheiro, tomei um banho demorado tentando tirar qualquer vestígio de lama da minha pele. Vesti calças de moletom cinza e um suéter rosa claro, estava decidida a passar o resto da tarde estudando para Defesa Contra as Artes das Trevas na biblioteca. Estava sendo bem complicado acompanhar o nível de Snape, que insistia com a prática de feitiços não-verbais. 

Peguei a minha mochila que estava pesada cheia de livros e pedaços de pergaminho, e me dirigi para a biblioteca. Demorei um pouco para achar uma mesa vazia, peguei alguns livros das estantes e os coloquei em cima da mesa. Havia muita matéria que eu precisava estudar.

Não faço a mínima ideia de quanto tempo eu fiquei ali imersa estudando, só sei que quando eu finalmente ergui minha cara do livro a biblioteca já estava praticamente vazia e Madame Pince me expulsava.

— Já está na hora do jantar, ande, saía daí. — ela começou a ralhar comigo.

Assenti com um aceno de cabeça e jogando minha mochila nos ombros eu saí da biblioteca e fui para o Salão Principal. Bocejei, sentindo que tudo o que eu mais precisava naquele momento era uma boa noite de sono e alguma música tranquilizante.

— Onde você estava a tarde toda? — Sabrina perguntou quando eu me sentei de frente para ela e Ernesto que tinha uma careta descontente.

— Provavelmente andando com aqueles garotos.

Fuzilei meu amigo com o olhar, já fazia alguns dias que nós não estávamos se falando direito porque ele desatou a discutir comigo. Isso já estava começando a me irritar, porque ele era a terceira pessoa que estava brigando comigo.

— Estudando na biblioteca. — respondi dando um gole em um copo com suco de abóbora, e infelizmente não senti gosto nenhum.

— Ah, eu fiquei preocupada — Sabrina murmurou.

— Não precisa se preocupar, eu só estava estudando, sério.

A loira me analisou por alguns momentos e então cedeu com um aceno de cabeça, antes que ela pudesse falar mais alguma coisa, uma figura apareceu atrás dela.

O quê Blásio Zabini estava fazendo parado na frente da mesa da Corvinal?

— Schmidt. — disse olhando diretamente para mim.

Arregalei os olhos, ele estava falando comigo?

— Sim?

— O Professor Slughorn me pediu para te entregar isso, ele te procurou pela escola inteira e não te achou. É um convite para a festa de Natal, leve alguém com você. — ele me deu um pequeno envelope e se despediu, voltando para a mesa da Sonserina.

— Faz sentido Slughorn querer você na festa, quero dizer, você é uma Schmidt. — Sabrina falou e por incrível que pareça Ernesto concordou — Slug gosta de alunos que vem de famílias nobres.

Ergui minha sobrancelha e dei um suspiro.

— Minha mãe foi uma das alunas prediletas dele, ela era uma Davies, Slughorn provavelmente deve ter ouvido falar dos meus bisavós. — murmurei com o olhar perdido no assento de Dumbledore, que no momento estava vazio. Senti um aperto no meu coração ao falar sobre a minha mãe, eu geralmente evitava o assunto a todo custo, parte de mim ainda esperava ver ela no Natal, de abraços abertos para mim na Estação King Cross.

— Eu não sabia que você era da família Davies. — Ernesto comentou surpreso e eu apenas assenti com a cabeça — Quero dizer, o seu avô foi um magizoologista-

— ...Que já lecionou em Castelobruxo e em Hogwarts durante a Primeira Guerra. — eu finalizei a frase enquanto ele me olhava surpreso, minha mãe tinha muito orgulho de ser uma Davies justamente por causa disso, era uma família bruxa de ingleses e sul-americanos que não tinha preconceito com sangue.

— Uau. — Sabrina comentou com um pequeno sorriso. — Ah, e os treinos de quadribol?

— Vão péssimos, — disse sem pensar duas vezes — nosso novo batedor, Kurt, não consegue acertar um balaço. Posso apostar minha nota em poções que próximo jogo eu vou levar um balaço na cara.

— Mas e o outro batedor? — Ernie perguntou se debruçando na mesa, apesar de ele estar bravo comigo o garoto amava debater quadribol.

— Simon Owen está dando o seu melhor, mas de acordo com o capitão, ele ainda tem muito para treinar. — falei enquanto comia. — Não quero nem imaginar como vai ser um jogo contra a Sonserina.




(...)




 Acordei com um pio de uma coruja, fiz uma careta tentando me recuperar do pesadelo que tinha tido em formato de memória e abri meus olhos. Uma coruja parda me olhava fixamente, como se estivesse irritada comigo. Quase fechei meus olhos e tornei a dormir quando a ave bicou o pé.

— Aí, sua… — exclamei, mas logo caí da cama surpresa quando percebi que aquela era a coruja do meu irmão, Charles. — Ginger, o quê você está fazendo aqui? — indaguei como se a ave fosse me responder o óbvio.

Ginger piou brava prestes a me bicar novamente, quando eu percebi que havia uma carta na cabeceira da minha cama.

— Ah, Charles me escreveu uma carta. — falei baixinho tentando não acordar as meninas que eu dividia quarto, e me sentei no chão ficando de frente com a coruja. — Calma, eu já vou pegar alguma coisa para você comer. Ei, não me bique, calma, aqui olha pode comer.

Dei um pouco de comida para Ginger, enquanto fazia um breve carinho em suas asas, me lembrava de ela ser brava assim como o meu irmão, mas naquela manhã em especial ela aceitou meu carinho de bom grado.

Rasguei o envelope curiosa, e comecei a ler a carta enquanto Ginger comia.



“Olá cammie, como vai?

 

Espero que você não esteja causando confusão em hogwarts, e também espeRo que você não esteja preocupada comigo. As coisas estão relativamente Bem por aqui, sinto por não ter lhe mandado cartas durante as férias.

Tenho certeza que você deve ter amado a casa de nosSa tia, você adorava Ir para lá quando era mais nova.

Eu sinto muito pelo o que aconteceu, principalmente pelo o que você passou, peço que você não se crucifique, a culpa não é e nunca foi sua. Tenho me culpado por ter te deixado assim, sozinha com a saúde mentaL compRometida, peço perdão por não ser aquele Bom irmão que você merecia ter.

pode não ser o momento certo, mas queria te dizer que estou noivO, eu queria poder te falar isso pessoalmente, queria que você conhecesse daphnE direito. espero que quando isso tudo acabar eu possa te explicar tudo, mas poR enquanto não há nada que eu possa fazer, já que não sei o que pode acontecer no futuro. sei que não será agora mas

 

poR favor, tome cuidado

queime essa carta assim que entender

 

 

c”

 



Franzi o cenho assim que terminei de ler a carta, Charles era o filho mais inteligente da família, eu não entendi porque raios ele tinha me escrito uma carta parecendo uma criança de cinco anos.

— Por quê ele quer que eu queime essa carta? Não tem nada aqui...Não acredito que ele está noivo sendo que namora com a Greengrass a menos de um ano! Ai ele é tão! —  estava tão distraída resmungando do meu irmão quando Ginger bicou meu pé novamente — Ginger!

Repreendi a coruja fazendo uma cara feia e ela não pareceu ficar muito feliz pois veio na minha na direção e colocou o seu pico em cima da frase “por favor, tome cuidado”.

— Ah eu sei Ginger, parece que o Charles se esqueceu completamente que todo começo de frase a primeira letra é maiúscula, inacreditável! — resmunguei — Dá pra acreditar que ele é o Schmidt mais inteligente?

Novamente a coruja me bicou, repreendendo minhas palavras. Ginger piou irritada e tornou a bicar a mesma frase.

Franzi meu cenho percebendo que a atitude dela estava fora do normal e peguei o papel, lendo-o atentamente dessa vez. Quando reli frase por frase, consegui perceber um padrão, Charles tinha destacado bem sutilmente algumas letras e sublinhado a frase “tome cuidado”.

— Ah, Charles destacou algumas letras…

Desta vez Ginger piou, como se comemorasse por eu finalmente entender o que ela queria me passar.

— Ginger, você não precisava ter me bicado tanto- 

Comecei a falar mas resolvi parar na metade da frase, estava começando a ficar com medo daquela coruja.

Vasculhei minha cabeceira e peguei uma pena, pronta para rabiscar a carta. Fui analisando novamente, frase por frase, agora completamente atenta ao que lia. De fato a carta do meu irmão estava muito estranha, os parágrafos não concordavam entre si e a sua letra maiúscula em algumas palavras aleatórias não fazia sentido.

A não ser que...as letras maiúsculas fossem analisadas isoladamente.

— Uau, como ele não foi parar na Corvinal. — murmurei enquanto anotava as letras no rodapé da carta.

No total, foram dezessete letras completamente aleatórias, sendo que dessas letras apenas sete eram vogais. Franzi o cenho, ele tinha me enviado um anagrama? Só que aquelas letras dificilmente formariam apenas uma palavra, eram muitas letras para uma palavra só, o mais provável era que fosse uma frase.

— Hmm, será que aqui ele quis dizer B-E-I-R-A? Acho que não... Sabe Ginger, você bem que podia me ajudar, sabia?

A coruja piou nervosa, como se já tivesse me ajudado o suficiente.

Por sorte, Ginger tinha me acordado muito cedo, então eu ainda tinha umas horas antes do horário do café da manhã.

E foi exatamente isso que aconteceu, eu passei um bom tempo no dormitório ao lado da coruja, tentando decifrar qual a combinação que aquelas palavras poderiam fazer. Estava quase desistindo quando vi que algumas letras juntas formavam a palavra Robert.

— Pelas barbas de Merlin — exclamei surpresa, pelo pio feliz de Ginger eu pude perceber que estava indo pelo caminho certo. Prendi meus cabelos em um coque apertado e tornei a afundar o meu rosto na carta, dessa vez não demorou tanto para eu formar a palavra “será”. Em apenas alguns minutos restantes eu consegui desembaralhar as últimas letras.

Quando eu juntei as palavras, quase caí para trás.

 

Robert será liberto, tome cuidado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Obliviate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.