Obliviate escrita por Downpour


Capítulo 30
Capítulo 30 - Please




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/764468/chapter/30

Capítulo 30 - Please

 

CAMILLA SCHMIDT




Novamente, estava sonhando com as crianças sentadas em um jardim fazendo promessas, só que dessa vez não havia aquele borrão que eu costumava ver, ao invés disso estávamos apenas eu e ele. E por ele eu queria dizer Draco Malfoy. Era assustador que ele se encaixava perfeitamente naquele cenário, todo aquele tempo, o garoto era ele.

Quando tinha percebido que ele era o menino da tarde no jardim, senti o cenário dos meus sonhos mudarem. Agora eu estava um pouquinho mais velha, segurava uma vassoura enquanto tremia feito vara verde.

— Qual é, não é possível que você não sabia voar! — Draco zombou.

— E quem disse que eu não sei? — desafiei furiosa estendendo a mão para a vassoura, ordenando que a mesma ficasse em pé, para a minha surpresa o cabo veio rapidamente em minha direção se encaixando na palma da minha mão.

— Ah, eu quero ver isso. — ele tombou a cabeça para o lado sobrevoando pelo jardim da mansão Malfoy com seu típico sorrisinho de deboche.

Eu não sabia voar com uma vassoura, só que o deboche dele me irritava tanto a ponto de eu querer provar que, sim, eu conseguia voar, e muito bem obrigada.

Bem, uma pena que essa confiança toda não durou muito tempo.

Assim que eu comecei a sobrevoar o jardim, minhas mãos começaram a suar e estremecer furiosamente, não demorou muito tempo para que eu perdesse o controle da vassoura. Fechei meus olhos com força, apenas sentindo a colisão contra uma árvore. Comecei a chorar copiosamente enquanto colocava a minha mão sobre meu joelho.

— Pare de chorar que nem uma garotinha mimada, ande Camilla, esse machucado não foi nada. — Draco se inclinou na minha direção com seus olhos cinzentos cheios de preocupação, acho que essa era a parte engraçada da nossa amizade, vivíamos trocando farpas, mas nos preocupávamos um com o outro —  Meu Deus, para de chorar! Levanta logo, que saco, minha mãe vai achar que eu te machuquei…É sério, eu estou ficando preocupado...

— Meu joelho. — falei com dificuldade, me encolhendo na grama.

Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, uma silhueta loira apareceu na minha frente. Era Narcisa Malfoy. A presença dela era bem assustadora, sempre abaixava a cabeça quando ficava muito perto dela, a mulher me passava uma sensação de inferioridade avassaladora. 

— Mãe eu juro que não machuquei a Cammie, foi sem querer… — Draco se engasgou com as palavras me olhando atônito, provavelmente com medo de que meu pai me visse naquele estado, admito que eu também ficaria com medo por ele.

— Está tudo bem filho, — Narcisa disse suavemente colocando sua mão ombro do garoto com calmaria — Episkey.

Fiz uma careta de dor, e foi questão de tempo para que a dor passasse.

— Obrigada. — sussurrei assim que consegui ao menos me sentar na grama, tive que erguer a minha cabeça para poder olhar para a mãe de Draco, e por mais estranho que fosse ela sorriu para mim, parecia um sorriso gentil.

Quando olhei novamente, meu sonho tinha mudado de cenário, agora eu estava vestindo um vestido verde-escuro, meus cabelos estavam devidamente trançados enquanto eu andava pela mansão com um olhar despreocupado. Tinha combinado com Draco de nos encontrarmos no jardim da mansão para jogarmos quadribol, mas é claro que aquela criatura tinha se atrasado. Por isso eu andava pela mansão na esperança de achar ele em alguns dos corredores, ou ao menos encontrar um elfo doméstico que pudesse me dizer onde ele estava.

Meus passos se cessaram quando eu escutei uma conversa bem baixa em um cômodo ao lado.

Lucius, você não sabe o que está falando…

Pode ter certeza de que eu sei do que falo, não quero que Draco faça amizade com esse tipo de gente. Camilla pode até ter o sangue nobre dos Schmidt, mas não deixa de ser filha de uma mestiça nojenta. — cada palavra que Lucius Malfoy falava me atingia como facas afiadas, sem que eu se desse conta lágrimas de vergonha se formaram nos cantos dos meus olhos. Não podia acreditar que ele pensava isso da minha mãe, ela era uma pessoa tão adorável… — A garota também tem sangue-ruim.

Sangue-ruim.

Ninguém nunca tinha usado essa palavra contra mim até então.

Meu coração batia acelerado, cada batida doía no meu peito.

Eu não entendia, qual o problema...Qual o problema de ser mestiça?

Mas ela vem de duas famílias nobres Lucius, os Schmidt e os Davies!

Continua sendo uma sangue-ruim! E nós dois sabemos que nosso filho não pode se misturar com esse tipo de gente, não tenho culpa se Robert quis se misturar com essa gente.

Tapei a minha boca, para que não ouvissem o soluço que escapou dos meus lábios.

Infelizmente, estava tão distraída que não percebi que Draco Malfoy estava a minha frente com um olhar confuso. Quanto mais ele ouvia o que os pais falavam, mais seu olhar parecia se preencher de culpa, como se soubesse de antemão o que seus pais pensavam de mim.

— Cam. — sussurrou pegando meus pulsos, se aproximando. Tentei recuar, aquelas palavras fizeram com que eu me sentisse suja. — Cam, por favor olhe para mim.

Por favor. Draco Malfoy tinha me pedido por favor.

Ele tentou falar, mas as palavras não saíam de sua boca, não havia o que ele pudesse falar naquele momento. Porque eu já sabia, sabia que ele sentia nojo de mim, sabia que sua família zombava da minha pelas costas. Sabia que a minha presença não era bem-vinda ali.

Com a cabeça baixa, eu soltei meus pulsos das mãos dele, me sentindo fraca demais para lutar ou rebater qualquer coisa. 

— Você… — ele murmurou, mesmo que eu não quisesse ouvir uma palavra sequer do que ele dizia, sabia que Draco também não se sentia bem diante daquele assunto — Eu não me importo.

Ergui meu olhar assustada, as lágrimas deslizavam pelo meu rosto indo até meu queixo.

Ele...não se importava?

— Você é a minha melhor amiga. — forçou um sorriso enquanto secava uma lágrima que descia pelo meu rosto. Estava chocada demais para reagir, era muito raro que ele fosse gentil com alguém como estava sendo agora...

Acenei com a minha cabeça, sem a capacidade de poder falar mais nada, apenas apoiei meu rosto no ombro dele e chorei baixinho, porque não queria que seus pais ouvissem, porque não queria ter que reconhecer que a minha amizade com ele nunca seria bem-vinda aos olhos da família dele.

Aquilo tinha me machucado muito mais do que de todas as vezes que meus irmãos ou até mesmo meu pai tinham me ignorado, ou de como eu me sentia sozinha.

Draco era como meu refúgio, ele fazia com que eu não me sentisse sozinha e vice-versa.

Era uma das poucas coisas boas que me tinha acontecido, e eu podia ver que nem essa coisa boa iria durar. Porque eu nunca seria o que a família dele queria que eu fosse, porque eu nunca seria o que ele queria que eu fosse.

E eu não podia me sentir mal por aquilo, porque a culpa não era minha.

— Camilla? — a voz de Sabrina me acordou.

Me remexi na cama, afundando o meu rosto no travesseiro. Desejei com todas as minhas forças não ter acordado, me sentia péssima enquanto as memórias do dia anterior vinham na minha mente. Queria poder estar dormindo, porque nos meus sonhos eu não sentia tanta dor emocional como eu sentia agora, mas aquele sonho em particular tinha me destruído. Eram como um estorvo para a minha sanidade mental.

Abafei um soluço de frustração no meu travesseiro.

— Por que você me acordou? — disse com a voz falhada.

Quando tirei meu rosto do travesseiro, percebi que ela me olhava preocupada. Logo me senti extremamente culpada por ter feito ela se preocupar comigo. Fiquei esperando por um sermão ou algo do gênero, mas para minha surpresa minha amiga me abraçou forte.

— Cam, não importa o que acontecer, eu estou aqui para você, tudo bem?

Assenti, sentindo um nó na minha garganta, um pequeno sorriso surgiu no meu rosto, ao menos ela estava do meu lado.





(...)






— Ignore os olhares quando entrarmos no Salão Principal, tem alguns boatos correndo por aí de você ontem, mas nada muito sério. Uma garota da Grifinória sofreu um “ataque” então o seu caso passou despercebido pelos professores. — Sabrina disse rapidamente enquanto olhava para meu rosto, como se verificasse se eu realmente estava bem.

Ao menos a porrada de maquiagem que eu usava no meu rosto ajudava a disfarçar a noite mal dormida e as marcas das lágrimas.

— Certo, eu não devo respostas a ninguém.

— Exatamente, — ela comentou e então suspirou — talvez alguns meninos da Lufa-Lufa tentem dar em cima de você, só ignore. Aconselho que você se sente na mesa da Grifinória, suas amigas Gina e Hermione estavam morrendo de preocupação, eu conversei com elas ontem a noite.

Assenti com a cabeça, agradecendo que ela tivesse cuidado tão bem de mim quando eu estava tão mal.

Entrei no Salão de cabeça erguida, sem olhar para ninguém em especial. Contive a vontade de olhar para a mesa da Sonserina, não queria nem imaginar o que Draco Malfoy tinha ouvido de mim. Alguns garotos sentados na mesa da Lufa-Lufa me encaravam, e acabei dando um pequeno sorriso ao perceber que ao menos eles eram bonitos, pelo menos isso.

— Camilla! — Harry levantou da mesa da Grifinória e me abraçou forte de forma tão repentina que eu quase não tive tempo de retribuir.

— Bom dia. — disse com um pequeno sorriso no rosto.

— É verdade? — Rony me perguntou enquanto eu me sentava a mesa da Grifinória, Gina e Hermione que olhavam curiosas.

— Sim, — admiti baixinho — só não falem alto, Sabrina não tinha a dose certa de poção da ressaca, então a minha cabeça ainda está doendo um pouco.

Eles assentiram, Hermione logo me empurrou suco de abóbora e algumas panquecas implicando que eu precisava comer alguma coisa.

— Então você bebeu com os meninos da Lufa-Lufa? Como diabos eles conseguiram comprar uísque de fogo? Quer saber, acho melhor que eu nem saiba — Hermione disse exasperada, chocada que os meninos tinham conseguido comprar a bebida sendo menores de idade.

— Eles são bem legais. — dei de ombros quando terminei de tomar o suco — Eu que exagerei, passei da conta. Mas vocês deviam provar um dia desses, é bem gostoso.

Hermione me olhou como se eu tivesse roubado o Gringotes, o que fez um pequeno sorrisinho brotar no meu rosto.

— Eu espero que você não torne a…

— Mione, como não sou boa com promessas já vou dizendo que não garanto nada — disse erguendo minhas mãos em rendição.

— Você o quê? 

Gina empurrou a garota de leve, se inclinando na minha direção.

— Mas você está bem?

Fiz um aceno com a cabeça.

— É que ontem foi um dia atribulado… — Gina começou a falar como se estivesse escolhendo as palavras com cautela — Catie Bell foi para o Hospital St. Mungus….

— Culpa do Malfoy. — Harry vociferou tão alto que eu estremeci, odiava o fato que ele sempre trazia Malfoy a tona quando tudo o que eu queria era esquecer da existência do garoto por alguns momentos. Desviei o meu olhar para meu suco de abóbora, ignorando por completo o garoto. 

Apoiei meu queixo nas minhas mãos e suspirei, meus pensamentos começavam a vagarosamente se desviarem para o meu sonho que tive de manhã. Eu queria ser cética como estava sendo todo esse tempo, queria poder colocar uma venda nos meus olhos e fingir que o que eu estava vendo não era real, mas de alguma forma, a venda fora arrancada dos meus olhos com brutalidade. Não queria admitir, mas estava assustada. Haviam muitas coisas que eu não sabia, mas nunca me ocorreu que algo como isso pudesse ser real.

Infelizmente, as respostas que eu queria estavam com Draco Malfoy e tudo o que eu menos queria naquele momento era conversar com ele.

Como eu consegui ser próxima dele? Como isso aconteceu? Como eu esqueci?

Minha cabeça doía, e dessa vez não era por conta da ressaca.

— Camilla? — Hermione chamou me olhando preocupada.

Ergui o olhar e dei um sorriso torto para ela, queria muito poder chamar ela e Gina para conversar sobre o que eu tinha sonhado, mas aquele não era o momento. Contudo, sentia que a minha cabeça iria explodir se eu não comentasse com alguém.

Queria que Charles ainda estivesse na escola, para poder perguntar algo a ele, mesmo que suas respostas fossem mentiras vazias, porque eu preferia acreditar em suas mentiras.

Pensar no meu irmão fez meu coração doer, eu não sabia onde ele estava ou como ele estava.

— Eu tenho que ir para a minha aula agora, — sussurrei dando um sorriso amarelo — mal posso esperar pela próxima aula de Herbologia, então….vejo vocês no almoço?

Harry parou seu monólogo sobre Draco e me analisou, sabendo que algo estava errado, o garoto estava prestes a dizer alguma coisa quando eu me retirei do Salão Principal.

Os olhares das pessoas queimavam em mim, e eu odiava isso, além de ser a filha de um comensal da morte eu também era a garota que tinha ficado bêbada em Hogsmeade, ótimo.

Sinceramente, eu não me importava.

Ignorei os olhares percebendo que conforme eu andava para fora do Salão as pessoas abriam passagem para mim, como se estivessem com medo. De alguma forma eu entendi o que Draco passava, apesar de ele ter passado anos se gabando de sua família, era péssimo que as pessoas tivessem medo de você onde quer que fosse, porque a sensação de poder poderia até ser agradável, mas a de rejeição e medo me inquietava.

Em passos rápidos cheguei no banheiro da Murta, de alguma forma ali já tinha se tornado um lugar que eu ia quando precisava pensar ou até mesmo desabar sem que ninguém visse. Olhei meu rosto no espelho, diferente das outras vezes que eu tinha vindo aqui, meu rosto estava ótimo, eu tinha uma aparência saudável graças a maquiagem. Embora fosse apenas uma máscara.

— Ah, você veio vomitar de novo Camilla? Como você está? Quero dizer, eu não me importo como você está mesmo. — a voz fina da Murta Que Geme me fez voltar para a realidade, ela parecia bem chateada enquanto quase que gritava comigo.

— Eu vim aqui ontem? — perguntei, na realidade não me lembrava de ter vindo para esse banheiro na noite anterior.

— Veio! — ela respondeu ferozmente — Começou a rodopiar pelo banheiro e me ofender, e em questão de segundos você estava chorando por causa de um garoto. Sabe como você foi grossa comigo? Sabe que eu posso contar para os profe-

— Não! — a interrompi com os olhos arregalados — Só não, por favor.

— Eu não irei contar. — ela disse entredentes, estava bem perceptível que ela não fazia aquilo por que queria.

— Obrigada — balbuciei com os olhos arregalados.

— Não é a mim que você deveria agradecer. — ela resmungou me deixando sozinha no banheiro com um enorme ponto de interrogação em minha cabeça.





DRACO MALFOY




— Por quê vocês não calam a porra da boca? — Draco Malfoy ralhou com seus dois capangas, Crabbe e Goyle enquanto entravam no Salão Principal. Goyle tinha acabado de começar uma conversa sobre como tinha sido a ida dele para Hogsmeade, e por incrível que pareça ele tinha conseguido ficar com uma menina, o que espantou Crabbe. Logo os dois começaram a debater sobre o que tinha acontecido com Katie Bell e por fim, desataram a falar dos boatos sobre a filha dos Schmidt.

Crabbe e Goyle se encolheram, se perguntando mentalmente o que tinha deixado o loiro tão rabugento naquela manhã.

— Mas você ouviu o que Pansy estava falando agora pouco no Salão Comunal? Camilla Schmidt estava bebendo com um grupo de alunos da Lufa-

Malfoy se virou para os dois com os olhos faiscando a mais pura raiva, os dois apesar de corpulentos e serem bem mais altos que o loiro, acabaram recuando com certo receio, decididos a não tocar naquele assunto.

Antes que um dos três pudesse fazer alguma coisa, Camilla Schmidt entrou no Salão Principal ao lado de uma amiga da Corvinal, e apesar do que falavam dela por aí, a garota estava bem. E foi exatamente isso que chocou Draco, porque em momento algum ela procurou ele em meio a vários rostos curiosos que a encaravam. Aos poucos, Camilla se acostumava a ser encarada pelas pessoas e consequentemente, ignorar o que falavam dela.

Percebeu um pequeno sorriso no rosto dela ao passar pela mesa da Lufa-Lufa, não pode deixar de sentir seu corpo estremecer de raiva. Não era assim que ele tinha planejado que as coisas acontecessem, não mesmo. Tinha se esquecido completamente da detenção com a Professora Mcgonagall, e além disso, sua missão tomava quase todo o seu tempo livre. Estava começando a se sentir ridículo, ele quase não tinha tempo para poder ofender Potter e seus amigos gratuitamente.

Ele estava miserável.

 

(...)



Já era tarde quando o loiro andava sozinho pelos corredores de Hogwarts, tinha acabado de sair da Sala Precisa e por mais que lhe doesse admitir, estava se sentindo um lixo. A missão que o Lorde das Trevas tinha lhe proposto o humilhava e machucava imensamente, aos poucos Draco percebia que ele não era tão grande como julgava ser.

O quê meu pai falaria se me visse tão deplorável como agora? Como eu gostaria que ele estivesse aqui, nem que fosse para me dar um tapa e dizer que não deveria me rebaixar. Agora eu não tenho ninguém.”

Acho que é assim que a solidão deve ser, pensou silenciosamente enquanto caminhava com o rosto ilegível.

Sua mente estava tão cheia de coisas, haviam tantas coisas que ele deveria fazer, e que ele não deveria fazer. Ele estava uma bagunça. Pela primeira vez, só queria que aquele dia acabasse, e que ele pudesse deitar sua cabeça sobre seu travesseiro, a fim de se isolar em seu próprio mundo.

— Ernie, você poderia parar por favor? — a voz de Camilla o deixou alerta, a garota parecia estar próxima do corredor onde ele estava.

Cam, sem o seu irmão na escola quem vai cuidar de você? Ahh, é por isso que você está saindo por aí, achando que pode fazer o que você bem entender? Não lhe veio à cabeça que talvez alguém daquele grupo poderia fazer mal a você?

Malfoy parou de andar, não iria se esconder e muito menos dar meia volta. Então ele ficou ali, parado, ouvindo a conversa.

Ernesto, você poderia me deixar sozinha, sim?

Ouviu-se um grunhido, o lufano não parecia estar muito feliz com a resposta da amiga, mas mesmo assim deu meia volta e a deixou sozinha no corredor.

Draco estava apreensivo demais para poder agir corretamente, não sabia se ia ao encontro dela ou não, afinal das contas, tinha sido ele quem estragou tudo. Antes mesmo que ele pudesse raciocinar a figura pequena de Camilla apareceu a sua frente, ela também parecia surpresa em encontrá-lo ali.

— Malfoy. — ela murmurou ofegante ao se deparar com o loiro em sua frente, a garota recuou alguns passos como se não sentisse confortável próxima dele.

— Nós podemos conversar? — perguntou em voz baixa e com simplismo, estava abalado demais para ser rude com ela, coisa que surpreendeu a garota.

— Eu-

Camilla mordeu os lábios relutante, seu olhar se perdeu nos olhos cinzentos do garoto, ponderando sobre o que deveria fazer. Não demorou muito tempo para que ela suspirasse, tinha cedido.

— Eu não quero explicações suas Malfoy. — disse por fim — Sei que a ideia de sairmos juntos na frente de toda a escola era-

A menina desviou os olhos castanhos para o chão, não sabendo exatamente as palavras que deveria dizer.

— Era...fantasiosa. Sei que você não quer ser visto com pessoas como eu, acredite, eu sei disso-

Eu não me importo. — o garoto quase que gritou, fazendo a menina recuar, batendo suas costas contra a parede gelada.

— Malfoy, você já me disse isso mais de três vezes e sinceramente eu-

Por favor — ele sussurrou, seus orbes cinzas pela primeira vez em tempos estavam completamente transparentes, transbordando a dor que ele escondia.

Por favor, Draco Malfoy me pediu por favor, era tudo o que Camilla conseguia pensar enquanto olhava para o garoto.

Draco pareceu ponderar sobre as palavras certas a se dizer, e para seu espanto Camilla o impediu de falar qualquer coisa selando seus lábios nos dele em um beijo. Aquele beijo tinha sido diferente de todos os outros até então, era sôfrego e com uma intensidade de sentimentos descomunal que os dois nunca tinham provado.

Não havia a necessidade de palavras, cada célula do corpo dele conseguia entender o que ela queria dizer e vice versa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Obliviate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.