Invisível escrita por GraziHCullen


Capítulo 1
Prólogo




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Desde pequena eu sempre imaginei que eu era a garota invisível. Que ninguém me via, e que eu tinha uma vida quieta e pacata sem que alguém me perturbasse.

 

Eu nunca fui do tipo menina boazinha. Mas eu também não saia por ai fazendo o mal. Mas, pelo que parece, minha mãe e meu pai não concordam comigo. Eles preferem acreditar na vaca da Jéssica, uma menina irritante que estuda comigo, a mim, sua própria filha.

 

O que aconteceu foi simples. A Jéssica, literalmente do nada, me deu um tapa. Assim, sem nem ter motivo. Tudo bem... Talvez ela tenha descoberto que fui eu que rasguei a roupa dela enquanto ela tomava banho no vestiário, mas não é motivo para agressão física. Será que alguém aqui conhece a palavra “civilização”?

 

O fato é que, depois do tapa (que, para constar, doeu muito) que ela me deu, eu simplesmente levantei da cadeira, peguei o meu sanduíche e enfiei por dentro da blusa do uniforme dela, para em seguida dá-la um empurrão básico, jogá-la no chão, subir em cima dela e dar uma serie de tapas, socos e arranhões que deixaria qualquer lutador de vale-tudo orgulhoso. A Jéssica, coitada, não sabe se defender de uma mosca, portanto ficou gritando por socorro e tentando me tirar de cima dela.

 

Falo com orgulho que só sai de cima dessa vagabunda patricinha quando 2 caras enormes do time de futebol (eles tomam bomba, tenho certeza!) me tiraram de lá.

 

O problema foi quando eu fui para a sala do diretor, com os meus pais e os pais da Jéssica e a própria Jéssica. Eu tenho que dar credito a ela. A capacidade de atuação dela é impressionante. Quando o Sr. Monrou perguntou para ela o porquê de ter se metido naquela briga ela começou a chorar tão desesperadamente que eu quase fiquei comovida. Agora quando eu tentei falar o meu lado e apontar que foi ela que começou, o diretor me chamou de falsa e hipócrita. E, tipo, até meus pais me chamaram de falsa e hipócrita! Pelo amor de deus! Em que mundo estamos?

 

Depois, eu fui andando furiosa pelas ruas vazias. Já devia ser, sei lá... Umas dez da noite ou algo assim. Minha mãe já tinha me ligado exatas 11 vezes só na ultima meia hora, só que eu não estava a fim de ter que conversar com ela e explicar que só quero ficar sozinha, falar mal da Jéssica e esse mundo injusto, e perguntar a deus por que eu não posso ser invisível.

 

De repente o ar começou a faltar nos meus pulmões. Talvez eu estivesse andando a tempo de mais, e fiquei cansada. Até hoje eu não sei direito. Mas logo depois da falta de ar, uma dor de cabeça infernal começou. Bem atrás do meu crânio. Parecia que eu tinha levado uma pancada ali. Parei de andar a coloquei a mão no local. Uma pontada no meu coração também começou a me perturbar. Joguei a mochila no chão assim que senti a segunda pontada. Eu não entendia o que estava acontecendo, só sabia que doía de mais e que eu queria que a dor parasse.

 

A dor começou a se mover, e varias pontadas começaram a aparecer, em todo o meu corpo. Eu me ajoelhei na calçada, e sem nem perceber gritei. Parecia que alguém estava enfiando agulhas grossas e flamejantes em meu corpo sem piedade só que eu não via ninguém perto de mim.

 

Foi um alivio quando depois de minutos que pareceram horas a dor passou. Eu estava ofegante e ainda sentia o rastro das chamas que passaram por todo o meu corpo, das agulhas imaginarias até a minha pele. Levantei-me tonta. Olhei em volta, a procura de algo na qual eu pudesse ver o meu reflexo e ter a certeza de que meu corpo não estava carbonizado depois de me sentir sendo jogada ao fogo. Achei, a alguns metros de mim, um pedaço de espelho quebrado de mais ou menos 30 cm².

 

Olhei para o espelho em busca do meu reflexo, só que ali não avia nada. Tentei aproximá-lo do meu rosto, só que continuou refletindo o que avia atrás de mim. Desviei o olhar do espelho para as minhas mãos e notei que não as via. Parecia que o espelho estava flutuando, não que eu estava a segura-lo. Só que eu sentia na palma da minha mão o espelho. Em pânico joguei-o longe e levantei as minhas mãos na frente do meu rosto, e vi o nada. Olhei para minhas pernas e eu só via as minhas roupas, mas a minha pele... nada.

 

Desesperada, comecei a procurar algo para que eu pudesse ver meu corpo todo. Achei uma vitrine de uma loja já fechada e pelo vidro vi... Bom, vi o nada. Só as minhas roupas flutuando.

 

Gritei e sai correndo em direção a minha casa, esquecendo minha mochila e principalmente que se alguém me visse daquele jeito não me enxergaria e só veria meu uniforme se mexendo rapidamente.

 

Na minha mente, eu não tinha me tocado que tinha realizado um sonho meu, o de ficar invisível. Só que quando eu imaginava, não pensava que seria invisível literalmente.

 

Por causa disso hoje eu digo para qualquer pessoa que queira ouvir: Cuidado com o que deseja. Por que seus desejos podem se realizar.

           


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