La Luna- Reescrita escrita por Lua Stew


Capítulo 17
I Remember


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, bbs.
Olá! Como vocês estão?
Então esse capítulo é delicado e possui partes pesadas de abuso sexual e psicológico. Essas partes estão marcadas no começo e no fim, então se não gosta de ler sobre isso você pode pular.
Espero que gostem e talvez esclareça um pouco sobre a nossa Bell. Não esqueça de comentar.
Um cheiro ♥



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—Olá Isa! É James, James Erie. Seu aniversário foi a alguns meses, não pense que me esqueci apenas não tinha mais seu número. -A voz familiar deu uma risadinha. —Consegui hoje e resolvi ligar e te dar um parabéns atrasado. Espero que eu tenha ligado para o ramal certo, enfim... estou com muitas saudades Isa, logo estarei em NY e passarei para dá um abraço. Beijos e até mais.

Meu corpo congelou, os dedos de uma mão cravados na mesa, os da outra em um monte de papel qualquer, olhos fixos na luz do telefone piscando incessantemente.

Como ele poderia sequer imaginar que tem o direito de me ligar ou de sentir minha falta. Ainda tem a audácia de me chamar de Isa, a forma que só a vovó Swan me chamava. Eu não quero vê-lo, ouvi-lo ou lembrar de sua existência. Não o quero aqui.

A raiva e o pavor começavam a duelar quem me dominaria nesse momento. Os dedos apertaram mais na superfície e meu corpo entrou em tremor chacoalhando o papel que estava preso em minha mão. As lágrimas que estavam presas, desceram silenciosamente.

Eu queria correr, me esconder, gritar, sumir, tudo ao mesmo tempo.

A porta fez um som audível ao ser aberta com força, mas a força me faltava para olhar de quem se tratava.

—Bells, aconteceu alguma coisa? Passei em sua casa e não estava, então vim aqui. Fala comigo, estava preocupado por não responder quando bati na porta. -Jake falou preocupado. Seus passos rápidos e largos logo extinguiram a distância entre a gente. –Isabella, fala comigo por favor.

Ouvir a voz de quem sempre me acolhei fez tudo explodir em mim, o choro que ela silenciosou passou a ser alto e sôfrego. Meu corpo chacoalhava com força e eu terminei de perder o pouco controle sobre o meu corpo. Jacob segurou minhas mãos e foi soltando dedo por dedo e então me ajudou a levantar da cadeira e me colocou sentada no sofá. Meus olhos focavam parcialmente em pontos aleatórios em um embaçado pelas lágrimas. Jacob falou mais algumas coisas que não consegui ouvir e então se afastou para minha mesa e eu só consegui me encolher no sofá e apertar todo o meu corpo como se assim eu conseguisse me manter segura. Longe do mundo e longe dele.

Eu me sentia pequena novamente, sentia a enxurrada de sentimentos de quando descobri sua traição, de quando entendi que tudo que passamos não foi normal, não foi saudável e era muito errado. Eu senti todo o nojo voltar e uma bola incômoda se formar na minha garganta.

Alguém me tira de mim por algumas horas apenas?

Não sei por quanto tempo fiquei naquela posição, sem prestar atenção realmente em nada que não fosse minha própria mente. Eu tinha entrado na minha bolha e não estava sendo nada bom.

**

Eu conversava animadamente com um amigo da faculdade, íamos andando pelas belas ruas da Itália falando sobre nossas aulas e professores, riamos sem parar dos nossos erros da aula que havíamos acabado de sair.

Vi um carro estacionar de qualquer jeito no outro lado da rua e um James enfurecido descer dele. No mesmo momento engoli em seco, James estava muito estressado ultimamente e estava descontando tudo isso em mim. Eu não o culpava, mas iria conversar com ele sobre isso porque já estava começando a me assustar.

—Entra no carro Isabela, vou te levar para casa. –Ele ordenou friamente segurando meu braço com força.

—Hey cara, você está machucando ela. –Ian falou e deu um passo à frente. Meus olhos se direcionaram imediatamente para ele, um pedido mudo para que não falasse nada. Se tinha uma coisa que aprendi é a não falar nada nos momentos de raiva de James, só piorava as coisas.

—Quem é você mesmo? –James perguntou e apertou ainda mais o meu braço.

—Sou só o colega de sala dela, mas...

—Mas nada, toma conta da sua vida. –James deu a conversa por encerrada e foi me arrastando para o seu carro. A vergonha e o medo já me tomavam e apenas consegui murmurar um ‘desculpa’ para Ian.

Depois de bater à porta do carro com força e sair em alta velocidade James começou a gritar e esmurrar o volante. Eu já tremia de medo e me encolhia disfarçadamente no banco.

—Agora deu para sair com outros homens Isabella? –Ele questionou a voz fria e cortante. –Responde.

—Não, Ian é apenas meu colega de sala. –Respondi com a voz por um fio. –Ele mora na mesma direção que eu, então fomos juntos conversando sobre a faculdade.

—Sobre a faculdade? –Ele riu ironicamente. –Estava na cara que ele queria te levar para cama. E eu idiota saí cedo para te buscar, te levar em casa e fazer algo legal e você saindo com outros. Você é uma pessoa horrível Isabella e sua sorte é eu te amar, se não já teria te largado sozinha. É o que você merece, ficar sozinha.

**

Acordei com o peso das duras palavras que James me disse naquele dia, abri os olhos, mas não conseguia enxergar nada por trás das lágrimas que desciam silenciosamente e sem parar. Percebi que não estava sozinha e provavelmente em um carro em movimento. Não queria que Jacob percebe-se que estava chorando de novo então me encolhi ainda mais e fechei os olhos novamente, rezando para que se dormisse não sonhasse com ele.

**

Eu conversava com Kate no telefone enquanto James não chegava. Íamos para um barzinho então me arrumei para esperar ele me buscar. Assim que ouvi o barulho do seu carro na porta me despedi de Kate, prometi que ligaria no dia seguinte e fui animada abrir a porta. Assim que me viu James fechou a cara e bateu a porta do carro com força, meu sorriso foi se perdendo até sumir e me afastei por instinto, então ele passou batendo os pés para dentro da minha casa.

—Onde você acha que vai com essa roupa de vadia? –Ele perguntou friamente e então eu olhei para baixo. Estava com uma bota de salto, uma calça jeans e um cropped um pouco decotado. Não via nada de errado na minha roupa.

—O que tem de errado?

—O que tem de errado? Você só pode estar brincando comigo. –Ele respirou fundo e então falou entredentes. –Vai tirar a porra dessa roupa Isabella e vê se coloca algo decente. Eu não saio com vadias e você ultimamente anda se portando como uma, não sei como ainda tenho coragem de sair com você. Só falta agora cortar o cabelo e andar bêbada por ai, se dê ao respeito Isabella.

**

Acordei novamente, agora as lágrimas se juntavam ao suor e meu coração dava saltos em meu peito. Olhei ao redor e percebi que estava deitada na minha cama, no lado de fora era possível ouvir vozes que reconheci ser de Jacob e Edward. Minha cabeça dava voltas e mais voltas e eu não tinha a mínima ideia do que fazer para me acalmar. Pensei em um banho, mas não queria que percebessem que eu tinha acordado então só me deitei e comecei a contar minhas respirações. Era uma forma de não permitir que minha mente vagasse por um assunto que definitivamente eu precisava naquele momento.

Me deitei de lado e me abracei ao travesseiro ficando nessa posição por não sei quanto tempo. **

Meu corpo foi virado bruscamente e isso me tirou um pouco o sono, não sabia se era um sonho ou realmente alguém tirava minha roupa. Tentei me virar novamente, mas mãos fortes me mantiveram no lugar. Eu começava a sentir medo, se isso era mesmo um sonho porque estava doendo tanto?

Senti um aperto forte nos meus seios, uma mordida no bico de um deles e algo me penetrando. Tudo aquilo doía, eu não estava afim, não estava preparada e ardia em todas as partes do meu corpo. Queria abrir os olhos e perceber que tudo não passava de um terrível pesadelo, mas depois que abri queria ter realmente pensado que era um sonho. Um maldito sonho.

James estava sobre mim, as mãos me apertavam, seu corpo se jogava contra o meu sem nenhuma delicadeza. Eu queria gritar, lhe empurrar, bater nele até ele sentir o mais próximo da dor que eu estava sentindo naquele momento, mas nada consegui fazer. Não consegui me mover e nem gritar, mas as lágrimas começaram a sair livremente.

Quando percebeu que eu chorava seu olhar mudou daquele mórbido prazer para raiva e suas mãos grudaram em meu pescoço dificultando a passagem do ar enquanto ele ainda investia seu corpo nojento sobre o meu. O ar começou a ficar cada segundo mais escasso, poderia jurar que meu rosto já tinha adquirido uma cor diferente do habitual e como se o pânico tivesse me destravado eu me mexi, tentei lhe tirar de cima de mim, tentei gritar até o tapa forte e estralado atingir meu rosto. Eu estava em choque naquele minuto e isso pareceu lhe agradar muito porque tudo começou, se possível, a ficar ainda mais bruto.

Quando ele se deu por satisfeito se jogou com tudo em mim, seu peso me deixou sem ar novamente, depois de alguns minutos saiu de mim e deitou ao meu lado. Foi tudo que eu precisei para levantar rapidamente e pegar minhas peças de roupas que estavam na cama e correr para o banheiro. Eu não me permiti chorar mais perto dele, apenas tomei um banho o mais rápido possível e tentei colocar as minhas roupas. Foi em vão porque elas estavam rasgadas, então me enrolei na toalha e sai do banheiro sem olhar em direção a cama. Fui até minha bolsa e vi se tinha alguma roupa minha, mas nada então pedi um taxi e sai assim. O taxista me olhava de uma forma tosca que me dava ainda mais nojo daquela noite, assim que paguei corri para dentro da minha casa e me tranquei lá, então me permiti chorar novamente e compulsivamente. Como se de alguma forma um banho e um choro fosse capaz de tirar toda sujeira que tinha acontecido naquele dia.

**

Levantei rápido, como se o sonho estivesse recomeçando e naquele momento James estivesse sobre mim de novo. Meu corpo doía em todos os pontos que doeu um dia e eu sequer me lembrava. Como eu fui esquecer que ele já fez isso um dia comigo? Como minha mente foi capaz de me trair dessa forma? E as peças foram se encaixando rapidamente com tudo fazendo sentido, como meu pavor por dormir com outras pessoas que não fossem minha família, a forma como sexo para mim ser facilmente deixado de lado.

Ele me estuprou. ELE ME ESTUPROU

Minha cabeça dessa vez explodiria e não sei se iria reclamar ou agradecer por isso. Levantei rapidamente e corri para o banheiro. Tirei a roupa o mais rápido que conseguia e me enfiei na água fria. Meu corpo tremia com o frio, mas no momento eu não estava me importando. Esfreguei cada milímetro do meu corpo, como naquele dia.

Eu me sentia revivendo o momento várias vezes. Minha mente tentava projetar em poucos minutos, os anos em que ela se deixou esquecer.

Eu não queria me lembrar, eu não queria reviver. Não queria toda a sujeira que ele deixou cravada em mim brotando em cada poro para me lembrar que eu estava tão suja quanto ele.

—Bella? –Edward me chamou da porta do banheiro. –Está tudo bem? Você quer alguma coisa?

—Uma garrafa de vinho, não precisa de taça. A chave da adega está na gaveta da cozinha. –Foi a única coisa que respondi. Minha voz não saiu das melhores, mas eu realmente não me importava.

Porque Edward estava aqui? Provavelmente Jacob ligou para ele ou não sei. Não conseguia focar minha mente em muitas coisas no momento. Ironicamente só focava naquilo que queria esquecer.

Quando achei que estava suficiente, sai enrolada em uma toalha. Passei pelo quarto e Edward estava com um copo na mão e olhava fixamente para ele. Entrei no closet, peguei qualquer roupa que me deixasse confortável e voltei para o banheiro para deixar a toalha e pegar um pente. Entrei no quarto novamente penteando os cabelos recém lavados e Edward voltou sua atenção para mim.

Seu rosto era pura angustia e ansiedade. Ele colocou o copo ao lado da garrafa na mesinha e andou rápido até minha direção me envolvendo em um abraço apertado. No começou eu fiquei sem reação, mas depois lhe apertei e afundei meu rosto em seu pescoço.

Seu cheiro me invadiu como um calmante, mas só bastou um segundo para que tudo voltasse. A repulsa a mim, ao que ele havia feito. Senti o bolo fechando minha garganta, a agonia tomando tudo novamente. A dor era real, era física.

—Não precisa me contar se não quiser, mas nunca mais faz isso. –Ele pediu com a voz abafada pelos meus cabelos. –Você não sabe o quanto eu estava preocupado em te ver chorar sem parar e gritar enquanto dormia por um dia inteiro. Eu mal podia ficar junto de você e Jacob não me deixou te acordar... Isso é tão angustiante, Bella.

—Me desculpe. –Foi tudo que eu consegui dizer. Eu ainda estava confusa com minha nova lembrança, com todos os pesadelos que havia tido de forma seguida. Era muita coisa pra processar e a última pessoa que eu queria que estivesse mal com isso era ele. Saber que ele se preocupava assim comigo me trouxe quase uma calmaria.

Edward me soltou do seu abraço e me deu um beijo na testa. Ele ainda mantinha a expressão de angustia e isso me deixou inquieta por vê-lo sofrer comigo.

—Quer fazer algo? –Ele sentou na cama e pegou seu copo me entregando a garrafa.

—Não. –Falei quase em um sussurro e começamos a beber em silencio. Olhei para o relógio e já iria dar 00h.

—Você quer que eu vá embora? –Edward perguntou sem jeito. –Eu posso pedir para Jacob voltar, de qualquer forma ele disse que viria amanhã.

—Você acha que falar sobre um assunto é a melhor forma de esquece-lo?

—Acho que se o silencio não ajudou, o melhor a se fazer é falar, deixar doer e então esquecer. Perdoar e queimar a página. –Ele me olhou por alguns segundos e então virou o resto da bebida que estava em seu copo. –Fique bem e qualquer coisa me ligue, amanhã venho ver como está.

—Não vai. –Segurei sua mão com força. Eu não queria ficar sozinha naquele apartamento, não hoje. –Por favor, fica aqui comigo.

—Tudo bem, Bell. Eu fico. –Ele sentou próximo a mim, passou o braço pelos meus ombros e me puxou para mais perto. Deitei minha cabeça em seu ombro e ele começou a fazer carinhos no meu braço.

A convivência com Edward em sua maioria era fácil, leve e eu deixava ele ocupar os espaços sem que eu me desse conta e isso por vezes me assustou, mas nesse momento quando minha cabeça fervilhava, meu corpo doía com as lembranças e eu estava emocionalmente abalada, me pareceu certo ele ser a primeira pessoa a saber de tudo.

—Será que podemos ir para a sala? Não quero ficar no quarto. –Pedi

—Claro, você quer algo para comer? Está o dia todo sem comer nada e agora bebendo.

—Não, não estou com fome.

—Eu vou fazer algo, vai que o cheiro lhe dá fome. –Ele deu um meio sorriso e fomos para cozinha. Me sentei em uma cadeira na mesa de frente para a cozinha.

Edward começou a preparar algo que não dei muita importância. Continuei voltada aos meus pensamentos, em formas de contar sem soar estranho e se eu realmente deveria me abrir para ele assim. A garrafa já estava na metade quando Edward acabou e colocou o prato de massa na minha frente, eu já começava a sentir os efeitos do vinho e por isso resolvi comer mesmo com o embrulho que sentia no estomago.

Comi com Edward em silencio, quando terminamos nos sentamos no sofá e ele pegou um pouco de Whisky enquanto eu ainda estava com a garrafa de vinho em mãos.

**

— Eu decidi ir estudar na Itália em partes por conta da minha nona. Ela era descendente direta de italianos e sempre falou muito bem da Itália pra gente, fazia ótimas comidas de lá e até nos ensinou um pouco de Italiano. -Foquei meus olhos na garrafa e comecei a falar de uma vez. Edward não questionou e apenas permaneceu em silencio. –Eu me adaptei mais rápido do que imaginei, trabalhava aos fins de semana, conseguia dinheiro pra me manter e fazer os diversos cursos que queria. No meu último ano peguei uma matéria de economia porque achei que deveria entender um pouco de tudo para abrir meu restaurante e bom... ele estava lá. Herdeiro de uma das maiores empresas do Canadá, seu pai havia forçado ele a morar e fazer faculdade na Itália onde iriam abrir uma filial. Ele era o cara que todas queriam, bonito, educado, engraçado e isso foi o que me encantou nele. Assim que me viu ele puxou assunto e demostrou muito interesse principalmente por eu ser filha de uma das donas do S&C, segundo ele se interessava muito por design de interiores e só não fazia isso pelo pai não deixar. Eu cai nessa e feio, acreditei em cada palavra dele e me deixei levar.

‘No começo eram somente flores e isso era literalmente já que ele me levava flores sempre que podia, me levava para sorveteria, cinema e tudo o que se pode ter direito. Com 2 semanas já estávamos namorando e pra mim foi ótimo, eu estava apaixonada por ele de uma forma que... Os meses foram se passando e meus familiares me alertavam sobre ele. “Ninguém é tão perfeito assim, abre o olho Bella”, era frase que eu mais ouvia. Ele foi ficando com ciúmes das minhas roupas, das pessoas que eu andava... até dos meus familiares e amigos próximos ele demonstrava ciúmes. ’

Respirei fundo com as lembranças correndo livremente e bebi mais dois goles do vinho antes de continuar. Edward permanecia em silencio enquanto encarava o vazio, sua falta de expressão começou a me angustiar então voltei minha atenção as lembranças e a garrafa em minha mão.

—Seu ciúme começou a piorar e minha loucura por ele piorou junto. Ele começou a me agredir verbalmente, dizia que não sabia porque permanecia comigo, que eu não me dava o valor por me vestir como uma vadia e portar como tal. Eram ofensas daí para baixo e isso começou a mexer comigo. Eu me via sozinha e o homem que teoricamente eu amava não estava feliz comigo, eu então comecei a parar de me cuidar, comecei a me afastar das pessoas e só vivia para ele e para a faculdade. Acreditava que um dia eu conseguiria agrada-lo e ser bonita para ele. Eu estava realmente cega e me deixava levar por tudo que ele dizia e por isso comecei a pensar na sua ideia de largar tudo e viver com ele. Não correr mais atrás de cursos ou de abrir restaurante... apenas viver para ele.

‘Não sei em que ponto chegamos aquilo, mas ele já me empurrava e apertava meus braços onde estivemos, se ele achasse que eu estava errada lá estava ele me apertando e me arrastando para o carro aos gritos. Mas foi em uma noite que tudo realmente estourou... E o pior é que eu não me lembrava dessa noite até hoje. ’

Senti as lagrimas descerem e me encolhi no sofá. Edward iria me abraçar, mas apenas pedi para que ele ficasse onde estava. Bebi mais alguns goles do vinho e desisti de tentar controlar as lagrimas, eu falaria assim mesmo.

—Brigamos feio por qualquer bobagem e então ele pediu para que eu dormisse com ele, apenas dormir e eu fui. No meio da noite senti minha roupa ser tirada e achei que era apenas um sonho muito realista. Achei isso até sentir meus mamilos doerem, até sentir algo me penetrando com força... Tudo doía, meu corpo ardia e eu queria abrir os olhos e ser um pesadelo apenas, mas não.... Ele estava ali, em cima de mim me olhando como um objeto. Não me julgue, mas eu não consegui gritar ou sair dali, não até começar a chorar e ele começar a me estrangular, então eu gritei, lhe bati, tentei me soltar, mas recebi apenas um tapa e novamente permaneci imóvel apenas chorando. Ele me usou como uma boneca até cansar e assim que saiu de cima de mim eu tomei um banho e sai. Naquela noite eu tomei o banho mais longo da minha vida, chorei até não poder mais.

‘Essa lembrança recente me levou para aquela noite, eu consigo sentir os pontos em meu corpo onde ele me machucou, consigo sentir a sujeira e o cheiro nojento que ficou impregnado em mim... Passei dias chorando sozinha e então resolvi que ele me devia respostas, me devia todas as explicações possíveis e fui até sua casa sem nem ao menos avisar e vi outra cena nojenta. Eu entendi todas as vezes em que me machucou, me agrediu verbalmente e uma parte minha até tentava justificar o estupro, uma pequena parte, mas tinha. Ele estava na cama com uma colega de sala nossa que ele dizia que era só sua amiga, eles me xingavam e... joguei a aliança que ele havia me dado nele e sai sem dizer nada. Eu não tive coragem de dizer nada, não tive coragem de bater neles ou de gritar, eu me sentir a pior das pessoas. Eu sentia vergonha de mim por ter me permitido passar por tudo isso e abrir mão de tudo por alguém.

Minha formatura não foi o dia mais feliz da minha vida, na verdade eu somente fingi tudo. Contei a todos que terminei com ele por que me traiu e apenas Jacob sabe de boa parte da história. Depois que sai de lá resolvi rodar o mundo com o dinheiro que havia guardado pra abrir o restaurante. Eu não me sentia alguém, como ele havia dito eu era um projeto mal resolvido de gente. ’

Limpei as lagrimas e dei um meio sorriso com a lembrança das minhas viagens, havia sido uma ótima experiência. Tomei mais alguns goles do vinho e olhei para Edward, ele estava com os punhos cerrados, o maxilar travado e olhava fixamente para um ponto. Ele estava com muita raiva e isso era obvio, mas apenas continuei a história.

—No último país eu conheci Juan, era um garçom de um restaurante que fui uma vez. Conversamos muito em todos os dias que estava lá e ele me incentivou a correr atrás dos meus sonhos, me ajudou a ter confiança em mim e nas minhas capacidades... Ele fez eu me reencontrar. Eu sai de lá com o objetivo de abrir um restaurante, mudei meu guarda roupa com roupas com mais decotes e algumas até curtas porque eu me sentia bonita assim. Comprei maquiagens e saltos, arrumei dinheiro e com esforço consegui abrir o La Luna.

‘A história tem mais nuances e detalhes do que isso. Mas faz ligar os pontos, faz você entender o porquê eu não consigo dormir com você sempre, o porquê de eu não dizer abertamente que gosto de você, o porquê de eu não namorar com você. Eu sei que você não é ele e espero que não faça o mesmo que ele, mas não posso arriscar depois de tudo isso. Porque eu não consigo esquecer o medo, a vergonha e o pavor que me tomam. Eu não consigo esquecer que não consegui contar nem para minha família por sentir vergonha.

**

—Bella, eu prometo que se ele passar na minha frente eu lhe corto as bolas com pau e tudo. –Ele disse serio me olhando e eu tive que rir.

—Não quero que seja preso por minha causa.

—Me desculpe se alguma vez eu forcei as coisas e passei dos seus limites. Eu nunca vou fazer nada parecido com você, eu nunca cogitaria a ideia de te xingar, desmerecer, te bater ou fazer algo que não queira. Eu só quero te ver bem, Bell. Quero te ver feliz ou até puta comigo, tudo menos da forma que te vi hoje. –Ele respirou fundo e pegou minha mão começando a fazer carinhos na palma. –Eu fico feliz que confiou a mim sua história, prometo não conta-la a ninguém e te proteger enquanto você me quiser, mesmo que você muitas vezes não precise de proteção.

Meus olhos estavam inundados de lágrimas novamente. A garrafa quase vazia na minha mão foi parar na mesa de centro enquanto eu me encostava em Edward em um abraço. Eu sei que muitos detalhes não saíram, muitas coisas que pensei ou como me senti, mas se tudo parecia demais para mim, imagina para ele.

Edward sentou no chão enquanto eu estava deitada no sofá, minhas mãos faziam carinhos em seus cabelos e uma mão sua estava apoiada em minha perna. Ele começou a me contar as histórias da faculdade para que eu me distraísse, e realmente estava funcionando. Não percebi a hora que peguei no sono, mas não demorou muito.


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