Pequenos Contos escrita por Tah Madeira


Capítulo 3
Amar.


Notas iniciais do capítulo

One Shot... Sem continuidade... Sem conexão com as histórias anteriores.



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Acordei com a luz do sol entrando devagar parecia querer nos acordar aos poucos, sento na cama e busco a camisola que ficou esquecida no chão.

Ele dorme profundamente, acho que já está se adaptando com o meu sono agitado e alguns pesadelos que ainda costumam me assombrar, aqui da janela do seu quarto consigo avistar o jardim e ver o começo da agitação para logo mais, alguns empregados empilham as cadeiras em um canto, enquanto outros carregam rosas vermelhas que vão servir para decorar, de relance olhei a minha rosa solitária na mesinha ao lado da cama, Aurélio me deu ontem antes de irmos dormir, vou até lá e pego a rosa, aspiro novamente o seu cheiro, e mais uma vez o olho, não resisto e me sento na cama, passo os dedos delicadamente em Aurélio, seu corpo se move um pouco, fazendo o lençol escorrer de seu peito nu, consigo visualizar as marcas que as minhas unhas causou em sua pele, ao lembrar porque minhas unhas estão desenhadas ali meu coração bate um pouco mais rápido, em seu pescoço mais um rastro meu, uma pequena marca vermelha só vista por quem concentra-se mais que breve segundos ao olhá-lo, torço para que a camisa que ele irá vestir cubra aquela mancha, sinto meu rosto ficar aquecido, nem preciso olhar no espelho para saber que estou vermelha ao recordar o porquê daquela marca, uma tentativa de abafar meus gemidos em meio a uma onde de prazer, sinto meu rosto ficar mais quente agora ao lembrar daquela sensação, não tão ardente quanto a noite passada.

Levanto da cama e volto a minha atenção para a janela, as cadeiras já se encontram dispostas em pequenas fileiras, não serão muitos os convidados, só a família Benedito já iriam ocupar um terço dos lugares, Aurélio resmunga algo chamando a minha atenção, mas ele ainda não acorda, apenas virou de lado, acho que querendo escapar da claridade da janela, suas costas ficam totalmente expostas, e é nítido ver não um, mas quatro arranhões extensos que as minhas unhas deixaram, mais profundo que as do peito, mais marcante, mais prazer sentido e extravasado no corpo dele, será se ela tinha o machucado, iria precisar se controlar em uma próxima vez, não queria ferir, não lembra em que momento foi feito aquilo, porque decidiu ir ao quarto dele na noite passada, e para lá os seus pensamentos vão.


(início das lembranças)

Aurélio a deixou na porta de seu quarto, com a rosa em mãos, os lábios vermelhos pelo beijo trocado, o seu cheiro impregnado no ar e o meu coração acelerado querendo mais, "te vejo amanhã" ele diz ao dar as costas e voltar duas portas e entrar em seus aposentos.

Decidi tomar um banho talvez pudesse acalmar meus ânimos, ao sair vestindo uma camisola longa de alças e decote arredondado, cabelos presos em um coque frouxo, ao olhar no espelho vejo meu reflexo e isso me desanima, não sei se foi a ansiedade para o dia seguinte, a rosa vermelha que lembrou dele, ou a inesperada solidão que aquele quarto trouxe, parecia faltar algo, foram poucas as noites que dormiram juntos, mas sabe que foram as noites que dormiu melhor, que mais descansou e que os pesadelos não pareciam tão terríveis, pois ao abrir os olhos no meio da noite encontrava o rosto dele e se aconchega mais em seus braços e que ele prontamente a abraçava mais forte e por encanto voltava logo a dormir, era aquilo que precisava, dormir bem para o dia seguinte que não seria nem um pouco calmo, pega a flor e saiu do quarto em busca de conforto e carinho, duas batidas são o suficiente e a porta é aberta, pelo visto não fui a única a ir atrás de um banho, Aurélio surgiu secando os cabelos, alguns botões da camisa do pijama aberto.

⎯Julieta tudo bem? ⎯ele olha surpreso para ela ⎯Aconteceu algo?

⎯Posso ⎯ peço passagem, o que Aurélio cede e fecha a porta após ela entrar em seu quarto⎯ Eu... Será ....⎯ ela remexe a rosa nas mãos nervosamente, eles vão se casar e como ainda se sentia travada ao falar de seus sentimentos e do que foi em busca naquele quarto, porque não podia ser boa nas palavras como ele era ⎯ Então amanhã?⎯ entra em um assunto que nada tem a ver com o que quer de fato, sorri nervosamente.

⎯ Sim ⎯ ele a olha confuso, o que ela estava querendo dizer ⎯ O que aconteceu Julieta? ⎯ ele podia sentir a aflição dela no ar.

⎯ Nada, eu só queria saber se posso ficar aqui essa noite ⎯ porque era difícil falar, ele sorri e fica mais perto, pega em suas mãos.

⎯ Você não precisa pedir, esse quarto é tão seu quanto meu ⎯ uma mão vai até o rosto dela, Julieta fecha os seus olhos⎯ Mas o que você esconde?

⎯ Eu... ⎯ como ele poderia saber o que nem ela admitia, vira de costas para ele, seus pensamentos buscam uma escapatória e passa a observar a lua, estava uma noite linda, quente, mas isso não impediu de sentir um arrepio quando os dedos dele tocaram sua nuca, sinto seu braço envolver minha cintura ao mesmo tempo que em meu ouvido ouço ele repetir meu nome.

⎯ Julieta ⎯ ele diz tão simples, tão suave, tão sensual, meu olhos fecham imediatamente ao sentir a pressão de sua mão em meu ventre ⎯ O que houve meu amor?

⎯Tem tantas coisas confusas aqui dentro de mim⎯ entrelaço meus dedos em sua mão que está colada em minha cintura.

⎯E eu posso te ajudar?⎯ele apoiou seu queixo em meu ombro.

⎯Acho que sim, que não, não sei, para dizer a verdade você quem trouxe a grande parte dessa bagunça ⎯ percebo que ele sorri e me balançar de leve em seus braços⎯ Aurélio ⎯o chamo, ele apenas resmunga ⎯ Tenho medo por amanhã⎯ ele para com o movimento, seus dedos ficam mais frouxo em minha mão.

⎯Você diz do casamento?

⎯Não ⎯apertei sua mão na minha mais forte⎯ Falo da noite, da nossa e se eu não…⎯ele me faz virar olhando em meus olhos, suas duas mãos em minhas costas, apoio às minhas em seus braços.

⎯Já falei o que tenho de você me basta, porque tenho esse seu olhar, que me faz querer ser um homem melhor, fico com o seu doce beijo⎯ sua boca toca de leve a minha, mas seu rosto ainda fica colado ao meu⎯ Fico com o seu cheiro⎯ ele cheira meu pescoço e depositou mais um beijo⎯ O que tenho de você já me faz feliz.⎯ ele continua a beijar meu pescoço, de um lado a outro passado por meu colo, fazendo crescer o desejo de querer mais que alguns beijos.

⎯ Mas eu quero, quero muito ⎯minhas mãos deslizam por seu peito e para nos botões que não foram fechados⎯Mas não amanhã ⎯ele para de me beijar e me olha⎯Quero hoje, quero agora⎯ Aurélio pisca sem acreditar.

⎯Julieta ⎯ ele tenta falar mas eu o impeço e o beijo, com vontade, esperando que naquele gesto ele entendesse o que eu queria, sua boca corresponde a minha, sua língua invade a minha boca eu ansiava por aquilo, minhas unhas arranhavam de leve sua nuca, as suas mãos me apertavam mais firme, mas do nada Aurélio corta aquele contato, mas não se afasta, me olha vejo desejo, vejo anseio, sei o que se passa em sua cabeça, as dúvidas que eu mesmo plantei, algumas vezes estivemos daquela mesma forma e eu travava e não seguia adiante, ele está ciente pelos horrores que passei e por isso parou com suas carícias ⎯Julieta ⎯ele me chama, com a incerteza de seguir adiante, como uma pergunta não feita encosta sua testa na minha, sua respiração tão ofegante quanto a minha e repetiu mais uma vez meu nome⎯ Julieta.

⎯Aurélio⎯falei baixo ⎯Você disse que esperaria por mim ⎯ começo a abrir os botões da camisa dele⎯ Para quando eu estivesse pronta, e estou, quero hoje, quero agora⎯ falei terminando de abrir a camisa e jogando ela no chão, toco com receio em seus braços e subo os toques para seu peito, ele fecha os olhos e ofegou mais profundamente, então começo a beijá-lo onde ele disse que eu sempre estaria, o lado esquerdo do seu peito, ouço ele gemer meu nome, seu coração acelerar, subo meus beijos para seus pescoço e enfim sua boca, sinto a parede em minhas costas quando ele dá um passo à frente, meu coque se desfaz quando suas mãos ali chegam, o beijo é interrompido por um breve pedido de desculpas, mas sua boca já se encontra em meu colo, e as finas alças da camisola já não é mais um empecilho quando as mão gentis abaixam elas, não resisto ao impulso de fechar os olhos quando o tecido deslizou por meu corpo me deixando totalmente exposta, como eu nunca tive, como nunca pensei em ficar em frente a alguém, ele me observa

⎯ És tão linda, tão perfeita, tão minha ⎯ sua voz soa rouca e pausada, com quem busca as palavras certas para falar, o toque de seus dedos em meio seio direito faz eu abrir os olhos e o que vi fez eu me arrepiar por inteira, era um azul muito vivo em seu olhar, não só excitação, era respeito e carinho, fazendo o meu próprio desejo crescer mais e a me consumir por inteira, me fazendo o puxar querendo a boca dele, para apaziguar o fogo que queimava tendo apenas aquele toque, os braços dele me suspendeu do chão, fazendo com que as minhas pernas contorne a cintura dele, conseguia sentir rigidez dele por cima do tecido da calça.

⎯ Aurélio ⎯falei o seu nome ao sentir o calor molhado de sua boca em um dos meus seios, meus dedos agarram seus cabelos, com passos lentos caminha em direção a cama, senta comigo em seu colo, beijos são trocados, carícias mais ousadas também, oscilei quando sinto suas mãos em minha coxas.

⎯Podemos parar quando quiser⎯ ouço sua voz em meu ouvido, como ele poderia ler cada gesto meu.

⎯Não— digo o mais firme que consigo e vou deitando sobre ele na cama.

(fim das lembranças)

⎯ Acordou e não me disse nada, ficou parada me olhando⎯ como na noite anterior seus braços envolveram meu corpo, seguro as suas mãos dentro das minhas e inclino para trás minha cabeça ao sentir seus lábios no meu pescoço ⎯ Bom dia minha noiva ⎯ recebo um beijo do outro lado⎯ Minha futura esposa⎯ agora foi a minha nuca quem recebeu seus lábios⎯ Minha mulher ⎯ ele completa, penso como ele consegue ser assim logo que acorda e não ficaria nem um pouco triste de que todas as nossas manhãs fossem assim, viro meu corpo sem desmanchar aquele abraço, meus dedos exploram aqueles braços, apoio minha testa na dele, sinto seus dedo fazendo carinho em minhas costas, também levo minha mão até as costas dele e sinto as ranhuras que deixei.

⎯ Desculpas ⎯ falei em um sussurro, tocando de leve aquelas marcas onde minhas unhas encaixavam ⎯ Te machuquei ⎯ o beijo na bochecha e meus olhos afundam naquele mar azul que era o seu olhar .

⎯ Nem senti, estava tão perdido quanto você e acho que fiz por merecer⎯ ele sorri malicioso, sei bem do que fala.

⎯ Aurélio ⎯ digo envergonhada, mas não tenho muito tempo para protestar ele toma minha boca para si, suas mão me apertam mais, meus braços envolveram seu pescoço antes que o beijo se prolonguem e acabamos na cama de novo o interrompi, não como antigamente bruscamente, mas finalizo com um selinho, mantenho meus braços nele e nossos rostos próximos.⎯ Veja ⎯ virei de costas e volto a olhar o jardim mostrando para ele que já tinham começado a arrumar tudo.

⎯ Está nervosa?⎯ seu rosto repousa em meu ombro e sua barba provoca reações e lembranças da noite passada,ela roçando em seu corpo e fazendo descobertas, trazendo prazeres que nunca pensou em ter, em sentir, tinha aprendido como amar, como era ser desejada e sentir na carne o amor de outra pessoa, os pensamentos longe faz com Aurélio a chame de novo⎯ Julieta?

⎯Sim.
 

⎯Onde você estava? ⎯antes que ela possa responder um som na porta os assusta, mas a voz do outro lado os faz rir

⎯Papai o senhor perdeu a hora⎯ Ema bate mais uma vez⎯ Vou chamar dona Julieta,essa também esqueceu que vai casar, já volto aqui e quero o senhor de pé, ouviu papai? 

⎯Sim minha filha, já estou indo ⎯ele tenta segurar o riso⎯ Acho que estamos perdidos, quem deixou ela organizar tudo? ⎯Julieta o beija e sai do quarto, encontrando uma enteada boquiaberta do lado de fora.

⎯Bom dia Ema querida⎯ela beija a face da garota e vai ao seu quarto.

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Da janela do quarto ela consegue ver o Barão caminhar ao lado de Tenória e do neto, ele se posiciona em um espaço de  frente ao altar, logo em seguida, sua nora Jane, com uma barriga discreta, seu primeiro neto estava chegando, caminhando ao seu lado Ernesto, ao fim cada um fica de um lado do altar esperando seus pares, após a entrada deles vem Elisabeta e Darcy que aceitaram ser seus padrinhos, assim como ela e Aurélio foram os deles, pouco tempo depois vem Ema toda sorridente ao lado do pai, aquele tinha sido o casório que ela não previu, não armou, mas torceu como ninguém, se empenhou ao máximo em cada detalhe, Aurélio vestia um terno escuro, a gravata combinava com os seus olhos que tinha um azul mais profundo por conta das lágrimas acumuladas, e o sorriso mais lindo que ela já viu, Ema fica ao lado de Ernesto, enquanto Aurélio se posiciona de costas para o altar, olhando para a frente, esperando por ela, mas como mágica ele olha para cima e a vê, não deve ter uma visão tão nítida, mas sinto seu olhar prender o meu, então Camilo vem me chamar dizendo ser a minha hora descer e ir encontrar Aurélio.


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