Médicos gatos, a Morte e outras histórias escrita por ohhoney


Capítulo 3
Tenho medo de agulhas mas você é tão gato que esqueci


Notas iniciais do capítulo

Olá! Espero que aproveite o capítulo hehehehe



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—- Mãe. Me ajuda. Eu tô morrendo.

—- Como você é dramático, Daichi. Tenho certeza que é só uma gripe.

—- Eu sinto que tô morrendo.

—- Ah... -- ela suspira ao telefone. Tusso várias vezes, ainda encolhido na cama -- Se está se sentindo tão mal, talvez você devesse dar uma passadinha no hospital. Tomar uns fluidos, quem sabe o médico te receita alguma coisa para o mal-estar.

—- Mas mãe...! Eu odeio hospital...

Tusso mais, gemendo de desconforto.

—- Vem cuidar de mim?

—- Filho, não tem nada que eu possa fazer. Você está do outro lado do país!

—- Ughhhhhhh

—- Pede para algum dos seus amigos te acompanhar. Desculpe, filhote, tenho que desligar. Vá ao hospital, ok? E mantenha-me informada!

—- Tá, tá... Brigado pela ajuda.

—- De nada, querido.

Desligo o telefone e o coloco na mesinha. Rolo na cama, abraçando o travesseiro. Minha cabeça parece querer explodir. O nariz não para de escorrer por um segundo e eu já vomitei duas vezes...

.

Daichi: Ou, tá ocupado?

Asahi: Não, pq?

Daichi: Tô doente. Vai cmg no hospital?

Asahi: Daichi, toma vergonha na cara. Você tem 25 anos de idade.

Daichi: Por favooooooooooooooor, você sabe que eu tenho medo de agulhas...

Asahi: Tô ocupado.

Daichi: Vc acabou de dizer que não tava!

Asahi: Agr tô. Vai lá, vc só tá gripado. Não vão te dar injeção.

Daichi: Ughhhhhhhhhhhh

.

[Daichi, assim como todos os homens adultos, adora fazer um drama quando está doente. Acha que está morrendo ou que vai morrer, e mal consegue se mexer quando sente uma dorzinha.]

.

Sinto uma pontada na barriga e entro em pânico. Puta merda, é pedra no rim. É pedra no rim e eu vou ter que operar e não vai ter ninguém pra me fazer companhia! Melhor ir logo, então. Pego um táxi e paro na porta do hospital. Entro e dou minhas informações ao recepcionista e aguardo sentado numa pequena salinha. Junto comigo tem mais outras três pessoas: uma mulher e um pai com o filho. Todos tossem e massageiam as cabeças. É só gripe. Não é pedra no rim. Fique calmo.

Daichi: Asahi, acho que tô com pedra no rim. Senti uma pontada mais cedo e provavelmente vou precisar de cirurgia...

Daichi: Alô? Dá pra me responder?

Daichi: Idiota. Não me peça mais nenhum favor.

As outras pessoas da salinha são chamadas, e fico sozinho. Asoo meu nariz de novo, e sinto meus olhos meio inchados. Talvez eu realmente esteja morrendo.

—- Sawamura Daichi? -- a enfermeira carregando uma prancheta chama da boca do corredor, sorrindo para mim. Levanto com um pouco de dificuldade e vou até ela -- Por favor, venha comigo.

Ela me guia por um corredor com algumas portas e me coloca na salinha de número 4.

—- Espere aqui um minutinho, ok? O médico já vem te examinar.

—- Tá...

Ela fecha a porta e fico sozinho. É uma salinha pequena: tem uma mesa com um computador, uma cadeira, e uma mesa de exames. Alguns fios correm a parede, e vejo instrumentos numa prateleira. Engulo em seco. Realmente não gosto de hospitais.

Ouço três batidas na porta e uma voz alegre anuncia:

—- Com licença.

A porta abre e de lá aparece um cara alto, musculoso e lindo olhando uma prancheta. Nunca gostei tanto de hospitais!!!!

Meu coração dispara. Quando ele ergue o olhar da prancheta para mim, e dá um sorriso gentil, sinto como se eu tivesse subido 10 lances de escada.

—- Sawamura Daichi? -- ele pergunta e eu balanço a cabeça rapidamente -- Meu nome é Sugawara Koushi e eu vim te examinar. Tudo bem?

—- C-Claro. Tudo ótimo.

—- Que bom.

Ele sorri de novo e fecha a porta atrás dele. A sala está parecendo uma maldita duma sauna de tão quente.

—- Bom, pode subir e tirar a camisa, por favor.

Minha mão treme de leve ao puxar minha camiseta para cima, e eu sento na beirada da caminha de exames, balançando o pé nervosamente. Ele pega o estetoscópio da prateleirinha e coloca um par de luvas.

—- Vou escutar teu coração e teus pulmões. -- ele se aproxima e meu coração começa a bater mais rápido ainda -- Respira fundo pra mim.

Ele coloca o metal gelado no meu peito e eu respiro o mais fundo que consigo. Ele pede para que eu faça isso mais algumas vezes. Ele tem a cara séria e preocupada, e parece ouvir com atenção e cuidado. O doutor coloca o aparelho no lado esquerdo do meu peito e olha seu relógio de pulso.

—- Seus batimentos estão mais rápidos do que o normal...

E ele sorri para si mesmo enquanto guarda o estetoscópio porque SABE QUE ELE É A CAUSA! QUE FILHO DA PUTA! ELE SABE QUE ELE QUE FEZ ISSO COMIGO!

Meu rosto pega fogo.

—- Tirando isso, seus pulmões parecem congestionados.

Ele chega bem perto de mim e coloca os dedos no meu pescoço e eu sinto que vou desmaiar, muito obrigado. Ele sorri para mim de novo. Apalpa as glândulas abaixo das minhas orelhas, e depois examina minha garganta.

O doutor Sugawara puxa a cadeira e senta do meu lado, apoiando os cotovelos nas pernas e prestando muita atenção em mim.

—- O que você está sentindo?

Além de tesão, você quer dizer?

—- B-Bom... Estou assim faz alguns dias já. Vomitei duas vezes, estou com febre, tossindo, dor de cabeça, meu nariz não para de escorrer e mais cedo senti uma pontada estranha na barriga.

—- Pontada? Onde?

—- Aqui -- coloco a mão onde senti a dor, e ele faz uma cara pensativa.

—- Bom, deixa eu examinar. Deite, por favor.

Eu deito e ele começa a me apalpar na barriga e eu me sinto estranho, obrigado.

—- Aqui? -- ele faz uma pequena massagem na região.

—- Sim.

—- Dói?

—- Um pouco.

Ele ri e se afasta, olhando para mim com aqueles olhos gentis.

—- Acho que são gases. Não é nada sério.

—- Ah.

Levanto novamente. Ele vem e pega meu rosto nas mãos, parecendo examinar meus olhos. Meu coração dispara de novo. Depois, ele pega minha mão e parece buscar alguma coisa que não entendo, mas estou distraído demais reparando nos cílios claros e longos dele, e naquela pintinha fofa que ele tem perto do olho.

—- Olha, senhor Sawamura...

—- D-Daichi está bom.

—- Daichi -- ele solta uma risadinha --, parece que você está com uma gripe. Além disso, te vejo desidratado. Vou pedir para que você tome um pouco de soro antes de ir para casa, e vou te receitar um remédio para a gripe.

—- Ó-Ótimo...

—- Posso receitar também um remédio para gases, se quiser.

—- N-Não precisa. -- meu rosto fica mais vermelho ainda, e tento dar uma risadinha para disfarçar -- Uma hora sai, né?

Ele ri gostoso e senta-se para escrever algo no computador.

—- Sai, sim. Pode colocar a camiseta de volta.

Me visto e aguardo sentado na cadeira enquanto ele preenche as coisas no computador. Depois, ele pega seu bloquinho e faz a receita para o remédio. Ele ergue os olhos para mim mais uma vez e sorri. Puta merda.

Daichi: ASAHI MEU MÉDICO

Daichi: MEU MÉDICO É MUITO GATO

Ele arranca a folha do bloquinho, carimba e me entrega.

—- Vamos tomar soro?

Ele sorri tão fofo que eu até esqueço que soro envolve agulhas.

O doutor abre a porta e me guia pelo corredor até uma porta de vidro, onde passa seu cartãozinho no leitor. A porta abre, dando em uma sala ampla com várias cadeiras confortáveis. À direita tem um balcãozinho com dois enfermeiros, ambos lendo revistas.

Doutor Sugawara me coloca sentado em uma das cadeiras e vai até o balcão, e fala rapidamente com um dos atendentes.

Daichi: CARALHO ASAHI EU TENHO QUE VIR MAIS VEZES AO HOSPITAL!

Ugh, ele está demorando para responder. Odeio ficar no vácuo.

Quando ergo os olhos do celular, um enfermeiro se aproxima com uma bandeja de metal, e o doutor Sugawara sumiu de vista. Sinto-me triste.

—- Oi, tudo bem? -- o enfermeiro me cumprimenta. Ergo meu braço na direção dele, e ele começa a procurar por uma veia -- Abra e feche a mão.

Faço o que ele manda. Quando ele saca aquela agulha, meu coração dispara pela 20° vez no dia e eu começo a entrar em pânico.

—- Fica tranquilo, não vai doer. Além disso, o dr. Suga já está voltando.

Ele aproveita meu breve momento de distração e espeta a agulha em mim. Honestamente, mal sinto. Ele ri.

—- Ele é bonito, né? -- o enfermeiro diz, prendendo o soro no meu braço e pendurando o saquinho -- O dr. Suga. Relaxa, você não é o único a ficar besta com ele por perto.

Não sei o que responder, então dou uma risadinha e ele vai embora. Aparentemente o dr. Suga é o arrasa-corações do hospital. Consigo ver o porquê.

Fico procurando por ele, mas ele realmente parece ter ido embora. E nem se despediu de mim. Poxa vida.

Fecho meus olhos, tentando relaxar. Acho que ficarei aqui por mais uns vinte minutos antes de ir embora. Que saco. E Asahi sequer respondeu minhas mensagens.

—- Daichi?

Abro os olhos e vejo o dr. Suga parado na minha frente, mãos nos bolsos do avental, levemente inclinado para trás, cabeça tombada para o lado, e um sorriso na boca. Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, ele tira do bolso um pacote de bolinho e estica na minha direção.

—- Toma.

—- Pra mim? -- tô incrédulo. Ele comprou isso pra mim? Pego o bolinho.

—- Sim. É o lanchinho que o hospital fornece pra quem vem tomar soro.

—- Ah. -- ah, ele não comprou. Mas foi buscar, o que já é um grande começo!! -- Obrigado. Não precisava.

—- Imagina. Está se sentindo melhor?

—- Sim... Minha dor de cabeça diminuiu um pouco.

—- Que bom -- ele sorri e coloca as mãos nos bolsos de novo. Que diabos, ele fica muito atraente assim! -- Espero que essa gripe vá embora logo. Lembre de tomar o remédio e bastante água, ok? -- ele vira-se para ir embora -- Se precisar, volte.

—- Dr. Suga, espera.

Ele vira nos calcanhares, sobrancelhas erguidas e o olhar meio preocupado. O que estou fazendo?!!!!

Ok, é tipo agora ou nunca.

—- Quer sair pra beber alguma coisa?

Ele me encara por longos segundos e abre um sorrisinho de canto, tombando levemente a cabeça.

—- Não acho que álcool é a melhor opção pra você no momento...

Ele continua sorrindo e eu tenho vontade de me jogar da janela.

—- E-Eu tomo um suco...?

Ele ri gostoso, e eu sorrio instintivamente.

—- Um suco então.

Ele pega a receita médica que me entregou e, tirando uma caneta do bolso do avental, escreve alguma coisa rapidinho e depois coloca o papel de volta na mesinha a minha frente.

—- Me liga.

Ele dá uma piscadinha e vai embora pela porta de vidro.

Na receita está lá o número dele no pé da folha, e ele até deixou um sorrisinho do lado.

Daichi: ASAHI VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR

Asahi: Cacete, era mesmo pedra no rim?


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido até o final! Que tal deixar um review?

Beijinhos e até a próxima! ♥



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