O casamento sempre foi uma instituição social pela qual Rosalie tinha muito apreço, desde sua época como humana. Quando aceitou o pedido de casamento de Royce todos imaginavam que era porque estava apaixonada ou devido ao fato de que ele era um bom partido e muitas mocinhas dariam os pés e as mãos para ter a oportunidade de se tornarem a próxima senhora King. De certa forma tudo aquilo estava envolvido, muito embora Rosalie estivesse mais apaixonada pela ideia que criara de Royce e pelas coisas que ele representava do que pela sua pessoa a qual ela veio descobrir, da pior maneira possível, diga-se de passagem, que não passava de um monstro do pior tipo, um monstro da vida real.

Se fosse honesta consigo, e naquele ponto de sua existência ela já se considerava madura o suficiente para ser, admitiria que a principal razão pela qual aceitou a proposta de Royce era porque queria casar, queria ser o foco, queria entrar na igreja e causar inveja a todas as outras moças que não tinham conseguido o que ela tinha, queria receber a benção do padre e ser beijada no altar, queria dançar ao som de uma música suave embalada por um noivo carinhoso, queria alimentar os anseios do seu ego juvenil. Infelizmente tudo aquilo teve fim quando ela foi deixada para morrer pelo imbecil senhor King e seus estúpidos amigos.

Quando Emmett entrou em sua vida tudo mudou e todas as coisas ganharam um significado diferente, pela primeira vez ela se sentiu amada, se sentiu querida, sentiu que ela era o suficiente. Não por sua beleza, não por sua elegância ou por suas habilidades, mas simplesmente por ser quem ela era e aquilo aqueceu seu coração de uma forma que pela primeira vez desde que que tinha morrido Rosalie se sentiu viva, ainda mais viva do que na época em que seu coração ainda batia.

E então eles se amaram em todos os sentidos permitidos pela palavra e quando Emmett a pediu em casamento pela primeira vez Rosalie disse sim. Um sim diferente, não pela festa, ou pelo vestido, ou pela sensação de estar no centro de uma trama muito maior, ela disse sim porque simplesmente seu coração congelado não permitiria nenhuma outra resposta, ela tinha achado naquele homem alto com covinhas que a lembravam de uma criança tudo o que faltava em si mesma e era inadmissível sequer pensar em deixa-lo. Casaram-se e de tempos em tempos repetiam o feito para alimentar as chamas do fogo que queimava em seus corações e queimaria por toda a eternidade.

— Rosalie! Você ainda não está pronta ?- Alice apareceu na porta do quarto observando a noiva parada na frente do espelho encarando o próprio reflexo usando apenas uma ligerie branca e meias de seda. O vestido branco estava sobre a cama ainda intocado.

— Estou nervosa. – Rosalie deixou escapar esfregando as mãos uma na outra, se pudesse suar tinha certeza de que estaria pingando agora. Os olhos dourados encararam o próprio reflexo.

— Rose, - Alice estava ao seu lado em um piscar de olhos e a loira admitiu que ela se movia rápido até mesmo para uma vampira. – Não tem razão para estar nervosa, Emmett está lá. Ele está esperando por você. - Assegurou a baixinha que estava ainda mais bela do que de costume. Alice e Bella seriam suas madrinhas de casamento. Os cabelos curtos de Alice estavam presos em um coque bem feito, seu corpo coberto por um vestido azul marinho com mangas de renda que caia como uma luva em seu corpo.

— Eu sei. – Rosalie respondeu soltando o ar pela boca.

— Pessoal, eu não quero apressar vocês nem nada, mas o Emmett está ficando impaciente lá fora e ele disse que se a Rosalie não sair ele vai entrar. – Bella foi a próxima a invadir o quarto e Rosalie riu. Sim, aquilo era algo que Emmett diria, pelo visto ter a eternidade pela frente não foi o suficiente para ensinar paciência ao seu marido.

— Então, não vou fazê-lo esperar mais. Me ajudem aqui por favor – Pediu a loira e as duas a ajudaram a vestir.

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— Por que demora tanto? – Emmett perguntou emburrado andando de um lado para o outro e fazendo o possível para manter sua velocidade normal a frente do pequeno altar que havia sido montado para a ocasião do seu casamento. A maioria dos convidados eram seres sobrenaturais ou humanos que sabiam da existência deles, sua família estava lá obviamente, o clã dos Denali acompanhado de Garrett, seu mais novo integrante, e o grupo dos lobisomens de La Push. Representando os humanos havia apenas Charlie Swan e sua esposa Sue Clearwater. A única razão para precisar controlar sua velocidade era o pastor que tinham convidado para realizar a cerimônia.

Estavam num chalé nas montanhas, o chalé que fora construído para ele e Rosalie e que se tornou o palco de muitos dos momentos felizes de sua pós vida. Havia um arco de flores sobre o altar composto de rosas vermelhas, a nave esta decorada com pétalas de rosas jogados pelo chão marcando o caminho que Rosalie deveria fazer ao lado de Carlisle até ser entregue a ele, bancos haviam sido colocados ladeando o caminho para que os convidados pudessem se acomodar. Sobre o lago cristalino um gazebo de madeira foi montado para que eles pudessem ter a “primeira” dança como casados.

Uma onda de paz e tranquilidade o atingiu e o grandão olhou feio para Jasper que permanecia ao seu lado de braços cruzados enquanto Emmett só faltava se descabelar, ele e Edward eram seus padrinhos de casamento.

— Pare com isso. – Exigiu.

— Mas se eu não estou fazendo nada. – Jasper se defendeu sorrindo e Emmett bufou enfiando as mãos dentro dos bolsos da calça social. Por que Rosalie não vinha logo? Será que teve algum problema? O vestido tinha rasgado? Ou ela tinha mudado de ideia? Será que tinha enfim se cansado dele?

— Emmett, você quer fazer o favor de se acalmar? Seus pensamentos estão me deixando nervoso e não tem razão para isso. Você sabe que ela está aqui, dá para ouvir os passos dela se movendo no andar de cima. Até parece que é a primeira vez que vocês estão casando. – Edward pediu enervado com o irmão mais novo, tinha um apreço especial por Emmett e por sua sinceridade, seus pensamentos de todas as pessoas eram os que menos o incomodavam pois eram sinceros e nenhum pouco diferentes do que as coisas que ele falava na realidade.

Emmett abriu a boca para responder o mal-humorado Edward Cullen e lhe dizer que apesar de já ter casado pelo menos umas dez vezes com aquela mulher nunca era igual, porém bastou abrir a boca e uma música começou a tocar. Emmett ficou tenso como uma tabua e seus olhos imediatamente correram para o final da nave onde a figura de Rosalie se fez presente ao lado de Carlisle.

Ele arquejou prendendo o ar, o mundo parecia que tinha parado de girar, tudo ficou silencioso ao seu redor enquanto ele observava a mulher que era sua pela eternidade. O vestido branco abraçava seu corpo agraciando suas curvas, as mangas rendadas indo até seus cotovelos. Ela parecia uma rainha e o mundo inteiro era o seu reino, curvados diante de tamanho esplendor. Uma brisa suave soprou os cabelos cacheados que caiam soltos emoldurando seu rosto, os olhos dourados dela brilhavam como as estrelas ao encará-lo e em cada passo ele via a confiança com que ela caminhava em sua direção. Se seu coração pudesse bater agora Emmett tinha certeza de que ele estaria acelerado.

Quis correr para ela e se jogar em seus braços, quis aperta-la de encontro a si e nunca mais deixa-la ir pois não importava o quanto estivesse perto dela, nunca seria o suficiente, sempre desejaria mais e mais, a amava e nunca cansaria de amar, nunca cansaria de ver seu rosto, de traçar o contorno de seu corpo com suas mãos, nunca teria o bastante de Rosalie.

 Carlisle e Rosalie venceram a distância até chegarem ao altar onde o loiro deu um beijo na testa da filha depositando sua mão sobre a de Emmett. Em seu olhar estava claro o recado: cuidem bem um do outro.

— Sempre. – Emmett sussurrou.

— E para sempre. – Rosalie prometeu no mesmo tom.

O moreno acariciou a face da mulher que ele escolheu amar sentindo o frio dela em contanto com o frio dos próprios dedos e Rosalie fechou os olhos apreciando o contato, se pudesse chorar, choraria de emoção por estar novamente diante dele para renovarem o seu amor.

— Você está linda. – Emmett disse entrelaçando seus dedos ao dela e caminhando para a frente do pastor. – Como da primeira vez.

— Obrigada. – Ela respondeu.

— Estamos aqui reunidos neste dia.... – O pastor falou e então a cerimônia teve início.

Eles absorveram cada palavra proferida, cada trecho, cada frase, cada pequena exortação sobre companheirismo, amor, altruísmo, sobre as dificuldades de uma vida a dois, até que pôr fim chegou a hora da troca de votos e das alianças.

Renesmee entrou carregando os dois anéis dourados sobre uma almofadinha branca que era o símbolo do sentimento que eles publicamente expressavam ali. Emmett respirou fundo pegando o pequeno círculo dourado e deslizou pelo dedo de Rosalie enquanto recitava aquilo que ia de mais profundo em seu coração.

— De almas sinceras a união sincera, Nada há que impeça: amor não é amor Se quando encontra obstáculos se altera, Ou se vacila ao mínimo temor.Amor é um marco eterno, dominante, Que encara a tempestade com bravura; É astro que norteia a vela errante, Cujo valor se ignora, lá na altura. Amor não teme o tempo, muito embora,  Seu alfanje não poupe a mocidade; Amor não se transforma de hora em hora, Antes se afirma para a eternidade. – Ele começou e Rosalie engoliu em seco reconhecendo o poema de Shakespeare. – Acredito que esse poema descreva bem o que eu sinto e só queria acrescentar que eu amo você, Rosalie, desde o primeiro instante até agora e sei que vou amar para todo sempre porque até mesmo a eternidade é pouco tempo quando se trata de nós dois. E é por isso que neste momento, eu Emmett Cullen, te recebo, Rosalie Hale, como minha esposa. Para amar e respeitar na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, desde agora e por toda nossa existência.

Rosalie precisou respirar muito fundo antes de recitar os próprios votos e apreciou bastante que Emmett deslizasse a aliança lentamente em seu dedo dando a ela tempo suficiente para se recompor.

—Eu nunca pensei muito no que significava amar, primeiro de tudo porque eu nunca fui do tipo que pensa demais acho que eu e Emmett temos isso em comum – Emmett riu da piada dela arrancou algumas risadas dos convidados. - Mas principalmente porque eu ainda não tinha sido atingida pela plenitude de ser completada por outra pessoa. Alguém com quem ser um, com quem compartilhar um teto, uma vida, um amanhã, um para sempre, até que você entrou no meu caminho como um anjo enviado diretamente do céu e você me libertou dos meus medos, da minha insegurança, da minha vaidade. Naquele dia eu ganhei meu maior presente:  você, a melhor parte de mim, a força que me inspira a seguir em frente, você me faz ser alguém melhor apenas para poder te merecer. Eu, Rosalie Hale, te recebo, Emmett Cullen, como meu marido. Para amar e respeitar na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, desde agora e por toda nossa existência.

— E o que Deus uniu não separe o homem. O noivo pode beijar a noiva. - Disse o pastor.

Como se os céus quisessem mostrar que abençoavam a união um pequeno espaço se fez entre as nuvens deixando que fracos raios provindos daquele pôr do sol no fim da tarde se infiltrassem na cerimônia e iluminassem o casal fazendo com que as peles de porcelana brilhassem como cristais refletindo a luz.

Emmett colocou as mãos nas laterais do rosto de Rosalie a trazendo para mais perto e ela se deixou levar pelo toque incrivelmente suave daquelas grandes mãos, fechou os olhos e deixou que as próprias mãos enlaçassem o pescoço do seu marido enroscando-se nos cabelos de sua nuca. E eles se beijaram apaixonadamente aproveitando aquele momento que era sempre único. Os lábios se tocaram tímidos a princípio, um gesto singelo, um simples roçar de lábios que com rapidez se transformou em algo mais profundo e íntimo, algo com paixão o suficiente para transmitir a emoção que queimava seus corpos.

A língua de Emmett invadiu sua boca provando o sabor e fazendo com que ela sentisse o gosto dele naquele contato mais ousado. Afastaram-se quando alguém, Edward, pigarreou. Sorriram um para o outro, cúmplices.

—Viva os noivos! – Outra voz soou e em seguida um coro de vivas e aplausos foi ouvido enquanto eles cumprimentavam o reverendo agradecendo pela belíssima cerimônia e em seguida desciam do altar para receber as congratulações dos amigos e parentes.

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— Eu poderia fazer isso todos os dias, sabia? – Perguntou Emmett se afastando um pouco para realizar um movimento com o braço fazendo Rosalie rodopiar. Era a valsa deles dois.

— Isso o que? Dançar valsa? - Ela retrucou brincando com ele quando os corpos voltaram a se unir.

— Não, ursinha. Casar contigo. - Emmett depositou um beijo rápidos nos lábios da loira. – Apesar do nervosismo. - Ele riu e Rosalie o acompanhou.

— Nunca cansaremos disso, não é? – Rosalie perguntou movendo os pés ao ritmo da dança e Emmett balançou a cabeça afirmando. – Cada vez que subo aquele altar sinto como se fosse a primeira vez, Emmett e não consigo deixar de me sentir grata por ter você de novo e de novo, porque realmente nunca será o suficiente.

— Temos todo tempo do mundo. – Ele prometeu selando o lábio nos dela.