Rony Weasley e a Pedra Filosofal escrita por biapurceno


Capítulo 12
O Segredo de Fofo


Notas iniciais do capítulo

Oiee!

Boa leitura!



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CAPÍTULO DOZE

O Segredo de Fofo

As semanas seguintes foram tensas. O trio estava obcecado na cola de Snape e Quirrel, sempre atentos à qualquer mudança. Desde que esteve cara a cara com Você-Sabe-Quem, Harry andava muito ansioso. Achava que se não fizesse alguma coisa bem rápido ele iria se reerguer e na primeira oportunidade o encontraria para terminar o que começou há dez anos atrás. Sua ansiedade era tanta que Rony tinha a impressão que seu amigo teria um ataque de nervos a qualquer momento.

Os exames finalmente chegaram, e Rony poderia dizer que estava satisfeito com os resultados. Apesar da dificuldade em conseguir se concentrar nos estudos com tantas coisas acontecendo, ele se esforçou como podia, ouviu monólogos intermináveis de Hermione sobre cada uma das matérias e foi dormir tarde quase todas as noites estudando; então cada vez que saíam da prova e Hermione repassava cada questão com os dois, Rony sentia que tinha errado menos do que esperava errar.

Nos exames práticos estava se saindo muito bem, o que para ele foi surpreendente. O ano inteiro fora um aluno mediano, mas nas provas conseguiu um resultado satisfatório. O Professor Flitwick os chamou à sala de aula, um a um, para verificar se conseguiam fazer um abacaxi sapatear na mesa. Rony conseguiu fazer com que sambassem e o professor considerou muito bom, comparado a Neville, que o abacaxi deu três pulinhos e foi tirar uma soneca. A Professora Minerva pediu que transformassem um camundongo em uma caixa de rapé e conferiu pontos pela beleza da caixa. A sua caixa ficou acinzentada da cor do rato, mas pelo menos não tinha bigodes. Já na prova de Snape não foi tão bem. Rony desconfiava que o professor sabia de seus planos para impedi-lo de pegar a Pedra Filosofal, e durante a prova os deixou o mais desconfortáveis que podia, passando por eles insistentemente, como se esperasse qualquer falha. No fim, a poção para esquecer que estava fazendo fazia a pessoa ter apenas uma pequena perda de memória recente. Pelo menos não reprovaria.

Finalmente o último exame havia chegado, e era de História da Magia. Para Rony, a pior e mais chata matéria de todas. As aulas era muito cansativas e ele pouco prestava atenção. Hermione ainda fez resumos para os três estudarem juntos e explicou incansavelmente sobre os materiais mágicos que o bruxo Edgard Parmult utilizou para fazer os caldeirões automexíveis, mas Rony não conseguiu lembrar-se de detalhes e passou uma hora respondendo as perguntas da prova. No fim, achava que tinha feito o suficiente para passar.

— Foi muito mais fácil do que pensei — comentou Hermione, quando eles se reuniram aos numerosos alunos que saíam para os jardins ensolarados. — Eu nem precisava ter aprendido o Código de Conduta do lobisomem de 1637 nem a revolta de Elfric, o Ambicioso.

Finalmente depois de semanas focados em passar de ano teriam uma folga. Parece que até mesmo a natureza decidiu comemorar o fim das aulas, pois quando saíram do castelo encontraram lá fora um sol quente e bonito que iluminava o gramado do jardim. Haviam alunos esparramados por toda a extensão do local, sentados às sombras das árvores. Outros corriam alegres em brincadeiras desconhecidas, e ainda tinha seus irmãos gêmeos que cutucavam a lula gigante, que tomava sol nas águas mais rasas do lago.

Encontraram uma árvore que não tinha ninguém, então os três jogaram-se às sombras para descansar.

— Acabaram-se as revisões... — suspirou Rony, contente, esticando-se na grama e afrouxando a gravata do uniforme.

Até mesmo Hermione sorriu aliviada, recostando-se no tronco da árvore. Mas Harry não estava no mesmo clima. Seu rosto era sério, e ele massageava sua testa com brutalidade.

— Faça uma cara mais alegre, Harry, — tentou descontrair — temos uma semana inteira até descobrir se nos demos mal, não precisa se preocupar agora.

— Eu gostaria de saber o que significa isso! – Harry explodiu aborrecido. — Minha cicatriz não para de doer, já senti isso antes, mas nunca com tanta frequência.

— Procure Madame Pomfrey — sugeriu Hermione.

— Eu não estou doente — respondeu Harry esfregando a cicatriz. — Acho que é um aviso... Significa que o perigo está se aproximando...

Estava um dia lindo, quente. Pelo menos hoje, Rony não queria se preocupar com nada, nem mesmo com a Pedra.

— Harry, relaxe. A Pedra está segura enquanto Dumbledore estiver por aqui. Em todo o caso, nunca encontramos nenhuma prova de que Snape tenha descoberto como passar por Fofo. Ele quase teve a perna arrancada uma vez, não vai tentar outra tão cedo. E Neville vai jogar Quadribol na equipe da Inglaterra antes que Hagrid traia Dumbledore.

Harry fez bico, inconformado com o descaso dos amigos.

— Isso são os exames. — Hermione falou — Acordei a noite passada e já tinha lido metade dos meus apontamentos sobre Transfiguração quando me lembrei que já tínhamos feito a prova.

Mas o garoto estava irredutível, e cruzou os braços, emburrado. Hermione olhou suplicante para Rony dizer algo, mas ele apenas deu ombros. Harry era assim, quando colocava algo na cabeça ficava obcecado, o melhor que tinha a fazer era esperar que ele esquecesse. Estavam fazendo tudo que podiam: observando todos os envolvidos.

Hermione abriu um livro para ler e Rony fechou os olhos, aproveitando a brisa da sombra. Ficaram longos minutos em silêncio, quando sentiu um esbarrão em seu braço. Já ia xingar achando que era alguém querendo provocar quando viu que Harry havia levantado de repente, os olhos arregalados, murmurando baixinho alguma coisa.

— O que... — começou a dizer, mas o garoto nem ouviu, saiu andando com pressa, quase correndo, em direção à floresta proibida.

Rony e Hermione entreolharam-se, e levantaram depressa, correndo atrás do garoto.

— Onde é que você está indo? — perguntou Rony assim que chegou a seu lado.

— Acabei de me lembrar de uma coisa. — ele estava branco de pavor — Temos que ver Rúbeo agora.

— Por quê? — ofegou Hermione, correndo para alcança-los.

— Vocês não acham um pouco estranho — disse Harry ofegante — que o que Rúbeo mais quer na vida é um dragão, e aparece um estranho que por acaso tem ovos de dragão no bolso, quando isso é contra as leis dos bruxos? Que sorte encontrar Rúbeo, não acham? Por que não percebi isto antes.

— Do que é que você está falando? — perguntou Rony.

Harry estava tão agitado que nem sequer ouviu a pergunta de Rony. Ele olhou para Hermione mas ela também balançou a cabeça, indicando que sabia tanto quanto o ruivo. Quando alcançaram a cabana, viram Hagrid sentado na frente da porta de casa com Canino à seus pés, descascando ervilhas numa tigela gigante. Ao vê-los, acenou sorrindo.

— Terminaram os exames? Têm tempo para um refresco?

— Temos, obrigado. — disse Rony simpático. Os refrescos de Hagrid não eram os melhores do mundo, mas no calor que fazia... — Acabamos de...

Mas Harry o interrompeu.

— Estamos com pressa, Rúbeo, preciso lhe perguntar uma coisa. Sabe aquela noite que você ganhou o Norberto? Que cara tinha o estranho com quem você jogou cartas?

— Não lembro — respondeu Hagrid com displicência —, ele não quis tirar a capa...

Foi como se a resposta caísse em na sua cabeça, e finalmente entendeu o porquê de Harry ter corrido daquela forma até lá. Olhou espantado para Hermione, e percebeu que ela também tinha chegado à mesma conclusão. Um dos maiores defeitos do meio-gigante era sua ingenuidade, e certamente alguém se aproveitou disso para colher informações.

— Não é nada de mais, — Hagrid defendeu-se, vendo o espanto dos meninos — tem muita gente esquisita no Hog's Head, o pub do povoado. Podia ser um vendedor de dragões, não podia? Nunca vi a cara dele, ele não tirou o capuz.

Harry se abaixou ao lado da tigela de ervilhas, suas mãos tremiam.

— O que foi que você conversou com ele, Rúbeo? Chegou a mencionar Hogwarts?

— Talvez — disse Hagrid, franzindo a testa, tentando se lembrar — É... Ele me perguntou o que eu fazia e eu respondi que era guarda-caça aqui... Depois perguntou de que tipo de bichos eu cuidava... Então eu disse... E disse também que o que sempre quis ter foi um dragão... Então... Não me lembro muito bem... Porque ele não parava de pagar bebidas para mim... Deixa eu ver.. Ah, sim, então ele disse que tinha um ovo de dragão, e que podíamos disputa-lo num jogo de cartas se eu quisesse... Mas precisava ter certeza de que eu podia cuidar do bicho, não queria que ele fosse parar num asilo de velhos... Então respondi que depois do Fofo, um dragão seria moleza...

Harry olhou desesperado para Rony e Hermione.

— E ele pareceu interessado no Fofo? — perguntou, tentando manter a voz calma.

— Bom... Pareceu... Quantos cachorros de três cabeças a pessoa encontra por ai, mesmo em Hogwarts? Então contei a ele que Fofo é uma doçura se a pessoa sabe como acalmá-lo, é só tocar um pouco de música e ele cai no sono...

Hagrid, de repente, fez cara de horrorizado.

— Eu não devia ter-lhe dito isto! — exclamou. — Esqueçam que eu disse isto! Ei, aonde é que vocês vão?

Os três seguiram em silêncio até o saguão de entrada. Era isso, Hagrid havia entregado o ouro ao inimigo de mão beijada. A qualquer momento a pedra seria roubada, não havia mais nada para impedir isso de acontecer.

— Temos de procurar Dumbledore — exclamou Harry, aflito — Rúbeo contou àquele estranho como passar por Fofo e quem estava debaixo daquela capa era ou o Snape ou o Voldemort. — Rony estremeceu à menção do nome — deve ter sido fácil, depois que embebedou Rúbeo. Só espero que Dumbledore acredite na gente. Firenze talvez confirme, se Agouro não o impedir. Onde é a sala de Dumbledore?

Eles olharam a toda volta, mas não havia nenhuma pista de onde era o gabinete do diretor. Nunca haviam ido até lá, e nas vezes que o encontraram foi em eventos da escola e as vezes no jantar.

— Que é que vocês estão fazendo aqui dentro?

Eles se assustaram com a voz enérgica da Professora Minerva McGonagall, carregando uma pilha de livros. Rony ia inventar uma desculpa quando Hermione tomou à frente dos dois:

— Queremos ver o Professor Dumbledore! — disse de subto, e Rony e Harry entreolharam-se, espantados.

— Ver o Professor Dumbledore? — a Professora Minerva perguntou, estranhando o pedido repentino vindo de Hermione — Por quê?

Hermione mais uma vez tomou à frente da situação:

— É uma espécie de segredo — disse, mas desejou na mesma hora que não tivesse dito, porque as narinas da Professora Minerva se alargaram. Certamente não gostou de que a melhor aluna do primeiro ano de sua própria casa não lhe contasse as coisas.

— O Professor Dumbledore saiu faz dez minutos — informou ela secamente — Recebeu uma coruja urgente do Ministro da Magia e partiu em seguida para Londres.

— Ele saiu? — exclamou Harry frenético — Agora?

— O Professor Dumbledore é um grande mago, Potter, o tempo dele é muito solicitado.

— Mas é importante.

— Alguma coisa que você tenha a dizer é mais importante do que o Ministro da Magia, Potter?

Os três entreolharam-se, rendidos. McGonagall era a vice diretora de Hogwarts, então na ausência dele, era ela a autoridade máxima dali.

— Olhe, professora... É sobre a Pedra Filosofal... — Harry soltou de uma vez.

Certamente a professora Minerva esperava qualquer coisa menos isso. Com o susto, os livros que levava caíram no chão, e seu rosto expressava um misto de pavor e incredulidade.

— Como é que vocês sabem? — perguntou, assombrada.

— Professora, acho... Que Sn... Que alguém vai tentar roubar a pedra. Preciso falar com o Professor Dumbledore. – Harry continuou.

Ela pigarreou, tentando manter sua pose severa, embora tivesse visivelmente desconsertada.

— O Professor Dumbledore volta amanhã — informou. — Não sei como descobriu sobre a Pedra, mas fique tranquilo, não é possível ninguém rouba-la, está muitíssimo bem protegida.

— Mas, professora... — Harry tentou argumentar.

— Potter sei do que estou falando. — Curvou-se e recolheu os livros caídos — Sugiro que vocês voltem para fora e aproveitem o sol.

Mas eles não voltaram. Pararam no primeiro corredor que encontraram, nervosos e frustrados com o descaso da professora.

— Sabia que ela não acreditaria. — Rony suspirou — Aposto que Dumbledore também não nos levaria à sério.

— É hoje à noite — Harry falou, nervoso. — Snape vai entrar no alçapão hoje à noite. Ele já descobriu tudo o que precisa e agora tirou Dumbledore do caminho. Foi ele quem mandou aquela carta, aposto que o Ministro da Magia vai levar um choque quando Dumbledore aparecer.

— Mas o que é que podemos...

Hermione parou de falar, olhando fixamente para um ponto atrás dos meninos, amedrontada. Rony e Harry viraram-se para trás para ver o que a assustara, e se assustaram igualmente. Snape estava parado bem atrás deles, com o olhar desconfiado.

— Boa tarde — disse com suavidade.

Eles não conseguiram responder.

— Vocês não deviam estar dentro do castelo num dia como este. — falou com um sorriso estranho e torto.

— E-estávamos... — começou Harry, mas pelo jeito não conseguiu pensar em nenhuma desculpa para dar.

— Vocês precisam ter mais cuidado. Andando por aqui assim, as pessoas vão pensar que estão armando alguma coisa. E Grifinória realmente não pode se dar ao luxo de perder mais nenhum ponto, não é mesmo?

Harry corou. Viraram-se para sair depressa, mas Snape os chamou de volta.

— E fiquem avisados, se ficarem perambulando outra vez à noite, vou providenciar pessoalmente para que sejam expulsos. Bom dia para vocês.

Ele saiu em direção à sala de professores. O trio andou o mais rápido que puderam na direção oposta. Quando chegaram de volta ao saguão de entrada, Harry virou-se para os dois, alucinado.

— Certo isto é o que vamos fazer — falou com urgência. — Um de nós tem que ficar de olho no Snape, esperar do lado de fora da sala de professores e segui-lo se ele sair. Hermione é melhor você fazer isso.

— Por que eu? — ela perguntou, nervosa.

Mas Rony entendeu o que Harry queria.

— É óbvio — falou — Você pode fingir que está esperando pelo Professor Flitwick sabe, como é: "Ah, Professor Flitwick. Estou tão preocupada, acho que errei a questão catorze b...” — Falou imitando a voz e a pose de Hermione.

— Ah, cala a boca — Hermione bradou, embora lutasse para não rir — Tudo bem, tudo para proteger a pedra.

— E é melhor ficarmos no corredor do terceiro andar — disse Harry a Rony — Vamos!

Não iam esperar. Acampariam no corredor se fosse preciso. Por causa do dia ensolarado, o castelo estava vazio e os meninos chegaram até o terceiro andar sem maiores contratempos. O problema foi que, no momento em que viraram à esquina do corredor proibido, deram de cara com a professora Minerva, que não parecia nem um pouco feliz de vê-los.

 — Suponho que vocês achem que é mais difícil alguém passar por vocês do que por um pacote de feitiços! — esbravejou ensandecida. — Chega de bobagens! E se eu souber que vocês voltaram aqui outra vez, vou descontar mais cinquenta pontos de Grifinória! É, Weasley, da minha própria casa!

Os meninos voltaram correndo para a sala comunal. Não poderiam voltar para o corredor proibido, não poderiam correr o risco de ferrar ainda mais com a casa deles. Rony sentou-se no sofá, vencido, enquanto Harry andava de um lado para o outro.

— Agora nossa esperança está na Mione. — Disse, aflito — Ela está lá na cola de Snape, só nos resta...

Mas ele não terminou de falar, pois no mesmo minuto Hermione irrompeu pelo retrato da mulher gorda, cabisbaixa.

— Sinto muito... — lamentou-se, prevendo o que perguntariam — Snape saiu e me perguntou o que eu estava fazendo, então disse que estava esperando Flitwick, e então foi busca-lo. Aí eu fiquei com medo e me mandei, não sei aonde ele foi.

— Bom, então acabou-se, não é? — disse Harry inconformado — Não tenho alternativa, vou sair daqui hoje à noite e vou tentar apanhar a Pedra primeiro.

Rony bufou. Lá vinha o Harry com o complexo de herói.

— Você ficou maluco! 

— Você não pode! — disse Hermione — Depois do que a Professora Minerva e Snape disseram? Vai ser expulso!

— E DAÍ? — gritou Harry. Seu rosto estava contorcido de ódio — Vocês não percebem? Se Snape apanhar a pedra, Voldemort vai voltar! Vocês não ouviram contar como era quando ele estava tentando conquistar o poder? Não vai haver Hogwarts para nos expulsar! Ele vai arrasar Hogwarts, ou vai transformá-la numa escola de magia negra! Perder pontos não importa mais, vocês não entendem? Acham que ele vai deixar vocês e suas famílias em paz, e Grifinória ganhar o campeonato das casas? Se eu for pego antes de conseguir a pedra, bem, vou ter que voltar para os Dursley e esperar Voldemort me encontrar lá. E só uma questão de morrer um pouquinho depois do que teria morrido, porque eu nunca vou me aliar aos partidários da magia negra! Vou entrar naquele alçapão hoje à noite e nada que vocês dois disserem vai me impedir! Voldemort matou meus pais, estão lembrados?

Rony nem conseguiu sentir raiva por ele ter mencionado o nome de Você-Sabe-Quem, ele tinha toda razão de estar com raiva, de estar frustrado. Aquele bruxo fez diversas atrocidades com seu grupo de magia negra. Tirou vidas inocentes, causou guerra e destruição. De Harry, tirou a chance de ter uma família; e agora estava tentando voltar.

— Você tem razão, Harry — disse Hermione com uma vozinha fraca.

— Vou usar a capa da invisibilidade, — Harry falou corado, envergonhado por brigar com os amigos — foi uma sorte tê-la recuperado.

— Mas ela dá para esconder nós três? — Rony perguntou tentando calcular mentalmente o tamanho deles pelo tamanho da capa.

— Nós... Nós três? — Harry perguntou assustado.

Rony e Hermione reviraram os olhos.

— Ah, corta essa, você não acha que vamos deixar você ir sozinho, acha? — perguntou como se fosse obvio.

— Claro que não — disse Hermione com energia. — Como acha que vai chegar à Pedra sem nós? E melhor eu dar uma olhada nos meus livros, talvez encontre alguma coisa útil.

— Mas se formos pegos, vocês dois vão ser expulsos também.

— Não se eu puder evitar — Hermione completou. — Flitwick me disse em segredo que tirei cento e vinte por cento no exame. Não vão me expulsar depois disso. Posso implorar por vocês também.

Os três mal tocaram na comida depois do jantar de nervoso. Mais tarde sentaram-se em um canto qualquer do salão comunal para esperar a hora passar e que todos fossem dormir. Como ainda estavam aborrecidos com Harry e Hermione por terem perdido tantos pontos para a Grifinória, ninguém os incomodou durante a noite inteira. Os três se mantiveram calados, e entre eles, só se ouvia o folhear de Hermione em livros de feitiços. Estavam ansiosos pelo que estava por vir. Era um pacote de magias feitos pelos professores, e eles eram apenas três alunos primeiranistas. Não tinham muitas chances, mas também não tinham muita escolha.

Agora faltava apenas alguns alunos mais velhos que pelo jeito já se preparavam para dormir. Era chegada a hora.

— É melhor apanhar a capa — murmurou Rony, quando Lino Jordan finalmente saiu, se espreguiçando e bocejando. Harry correu até o dormitório às escuras.

— Com medo? — Rony perguntou para Hermione para quebrar o gelo.

— Muito, mas não conte ao Harry, não quero parecer estar. — Ela falou de cabeça baixa.

— Eu também estou nervoso. — Rony confessou — Mas nós três somos bons, vamos nos sair bem.

Ele pôs sua mão em cima da dela, na intenção de dar tapinhas de incentivo, porém, para sua surpresa, ela o segurou e sorriu para ele em agradecimento. Seguindo um instinto desconhecido até então, Rony acomodou melhor a mão da garota na sua e apertou levemente. Hermione estava corada e não fez menção alguma de soltar-se dele. Não sabia porque, mas sentia como se em seu peito tivesse um monstro se mexendo preguiçosamente, como se estivesse acordando de um sono muito longo. Ela tinha a mão macia, ele nunca havia percebido, talvez porque nunca a tivesse segurado por tanto tempo.

O barulho de passos na escada assustou Rony e Hermione, que se soltaram rapidamente no instante que Harry apontou trazendo a capa de invisibilidade.

— É melhor vestirmos a capa aqui para ter certeza de que cobre nós três. Não queremos que Filch veja os pés da gente andando sozinhos. — sussurrou Harry, desdobrando a capa.

— O que é que vocês estão fazendo? — perguntou uma voz a um canto da sala. Neville saiu de trás de uma poltrona, agarrando Trevo, o sapo, que parecia ter feito uma nova tentativa para ganhar a liberdade. Rony corou, desejando internamente que o garoto não tivesse visto ele e Hermione instantes antes.

— Nada, Neville, nada — respondeu Harry, escondendo depressa a capa às costas.

Neville estudou-os, e claramente não acreditou em nada.

— Vocês vão sair outra vez. — afirmou.

— Não, não, não — mentiu Hermione. — Não vamos, não. Por que você não vai se deitar, Neville?

Ele inflou as bochechas, irritado.

— Vocês não podem sair — bradou —, vocês vão ser pegos outra vez. Grifinória vai ficar ainda mais enrolada.

— Você não compreende — Harry falou, impaciente — isto é importante.

Mas Neville estava claramente tomando coragem para fazer alguma coisa desesperada.

— Não vou deixar vocês irem — disse, e correu para a frente do buraco do retrato da mulher gorda. — Eu... Eu vou brigar com vocês.

— Neville — Rony exclamou irritado —, se afaste desse buraco e não banque o idiota...

— Não me chame de idiota! – Neville respondeu a Rony cheio de coragem — Acho que você não devia estar desrespeitando mais regulamentos! E foi você quem me disse para enfrentar as pessoas!

— Foi, mas não nós Rony já começava a perder a paciência. — Neville, você não sabe o que está fazendo.

Com o rosto muito sério, soltou o sapo, que pulou para longe, e deu um passo à frente na direção de Rony.

— Vem, então, tenta me bater! — disse Neville, erguendo os punhos olhando feio para o ruivo. — Estou esperando!

Rony era praticamente o dobro de Neville, um único soco seria capaz de derrubá-lo, mas definitivamente não queria fazer isso. Olhou desesperado para os amigos, em busca de ajuda, e foi uma Hermione muito pesarosa que tomou a frente.

— Neville, eu realmente lamento muito. — Ela ergueu a varinha. — Petrificus Totalus! — falou, apontando para o menino.

Os braços de Neville grudaram dos lados do corpo. As pernas se juntaram. Com o corpo inteiro rígido, ele balançou no mesmo lugar e, em seguida, caiu de cara no chão, duro como uma pedra. Hermione correu para desvirá-lo, sendo ajudada pelos garotos. Os maxilares de Neville estavam trancados de modo que ele não podia falar. Somente os olhos se moviam, mirando-os aterrorizados.

— O que foi que você fez com ele? — perguntou Harry, desesperado.

O Feitiço do Corpo Preso — respondeu Hermione infeliz, e virou-se novamente para o garoto caído. — Ah, Neville, me desculpe.

— Tivemos de fazer isso, Neville, não temos tempo para explicar — explicou-se Harry.

— Você vai entender mais tarde — Rony finalizou, enquanto passavam por cima dele e se envolviam na capa da invisibilidade.

Era chegada a hora. Sairiam à caminho do corredor do terceiro andar para defender a Pedra Filosofal de Snape e de Você-Sabe-Quem munidos da capa de invisibilidade, da pouca experiência dos três em batalhas e, ele torcia fervorosamente, de muita, mas muita sorte.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao antepenúltimo capítulo. Como passou rápido...

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