Ironias do Amor escrita por Lyse Darcy


Capítulo 27
CAP 27 - Uma Invasão Irônica.




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O dia começava com uma tensão inevitável, mesmo com os raios de sol a adentrar no quarto fazendo a penumbra desaparecer pouco-a-pouco. O casal dormia um sono agitado.

O cômodo era todo rodeado de livros e bichos de pelúcia, o cheiro da garota estava por todo o local, Nesse ínterim, o telefone toca repentinamente. O rapaz acorda esfregando os olhos, mirando o aparelho para focar o écran, então percebe que não é o seu, beija o topo da cabeça dela lhe despertando.

— Rose, seu telefone está tocando. — Ela apenas resmungou se mexendo um pouco. — Acho que deve atender. — Acariciou sua nuca. — Seu irmão que está chamando.

Com isso ela se levantou sonolenta pegando o aparelho.

— Alô. — A voz estava arrastada. — Não, pode falar, estou acordada. — Ouviu mais alguns instantes e desligou.

— O que foi que ele disse? — Perguntou preocupado.

— Disse que está com as chaves, que farão a entrada no prédio, logo.

— Mas tão cedo?

— Não me deu detalhes, mas acredito que seja por causa da audiência do caso I.C.A. que será dentro de alguns dias.

— Isso faz sentido. Precisam ter a documentação em mãos para entregar ao tio do Ben, para ter tempo de aprontar uma defesa das pessoas que estão sendo tiradas de suas casas. — Suspirou. — Esses papéis podem prejudicar e muito o Solo.

— Estou preocupada com minha amiga como tudo isso pode ser ruim para ela e para o bebê. — Lamentou.

— Ben não poderia fazer isso com ela, deixá-los sozinhos. — Se levantou inconformado com tudo que estava acontecendo não achava justo o que sua amiga estava vivendo, não tinha nenhum momento tranquilo. Rose o abraçou.

— Vai dar tudo certo. — Beijou-o carinhosamente. — Além disso, Rey nunca estará sozinha, sempre terá a todos nós como família, Ben Solo é um bom estrategista. Tenho certeza que já tem tudo resolvido no âmbito jurídico, não deixaria ela e o filho, sozinhos. — Se aninhou no rapaz que sorriu. — Vamos tomar café, estou com muita fome. — Ambos riram caminhando para a cozinha.

(...)

Estava encolhida na poltrona em frente a cama onde um homem depois de lutar para dormir, foi vencido pelo cansaço. Olhando-o assim parecia tão sereno, porém ela sabia que ele estava vivendo sob muita pressão.

Avaliava tudo o que havia acontecido consigo, desde o momento que conheceu Ben Solo, em como tudo relacionado a eles sempre foram intensos, muitas vezes insano.

Riu para si ao lembrar do primeiro beijo, que foi intempestivo e impetuoso. Sabia que era uma loucura, mas dessa ação impensada a vida dela tomou outro rumo, trilhou outro caminho, alisou sua barriga que agora mostrava uma discreta elevação. Então sorriu ao se dar conta que não estaria mais sozinha.

Agora tinha uma família, tinha duas pessoas importantes em sua existência. Ben parecia um felino se espreguiçando, ela assistia a isso com um sorriso nos lábios. O rosto masculino a fitou.

— Por que está aí?

 — Pensando.

 Franziu o cenho ao ouvi-la.

— Em que sua linda cabeça está se ocupando? — Quis saber.

— Estava me lembrando de algumas coisas.

— Posso saber quais são? — Se levantou caminhando até ela.

— Deixa eu pensar no assunto. — Sorriu para ele.

Nesse ínterim, ele se abaixou apoiando a sua cabeça nas pernas de Rey que instintivamente começou a afagar os cabelos dele que suspirava ao receber aquele carinho, começou a afagar o ventre dela.

— Sabe no que estou pensando? — Alisou o nariz nas coxas dela.

— No que está pensando?

— Imaginava em como sou um filho da mãe, sortudo!

— Por que acredita nisso?

— Sempre considerei que nunca teria nada parecido com isso em minha vida, em todo o tempo me avaliei como um grande nada.

Rey aprofundou o gesto com carinho, deslizou sua mão suavemente para o seu rosto. Levantou a cabeça dele que tinha uma aparência de derrotado, sentiu que precisava ajudar, não poderia desenvolver um parecer tão destrutivo, não nesse momento que precisava que ele se mantivesse focado, além do mais já havia sido perdoado por sua mãe. Ela conseguia enxergar o grande homem que é, e o quanto poderia demonstrar.

— Nunca pense nisso novamente. — Baixou sua face à altura do ouvido dele, sussurrou. — Você é a coisa mais importante nesse mundo para mim e essa criança que estou carregando. Nem pense em duvidar. Não vá fazer nenhuma bobagem lá naquele escritório, queremos você bem, vivo, para ficarmos juntos como uma família.

Ouvir aquelas palavras da pessoa que mais amava, o deixou profundamente comovido, ter consciência disso o deixou aquecido, preenchendo cada vez mais o seu coração.

— Prometo que irei me cuidar, até porque terei a ajuda necessária do Poe lá dentro, com o Finn e o Mark nos auxiliando do lado de fora. — Respirou fundo. — Mas devemos nos preparar. As coisas serão complicadas para mim, quando entregar a papelada ao meu tio, não poderá amenizar as coisas, terá que fazer do modo correto. — Se levantou. — Terei que pagar pelas coisas que fiz.

Ela o seguiu, abraçando-o por trás.

— Deve haver alguma maneira de tudo isso acabar bem.

— Não Rey, me recuso a fazer mais alguma coisa de modo escuso. Faremos como minha mãe ou meu tio executariam. Tudo sairá conforme o juiz designado arbitrar.

A garota chorou tristemente, não conseguia controlar aquele aperto no seu coração.

— Mas agora tudo ficou muito perigoso para você. Snoke vai burlar mais uma vez, por subjugar a lei conforme os seus interesses.

Ele se virou para ela e a envolveu em seus braços num consolo gentil e acolhedor.

— Mas temos uma chave secreta, lembra?

— Qual seria? — Ela por um momento esqueceu que Ben estava falando em relação ao molho de chaves que sua assistente lhe deu, e por causa disso eles teriam os documentos necessários para incriminar Snoke e seus sectários. Solo também seria prejudicado, no entanto, isso não importava, apenas fazer o que era correto, devolver as terras a sua dona legítima.

— Entendi. — Sorriu. — Você quis fazer um jogo de palavras. Muito espirituoso. — Ironizou. Ambos riram abertamente.

— Vamos nos arrumar para quando chegar minha mãe e os demais.

Rey o fitou marota, pois tinha outras intenções para com o tempo que eles tinham, assim aproveitaram de um modo mais interessante.

(…)

O dia passou brevemente, mas todos utilizaram o seu tempo da melhor maneira possível, haviam revisado todos os planos, cada um compreendia o que fazer para que tudo saísse dentro do esquema.

Jakkes estava maravilhada observando a todos trabalhando em sintonia, entendia que isso acontecia porque não era a primeira vez que faziam algo assim, a última foi quando se reuniram para o seu resgate.

Todos assistiram, exceto o tio de Benjamin, que como promotor do caso não poderia ser conivente com o que o seu sobrinho estava prestes a fazer, muito embora ele sempre apoiava a sua irmã, assim contragosto aceitou anexar os documentos nos autos do processo.

Leia chegou próximo da garota, olhou na mesma direção dela.

— Muito bom ver todos reunidos a favor de fazer o que é certo. — A abraçou ternamente. — Ao menos isso em partes tenho que agradecer ao doutor Snoke.

Rey a olhou confusa.

— Como a senhora pode se sentir assim?

— Muito simples, doce criança, por ele me afastar como juíza do caso I.C.A. assim tenho o privilégio de participar disso. — Apontou para a mesa e os envolvidos no plano. — Se tivesse que deliberar nesse caso, não poderia estar aqui, portanto, não testemunharia algo tão poderoso. — Suspirou. — A esperança renascendo.

A garota riu concordando com as palavras singelas e sábias da mais velha, nesse instante, Ben se aproximou das duas com um semblante tenso.

— Está se aproximando o momento. — Às duas anuíram. — Melhor você ir com a minha mãe, ficarei mais tranquilo sabendo que estará bem e segura.

— Sabe que gostaria de ir com você para te ajudar. — O abraçou com força, muito preocupada.

— Nós já tínhamos conversado sobre isso. — A beijou carinhosamente. — Melhor permanecer aqui, cuidando do nosso bebê. Vai ser rápido, prometo. — A estreitou em seus braços. — Nós nos encontramos na casa de Leia, certo?

— Sim. — Uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Ben secou seu rosto.

Organa afagou os dois maternalmente.

— Pode ficar tranquilo, filho, ela ficará segura comigo. Ben Solo osculou o topo de sua cabeça.

— Obrigado, Mãe!

— Estranho, — Seu amigo se aproximou. — Melhor irmos, chegou o momento.

— Sim vamos. Vigiaremos o movimento próximo do escritório, afim de saber se tudo está ocorrendo dentro da normalidade.

Nesse ínterim, a beijou com paixão, enlaçou sua genitora, saiu com Poe para executar todos os seus intentos, em seguida seguiram Finn e Mark para ser o apoio da segunda dupla.

(…)

De frente ao prédio não havia nada fora do comum, apenas funcionários e advogados saindo do edifício. Os espiões não estavam à vista. Faziam rondas para verificar o local, estacionaram a algumas quadras, para não levantar suspeitas.

O tempo tinha que ser bem trabalhado para que pudesse ser um aliado do grupo, que desejava desafiar o sistema. Poe estava no banco do carona silencioso, porém sua ansiedade preenchia todo o veículo.

— Pode falar o que está te incomodando. — A voz do motorista o tirou dos seus pensamentos.

— Isso que vamos fazer é realmente dicotômico, amigo. — Alisou o queixo. — Embora, seja por uma justa causa, porém se formos pegos poderemos ser presos.

Benjamin riu ao ouvir aquilo.

— Mais há algo muito pior que ser preso pode nos acontecer. — O outro meneou a cabeça. — Se Snoke ou qualquer outro seguidor dele, nos encontrar, morreremos.

— Então, é assim que pode ser o nosso final?

— Não será.

— Como pode ter tanta certeza?

— Snoke é muito inteligente, porém demasiado presunçoso. Acredita que nada pode o atingir. Sua arrogância é um ponto fraco que teremos a nossa vantagem.

Com isso, o celular em seu bolso vibrou, o tirou do local.

— Alô!

— Snoke e o ‘puxa saco’ dele ainda não saíram do prédio. — Informou.

Ben olhou para o seu relógio que mostrava que passava das vinte e duas horas.

— Ainda é cedo, eles costumam sair tarde. Verificou se havia mais alguém no local? — Quis saber.

— Não tem mais ninguém. — Respondeu à voz. — Só resta o velho e o advogado.

Assim, desligou o aparelho, notando que Poe o avaliava.

— Por que estamos aqui, se ele sai tão tarde?

— Ficar aqui nos mantém focados, nada pode tirar a nossa concentração.

— Concordo, mas preciso mastigar algo para me focar. — Riu de si mesmo.

— Podemos ir naquele mercado, compramos alguma coisa para comer.

— Agora sim, está falando a minha língua.

(…)

As horas pareciam correr arrastado, nada de importante acontecia nos arredores, muito menos no escritório de Johannes Snoke.

Finn comia um pacote de batatas chips que preenchia todo o carro com aroma de ervas finas, Mark estava compenetrado observando tudo ao redor nada lhe escapava.

Assim os minutos se passaram, nada aconteceu, até que o velho homem saiu do prédio, num carro muito elegante, o seu chofer olhou para todas as direções, então tomou o sentido para a casa do seu patrão.

Os vigias se entreolharam sabendo que o momento estava chegando para que Ben e Poe entrassem no covil, não demorou muito e Hux também saiu do prédio.

Verificaram o perímetro, se certificando que não havia mais ninguém do grupo da velha raposa.

Tudo estava limpo pronto para começar a colocar os planos em prática. Mark ligou mais uma vez para o seu amigo.

— Estranho, está tudo liberado para vocês.

— Estou chegando aí em um minuto. — Desligou o aparelho.

(…)

Dentro do escritório estava tudo silencioso, parecia um sepulcro, Solo andava ali desenvolto, pois era um lugar familiar que ao longo de vários anos, conheceu muito bem.

Apesar de ser esquisito estar ali, não como uma pessoa de confiança, mas agora era um invasor que estava prestes a mudar não só a sua vida, mas a de todos a sua volta.

Poe ficou numa posição estratégica para vigiar caso alguém chegasse de repente, assim poder ver o Benjamim caso precisasse.

O advogado sabia onde estava indo, chegou em seu escritório foi até os arquivos da I.C.A.

Foi tomado de grande surpresa, todos os documentos relacionados ao processo haviam sumido, não restou nada, nem uma nota.

Saiu do cômodo, um pouco transtornado, assim respirou fundo, quando se apercebeu que isso era previsível, uma vez que quando salvou Rey Jakkes, tomou uma posição. Então precisava pensar onde teriam colocado aqueles papéis.

No escritório de Hux, entrou com mais cautela, não poderia tirar nada do local, fez seus movimentos minuciosos.

Chegou no armário com uma senha, pensou em como abrir aquilo sem arrombar. Por um instante se sentiu impotente, com isso se lembrou de uma conversa ridícula que teve com o ex-colega de trabalho, digitou uma sequência de oito dígitos. Ouviu o clique que destravou a porta, sorriu irônico ao se dar conta de quão patético e previsível era o homem.

Olhou o armário, avistou as pastas que lhe interessavam, leu rapidamente, retirando apenas as páginas relevantes para o processo, após devolveu tudo ao seu lugar, cerrou a porta que travou automaticamente.

Poe continuava em seu posto esperando, mesmo estando agitado permanecia firme, avistou Ben Solo sair da sala, fez sinal para ele vir em sua direção, no entanto, ele fez um gesto para esperar, assim entrou novamente em outro cômodo.

Passou a vista pelo local, estava tudo no mesmo lugar, como se lembrava, tudo sóbrio, escondia a verdadeira natureza negra e sombria de Snoke. Entrou na saleta secreta, alcançou arquivos antigos, muito importantes para a sua família. Avistou em uma pasta com o nome Jakkes, pegou os conteúdos e saiu.

(…)

Do lado de fora havia apenas a penumbra, uma agonia crescente. Pensar no que estava acontecendo atrás daquelas paredes.

Assim Mark avistou dois homens saindo à paisana pela porta de serviço, não havia ninguém os vigiando ou seguindo. Estavam fora do prédio, vendo eles se deslocando pela rua rumo ao carro sentiu alivio, continuou observando a distância para se certificar que estava tudo bem.

  Ben e Poe entraram no veículo indo embora, com isso o amigo do advogado fez o mesmo, rumando para o seu destino.

Detrás de uma árvore escondida, uma mulher os observou, notando que era por esse motivo que queriam as chaves, esse fato importante iria mudar o destino de todos. Sabia que era o momento de sumir.


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Notas finais do capítulo

Agradeço todo o apoio e carinho pela fanfic
Beijokas



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