Ironias do Amor escrita por Lyse Darcy


Capítulo 19
CAP 19 Uma garota ironicamente valente.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelo apoio!



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Sentia a cabeça doer e as pálpebras muito pesadas, tentava absorver a luz fria do ambiente, piscava e um frio subia por sua espinha. Quando conseguiu focar em um objeto e percebeu que estava numa sala médica, mais precisamente cirúrgica, o medo dominou seus pensamentos e nublou seu raciocínio e tudo que conseguia gritar dentro de si era fugir dali o mais rápido possível.

No entanto, seus músculos estavam enrijecidos e, percebeu que estava amarrada nos braços e pernas e o assombro de ficar nessa situação por mais tempo, a deixou extremamente agitada, ouviu vozes indistintas se aproximando da sala, cerrou os olhos para que não percebessem que estava desperta.

— Ela está bem, melhor dizendo os dois estão saudáveis, pode falar para aquele almofadinha que ninguém está em risco de morte.

Após aquela conversação sinistra ouviu um baque da porta, mas ainda sim sentia a presença de mais alguém ali. Olhou por entre os cílios e viu um homem extremamente magro que estava de costas para ela ajeitando alguma coisa na bancada, o sujeito falou de modo retórico.

— Não se preocupe garota você está sendo muito bem cuidada.

O corpo de Rey estremeceu ao ouvir o sujeito que estava tendo uma conversação com ela, aprumou a cabeça e fechou mais uma vez as pestanas.

— Sua beleza é de tirar o folego. – Ao ouvir isso seu estômago se revirou, e se deu conta que de fato não falava com ela, mas estava a desenvolver um monólogo esquisito.

— Esse bebê vai ter um pai horrível. Não quero nem pensar quando essa criança nascer. Quando tirá-lo de você.

Ela tentava controlar a respiração e as lágrimas para não se denunciar acordada e ser dopada novamente. Tentava entender o que o homem tentava falar sobre o destino dela e de seu filho. E nisso o sujeito magricela se aproximou da cama e aferiu as parafernálias que estavam em bolsas acima da garota adormecida e continuava sua conversação insana.

— Calma lindinha que eu só vou trocar a bolsa de soro, afinal de contas vocês precisam ficar hidratados. – E antes de sair olhou o recipiente do sonífero e notou que acabou e que a garota acordaria a qualquer momento, precisava buscar mais, pois ironicamente esse era o único remédio que não tinha na bancada. Acariciou a testa dela que teve que controlar o asco e saiu assobiando uma canção melosa.

Ao ouvir o ruído da porta se fechando, ficou alguns segundos de olhos cerrados para se certificar que estava sozinha ali, e então abriu os orbes e percebeu que de fato estava em uma sala cirúrgica e que estava amarrada fitou acima de sua cabeça com líquidos gotejando por um tubo fino sem parar para dentro de suas veias. Conseguia distinguir apenas o soro, pois o homem havia falado que tinha substituído. Assim num impulso de proteção tentou levar sua mão até o ventre ainda pequenino, mas as amarras a impediram de fazer tal ato, seu bebê ainda era miúdo e indefeso.

Chorou amargamente e a lágrimas escorriam e aqueciam suas bochechas, respirou fundo precisava manter a calma e o equilíbrio para assim encontrar um jeito de sair dali urgentemente.

Ergueu a cabeça o máximo que conseguiu e observou tudo a sua volta, o local era salubre as paredes de azulejo branco uma bancada de inox com muitos instrumentos cirúrgicos o que lhe deu calafrios, e mais à frente alguns remédios empilhados em sequência de cores e tamanhos, e mais uma vez tentou se desvencilhar das amarras, porém não surtiu qualquer efeito, estavam muito firmes, então parou de se debater para poder gastar suas energias em algo mais produtivo. Nesse momento ouviu passos se aproximando com isso ficou imóvel novamente e de novo vozes preencheram o local.

— Eu quero ela na Van o mais rápido possível. – Ela ficou agitada ao ouvir aquela voz familiar, olhou pelos cílios e notou que os dois homens estavam de costas para ela e, atônita quando constatou que conhecia a voz do ruivo seu ex-colega de escritório. E isso despertou uma curiosidade nela: “o que será que eu fiz para que ele queira fazer algo assim comigo? ”

— Você precisa relaxar ela vai ser transferida hoje só preciso reforçar as medicações para que não se acorde na metade do caminho. – A voz soava tranquila.

— Ótimo! Quero fazer essa viagem o mais rápido possível, já estão à procura dela.

— Não se preocupe você viajará no tempo estimado. – O indivíduo de jaleco o olhou com indiferença.

Se aproximou da cama onde Jakkes estava inerte, ele abriu o lacre do frasco do remédio com a ajuda de um bisturi que ficou a poucos milímetros dos dedos dela, desse modo moveu os dedos e encobriu o metal. O homem concluiu a administração da medicação, começou a juntar o material restante e deu pela falta da lâmina cirúrgica olhou por todos os lados e pelo chão coçando a nuca.

— O que está havendo aí? Perdeu alguma coisa? – Inquiriu ríspido.

Olhou para Hux desconfiado e de volta a garota.

— Não foi nada! Vou chamar os rapazes para ajudar colocar ela no veículo.

 

(...)

 

Um homem raivoso pisava pesado de um lado para o outro, estava muito agitado, enquanto que os demais da sala não faziam muita coisa a não ser esperar mais informações do que acontecia lá fora. E tentar acalmá-lo era uma missão suicida, assim sobrou para Mark tentar, se aproximou do amigo, que estava em pura cólera, e falou brandamente.

— Estranho, acalme-se ou você irá enfartar. – Sorriu ao dizer aquilo e Ben olhou para ele com um ar mais calmo e controlado.

— Ele não tinha nada que envolver minha mãe nisso! – Finn se encolheu ainda mais na poltrona. Fitou de soslaio para o irmão de Rose num pedido silencioso de socorro para aquele momento delicado e o outro o olhou em apoio e, continuou ouvindo as reclamações de Solo.

— Eu! Somente eu tenho que libertar Rey! Não preciso dela e de mais ninguém para isso. – Cuspia as palavras, no entanto, as mágoas eram mais profundas do que aquele momento trágico poderia despertar.

Todos os sentimentos que afloravam naquele homem fragmentado e ferido e, todos os fantasmas e arrependimentos que o perseguiram a vida inteira ressurgiam com uma força avassaladora.

Mark ouvia tudo calado e o analisava cada palavra que saia de si e cada gestual dele. Sabia que o que reverberava saía da boca para fora sobre sua mãe e sua raiva represada.

Conhecia-o bem demais e entendia que precisava descarregar toda aquela tensão, canalizar toda aquela energia, afim de que após toda aquela explosão ele conseguiria ponderar que aquilo tudo tinha muito mais de seu sentimento de culpa do que raiva de sua progenitora. E pela lógica precisava pôr fim a esse ressentimento todo e se reconciliar com ela.

Finn se levantou e caminhou com cautela diante dos dois homens, um calmo como um monge tibetano e o outro enfurecido, respirou fundo para criar coragem para continuar a falar o que sabia.

— Poe. Seguiu Hux e realmente sua movimentação está muito suspeita.

Ben Solo bufou em pura frustração e se voltou para o rapaz.

— Que novidade! Nos conte o que não sabemos.

— Fala de uma vez, o que mais o pet   da minha mãe viu! – Vociferou

— Calma! Essa agitação não vai levar a gente a lugar algum.

Mark meneia a cabeça e coloca sua mão na cabeça na tentativa de encontrar um meio de tranquilizar os ânimos exaltados naquela sala. Finn olhou para ambos e continuou o seu relatório. Nesse instante Rose adentra o recinto com uma bandeja com xícaras com líquidos fumegantes.

— Nem pensar dar café para o Estranho, vai deixa-lo mais agitado.

— Duvido que isso vá piorar mais ainda minha raiva. Enquanto estamos aqui discutindo o efeito terapêutico de uma bebida estupida, Rey está sabe lá Deus onde sofrendo, não quero nem pensar se alguma coisa der errado. – Baixou a cabeça e a poio em suas mãos.

— Lis, diga a ele que Rey é forte e, vai sair bem dessa. – A esposa olhou para o marido percebeu o que pretendia olhou para todos a sua volta e sorriu.

— Sim! Ela é valente

O amigo de Rey ficou espantado ao se dar conta de como o Esquentadinho estava realmente preocupado com ela, e o quanto estava envolvido naquilo tudo e se surpreendeu ao concluir que aquela máquina afinal tinha sentimentos, e ainda mais por sua querida amiga-irmã.

Solo saiu da sala escondendo a face não queria se mostrar vulnerável, e o choro era inevitável ardia em seus olhos. Caminhou até o jardim da frente e parou no exato ponto onde se lembrava que sua amada havia parado. E em frente ao tanque parado observava as carpas nadarem suavemente sem se importar com a angústia do homem.

A tarde estava amena o canto da cigarra era audível o sol perpassava pelas copas das árvores em feixes de luzes o que tornava tudo bonito, o cheiro agradável que exalava das flores era repousante, e se pegou pensando em como ela gostaria de vivenciar tudo aquilo, sabia que ela valorizava essas coisas, e novamente uma lágrima teimou em cair.

De repente, todos os peixes se agitaram no laguinho e, nadaram rapidamente em direção de uma chuva de ração. E se aproximaram de um homem com um recipiente na mão.

— Reza uma antiga lenda chinesa, muito antiga por sinal, que a carpa tinha que atingir a fonte do rio que corta a China, o Huang Ho, mais conhecido como Rio Amarelo, na época da desova. Para isso, tinha que nadar contra a correnteza e saltar cascatas até à montanha Jishinhan. A carpa que alcançasse o topo tornava-se um dragão.

— Realmente é muito linda essa lenda, mas o que tem a ver comigo?

O narrador sorriu e voltou seu olhar para o pequeno lago.

— O significado dessa lenda ... Ela representa força, coragem e determinação. E lutar pelo que acredita pode o transformar em algo extraordinário e o fortalecerá. Só precisa acreditar e confiar que ganhará suas batalhas.

Continuou olhando as carpas flutuando nas águas a sua frente, pensou na garota que tinha preenchido os espaços vazios de sua vida, e que agora precisava muito de sua ajuda ele necessitava ser o esteio dela. Com isso o amigo deu uma tapinha em suas costas e saiu silenciosamente.

(...)

A semana começou muito insólita no escritório de Snoke, embora todos estivessem desenvolvendo suas atividades como sempre ainda sim havia algo suspenso no ar, não virão o sujeito taciturno a rodear a todos por ali, nem mesmo o emproado que vivia a ladrar para que todos trabalhassem.

Caminhou pelo local de modo altivo e firme até uma mesa em específico, nunca tinha feito isso antes, olhava gelidamente a todos no recinto, e os que cruzavam com aquelas duas pedras de gelo, desviavam o contato, então baixou a vista para a secretária de Ben Solo.

— Mande Solo vir a minha sala imediatamente! – A voz saiu precisa e fria.

— Ele ainda não chegou, Dr. Snoke.

— Avise-o que quero vê-lo assim que cruzar esse escritório. – A mulher anuiu com a cabeça.

Hux adentrou o escritório sem olhar a qualquer um e, ignorando a assistente do advogado bateu na porta e ouviu uma voz abafada.

— Pode entrar.

Tentando controlar a sua respiração, pois chegou rapidamente, adentrou na sala de Johannes.

— Conte como anda o progresso de seus intentos?

— Os planos estão indo como havia sido planejado. E como você previu colocaram um homem para me seguir.

— Hum! – Recostou o velho lobo em sua cadeira e, tornou a inquirir. – Tem certeza que isso fará a juíza Organa desistir de assessorar os promotores do caso I.C.A.?

—Tenho certeza doutor. – Pontuou de modo enfático. E um sorriso maldoso brotou no rosto de Armitage.

— Ótimo! Certifique-se que não encontrem a garota antes de darmos as nossas cartas. – Snoke prevendo que o outro tinha alguma coisa a acrescentar.

— Tem mais algum pormenor que EU ainda não saiba? Você sabe muito bem que detesto surpresas!

O mais novo vacilou por alguns instantes, hesitante se contaria que a garota estava esperando um filho, e que tinha boas chances dessa criança ser de Benjamin, esse palpite era muito plausível. Todavia tinha ressalvas de afirmar tal coisa ao advogado a sua frente. Preferiu contar partes e não o todo.

Pigarreou para temperar a voz.

— Sim tem algo mais que o doutor precisa saber ... – Olhou fixo na face de Snoke.

— Ela está GRÁVIDA!

Os olhos do velho se arregalaram. Agora isso mudaria tudo.

(...)

Rey sentiu uma picada e logo em seguida um ardor ao sentir o líquido gotejar adentrando em suas veias, precisava ser rápida antes que o líquido fizesse efeito.

Sentiu o metal em sua mão tinha urgência em se libertar, tinha pouco tempo antes que o veículo parasse de se locomover, sentiu um supetão ao virar uma esquina, repassava mentalmente todo o seu plano para não ter mais esses medicamentos entrando em si. Sentiu um leve torpor.

Então percebeu que agora era o momento de executar seu plano abriu os olhos e com o bisturi na mão cortou o couro do bracelete direito e o liberou, e logo em seguida retirou as agulhar que gotejavam líquidos diversos, então começou a desfazer a amarra do braço esquerdo, esfregou os punhos para se livrar do formigamento

Partiu em se livrar das amarras dos calcanhares, quando lhe veio algo em sua cabeça, não conseguiria sair dali tão fácil poderia pôr em risco a vida dela e de seu filho, assim, voltou a acoplar as agulhas no dorso da mão no objeto que recebia os caninhos, porém fechou o registro para que não continuasse a dopá-la cerrou o fecho em sua mão esquerda, escondeu a lâmina e disfarçou o corte feito no bracelete do outro pulso.

Percebeu que o carro parou e as portas foram abertas, ela cerrou os olhos sabia que estava sendo transferida para outro local.

Ao ficar sozinha na sala Rey Jakkes abriu os olhos. Agora ela tinha que arquitetar um plano mais eficaz para sair daquele inferno, porém agora tinha esperança de poder se libertar e mais ainda salvar o seu bebê.


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Notas finais do capítulo

Desculpe a demora e por qualquer errinho que eventualmente passou
Até a próxima



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