50 Tons Depois do Felizes Para Sempre escrita por Carolina Muniz


Capítulo 4
2.


Notas iniciais do capítulo

♥ ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/764005/chapter/4

• Capítulo 2 •

Ana saiu do closet, do quarto, e seguiu para o de Teddy. Ela fechou a porta atrás de si com cuidado para não acordar o filho que dormia no berço.
As lágrimas ainda escorriam por seu rosto, mas era mais raiva do que qualquer outra coisa.

Ela havia errado. Havia sido baixa ao falar da mãe de Christian. A morena se assustou consigo mesma ao que rebobinava a cena em sua cabeça, tendo suas palavras repetidas em sua mente.

Havia sido horrível. Mas Christian havia sido pior, ele havia errado feio.

Ana levou o indicador ao lábio onde sentia uma ardência mínima, viu seu dedo voltar manchado de sangue.

A raiva a consumia por completo, de uma forma que nem mesmo o ressonar baixinho e tranquilo de Teddy a acalmava.

Como Christian havia ousado fazer aquilo?

A morena se lembrava do calor do cinto, parecia ter sido há séculos em vista da sua vida como era agora.

Christian não era violento, nunca fora mesmo com seu histórico. O quarto vermelho nunca a assustou realmente. Mas aquilo, a cena de minutos atrás havia sido aterrorizante. Ela havia visto um lado de Christian que ela nem em seus piores pesadelos ousou imaginar.

Com um suspiro pesaroso, a garota caminhou até o banheiro de Teddy, pegou um dos lenços e limpou com cuidado o machucado no canto dos lábios. Limpo, nem parecia grande coisa, parecia nada, na verdade. A marca estava apenas em sua mente e seu coração agora.

Ana respirou fundo diversas vezes, tentando fazer seu coração voltar a ser regular, sua mente voltar ao presente e parar de processar a mão de Christian virando com violência em seu rosto.

Mas parecia impossível.

Ela se virou, saiu do banheiro e se dirigiu ao berço de Teddy.

O pequeno estava em seu ponto alto do primeiro ano. Andando - meio balanceado ainda, mas seus passos eram independentes - e falando suas mais importantes palavras - pelo menos era o que parecia para ele: mamãe e mama. Mesmo com todas as outras que ele já havia aprendido a dizer, aquelas pareciam ser as únicas que ele gostava de pronunciar o tempo todo, afinal eram bem úteis.

Ana apoiou o braço na grade e o seu queixo no mesmo, admirando o sono do filho.

A raiva ainda estava ali, a raiva da audácia de Christian achar que podia fazer aquilo com ela.

Ela estava cega ainda com todo aquele turbilhão da revolta dentro de si.

Mas a morena desconfiava - sabia, na verdade - que dali algumas horas, quando toda a poeira da sensação abaixasse, quando ela sentisse seu coração parar de acelerar e apenas apertar... Ela sabia que iria poder sentir cada pedacinho dele, cada centímetro e cada batida sendo interrompida pelos caquinhos que ele iria se transformar. Seus olhos ardiam com as lágrimas, mas nenhuma gota caiu. Com a mesma certeza que ela tinha que iriam cair, ela sabia que sua vida havia mudado por completo naquela noite.

Ana saiu do quarto de Teddy uma hora mais tarde, entrou em seu próprio quarto, encontrando Christian na poltrona. Ele segurava um copo com whisky, ainda com a roupa do jantar.

Ana seguiu para o banheiro, trancou a porta atrás de si e tirou a roupa. Fez tudo no automático, desde o vestido sendo posto no balcão de mármore à passar a toalha pelo corpo.

A garota colocou o pijama e saiu do banheiro, encontrando Christian agora 

— Vou dormir no outro quarto - informou.

— Ana - Christian se levantou.

— Não - ela disse assim que ele começou a se aproximar.

— Vamos conversar - pediu ele, a voz quebrada fez Ana balançar, mas só de ainda sentir a ardência no canto da boca fez seu coração ficar frio.

— Talvez amanhã - ela se esticou e pegou a babá eletrônica no criado mudo. -

E não se preocupe com Teddy, eu vou cuidar dele.
Vista que o pequeno ainda acordava de madrugada, muitas vezes com fome, e Ana tinha que virar do avesso para conseguir fazer o menino tomar a mamadeira e esquecer seu peito - que ela ainda estava tentando fazer o bebê deixar.

No outro dia, o choro de Teddy acordou Ana. Choro ou risada, ela não conseguiu distinguir até que se levantou e acordou realmente.

Risada.

Teddy dava gargalhadas pela babá eletrônica.

Ana franziu o cenho.

Poderia ser Gail - ela sempre ia até o quarto de Teddy antes de começar os serviços de casa. Ou podia ser Christian - mas ele deveria acordar ao meio dia com uma ressaca terrível pelo o que estava bebendo ontem.

Ana passou a mão pelo rosto e foi até o banheiro fazer sua higiene. Quando saiu, Teddy ainda ria, e a garota foi até o quarto do pequeno. Estava na hora de alimentá-lo.

A porta do quarto do bebê estava entreaberta e Ana observou enquanto Christian tinha Teddy em seu colo, já arrumado para o trabalho.

Teddy segurava o rosto do pai, sorrindo feliz depois de uma sessão de cócegas.

A garota sentiu os olhos se encherem d'água.

Um instante é o suficiente para sua mente tropeçar no coração.

— Mama - gritou Teddy quando a viu já porta.

Ana enrolou o cabelo na mão e o prendeu, tendo tempo de afugentar as lágrimas que se formaram.

A garota sorriu para o filho e o pegou dos braços de Christian quando o mesmo se esticou para ela.

— Hey - ela beijou seu nariz.

Teddy pegou seu rosto nas mãos pequeninas e o analizou, franzindo o cenho em confusão pelo machucado no canto da boca.

Ana o apertou contra si e balançou a cabeça em negação.

— Não foi nada - respondeu.

Teddy podia ter apenas um ano e quatro meses, mas era tão esperto que inteligência não cabia em seu tamanho pequenino.

Ana viu de relance Christian desviando o olhar para a janela, nem um pouco a vontade.

Ela tinha a consciência do arrependimento dele, da vontade que ele claramente tinha em querer voltar no tempo e não ter perdido o controle. Ainda mais ali, na frente do filho. A morena se perguntou o que ele sentia ao se lembrar do que fez e o que fizeram com sua própria mãe.

Ela sabia que não tinha nem mesmo uma linha que unisse as duas situações, mas ainda assim Christian estava fazendo uma comparação.

Ela queria lhe dizer que estava tudo bem, que não fora nada, assim como estava fazendo com Teddy. Queria dizer para esquecerem, foi apenas uma briga, que ela o perdoava.

Mas era difícil. Não era verdade. Aquela cena ainda ecoava em sua mente como ondas, cada vez que lembrava, se afogava um pouco mais.

Esquecer e perdoar.

É isso o que dizem por aí, não é mesmo?

Um bom conselho, mas não muito prático. Quando alguém nos machuca, queremos machucá-lo de volta. Quando alguém erra conosco, queremos estar certos. Sem perdão as feridas nunca se fecham, se é que elas se fechem de verdade algum dia. Contudo, o máximo que podemos esperar é que um dia tenhamos a sorte de superar. É o que Ana espera.

Não importa o quanto você ame uma pessoa, se não é capaz de perdoá-la, como conviver?

|||


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ai que dó da Ana



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "50 Tons Depois do Felizes Para Sempre" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.