Telma na Luta escrita por ArnaldoBBMarques


Capítulo 18
Dois erros não fazem um acerto




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Chegando cedo no estágio, Telma já percebeu o olhar pidão de Renata lá na outra mesa. Ficava orgulhosa de que as colegas viessem sempre consulta-la, já que ela era tão conceituada ali, mas isso também a deixava um pouco cansada.

— Oi, Telma! Tenho uma coisa para te dizer. Tem alguém que quer falar com você!

Telma ficou desconcertada. Esperava mais um caso do trabalho. Alguém querendo falar com ela? O que seria aquilo? De repente um pensamento relampejou na mente de Telma.

— Não vai me dizer que...

— Isso! O Ronaldo me procurou e pediu para eu interceder entre você e ele.

Telma suspirou. Já estava muito desapontada com Ronaldo, mas por aquela não esperava.

— Mas se ele quer falar comigo, por que ele não tem coragem de vir direto? Precisa passar por você? Ridículo isso! Você não devia se prestar a esse papel!

— Mas Telma, você me ajudou tanto naquele problema que eu tive, eu queria ajudar também!

Telma caiu em si. A verdade era que ainda estava muito magoada com Ronaldo. Mas Renata estava agindo como boa amiga, e ela tinha que levar isso em conta.

— Tá legal. Diz para ele que eu vou estar lá no bar do Zéfiro depois da aula.

Sentada na mesa do bar, Telma viu Ronaldo se aproximar. Ele parecia humilde, sem sombra daquela pode altiva que tanto a impressionara nos tempos antigos, quando ela andava bem desorientada e Ronaldo surgira em sua vida.

— Oi Ronaldo! Quer falar comigo? Senta aí!

Telma procurou disfarçar a irritação. Ele sentou-se e hesitou um pouco antes de começar a falar.

— Oi, Telma. Eu preciso falar contigo. Eu estou te devendo um monte de explicação...

— Não precisa explicar, foi a sua opção!

— Eu não estou mais com a Soninha. Na verdade eu só fiquei com ela porque eu estava com um peso na consciência. Quando eu comecei com você, eu ainda estava namorando ela, e eu saí com você algumas vezes sem ela saber. Ela ficou muito chateada, mas depois voltou a me procurar... aí eu saí com ela uma ou duas vezes... sabe... eu queria me redimir...

— Então botou chifre nela, e para compensar botou chifre em mim também. Meu amor, dois erros não fazem um acerto!

— É... eu errei...

Telma já estava arrependida de haver usado uma linguagem tão vulgar, aquilo não combinava com ela. Tinha que dar valor à sinceridade de Ronaldo, embora ainda estivesse desapontada de ver que ele não era o super-homem que ela acreditara.

— Agora eu sei que gosto mesmo é de você. A Soninha é muito imatura, e eu descobri que eu também sou.

— Estamos na luta para evoluir...

— Se você quiser voltar comigo...

— Preciso dar uma pensada, tá?

Telma despediu-se cortesmente, satisfeita de haver dominado sua raiva. Mas pensamentos contraditórios ainda a atormentaram até o fim do dia. Sentou-se e procurou botar as ideias em ordem. Teve que admitir: era preciso coragem mesmo para ele vir humilhar-se daquele jeito. Telma agora não queria julgar, só queria lembrar de bons momentos antigos que passara com Ronaldo, puxando cena por cena de sua memória. Quando notou, já estava sorrindo. Pegou o celular e teclou:

Telma: vamos dançar lá no Chat Noir?

Os beijos se sucederam com volúpia um após o outro, e logo estavam entrando no motel. Roçando sua pele na dele, Telma teve uma certeza: ele podia não ser um super-homem. Mas com certeza era um homem de verdade.

Chegando em casa, cruzou com tia Vitória, que trazia um sorriso malicioso.

— Hum... está mais bem disposta! Já passou a época das provas, né?

Telma devolveu o sorriso malicioso. Na segunda-feira, o olhar feliz de Renata sinalizava que a amizade ali não era um caminho de mão única.


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