4º Capítulo

Acordei bem cedo. Ainda eram só 4h da manhã. Ela não me saía do pensamento. Porquê? Nem pensar que me vou deixar apanhar por uma miúda. Não me vou deixar apanhar pela Inês, ela nem sequer olhar para mim. “Não Sérgio. A partir de hoje esquece essa miúda. Ela não é nada. Só vai trazer problemas.” – pensei para mim quase gritando. Virei-me para o outro lado e voltei a dormir. Não sonhei com ela. Na verdade não sonhei com nada tal era o meu cansaço.

-“Sérgio, filho, acorda, se não vais chegar atrasado!” – chamou-me a minha mãe, levantando o estore. -“ Ai mãe… fogo … já vou. Só mais um pouco” – disse eu meio ensonado. -“Vá Sérgio anda lá filho…” – disse ela calmamente. Ignorei-a -“SÉRGIO AFONSO levanta-te já dessa cama! “ – gritou a minha mãe. Xixa ‘tá mesmo chateada. Levantei-me a custo e fui a arrastar-me para a cozinha para comer alguma coisa.

Já na entrada da escola encontrei o João. Ele veio logo ter comigo falar sobre o jogo que íamos ter hoje á tarde. Ele também fazia parte da equipa. Era o guarda-redes. Dava-nos imenso jeito, porque ele era mesmo bom! -“ Então capitão? Estamos prontos para o jogo de logo á tarde?”- perguntou-me ele todo entusiasmado. -“Olá meu. Então ‘tas fixe? … ‘Pá isso nem se pergunta. Mas há dúvidas que vamos ganhar? QUEM SOMOS?” – respondi-lhe gritando -“AUDAZES NÓS FOMOS, AUDAZES NÓS SOMOS, AUDAZES NÓS SEREMOS…. CAMPEÕESSSSSS” – começámos a gritar os dois em conjuntos. Num instante todos começaram a gritar connosco e a apoiar-nos para o jogo. Todos se juntaram a nós todos entusiasmados. Admito que isso me deixava muito lisonjeado, enquanto capitão. Nós merecíamos. Até agora nunca perdêramos um jogo, quer dizer só um – mas esse terminou em empate. De repente avistei-as. Estavam a chegar á escola , a Inês , a Mariana e a Carolina, acompanhadas pela Ana. Ela estava mesmo linda… o cabelo dela a brilhar com a luz do sol a incidir sobre as madeixas vermelhas naquele cabelo preto, aquele sorriso dela lindo e branco, Uau era um sorriso deslumbrante – capaz de derreter qualquer um, e aquele corpo, fazia-me sonhar. Ela é perfeita. Podia ser a minha perfeição, mas nem fala comigo a não ser que seja obrigada. É melhor esquecê-la e isso vai começar hoje! -“Sérgio… anda cá ‘pá. Olha aqui…” – disse o Luís e o João. ( o Luís era da minha turma e também dos Audazes).

Versão da Inês

Finalmente é sexta-feira. Já precisava de uns diazinhos de descanso da escola – um fim-de-semana parece-me óptimo Ai mas hoje era dia de jogo. Não me apetecia nada ir ver o Sérgio jogar, de certeza que me ia fazer passar mais um vergonha daquelas. Iria dedicar-me mais um golo e eu não queria nada disso. -“ Inês, depois do intervalo vamos ver o jogo. Queres vir?” – sussurrou-me a Ana na aula de Matemática. -“Hmm… Não sei se me apetece…Eu….” – respondia-lhe quando esta me interrompeu. -“Anda lá Inês. ‘tás com medo do Sérgio?” – provocou-me. E ambas olhámos para o lugar onde este estava sentado, quando reparámos que também ele estava a olhar para nós. Oh Meu Deus que vergonha! Pensei. -“Oh Ana e se ele faz qualquer coisa? E se ele me dedica outro golo ou pior se me faz algum outro tipo de dedicatória?” – disse-lhe eu um pouco histérica… -“Silêncio meninas!” – avisou a professora Carla. -“Falamos lá fora.”- disse-lhe eu , já impaciente. Mal deu o toque de saída, toda a turma saiu a correr para ir para o campo de futebol arranjar já os melhores lugares. Até parece que iam ver o Sporting vs Benfica. Que exagero! – pensava para mim, quando senti alguém puxar-me pelo braço.