Follow Your Soul escrita por Nez


Capítulo 11
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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9º Capitulo

 

1ª parte

Congelei. Não, não, agora não! - pensava para mim. Queria sentir o sabor dos lábios dele, sentia uma enorme vontade de ficar ali com ele. Mas afastámo-nos, mal ouvimos a voz que interrompeu este momento.
-“Olá meu. Então tudo bem?” – cumprimentou-o o Sérgio, apertando-lhe a mão.
-“Olá Inês, ‘tás boa?” – perguntou-me o João cumprimentando-me com dois beijinhos. Não consegui evitar olhar para Sérgio. Reparei que também ele olhava para mim.
-“’Tá tudo e contigo? “ – perguntei-lhe sorrindo.
-“Comigo ‘tá tudo bem. O que estão aqui a fazer os dois?” – perguntou olhando para nós com um ar suspeito."
Eu e o Sérgio respondemos ao mesmo tempo.
-“Nada de mais!” – dissemos em uníssono.
-“Yah yah . ‘tão a mentir e eu a ver.” – disse ele a rir, sorrindo maliciosamente para o Sérgio.
-“Não João. Eu e ele viemos fazer o trabalho de Área de Projecto.” – expliquei-lhe.
-“No café?!” – perguntou , suspeitando de nós.
-“Epá ó João vieste aqui fazer um interrogatório foi?” – perguntou-lhe o Sérgio já farto de tantas perguntas.
-“Não meu. Vim aqui só comprar uma cena para a minha mãe. “ – disse ele , coçando a cabeça meio atrapalhado.
-“Ok. Nós também já íamos embora. Vamos Inês?” – perguntou-me ele com um olhar meio hesitante.
-“Vais levar a sandes? “ – perguntei. Ele mal tinha comido.
-“Posso levar.” – disse ele , pegando de seguida o saco para meter a baguete lá dentro e bebendo de uma vez o sumo de laranja que tinha pedido.
“Xau João. Até amanhã!” – despedi-me dele acenando-lhe, mas ele fez questão de se dirigir a mim para se despedir com dois beijinhos. O cheiro do perfume dele ficou-me entranhado nas narinas – que cheiro tão forte. Tossi instintivamente.
O Sérgio pegou-me pelo cotovelo meio nervoso e perguntou : -“Vamos Inês? Fica bem João.”
-“Sim. Si…sim vamos. Temos muito para fazer.” – disse meia engasgada. Fui atrás dele. Com isto tudo já tinha passado uma hora e meia, e ainda não tínhamos feito nada para o trabalho.
Atravessámos a rua e fomos para a biblioteca tentar recuperar o tempo perdido no café.

Versão do Sérgio

Já tinha dado o toque de entrada há mais de 5 minutos e nem sinal delas. Nem acredito que iam faltar a esta aula. Não ia fazer um trabalho de grupo sozinho. Já me estava a passar. A professora olhava para mim como que a perguntar pelo resto do grupo e eu limitava-me a suspirar. Já me estava a passar, quando batem á porta e aparece ela.
-“Posso professora?” – perguntava ela a medo.
-“Sabe que está atrasada? Onde está a sua colega?” – não tinha reparado que a Inês estava sozinha.
-“A Ana não estava a sentir-se muito bem. Foi para o hospital. “
-“Muito bem. Espero que melhore. Entre lá e junte-se ao seu grupo.” – ela olhou para mim e veio sentar-se.
-“Olá! Estás bem?” – perguntou-me ela.
-“Estou óptimo, é pena a minha perna não poder dizer o mesmo. Mas o que te interessa isso?” – Tentei responder o mais friamente que consegui. Eu ia tirá-la da minha cabeça, custasse o que custasse.
-“Eu só queria saber como estavas. Sei que te lesionaste no jogo.”
-“Uau as boas noticias correm rápido!” – tentei ser irónico.
-“Vais ter que ficar muito tempo com as muletas? Dói muito?” – porque raio se preocupava ela comigo?!
-“Não tens nada a ver com isso. Não te interessa!” – que irritante, como consegue ela fazer isto? Não me liga nenhuma e agora mostra-se preocupada...
-“Porque estás a falar comigo dessa maneira Sérgio?”
-“Eu estou a falar como sempre falei Inês. Agora deixa-te de cenas e vamos mas é trabalhar ok?”- Custava tanto falar assim.
-“Ok.” – parece que desistiu de ser simpática e atenciosa comigo. Ainda bem! Ela baixou a cabeça mas reparei que na mesa caiu uma gota, e aí apercebi-me de que fui demasiado bruto. Que estúpido. Fi-la chorar. Ela reparou que eu estava a olhar para ela, e, por isso virei rapidamente a cara fingindo não me interessar.
No final na aula disse-lhe que tínhamos de nos juntar para fazer o trabalho .Combinámos encontrar-nos na biblioteca por volta das 14h00m. Depois disso fui ter com o João, só ele sabia tudo sobre mim, tudo o que se passava comigo.
-“Então meu? ‘Tás bem?” – perguntou-me ele dando-me um soco no braço.
-“Não sei meu. Esta miúda deixa-me sem reacção. Isto dá cabo de mim. Ela é diferente de todas até agora. Mas eu magoei-a pá. Sou um estúpido de … – mal lhe disse isso ele virou a cabeça para ver o rosto dela. FOGO! Ela viu. Agora vai ficar a pensar que estou a falar dela. Quer dizer e estou, mas ela escusava de saber.
           O resto das aulas correu normalmente. As dores já começavam a aumentar e, por isso tive de tomar um comprimido que o médico receitou. Odiava estar assim. Ter que andar de muletas, ter que andar a tomar estes comprimidos. Odeio isto! Estava tão irritado que nem fome tinha para almoçar e por isso disse á minha mãe que comia alguma coisa na escola – o que era mentira, mas isso agora não me importava.

Fui andando até á biblioteca a pé, ou a muletas, nem sei como dizer.
Quando cheguei , fui para o computador. Comecei a ver os típicos sites “a bola”, “record” quando me deu uma forte dor na perna. Merda de comprimidos que não ajudam a passar a dor, e então lembrei-me de pesquisar sobre drogas legais, que faziam o mesmo efeito mas que as ilegais, com a única diferença que usavam ingredientes autorizados por lei. Talvez isso me aliviasse com estas dores.
-“Olá! Chegaste cedo…” – disse-me ela . Já eram 14h?
-“Ah…Olá. Yah, não tinha fome para almoçar, por isso vim logo para aqui.” – respondi-lhe atrapalhado , apressando-me a fechar a janela da minha mais recente pesquisa.
-“Não almoçaste? Sérgio mas são 14:15m da tarde! Não comes nada desde manhã? Ela olhava para mim de boca aberta, parva com o facto de eu não ter almoçado.
-“Não não almocei Inês. Porquê? ‘tás armada em minha mãe ou QUÊ? – disse-lhe levantando-me da cadeira, esquecendo-me completamente das muletas .Quase caí. QUE RAIVA! –pensei para mim. Fiquei furioso e comecei a gritar com ela–“NÃO PRECISO DE NADA DISSO.EU SEI CUIDAR DE MIM!”
Reparei no olhar assustado dela pousado em mim- apercebi-me de que me tinha passado completamente, sou mesmo estúpido! Deixei-me cair novamente na cadeira onde antes estava sentado.
-“Desculpa Inês!” – sussurrei , completamente arrependido.
-“Não faz mal. Eu percebo que não deva ser fácil para ti estares assim.” – disse calmamente, mas não se sentou, ainda devia estar com medo.
-“Vamos começar a trabalhar?” – sorri-lhe, esperando que ela percebesse que já não estava passado.
-“Hmm… Só se vieres comigo àquele café ali na rua. Podes vir comigo sff
-“Mas não acabaste de almoçar?” – como é que ela já podia ter fome?!
-“Bem… estava a pensar que podíamos comer alguma coisa antes de começarmos a trabalhar. Ainda desmaias aqui …” – riu-se.
-“Eu desmaiar?!Nem de longe miúda, eu sou rijo!” – disse-lhe, mas ela não achou muita piada. -“OK ok. ‘Bora lá ao café. Eu não me gabo mais!” – não consegui evitar rir-me.

 

O silêncio imperava na mesa do café, Até que decidi fazer-lhe uma pergunta que já há muito tempo tinha vontade. Ela ficou meio desconfiada e tensa, e por isso brinquei com ela para tentar aliviar o clima.

 

2ª parte
-“Casas comigo?” – tentei ficar o mais sério possível.
-“O…o quê?” – ela paralisou , depois de se ter engasgado. Era impossível não me rir , ela não estava  nada á espera e então instintivamente toquei-lhe no rosto , fazendo-lhe uma festa ao longo do maxilar. Ela era linda. A sua pele era macia como pêssego , não resisti a tocar a sua pele. Ela é linda! – pensei para mim.
-“Estava a brincar tola. Achas que te ia perguntar isso? Agora a falar a sério. Porque vieste para Tavira?”
-“Bem…Não sei se queres ouvir. Não é propriamente uma história engraçada nem nada que se pareça. Vais achar super aborrecido.”- respondeu cabisbaixa.
-“Se não te importares de contar… eu gostava muito de saber.” – sorri-lhe.
-“Não sei como hei-de começar. Basicamente não estava a aguentar continuar a viver lá em casa.”  - reparei que ela estava muito nervosa, talvez a pergunta não tenha sido uma boa ideia.
-“Se não te sentires bem ao falar disso, tudo bem. Eu percebo isso.” – disse-lhe.
-“Não, a sério. Acho que só me faz bem deitar estas coisas cá para fora.” – agarrei a mão dela, ela estava mesmo nervosa, não parava de girar o copo com sumo de maracujá que pediu para ela. Não sei porque estava a ser tão … bom. Mas com ela, sentia-me diferente. Aqui sozinho com ela, podia ser eu mesmo e não aquele Sérgio que toda a gente pensa que conhece. O Sérgio engatatão.

-“De certeza?”
-“Sim, de certeza. Bem, desde que o meu pai morreu, a minha mãe ficou diferente comigo. Já não era a mesma pessoa comigo. Dizia-me constantemente que eu lhe lembrava demasiado o meu pai, o que me deixava triste porque sei que isso a magoava. Não havia um dia que ela não chorasse e muitas eram as discussões entre nós. Estava a ficar …”
-“E por isso decidiste vir viver com as tuas primas? Para tentares apaziguar a situação né?” – Nunca pensei que fosse este o motivo. Nesse momento nem sei o que senti. Não era pena, acho que compaixão. Não imaginava o que seria perder o meu pai.
-“Sim, isso mesmo. Pensei que vir para Tavira fosse melhorar tudo mas pelos vistos nada muda assim tão facilmente.” – Apercebi-me de que uma lágrima lhe escorria pelo rosto.
-“Como assim? Não estou a perceber… Não te sentes bem aqui em Tavira?” – perguntei.
-“As coisas com a minha prima Mariana não andam fáceis. Desde o primeiro dia de aulas que ela mudou completamente comigo. Já discutimos e tudo. Foi horrível. Eu adoro a minha prima, mas não percebia o porquê de ela estar assim.” – Ai que raiva que tinha da Mariana neste momento. A Inês estava a sofrer e tudo por causa dela. Que rica prima!
Ela começou a chorar. Não a aguentava ver assim. Mais uma vez tentei levantar-me – depressa demais - e a minha perna fraquejou devido á dor .Não desisti, ignorei a dor e abracei-a. Confesso que tinha receio de que ela recusasse o meu abraço, mas não. Afundou-se no meu peito a chorar. Acalmei-a , mexendo-lhe no cabelo e abraçando-a. Nem acredito que ela estava abraçada a mim – pena que estivesse tão triste. Mas mesmo assim adorei tê-la tão junto a mim. Limpei-lhe as lágrimas que lhe escorriam pelo rosto lindo.
-“Não chores linda. Não queria que ficasses assim. Desculpa ter-te feito essa pergunta.” – sussurrei-lhe ,não conseguindo desviar o meu olhar dela.
-“Oh Sérgio a culpa não é tua.” – e agarrou a minha mão que lhe segurava o rosto. Ela fechou os olhos e eu continuei a admirá-la.
Quando os abriu , os olhos dela encontraram os meus. Senti uma descarga eléctrica no meu corpo, mal encontrei os seus olhos cor de chocolate. Não sei o que se passava, mas não me conseguia afastar dela e, por isso aproximei-me mais ficando a uma distância de , talvez, 10 cm. O meu coração batia louco e a minha respiração começou a ficar ofegante. Os lábios dela chamavam por mim. Não me consegui afastar e , sinceramente, não o queria fazer. Imaginava este momento. Aproximei os meus lábios dos dela. Senti suavemente o seu lábio inferior. Sentia-me nas nuvens - isto não era real! No meu mundo ela não me suportava. Aproximei-a mais de mim, puxando mais para mim.
Os meus lábios queriam mais e eu não lhes iria negar. Mas, alguém acabou com o momento.

-“Interrompo?” – perguntou. Nem acredito pá. Queria mais , queria tanto sentir o sabor da boca dela Queria ficar ali com ela. Porque é que ele apareceu pá? Fogo! Não consegui evitar soltar um suspiro.

-“Olá meu. Então tudo bem?” – apertei-lhe a mão.
-“Olá Inês, ‘tás boa?” – perguntou-me o João cumprimentando-a com dois beijinhos. Eu não tirei os olhos dela, assim tenho a certeza de que não tinha sido um sonho.
 -“’Tá tudo e contigo? “ – perguntou ela.
-“Comigo ‘tá tudo bem. O que estão aqui a fazer os dois?” – olhou para nós com um ar suspeito.
-“Nada de mais!” – dissemos em uníssono.
-“Yah yah . ‘tão a mentir e eu a ver.” – disse ele a rir, sorrindo-me  maliciosamente.
-“Não João. Eu e ele viemos fazer o trabalho de Área de Projecto.” – disse-lhe ela.
-“No café?!” – perguntou , suspeitando de nós.
-“Epá ó João vieste aqui fazer um interrogatório foi?” – Já me estava a passar com tantas perguntas.

-“Não meu. Vim aqui só comprar uma cena para a minha mãe. “ – disse ele , coçando a cabeça meio atrapalhado.
-“Ok. Nós também já íamos embora. Vamos Inês?” olhei para ela .Ainda sentia o meu coração a mil.
-“Vais levar a sandes? “ – perguntou-me. Com isto tudo mal tinha comido.
-“Posso levar.”
“Xau João. Até amanhã!” – despediu-se a Inês acenando-lhe, mas ele fez questão de lhe dar dois beijinhos. Confesso que não gostei. Ele sabia o que eu sentia, porque é que estava a armar-se?
-“Vamos Inês? Fica bem João.” – Agarrei no cotovelo dela, meio nervoso. Foi tudo tão rápido pá. Ainda pensava no que tinha acabado de acontecer.
-“Sim. Si…sim vamos. Temos muito para fazer.” – disse meia engasgada.

 

 

Já na biblioteca o ambiente tinha mudado completamente. O que anteriormente tinha sido o momento perfeito, agora parecia que tinha sido um grande erro. Ela não olhava para mim e praticamente nem me dizia nada , a não ser” carrega naquele link sff” ou “ Isso é interessante para o trabalho”.
Queria tanto falar com ela. Queria saber o que pensava ela sobre o que tinha acontecido no café , sobre o que se tinha acabado de passar connosco. Mas desta vez, não consegui quebrar este silêncio que imperava entre nós.
           Assim o resto da tarde continuou, sem falarmos sobre o assunto. Não me consegui concentrar no trabalho. Por isso ás 18:00 m disse-lhe que não aguentava mais .
-“Não aguentas mais o quê?” – virando-se para mim , finalmente dentro da biblioteca, e mostrando-se preocupada comigo –“Está a doer-te a perna Sérgio? Queres que te ajude?” – falava rapidamente, o que revelou que estava meio nervosa. Não percebi se isso era bom ou mau sinal.
-“Não é a perna que me dói Inês.” – disse-lhe olhando para ela. Mas ela assim que encontrou os meus olhos, desviou o olhar. Com certeza era mau sinal.
-“Se calhar é melhor ficarmos por aqui hoje não é?” – disse ela , guardando o trabalho e encerrando o computador.
-“Acho que sim.” – disse-lhe levantando-me ao mesmo tempo que ela , pelo que voltámos a ficar perto – perto de mais. Encontrei os olhos dela e outra descarga eléctrica apoderou-se do meu corpo.
-“S…Sérgio deixa-me passar sff.” – pediu-me ela. Estava atrapalhada. De certeza que estava arrependida de tudo o que se tinha passado.
-“Desculpa.” – desviei-me e dirigi-me até a porta. Ela seguia atrás de mim. Isto é o mais próximo que alguma vez estarás dela Sérgio! – pensei para mim.



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