Macgyver Undercover escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 2
Trabalho de campo


Notas iniciais do capítulo

https://youtu.be/lC8F-BohQ9s-Claire nadando na piscina panorâmica.
https://youtu.be/qjL1IucYQOA-Claire canta.



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P.O.V. Macgyver.

Eu tinha que me aproximar dela, mas eu tinha que ser sutil.

Ela estava sentada na espreguiçadeira, tomando sol, lendo uma revista e bebendo um suco rosa.

Usando um biquíni vermelho que combinava com ela, já que ela tinha a pele pálida. Agora olhando melhor, pálida demais, quase cataléptica e os olhos estavam cobertos por óculos de sol então não pude ver a sua cor. 

Claire Levi. Olhando mais de perto eu percebi que ela tinha um medalhão no pescoço que parecia ser antigo.

—Oi Claire.

—Oi Kenzie. Senta ai.

A outra garota era gótica, o cabelo todo preto, liso, o biquíni preto. Os olhos azuis.

—Como é que você consegue ficar no sol?

Claire não respondeu.

—Sei que está revirando os olhos.

—Você tem visão de raio-x agora Kenzie?

—Te conheço o suficiente pra saber que está revirando os olhos.

—Se o meu pai consegue eu também Kenzie.

—Mas, o seu pai não é como você. Ele é um puro sangue!

—Eu sei Kenzie. Quer saber, eu vou nadar.

—Mas, o seu protetor solar vai sair!

—Eu sei.

Ela tirou o medalhão e deu um beijinho nele, colocando-o cuidadosamente encima da mesinha. Então pulou de cabeça na água. Mas, ela não ficou muito tempo dentro da água.

—Obrigado Luke.

Ela agradeceu o homem que estava com o roupão pronto para colocar nela e como ela se virou pude ver que seus olhos eram azuis. Claire pegou sua bebida, colocou os seus óculos de sol e sentou na espreguiçadeira. Na minha espreguiçadeira.

—Vai me dizer o que você está querendo garoto? Ou eu vou ter que adivinhar?

—Você não gosta muito de nadar.

—Eu adoro nadar. O problema é que, eu tenho a retina muito sensível. A luz me incomoda. Em compensação, quando tá escuro... eu enxergo melhor.

Um garoto pegou o medalhão na mão.

—Olha só que coisa feia.

—Não encosta no meu colar!

Ela levantou e tentou pegar o medalhão de volta.

—Qual é? Olha só, como ela ficou nervosa.

—Devolve o meu colar!

—Você é rica. Filhinha de papai, compra outro.

O rapaz jogou o medalhão dentro da piscina.

—Não!

Ela tirou o roupão, o óculos e se jogou dentro da água e pegou o medalhão de volta. Quando ela abriu, começou a chorar.

—Cara, você é um idiota! Foi um presente da mãe dela que morreu.

O garoto não sabia onde enfiar a cara.

—Eu...

Ela saiu de dentro d'água segurando o colar. O mesmo homem estendeu o roupão pra ela, mas ela o ignorou e foi até o garoto.

—Eu sinto muito...

—Ele sente muito.  

Ela sussurrou alguma coisa pra ele. Mas, eu não consegui ouvir.

P.O.V. Claire.

Eu cheguei bem perto dele e sussurrei no seu ouvido:

—É bom você dormir de olhos bem abertos.

Eu me afastei um pouco e fiz os meus olhos mudarem. Ele gritou e quando tentou correr caiu no chão.

—Patético.

Eu recoloquei o meu roupão e meus óculos escuros.

—Eu sinto muito. O cara é um babaca.

—Ele estragou. A foto molhou e... estragou.

—O seu pai deve ter uma cópia em algum lugar. A gente manda fazer de novo.

—Mesmo assim Kenzie, não vai ser a mesma coisa. Aquela foto foi a minha mãe que tirou e colocou no medalhão. Ela deu de presente pra mim quando eu tinha sete.

Eu comecei a chorar, eu sabia que todo mundo estava me ouvindo chorar e soluçar. A Kenzie me abraçou e eu abracei ela de volta.

—Eu sinto muito Claire.

—Eu odeio ele. Eu odeio ele!

As coisas explodiram.

P.O.V. Jack.

Tudo explodiu. Garrafas, copos e vidros.

—O que foi isso cara?! Você fez alguma das suas paradinhas?

—Não fui eu.

—Por acaso em Monte Carlo tem terremoto?

—Não. Não tem.

A filha do empresário entrou no hotel e alguns minutos depois, voltou carregando um arco e flechas.

—O que ela vai fazer com aquilo?

—Será que vai matar o garoto?

—Eu sei lá. Eu vou atrás dela.

P.O.V. MacGyver.

Felizmente, ela só vai fazer aula de arco e flecha.

—Um arco composto. Impressionante.

—Eu não quero fazer aula, só treinar. Me permite?

—Claro. Aquele alvo ali está livre.

—Ótimo.

Ela colocou aquela luva que os arqueiros colocam para atirar e começou a atirar as flechas. Apesar de estar de óculos de sol, não errou um tiro.

—Você é ótima.

—Quando você tem que lutar pra viver, você aprende a ser a melhor.

Então, Claire pegou as flechas de volta e atirou usando o método chamado arco mongol. E não errou um tiro.

As flechas dela eram prateadas. E algumas eram de uso exclusivo dos militares.

—Você é boa. De onde tirou todas essas flechas?

—Meu pai vende armas pra polícia e para os militares. Nada ilegal. Eu tenho armas de fogo e tenho porte.

—Flechas prateadas. São bonitas.

—Eu mesma forjei. Do jeito antigo, essas aqui não existem em nenhum outro lugar.

Ela pegou uma das flechas e me mostrou.

—Desenho legal.

—Não é um desenho. É um brasão. O brasão da família da minha mãe de um lado e do outro, o da família do meu pai.

—Eu posso tirar uma foto?

—Não.

—Tudo bem. E a sua foto? A do colar?

—Meu pai conseguiu colocar uma igual no lugar, mas não é a mesma coisa.

—Porque o colar é tão especial?

—Foi um presente da minha mãe. O nome dela era Hayley. Ela me deu no meu aniversário de sete anos, o meu pai tirou a foto, mas ela que colocou no medalhão. Mandou fazer o medalhão especialmente pra mim. Tá vendo a pedrinha? É Topázio Azul. Minha mãe me deixou mal acostumada.

—Como assim?

—Eu...sou chata com roupas e acessórios e sapatos. Peguei da minha mãe, ela nunca usava nada que não fosse feito exclusivamente pra ela.

—E você também não usa nada que não seja feito exclusivamente pra você?

—É. Parece coisa de menina mimada e talvez seja. Mas, fazendo isso eu tenho um elo com a minha mãe. Me sinto ligada a ela. Eu sei, parece loucura.

—Deve ser difícil ter uma mãe desaparecida.

—Minha mãe tá morta. Aqueles malucos, fanáticos religiosos mataram ela.

—Mas, nunca encontraram o corpo.

—Porque não tinha corpo pra encontrar. Eles queimaram ela viva. 

—E como você sabe?

—Eu encontrei o que sobrou dela e da cabana onde eles a trancaram. Eles a amarraram numa cadeira, a cadeira era de metal então... ela entortou com o calor. Mas, como a cabana era de madeira... queimou. Desgraçados! E eles acham que são... servos de Deus.

—Espera, então... as pessoas que mataram a sua mãe fizeram por causa de religião? Perseguição religiosa?

—Mais ou menos isso.

—E isso não saiu no jornal nem nada. Porque?

—O meu pai pagou um monte de gente pra... esconder aquilo. Porque se eles soubessem que eu existia, que a minha mãe teve uma filha, que ambos os meus pais tiveram uma filha... eles viriam atrás de mim. 

—Por causa da sua religião?

—Algo assim.

—Eu sinto muito.

—Eu também.

Ela pegou as flechas de volta, as colocou na aljava e saiu.

—Espera.

—O que?

—Eu sou o Tyler.

—Muito prazer.

Eu voltei para o quarto e reuni a equipe.

—Porque estamos aqui?

—Eu descobri o que aconteceu com Hayley Morgan. 

Nós ligamos para a Matty e ela atendeu.

—Pois não?

—Desculpe a hora Matty, mas achei que iria gostar de saber que Hayley Morgan, a primeira esposa do suspeito não sumiu. Ela morreu.

—E como você sabe?

—A filha. Claire. Ela me contou que ela e o pai encontraram o corpo da mãe, disse que alguém, uns fanáticos religiosos, sequestraram a mãe dela, a amarraram numa cadeira de metal dentro duma cabana e queimaram Hayley viva.

—Alguma ideia do porque?

—Perseguição religiosa aparentemente. Ela disse que Edward pagou um monte de gente pra encobrir a morte de Hayley porque se quem quer que a tenha matado soubesse que ela tinha uma filha, que Claire existia, viriam atrás dela.

—Mas, perseguição religiosa é crime. Se foi perseguição religiosa, porque não denunciar?

—Eu perguntei se foi perseguição religiosa e ela respondeu que foi, algo assim. Não disse que foi perseguição religiosa. Eu sinto que tem alguma coisa faltando, tem coisas que eles não estão contando. Mas, eu já consegui descobrir que Hayley morreu.

—E a explosão Mac?

—Explosão?

—Sim. 

—Mas, não foi uma explosão comum. Não houve fogo, ainda estou tentando entender o que aconteceu. Os vidros estouraram como se fossem atingidos por uma onda sonora. Mas, não houve onda sonora.

—Algum tipo de bomba?

—Não de um tipo que eu conheça. Claire falou que o pai vende armas para a polícia e para os federais.

—Sim. Edward Levi é vendedor de armas autorizado. Mas, essa coisa da explosão é suspeita. Talvez ele esteja fabricando bombas e testando. As empresas Levi são responsáveis pela fabricação de quase tudo, especialmente tecnologia. Eles fazem desde armas até aparelhos de televisão.

—Ótimo.

—Eles são sempre pioneiros se tratando de tecnologia.

—Eu tenho que ir. Claire gosta de nadar á noite, talvez se eu me aproximar mais, consiga mais informações.

—MacGyver, não deixe isso ficar pessoal.

—Tudo bem chefe.

Eu desenhei os brasões que ela colocou na flecha.

—Riley, pesquisa esses brasões pra mim. 

—Tudo bem.

Eu demorei pra achá-la. Ela não estava na piscina central, estava na piscina panorâmica.

—Oi Tyler.

—Nossa! Você realmente enxerga melhor no escuro.

—Como eu disse. Tira o relógio antes de entrar na água, á menos que ele seja...

—Você está vendo o meu relógio? Mas, o meu relógio é preto.

—Eu sei. E a sua sunga é azul.

A piscina era aquecida. E ela era uma ótima nadadora.

—Quem te ensinou a nadar?

—Minha mãe.

—Você e a sua mãe tinham um vínculo muito forte não é?

—É. Eu lembro quando era pequena, teve uma época em que eles estavam perto demais e... minha mãe e eu tivemos que nos esconder e fugir. O meu pai foi para o outro lado, pra despistá-los. Nunca ficávamos muito tempo num mesmo lugar. O nosso record foi três meses. Numa casa no meio do nada, eu nunca fui na escola. Fui educada em casa assim  estaria segura.

—E o seu colar?

—Minha mãe tinha um igual, bom quase igual. Eles foram feitos á mão, por um joalheiro amigo dela. A pedra do da minha mãe era um rubi, vermelho.

—E o colar foi queimado com a sua mãe.

—Não. Ela foi queimada, mas o colar não. Foi assim que identificamos o corpo. Eu me lembro do quanto eu chorei, do quanto eu gritei. Me lembro de ter ataques de pânico.

Nós já estávamos no hotel a algumas semanas. Foi difícil pra mim me aproximar da Claire.

—No dela tem a mesma foto que no meu.

—Vai ter noite do karaokê amanhã.

—Você gosta de cantar?

—Não, mas a sua amiga Kenzie disse que você gosta.

—Eu não canto mais.

—Vamos, vai ser divertido.

—Tudo bem vai.

Na noite seguinte, ela estava muito bonita. A madrasta e a melhor amiga tentaram cantar, mas elas só pagaram mico.

—Nem sei porque elas fazem isso.

Então, as duas lá encima incentivaram ela a subir. A multidão, ficava gritando:

—Claire! Claire! Claire!

—Eu vou assassinar elas.

Sem ter muita escolha, Claire subiu no palco.

—O que quer cantar, coração?

—Só... deixa o microfone ligado.

—Tudo bem.

A música começou a tocar e o rapaz encima do palco fez uma cara de pasmo. E a letra da música era... era como se Claire falasse de si mesma. De sua vida.

Ela cantava bem. Muito bem, comparado com as outras duas.

Quando eu voltei para o meu quarto a equipe toda estava lá.

—O que é isso ai?

—É um diário. O diário da nossa vizinha de quarto.


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