Naquele dia, depois que todas as aulas terminaram, nós fomos em uma cafeteria para "comemorar" e nos dias que se seguiram não paramos de falar uns com os outros.

Era quinta-feira e eu estava deitada no sofá  assistindo a um filme, Peter tinha que estar aqui a muito tempo para fazermos um trabalho de história e como sempre, ele estava atrasado. A campanhia toca e me levanto para ver quem é, abri a porta e me deparei com Peter.

—Eu sei, me desculpe, eu estava ocupado o Sr. Stark...

—Eu já sei o que você vai falar Peter, você só podia ter avisado antes. - Suspirei.

—Desculpa Lya! Posso entrar? - Dei espaço para que pudesse passar.

—O que aconteceu? - Perguntei quando vi que tinha uma macha roxa no braço dele.

—Não foi nada, eu só cai. - Deu de ombros.

—Você caiu? Como você caiu?

—Eu... Eu não vi que tinha aquelas placas amarelas no chão... Sabe? Aquelas que diz que você não pode passar? E eu...

—Ok! Pode parar. Só pelo fato de você está se enrolando, eu já sei que não é isso. Peter, por favor, somos amigos, sei que não a tanto tempo assim para você me considerar sua melhor amiga, mas estou ficando preocupada com você, não é a primeira vez que eu te vejo com algum tipo de machucado diferente e você sempre acaba fugindo do assunto. O que está acontecendo com você? - Peter parecia bem nervoso e não me encarava.

—Não tem nada acontecendo Talyah, eu só escorreguei, nada mais.

—Tudo bem! Acho que é melhor fazermos o trabalho.

—Talyah eu...

—Não precisa falar nada Peter, é a sua vida, você sabe o que faz com ela e não me deve satisfação. Só toma cuidado. - Suspirei um pouco triste por ele não me conta o que está acontecendo.

—Eu prometo que vou tomar cuidado.

—Agora vamos, deveríamos estar terminando esse trabalho. - Levei Peter até a mesa e começamos a fazer o trabalho.

—Finalmente. - Falei quando terminamos.

—Nem demoramos tanto assim.

—Mesmo assim eu não estava aguentando mais. - Encostei minha cabeça na mesa.

—Eu tenho que ir Lya, não quero deixar minha tia preocupada. - Peter começou a guardar suas coisas e colocou a mochila nas costas.

—Tudo bem, eu vou ter que sair também, preciso comprar algumas coisas. - Levantei da cadeira e fui até a sala pegar a chave. - Vamos?

—Claro!

Eu e Peter ficamos o caminho conversando sobre alguns filmes aleatórios, e depois de um tempo nos separamos e entrei no mercado. Eu estava na parte das frutas quando ouvi uma algazarra e olhei na direção das pessoas que estavam fazendo, queria não ter visto quem era, Flash e o seu grupo de hienas. Voltei minha atenção para as frutas a minha frente, ignorando eles.

Sai do mercado e fui direto para casa, estava começando a escurecer, eu andava tranquilamente na rua até ouvir alguém me chamar, olhei pra trás e pude ver Flash, era só o que me faltava.

—O que você quer? - Fiquei o encarando.

—Eu só quero conversar.

—Mas eu não quero conversar com você, então se me der licença tenho coisas importantes para fazer. - Voltei a andar, mas Flash me impediu.

—Temos assunto pendentes. - Falou sério.

—Não temos não. - Senti alguém atrás de mim e antes que eu pudesse fazer alguma coisa o mesmo colocou a mão na minha boca e me levou para algum lugar.

A pessoa, que provavelmente era algum amigo de Flash, tinha me arrastado para um beco e Flash nos seguia, o garoto que me segurava parou de andar e eu parei de me debater, percebi que estava no meio de um círculo formado por cada integrante do grupo do Flash.

—Você achou mesmo que eu ia deixar barato o que você fez comigo na escola? Você pode ser uma garota muito bonita Harper, mas isso não é o suficiente para deixar o que você fez passar. Pode soltar ela. - O garoto que me soltou bruscamente.

—O que você vai fazer? - Eu estava irritada, estava ao ponto de sair no tapa com Flash, mas seria eu contra todos eles.

—Juro que eu e os meus amigos não faremos nada de mais, é apenas um aviso, um susto, o que você preferir chamar.

Não sabia se era para eu ficar com medo ou ignorar o que ele estava falando e tentar sair dali, mas antes que eu pudesse fazer alguma coisa, senti algo muito gelado cair em cima de mim, pude ver que era água. Na mesma hora senti o meu corpo tremer, Flash e companhia começaram a rir e logo em seguida senti mais uma coisa  me atingir, ovo; eu fui literalmente bombardeada por ovos popareiquanto ouvia os meninos rirem da minha situação.

—Você é um idiota! - Gritei quando senti eles pararem de atacar os ovos, fui pra cima de Flash e antes que eu pudesse fazer alguma coisa, ele me empurrou fazendo com que eu batesse de cabeça no chão.

—Calma gata, não precisa ficar assim. Prometo que não vou fazer mais, mas antes, temos que dar um toque final em você. - Olhei pra Flash e vi um saco de farinha na mão dele, ele abriu e jogou em mim. - Aviso dado Talyah. - Ele e seus amigos começaram a rir e saíram do beco.

Em toda a minha vida eu nunca tinha passado por aquilo, eu estava me sentindo mal, humilhada e com raiva. Senti meus olhos encherem de água e não demorou muito para que elas caíssem livremente pelo meu rosto. Sai do beco e vi minhas compras jogadas no chão, não parei um segundo e fui o mais rápido possível para casa.