Celle, o retorno escrita por Nany Nogueira


Capítulo 2
Lembranças de um passado não tão distante


Notas iniciais do capítulo

Grata pelo retorno das leitoras



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/763693/chapter/2

Isabelle recordou-se:

Era um dia claro, de sol e calor, em Cambridge. A moça de 20 anos estava feliz, já que além daquele ser um domingo de folga, faltava apenas uma semana para as férias e logo estaria de volta à Seattle, para passar todo o verão com a sua família, amigos e especialmente namorado.

O celular dela apitou e logo a loira olhou, ansiosa, pressentindo ser mais uma das mensagens fofas de Cris.

De fato, era mensagem de Cris, mas o conteúdo não a agradou tanto quanto imaginava. Dizia assim:

“Querida Belle,

Espero que você possa me perdoar um dia por isso e que se lembre que em nenhum momento o meu amor por você foi uma farsa, mas a vida, por vezes, pode nos surpreender.

Nossa história foi linda, enquanto durou, mas preciso assumir uma nova responsabilidade, na qual, infelizmente, não posso te incluir”.

Isabelle releu a mensagem várias vezes, acreditando que poderia ter interpretado mal, não queria aceitar que significava mesmo o término, depois de 2 anos juntos e felizes, apesar da distância. Então, perguntou de forma direta:

“Você está terminando comigo, Cristopher?”

Em resposta, apenas um emoji, com cara de choro. Nada mais era preciso ser dito.

Quando a loira chegou à Seattle para passar as férias, tomou o maior susto ao saber que Cris e Mabel estavam noivos. Logo após o casamento, a gravidez ficou evidente e poucos meses depois veio ao mundo Ellie.

Como Gibby nunca havia adotado legalmente Cris, apesar de se considerar verdadeiramente pai do rapaz, Mabel, filha legítima de Gibby, pôde se casar com Cris.

Cris teve que transferir o curso de engenharia naval para Seattle, numa universidade muito bem recomendada pelo avô, Coronel Shay.

Carly permitiu que o casal recém-casado e sem recursos próprios morassem em seu apartamento, mas, desde que Cris arrumasse um trabalho para ajudar no sustento da família.

Então, por meio período, o rapaz fazia bicos como Office boy, pilotando a moto que havia sido dada por Gibby. Assim fez até a formatura, quando, então, prestou concurso para oficial e foi aprovado, sendo incorporado à Marinha.

Quando Isabelle retornou à Cambridge após as tristes férias de verão em Seattle, teve uma grande surpresa: Richard havia sido aprovado para o curso de processamento de dados e passaria a estudar na mesma instituição de ensino superior da velha amiga.

Os dois ficaram radiantes com o reencontro e logo se tornaram inseparáveis no campus. O que iniciou com a retomada de uma velha amizade, levou, também, à retomada de um velho amor. O namoro foi inevitável.

Isabelle estava profundamente decepcionada com Cris e muito magoada também. Richard foi como a entrada de luz na sua vida tão nublada. Sentiu seu coração acelerar por ele e não titubeou em se entregar ao sentimento, firmando compromisso sério, que levou os dois a morarem juntos em Nova York, logo após a formatura de Richard e a conquista do emprego de Isabelle.

Quando Richard também conseguiu um modesto trabalho na escala hierárquica de uma grande empresa Nova Yorkina, decidiu pedir Isabelle em casamento.  A moça pediu um tempo para pensar, a princípio, mas, depois, aceitou.

Todas essas lembranças, de uma vez, fizeram Isabelle sentir uma tontura, sendo amparada por Richard, que perguntou:

— Prefere ir embora, meu amor?

Respirando fundo e tentando acalmar-se, ela respondeu:

— Não, foi só uma vertigem, acho que estou há tempo demais sem comer. Vamos nos sentar e pedir logo.

Richard deu o braço à Isabelle e foram até a mesa, onde o rapaz puxou a cadeira para sua dama se acomodar. Cris, sentado à mesa ao lado, que já não tirava os olhos de Isabelle, não se conteve e a cumprimentou:

— Boa noite, Belle! Há quanto tempo! Bom te ver! – abrindo um largo e sincero sorriso.

Mabel fechou a expressão ao ver a empolgação do marido. Richard apenas observava, atentamente.

Isabelle respondeu simplesmente:

— Boa noite, Cristopher e Mabel – dirigindo-se, também, à prima.

Mabel, então, manifestou-se:

— Boa noite, prima e futuro primo – olhando para Rick, que fez apenas um movimento com a cabeça em cumprimento – Soube que o casamento está bem próximo, ainda tenho esperança de receber um convite – forçando uma risada.

Isabelle disse:

— Os convites ainda não estão prontos, tampouco a lista.

— Claro – falou Mabel – Foi só uma brincadeira, pra descontrair – Mas, nós vamos deixar os pombinhos jantarem em paz. Não é mesmo, meu amor? – tomando a mão de Cris.

Cris apenas concordou com a cabeça. Não se falaram pelo resto da noite.

Cris e Mabel foram embora primeiro. No carro, ela indagou:

— Você se arrepende do que fez por mim? Especialmente agora, revendo a Isabelle?

— Eu fiz porque quis, Bel. Não posso me arrepender de algo que escolhi.

— Você seria capaz de contar o nosso segredo para a Isabelle, caso ela sinalisasse que te quer de volta?

— Isabelle vai se casar com Richard, que é um bom sujeito, ela escolheu muito bem. Desejo que sejam felizes.

— Isso não responde a minha pergunta.

— Você acha que sou um cafajeste para não honrar a minha palavra e contar o nosso segredo?

— Não, mas...

— Então, mas nada.

— Não fica bravo comigo, Cris. Juro que é a última pergunta. Você conseguiu abrir um espaço no seu coração para mim, apesar do seu grande amor pela minha prima?

— Bel, durante a vida, temos muitos amores, diferentes, mas amores. Eu já disse que te amo e não menti.

Mabel aproximou-se de Cris, ao volante, mas parado na sinaleira fechada, e deu-lhe um beijo na boca.

Pouco depois, Isabelle e Richard também entravam no carro, mas, com a moça ao volante. Richard começou a conversa:

— Eu não via o Cris há tanto tempo, nem parece que fomos tão amigos na infância e na adolescência. Essa vida é mesmo muito engraçada. Mas, apesar do tempo, ainda sinto amizade por ele, como se ele ainda fosse meu brother. E você, Belinha, o que sente?

A moça foi direta:

— Eu não amo mais o Cris, se é isso que quer saber. Eu não iria me casar com você se não te amasse, Rick.

— Eu não duvido que você me ama, como eu também te amo. Mas, eu percebi que o Cris te causou uma emoção forte. Se eu não te amparasse, você teria caído no chão.

— Já ouviu falar em hipoglicemia? – ironizou ela.

— Belle, eu só quero que você confie em mim, que se abra comigo, como eu sempre me abri com você.

— Rick, você sabe o que Cris me fez há uns 4 anos. O que você acha que eu posso sentir por ele depois disso?

— Mágoa?

— E raiva! – completou ela – freando bruscamente ao se dar conta que a sinaleira estava fechando.

Richard não quis chatear mais a noiva, então se calou.

Naquela noite, no décimo terceiro andar do Bushwell, Richard dormia profundamente no quarto de Eddie e Nick, que cursavam administração e gastronomia, respectivamente, em Universidades distantes. Mas, no quarto ao lado, Isabelle não encontrava o sono. Havia uma agonia em seu peito que a sufocava.

Enquanto isso, no apartamento do oitavo andar, Cris observava Mabel dormir, mas não tinha sono. Resolveu descer para tomar um leite quente. Abriu o notebook e numa pasta dentro de outra pasta, encontrou uma foto, na qual se via ele e Isabelle, aos 20 anos, felizes, na praia. Fizeram um selfie na beira do mar, num feriado pouco antes daquelas fatídicas férias de verão, poucos dias antes de Mabel aparecer e mudar totalmente os seus planos de vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continuo?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Celle, o retorno" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.