Amortentia escrita por SrtaGaladriel


Capítulo 3
Fim




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— Ele está olhando outra vez — Gina sussurrou no ouvido de Hermione — Ele parece estar te devorando com os olhos.

— Você está vendo coisas, Gina — Hermione disse, num tom seco, obrigando-se a manter seus olhos fixos no pergaminho na sua frente — Ele está sendo o idiota como sempre.

— Não, acho que não. Todo mundo está reparando nisso. Ele não está sendo nem um pouco discreto —Gina disse, lhe dando um olhar avaliador — Isso já está acontecendo a duas semanas. Aconteceu alguma coisa? Vocês estão estranhos desde o domingo do festival.

— Não aconteceu nada — Hermione grunhiu, tentando manter a calma —  Eu já disse isso.

— E eu já lhe disse que você mente muito mal, Hermione — Gina revirou os olhos — Olha, tem alguma coisa acontecendo aqui. Ele fez alguma coisa? Tentou algo? Por que se for isso, eu posso bater nele por você. Vou azara-lo agora mesmo!

— Não, Gina. Ele não fez nada — Hermione suspirou, cansada de ter aquela conversa de novo — Eu não sei porque ele está olhando para cá. Talvez esteja entediado e queira me irritar. Ele faz muito isso, certo?

— Ele fazia muito isso — Gina insistiu — Faz duas semanas que vocês não brigam, nem tem detenção, você foge sempre que ele aparece e ele parece estar desesperado para falar com você. Então alguma coisa aconteceu.  Eu só quero saber o que é.

— Eu já disse nada aconteceu — Hermione resmungou — Ele só está tentando me irritar. Mas eu não vou ceder dessa vez. Já cansei de brigar com ele.

— Hermione, com aquele olhar no rosto dele, ele não quer te irritar — Gina negou, sorrindo maliciosa — Ele quer é te devorar. Da forma mais sexy e quente possível.

Hermione sentiu suas bochechas esquentarem. Por mais que estivesse tentando permanecer firme, ela cedeu e olhou na direção de Draco Malfoy, arrependendo-se imediatamente quando seu olhar encontrou o dele. Ela odiou como seu rosto ficou ainda mais vermelho, sua pele esquentando num nível perigoso, como se tivesse treze anos de novo e estivesse na frente do seu crush.

Draco Malfoy estava lhe observando como um gavião. Ele tinha aquele sorriso arrogante, provavelmente ainda se alimentando da sua vergonha, e como vinha acontecendo muito, ela desviou o olhar primeiro. Desde o episódio com Amortentia – como ela se referia – ela não conseguia olha-lo nos olhos.

Infelizmente, a Amortentia não apagava sua mente como Hermione desejou um milhão de vezes. Ela lembrava de tudo. Os beijos, como implorou, como sentiu-se. Foi vergonhoso. Ela não conseguia apagar da sua mente nenhum daqueles momentos vergonhosos.

Ele a tinha levado a enfermaria, elogiando-a como ela foi uma boa garota por acompanha-lo até lá, e explicou a enfermeira o que tinha acontecido. A enfermeira Pomfrey rapidamente lhe aplicou seu antídoto. Hermione não queria, ela não achava que tinha algo errado, mas depois que Draco barganhou – oferecendo mais beijos se ela se comportasse – ela aceitou.  

Nos primeiros minutos após o antídoto, Hermione ainda estava sentindo-se perdida, avoada, mas não estava mais grudada em seu pescoço, implorando por beijos. Quando voltou ao seu estado normal, ela ficou em choque. Agora sem a confusão cercando sua mente, Hermione conseguiu pensar com clareza. E infelizmente lembrar com clareza o que tinha acontecido até ali. Ela olhou para Draco por um breve momento, com os olhos arregalados, antes de correr para fora da enfermaria como se tivesse visto Voldemort.

Escondida em seu quarto, na Grifinória, ela xingou alto todos os tipos de xingamentos que conhecia. Ela não conseguia parar de repassar cada detalhe daquele dia vergonhoso – sua estupidez por não ter desconfiado do presente, da humilhação que passou ao implorar por beijar Draco Malfoy, e como ela jamais poderia esquecer desse dia.  Como isso foi acontecer?

A vergonha deu lugar a raiva. Raiva de si própria por ter comido chocolates misteriosos, raiva da pessoa que ousou lhe dar esse presente, e raiva de Draco Malfoy. Ele não estava enfeitiçado, então porque ele não a impediu? Ele podia tê-la azarado, a enfeitiçado, podia ter feito qualquer coisa, e ainda assim, escolheu ceder aos pedidos dela? Porque ele fez isso?  Por que ele a beijou?

Ela sabia que ele devia ter achado tudo muito enraçado. Ele devia estar por aí, rindo de como Hermione implorou para beijá-lo. Ele deve estar feliz com isso. Era tudo o que ele queria mesmo – uma chance de envergonha-la jogado no seu colo. Merlin, ela queria morrer.

Numa poça de vergonha e raiva, Hermione bolou um plano. Ela não iria ficar sozinha, nem chegaria perto, de Draco Malfoy. Ela o evitaria como se ele tivesse com Varíola Demoníaca. Não olharia na direção dele, não falaria com ele. Não daria nenhuma brecha para ele se aproximar e aumentar mais seu nível de sofrimento. Ela faria o possível, e até o impossível, para garantir que ele não tivesse chances de mencionar o episódio com  Amortentia. Ela queria esquecer que isso aconteceu.

Com muito esforço, Hermione evitou Draco por duas semanas. Não foi fácil. Ele parecia empenhado em encontra-la onde quer que ela se escondesse. Ele ficava lhe observando de longe – todo mundo estava notando isso. Sempre que seus olhares se cruzavam, ele piscava e ela ficava corava da cabeça aos pés. Parecia tudo um novo jogo para ele – Merlin, ela queria mata-lo!

Ela tinha procurado pela maldita pessoa que lhe deu o presente, mas não deu em nada. Ninguém viu chocolate nenhum. Ninguém viu nada. Isso foi suspeito. Mas quando seus amigos perguntaram o que ela estava procurando e começaram a questionar porque ela e Draco não brigavam mais, ela começou a fugir deles também. Dane-se a pessoa que lhe deu chocolate. Ela não queria saber se isso significava que ela tinha que explicar aos amigos sobre o porquê do seu repentino interesse em chocolates ou sua fuga continua de Draco Malfoy. Não valia a pena.

— Prevejo problemas — Gina anunciou, ganhando a atenção de Hermione – Um grande problema.

Hermione não entendeu o que ela estava dizendo até ver Kevin Entwhistle, da Corvinal, vindo na direção delas. Não era segredo para ninguém naquele castelo – nem para Hermione – que Kevin nutria sentimentos por ela. Ele estava sempre buscando acompanha-la nas rondas, vinha a biblioteca estudar com ela, e lhe convidou várias vezes para passear com ele em Hogsmeade. Ela até ficou tentada a lhe dar uma chance, como Gina insistia, mas desde o domingo do festival, ela só conseguia pensar em Draco Malfoy. Isso a deixava irritada. Ela não devia pensar nele. Não devia desejar nada dele!

— Hermione, posso falar com você? — Kevin perguntou, e Gina aceitou a deixa para sair

— Claro — Hermione concordou

Devido ao horário tardio, e por ser uma sexta-feira, a biblioteca estava quase vazia. Tirando a bibliotecária, só restava apenas Hermione, Kevin e Draco. Porém, esse último tinha desaparecido de vista. Hermione ficou com a sensação que, mesmo que ele não estivesse avista, ele estava de olho nela.  

— Hermione, você está bem? — Kevin perguntou

— Sim, por que? — Hermione perguntou, levantando-se

— Você está distraída. A algum tempo — Kevin apontou

— Desculpe, Kevin — Hermione esfregou a nunca, o cansaço lhe alcançado — Só tem sido alguns dias difíceis.

Fugir de Draco era cansativo. Pensar no que aconteceu era cansativo. Seus desejos eram cansativos. Ela queria uma folga disso tudo. E isso significava pôr um fim naquela história. Um ponto final. Mas, para isso acontecer, ela precisava conversar com Draco e descobrir porque ele não a impediu. Porque ele a beijou. Ela precisava de respostas ou nunca conseguiria deixar isso para trás.

— Olha Kevin..

O resto da frase se perdeu quando Kevin a beijou. Ela foi pega de surpresa. Ele colocou ambas as mãos no seu rosto, mantendo o beijo gentil, discreto.  Uma parte de si queria se afastar. Não por que ele beijava mal, ele era bom, mas ela não estava sentindo nada. Isso a lembrou do que Draco lhe disse antes de lhe dar o melhor beijo da sua vida;

“ Vou te beijar de um modo que nenhum outro garoto a beijou antes, de um modo que ninguém nunca mais vai te beijar, e você vai lembrar para sempre do meu beijo. ”

Hermione queria chorar quando percebeu que era verdade. O beijo de Kevin não era nada parecido com o de Draco. Ele não era Draco. Não era ele quem ela queria beijar.

— Kevin — Hermione sussurrou, afastando-se —  Me desculpe. Não dá.

— Eu precisava tentar — Kevin suspirou — Tudo bem, Hermione.

Ela assistiu Kevin sair da biblioteca, tentando não ficar mal. Não era totalmente culpa dela não sentir nada no beijo dele, não é?

— Então é esse o motivo de você vir até a biblioteca, Granger? — Draco comentou, aparecendo atrás dela

De todos naquele castelo, ele era a última pessoa que Hermione queria ver agora. Sua mente estava um turbilhão, cheia de pensamentos, uma confusão total e estar perto da fonte dessa confusão não era uma boa ideia.

— Granger? — Ele estranhou seu silencio

— Porque me beijou, Malfoy? — Ela virou-se para ele, decidida a ter suas respostas

Ela podia ver que não era isso que ele esperava que ela perguntasse. Ela viu como ele ficou surpreso, nervoso até, engolindo em seco.

— Por que me beijou, Malfoy? — Ela deu um passo em frente — Naquele dia, você podia me azarar ou me derrubar. Você viu que eu estava enfeitiçada. Mas você me beijou. Porque? Por que me beijou, Malfoy?

Pela primeira vez em duas semanas, Hermione ficou frente a frente com Draco. Ela não conseguiu reparar que eles já tiveram naquela posição antes – tão perto assim e terminou com um beijo. Hermione engoliu em seco com a lembrança.

— Por que..

— Por que se importa? — Draco respondeu, chegando mais perto — Até dois minutos atrás estava beijando o idiota do Entwhistle.

Hermione sabia, ela o conhecia muito bem, que eles ficariam naquele impasse por muito tempo. Ela querendo respostas e ela virando a pergunta contra si. Ele não cederia facilmente. Ele era tão teimoso quanto ela.

Ela não queria lidar com isso agora. Soltando um suspiro, ela recuou um passo, pronta para ir embora. Mas antes que se afastasse mais, a mão de Draco fechou-se no seu pulso, dando-lhe um forte puxão e trazendo-a de volta para mais perto.

— Granger, não me dê as costas!

— Cansei de você, Malfoy!

— Cansou? — Ele perguntou, rindo malicioso, antes de abaixar seu rosto para ficar mais perto do dela — Cansou mesmo?

— Você não pode fazer isso, Malfoy! — Hermione exclamou, exaltando-se

— O que, exatamente, eu não posso fazer, Granger?

— Não pode ficar me atazanando desse modo!  Não pode ficar me olhando, vigiando e observando cada movimento meu, como um predador! Não pode piscar ou sorri para mim, eu não sou uma dessas garotinhas que fica suspirando por onde você passa. E você não pode ficar vagando na minha mente, me lembrando o tempo inteiro que não importa o que eu faça ou quem eu beije, você é o melhor. Você e o seu beijo estupido que eu não consigo parar de pensar!

 Percebendo que falou demais, Hermione puxou o seu pulso da mão de Draco, pronta para fugir. Mas ele não permitiu. Ele a agarrou pela cintura e a empurrou contra uma das estantes, usando seu corpo para mantê-la enclausurada.

— Você pensou em mim quando beijava Entwhistle? — Draco perguntou, sorrindo arrogante — Vamos, Granger, responda.

— Merlin, Malfoy! Você é tão presunçoso! Você mesmo disse, lembra? Ninguém conseguiria me beijar do mesmo modo que você. Eu te odeio por isso, Malfoy! Odeio você!

— Não, não odeia — Ele negou, aproximando seus rostos — Você gosta de mim. E acha que isso é errado. Você gostou do meu beijo por isso não conseguiu beijar o Entwhistle. Me diga, Granger, pensa muito em mim?

— Não.

— Não? — Ele sorriu, cheio de malicia, antes de depositar um beijo demorado na bochecha dela, sentindo-a tremer — Nem um pouquinho?

— Não.

— Não pensa no nosso beijo? Ele aconteceu bem aqui, nessa biblioteca — Draco insistiu, beijando o pescoço dela — Você pensou nisso?

— Não.

Hermione odiou como a resposta saiu ofegante. Ela sabia que precisava mostrar mais firmeza, não querendo que ele descobrisse nada, mas foi tão difícil. Tinha aquela parte dela que queria ser beijada outra vez por Draco. Que queria que ele provasse que ninguém seria tão bom quanto tele.

— Hermione — Ela ofegou por ouvi-lo chamar seu nome — Eu sei que você quer me beijar. Mas você tem que pedir. Pode fazer isso?

— O que?

— Quero que me peça para beijá-la. Da mesma maneira que pediu naquele dia.

Hermione queria bater nele. Quem ele pensava que era? Mas a resposta era clara. Esse era Draco Malfoy, ele gostava de jogos, gostava do controle que ele tinha naquela situação. Hermione não devia ceder. Devia recuar e ir embora. Mas ela estava acumulando duas semanas de desejo, seu interior queimava, ela estava cansada de sonhar com isso.

Tudo que ela precisava fazer era ceder – só mais uma vez.

— Vamos, Hermione — Draco incentivou com os lábios pairando sobre os dela –Peça.

O mundo podia desabar em chamas, Hermione não notaria. Parecia que estava enfeitiçada de novo. Sua mente só repetia o quanto ela desejava o toque, o beijo, dele.

— Me beije, Draco.

Draco não hestiu em atender o pedido dela. Eles se beijaram com desespero, cheios de determinação, ansiosos por mais contato. As mãos dele marcaram sua cintura, não deixando espaço algum entre eles, apertando e puxando. Ela soltou uma exclamação de surpresa quando ele a levantou e a colocou sentada sob uma das mesas rente a prateleira. Ela não perdeu tempo, envolvendo as pernas ao redor da cintura, estremecendo quando sentiu como aquele beijo o afetou.

— Draco — Hermione gemeu, quebrando o beijo para respirar, ofegando quando ele beijou e mordeu seu pescoço — Oh, Merlin!

— Se continuar gemendo desse jeito vai chamar a atenção da velha — Draco avisou, mordiscando o lóbulo da sua orelha — Eu não acho que ela vá gostar de encontrar você em cima da mesa, ofegando, e com minhas mãos sob suas saias.

Hermione ficou envergonhada. Ela estremeceu quando sentiu os dedos dele apertarem sua coxa, deslizando um pouco mais para dentro da sua saia, mas muito longe de onde ela realmente queria. Ela aceitou o novo beijo, dessa vez mais delicado e gentil, antes de recuar de novo.

 — Eu.. eu preciso ir para o dormitório — Hermione murmurou

— Isso é um convite? — Draco riu quando Hermione lhe estapeou no braço — Eu serei um bom cavalheiro e lhe acompanharei até lá.

Hermione não recusou. Ela ficou surpresa como queria a companhia dele. Ela suspirou, o mais silencioso possível, quando Draco retirou a mão da sua coxa. Ela quase lamentou por isso, na verdade. Assim que chegaram na entrada da Grifinória — que, estranhamente, Draco já sabia onde ficava – ambos se encararam.

— Você me perguntou por que eu me importava com a sua resposta –Hermione começou, hesitante — Eu não sei. Uma parte de mim achou que você só me beijou porque queria me adicionar a sua lista de garotas. Por que você é Draco Malfoy. Mas, eu também queria que aquele beijo tivesse sido importante.

— Foi importante — Draco garantiu, colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha — Eu não sei porque te beijei. Na hora, eu não pensei... você estava na minha frente e querendo que eu te beijasse. E eu queria te beijar. E então beijei. Mas, hoje?  Hoje eu te beijei por que precisava provar algo a mim mesmo.

— O que?

— Que você é diferente das outras garotas. Eu lhe disse que ninguém mais vai te beijar do mesmo modo que eu.. acontece que o feitiço também vale para mim. Nenhuma garota vai me beijar do mesmo jeito que você, Hermione.

— O que isso quer dizer?

— Você sabe o que quer dizer. Eu não vou me declarar, nem dizer palavras bonitas — Ele avisou — Eu não sou assim. Mas, você tem estado na minha mente desde aquele dia. E eu não estava, nem estou, sob o efeito de nenhuma poção.

— Sem Amortentia? — Hermione perguntou, brincando, apenas para disfarçar como ela  ficou mexida com as palavras dele

— Sem Amortentia — Ele garantiu antes de beijá-la outra vez

Ele não diria com todas as letras, mas Hermione era muito inteligente, ela conseguiu entender o que ele estava insinuando. Ele gostava dela. E ela também gostava dele. Hermione não podia acreditar que isso aconteceu por que alguém lhe enfeitiçou com Amortentia – ela ainda queria matar quem fez isso.


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