Tulipas escrita por Felipe Martins


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Tema da rodada foi “Queria saber: depois que se é feliz, o que acontece?” (Clarice Lispector)



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Palmas da frente da casa anunciaram o desconhecido. Oliver cortou um último galho.

 

O homem que aguardava do lado de fora não parecia ter mais que seus trinta anos: de pele bronzeada e sorriso impecável, a semelhança física de Joseph com o sonho americano distanciava-se consideravelmente ao passo que o rapaz, abandonando sua mala consideravelmente pesada, sorria apenas por sentir o doce aroma de uma vida abandonada.

 

Mal a porta havia revelado um Oliver desafiado pela manhã ensolarada e algumas rosas espinhentas, Joseph correu, laceando-o em seus braços antes de girarem sala adentro, misturando-se entre a jovialidade de seus espíritos e a pureza de seus sentimentos. Uniam-se novamente: desta vez, para sempre.

 

Oliver não era o maior temerário de altura, no entanto, não conseguiu evitar um grito histérico ao se sentir preso a um homem que não havia reconhecido: sem arma mais eficaz, começou a estapear o ombro do homem que lhe agarrava, balançando as pernas em uma vã tentativa de se livrar daquelas arras.

 

— Oliver, pare com isso! Sou eu!

 

Aos poucos, o susto de uma recepção mal calculada abriu alas à situação: após anos sozinho, viu-se finalmente acompanhado. Esqueceu-se de tudo: da carta às palmas, nada mais importava senão que ele havia voltado. Voltara!

 

Joseph afrouxou o abraço com a nova recepção: beijava-lhe como se nunca o tivesse feito. Aquele que um dia havia conhecido por seus risos e reconhecido por anos pelo nome Helena agora retribuía sua felicidade com suspiros breves e um carinho longo, suprindo o tempo distante.

 

Retornava de uma missão bem-sucedida nos arredores de Dachau: após a queda do último inimigo, seus companheiros de guerra haviam bradado em sinal de domínio sobre aqueles que os enfrentavam, impondo-lhes obediência ou a dignidade de uma batalha com final feliz. Joseph os acompanhara, porém não pelo mesmo motivo: sua felicidade era a de saber que, em algumas semanas, estaria exatamente ali, com o mundo em seus braços e a sensação de que derrotara um exército inteiro dentro de si apenas por ele.

 

“Quem melhor ensina a demonstrar nossos sentimentos é a emoção:” uma das frases-prontas de Oliver nunca teria feito tanto sentido, senão pelo momento em que deixara-se cair em lágrimas mesmo com Joseph em frente de si: e por quê?

 

Não poderia responder, não de outra forma. Separou-se do outro, segurando seu rosto, e soltou-lhe os dizeres mais sinceros que poderia:

 

— Eu te amo.


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