Ode às Margaridas escrita por Ahelin


Capítulo 6
VI


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo pertence à Rodada 6, cujo tema é o seguinte trecho da música Don't be Happy, do Mamamoo:
"Não fique feliz, jamais fique feliz
Você me deixou então
Não se atreva a dar um sorriso"
Boa leitura!



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Uma a uma, as pétalas voaram com o vento conforme eram soltas pelos dedos de Agatha. Era a terceira margarida que ela despetalava ali, debruçada na janela de seu quarto com os raios de sol aquecendo seu rosto.

A cada bem-me-quer e mal-me-quer, seu coração ficava mais leve. Tinha descoberto um bom modo de desintoxicar-se dos pensamentos ruins que a preenchiam: atirar pela janela as flores que representavam todos eles.

Agora, livrava-se do egoísmo.

Por muito tempo, ela recusara-se a acreditar no céu. Parecia-lhe injusto, no mínimo, que Rodrigo estivesse vivendo em eterna alegria e paz enquanto tudo que restara a ela era o sofrimento.

Em seu íntimo, ela desejava que houvesse um depois; reencontrá-lo em outro lugar era a ideia mais reconfortante que ela conhecia. Se este depois seria o céu, uma outra vida ou algo no meio disso, ela não se importava. Ao mesmo tempo, porém, afastava de si mesma o pensamento; como ele poderia sorrir depois de deixá-la para sempre?

Ele sabia que ela não tinha mais ninguém. Não poderia tê-la deixado e, ainda assim, o fez.

Na época, logo depois que a decepção se dissipara, ela experimentou a raiva. Veio a tristeza, veio a raiva e veio a indignação.

Ela chegara a culpá-lo. Por ter saído, por ter demorado mais do que devia, por nunca ter chegado em casa...

E também por tocar tão bem o violoncelo, por olhá-la daquela forma mesmo que não pudesse realmente vê-la, por seu charme indiscutível que se adaptava a todo ambiente e pela estúpida ideia de fazê-la se apaixonar por ele.

A simples ideia de que ele estivesse bem em algum lugar costumava deixá-la ainda pior. Agora, era reconfortante.

— Se formos nos reencontrar um dia, acho que vai demorar — disse ela para o nada, assoprando dos dedos mais uma pétala da flor. Inflorescência, na verdade; Rodrigo a ensinara que cada uma das pétalas era uma flor diferente. A lembrança a fez sorrir. — Anos, meses, dias, não importa quanto tempo reste, parecerá uma eternidade sem você. Nós dois merecemos ser felizes.

Ela soltou a última pétala e sentiu-se inexplicavelmente limpa. A tristeza ainda estava lá, a saudade ainda pressionava seus ombros, mas a angústia de suas indignações desaparecera.

Ela o amaria enquanto vivesse, mas não deixaria que ele fosse o motivo de seu tormento outra vez.


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Notas finais do capítulo

E aí? Me desejem sorte ♡



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