A viagem de Chihiro 2 escrita por A viajante do tempo


Capítulo 2
Capítulo 2




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— Seja bem vindo, Mestre Sapo! – Chihiro ouviu a voz anasalada do sapo que a enxotara a alguns minutos atrás. Por sorte, conseguira entrar sem problemas debaixo do quimono daquele sapo enorme, em um momento de distração. Infelizmente, aquele não era o melhor dos passeios: ela sentia a gosma de sapo grudar em suas roupas e o cheiro de mofo e lama era pungente. Felizmente, seu cheiro seria disfarçado.

     Quando chegou até a entrada, ela saiu debaixo do quimono do Mestre Sapo, o mais discretamente possível, e entrou na portinha pequena ao lado do portão. Lá ela se escondeu nos arbustos do jardim e tentou pensar em uma maneira de encontrar o Haku. Também, se encontrasse Lin e Kamaji,eles poderiam ajudá-la. Decidiu, então, encontrar Kamiji primeiro, era mais fácil, pois sabia onde ele sempre ficava. Olhou em volta e viu a portinha, em meio as roseiras, que levava para a escada íngreme atrás do prédio.

      De repente, enquanto engatinhava atrás dos arbustos, uma das empregadas apareceu na porta.De súbito, Chihiro parou e se manteve imóvel onde estava. A empregada devia estar lavando alguma das salas de banho, pois despejou um balde de água suja e fedorenta bem onde Chihiro estava, depois saiu sem notar a presença da pequena garota, agora ensopada, entre os arbustos.

      Ela esperou para ver se não aparecia mais ninguém, então voltou a arrastar-se em direção a portinhola. Ao encontrar-se atrás da casa, uma rajada de vento esfriou suas roupas molhadas. Tremendo, ela olhou aquela escada tão sinuosa e sem nenhuma proteção. Da primeira vez que esteve ali, começou a descer as escadas o mais lento que pode, porém desta vez não estava com  medo e desceu as escadas correndo, preocupando-se apenas em manter-se nas sombras. Era incrível como corria naquele lugar, desde que Haku desatou a água de suas pernas, parecia que era capaz de voar. Isso era um sinal, pois que se o feitiço ainda persistia então Haku ainda estava vivo.  Isso foi um pequeno alivío, antes disso temia que o pior houvesse acontecido.

Ao atravessar a porta no fim da escadaria, viu o velho com braços de aranha, no mesmo serviço que fazia a cinco anos atrás: preparar a água dos banhos. Kamaji não viu quando ela entrou. Chihiro, passou pelos minúsculos seres que carregavam carvão. Eles logo reconheceram os pés de Chihiro, mesmo que ela não estivesse usando os sapatos amarelos de antes, e fizeram um alvoroço ao redor dela.

—Olá! É bom vê-los também! –exclamou ela.

Tudo isso se passou, e Kamaji mal notou a presença dela ali.

— Senhor Kamaji! - nenhuma resposta, apenas aqueles braços trabalhando, agitando-se no ar... – Senhor Kamaji! –Gritou Chihiro, finalmente ele voltou-se para ela, ainda com os braços ocupados.

— Sen? –  reconheceu ele, depois de alguns segundos - Ora, menina,  quanto tempo! O que você quer?

— Sabe onde está o Haku, senhor Kamaji?

— Haku? Ele não está aqui. Não o vejo à cinco anos.

O quê?! Ele não esta aqui!?

— O senhor sabe onde ele está?

— Ele foi para o mundo dele, logo depois que você saiu, ele deixou de ser servo de Yubaba.

— O mundo dele... – ela se lembrou que Haku havia comentado que deixaria de ser servo da velha bruxa e voltaria para cas, mas já se passaram cinco anos... – O senhor sabe mais alguma coisa, senhor Kamaji?

— Nunca mais o vi depois que ele foi embora.

Chihiro sentiu que ia chorar, achou melhor continuar falando:

 - Onde é o mundo dele, Senhor Kamaji?

— O mundo dele? – Ele parou o trabalho para dar mais atenção – Você quer ir até lá?

Ela confirmou com a cabeça, com cuidado, pois sentia que a cabeça era um jarro d’água, que se balançasse muito iria transbordar.

— Bom, o Haku mora no Mundo dos Dragões. Um lugar perigoso para humanos. Tem certeza que quer ir para lá?

— Onde fica o Mundo dos Dragões?

— No céu.

—E como eu posso ir?

—Pelos meios de transporte simples não, mas você ainda pode falar com Zeniba. É amiga dela, não é?

— Sou sim, mas  não sei como chegar até ela. O senhor teria outra daquelas passagens de trem?

— Não tenho, criança, desculpe. Aquelas eu havia conseguido à muito tempo antes de você vir aqui pela primeira vez.

— E Yubaba não paga salários, o trabalho que arranjaria aqui seria apenas para eu me manter viva.

— Lembra-se bem dela... – Observou Kamaji.

— Então o que eu vou fazer, Kamaji? Preciso falar com Zeniba.

—Hum... – Kamaji estava se esforçando para pensar em algo.

— Kamaji, é hora da comida... – Chihiro conhecia aquela voz que vinha da porta atrás do velho aranha... –Logo Lin surgiu, trazendo uma bandeja com o jantar de Kamaji. Assim que avistou Chihiro logo a reconheceu:

—Sen?

— Lin! – Por um momento, Chihiro esqueceu a angustia que sentia crescer no peito por causa de Haku, e se alegrou muito em ver a amiga.

Lin, praticamente jogou a bandeja para Kamaji, que pegou-a com algum esforço, e correu para o abraço de Chihiro.

— Está tão crescida! Nem parece mais aquela menininha franzina de cinco anos atrás! Por que esta molhada?

— Jogaram água suja em mim. Você não parece que mudou, Lin! Continua muito bonita.

— Nada mudou mesmo. – Lin suspirou – Ainda continuo presa aqui!

Chihiro se sentiu mal pela amiga., sabia que o sonho de Lin era ir até a cidade iluminada do outro lado do mar.

— Mas o que você está fazendo aqui? Ouvi comentarem que havia uma intrusa entre nós e achavam que era humana. Só que não achei que fosse você, achei que soubesse que não devia voltar. Yubaba, já sabe que está aqui e  deve estar te procurando. É melhor você ir embora Sen ou vai trabalhar para ela de novo!

— Não posso! Vim para achar o Haku...

— O Haku? Eu não o vejo a cinco anos também.

— Eu já sabia... – suspirou Chihiro.

—Ela quer ir até o mundo dele. – Falou Kamaji, entre as colheradas de arroz.

— O quê? Está ficando louca? - exclamou Lin - O Haku mora no Reino dos Dragões. Lá é muito perigoso para humanos.

— Mas eu preciso vê-lo, ao menos saber o que aconteceu. Ele me prometeu que nos veríamos de novo, mas não apareceu por cinco anos! Quero ao menos saber o que aconteceu...

— Ela já se decidiu. – Falou Kamaji.

Lin suspirou.

— E como você vai fazer para chegar lá?

— Preciso encontrar uma maneira de ver Ze...Ah! – Chihiro foi agarrada por uma mão gigante e levada através da portinha por onde Lin passou.

— Sen! – Gritou Lin.

— Calma, Lin. – Ouviu-se a voz de Chihiro do outro lado. – É só o Bebê.

Em frente a Chihiro havia um menino gigante, que se não fosse pelo tamanho teria a aparência de uma criancinha normal.

— Bebê você cresceu...– Exclamou Chihiro, notando as mudanças na aparência no gigante. – Ou melhor, mudou. Já que grande você sempre foi.

— Sen, veio brincar comigo? – Perguntou ele, com sua voz de criança.

— Não posso. Tenho que fazer uma coisa.

— Quero brincar com a Sen! Brinca comigo se não eu conto pra mamãe onde você está!

— Não posso! – Insistiu Chihiro. – Tenho que encontrar uma pessoa, por isso não posso brincar com você.

Ele ia começar a chorar, seria o fim: Yubaba viria correndo.

— Olha, se me deixar em paz. Eu deixo vir comigo.

— Jura?

— Juro.

— Eba!! Gosto de viajar com a Sen! – ele deu uns pulinhos que fizeram estremecer toda a estrutura.

—Mas vou logo avisando: eu vou para um lugar muito perigoso!

— Eu vou ajudar a Sen! – disse ele com afinco.

— É melhor então acharmos um lugar para você passar esta noite. – Disse Lin, entrando na salinha.

— Sen, pode ficar no meu quarto! Mamãe nunca desconfiaria que Sen está lá! – Animou-se Bebê.

— Puxa, obrigada! – Agradeceu Chihiro. Bebê tinha um coração naturalmente bom, seu lado  estragado era devido aos excessos de cuidados da mãe.

— Não sei não, acho que é mais perigoso ainda. – reclamou Lin.

—Sen, pode dormir debaixo da minha cama. – “ Debaixo da cama dele deve ser uma mansão”, pensou Chihiro.

— Tudo bem. – Concordou Lin. – Mas primeiro temos que disfarçar o seu cheiro, Sen. Tome, coma esse arroz. Quanto mais comer da nossa comida mais ficara próxima de nós. – Lin entregou a Chihiro  a cumbuca de arroz.

— Use isto aqui também. – Era Kamaji, este pôs em volta do pescoço dela um cordão amarrado a uma caixinha de madeira. – São ervas fortes, vão disfarçar bem o seu cheiro.

— Obrigada amigos! – disse Chihiro emocionada, ficou um pouco envergonhada por só falar em Haku. Lin e Kamaji também lhe eram importantes, devia dar-lhes mais atenção.

—Ah, Sen. – Lin a abraçou ternamente. – Vamos, eu irei levá-la até lá em cima.

— Bebê também vai.

— Certo. – E voltando-se para Kamaji, inclinou-se – Adeus senhor Kamaji!

— Adeus menina, boa sorte em sua jornada! – Despediu-se ele.

— Vamos Sen! – gritou Lin, que ia na frente.


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