Bring Me Home escrita por Luh Marino


Capítulo 11
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Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Só tenho duas coisas pra falar, bem rapidinho! Primeiro: desculpem a demora da atualização. E segundo: espero que gostem do capítulo. Algo me diz que vocês vão gostar. ( ͡° ͜ʖ ͡°)



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Dormi mais de doze horas direto durante a noite, acordando quase que extrapolando o horário de almoço - ambas situações que não eram comuns na minha rotina. Acho que estava exausta mesmo. E não digo apenas fisicamente. Aparentemente meu clamor às forças superiores que comandam o universo deram certo.

Troquei o pijama por roupas leves e fui ao banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. Pelo que vi na fresta da janela, o sol estava ardendo e o calor deveria estar insuportável. Em seguida, desci até a cozinha. Rosa e Alexy riam enquanto terminavam de preparar o almoço, que pelo cheiro era alguma massa. Leigh estava apoiado na ilha no centro do cômodo.

— Bom dia. — cumprimentei, recebendo respostas animadas.

— Finalmente, Bela Adormecida — Alexy piscou para mim, fazendo-me rir. — Tava cansadinha, é?

— Acho que sim. — rimos em uníssono. Houve um breve silêncio antes que eu voltasse a me pronunciar: — Cadê Lysandre?

— Ele e Castiel foram no mercado mais próximo comprar coisas para a janta de hoje e buscar alguns suprimentos para a fazenda. — Leigh respondeu.

Me perguntei se ficou tão óbvio que eu não estava interessada apenas onde o irmão dele estava, ou se ele citou Gillard apenas por inocência.

Perguntei a Rosa e Alex se eles precisavam de ajuda com a comida e eles disseram que não, que já estava quase pronto. Mas pediram para que eu e Leigh começássemos a pôr a mesa na sala de jantar, e assim o fizemos, distribuindo pratos e copos.

— Os meninos vão chegar logo? — perguntei.

— Imagino que sim, já faz certo tempo que eles foram. Se tivesse acontecido alguma coisa, acho que eles ligariam pra avisar.

Apenas assenti em concordância e coloquei o último prato no lugar. Em seguida, ajudei os cozinheiros a levarem também as panelas à mesa, e quando já estava tudo posto, me senti em um filme. Na minha casa, a gente pegava a comida diretamente do fogão e comia no sofá da sala. Era interessante comer na mesa, em uma sala específica de jantar. Acho que nunca tinha passado por aquilo antes.

Fui rapidamente ao banheiro e, ao voltar, passei na frente da porta justo quando Lysandre e Castiel chegavam, com algumas sacolas de mercado.

— Lot. Bom dia. — Lys me cumprimentou, e eu sorri para ele, já pegando algumas das sacolas que ele carregava para ajudar com o peso.

— Charlotte. — Castiel disse, e eu pisquei antes de assimilar que ele realmente estava me dando oi.

— Castiel. — respondi, com um sorriso que tentei (e falhei) esconder.

Levamos as compras para a dispensa da cozinha e Lysandre e Castiel foram lavar as mãos para comermos. O resto de nós sentou na mesa e começou a se servir enquanto os outros dois não voltavam, o que também não demorou muito a acontecer. Logo estávamos todos nos satisfazendo com a deliciosa lasanha preparada pelos meus dois melhores amigos. Nem eu imaginava que as habilidades culinárias deles chegavam àquele nível.

Leigh e Lysandre se enfiaram em uma conversa sobre a fazenda e as compras que o último havia feito. Eu poderia entender o assunto do qual falavam se me esforçasse para prestar atenção, mas não tive a mínima vontade. Alexy e Rosalya também resolveram conversar entre si, algo sobre a última coleção primavera-verão de uma das lojas favoritas deles. Eu sequer conhecia o estabelecimento, e imaginei que fosse algum que ainda não existia antes de eu me mudar para Toronto.

Foi só então, estando completamente isolada dos assuntos que circulavam a mesa, que notei quem sentava à minha frente.

Aparentemente, minha vida havia virado um enorme clichê.

Castiel praticamente engolia a comida sem mastigar, como se tivesse passado fome nos últimos seis meses. Mas, na verdade, aquele já era seu comportamento desde que eu o conhecia. Num primeiro momento me surpreendi, só então lembrei que aquilo era normal dele e soltei uma risada fraca. Isso chamou a atenção dele, que me olhou enquanto mastigava uma enorme garfada de lasanha.

A imagem só me fez rir mais.

Tá rinfo da minfa fara, Farlotte? — ele perguntou de boca cheia, e eu quase não entendi o que ele disse. Ri ainda mais, se é que era possível.

— Talvez. — respondi.

Ele bufou, que eu não consegui interpretar como irritação ou se estava achando graça, mas tratando-se de Castiel… imaginei que fosse a primeira opção e voltei a comer quieta. Logo só se ouvia o tilintar dos talheres.

Não demorei mais de vinte minutos para terminar meu prato, e levei minhas louças à cozinha para lavar. Ao terminar de colocar tudo no escorredor, virei-me para voltar à sala de jantar. Castiel estava parado no arco que dividia os dois cômodos, com suas louças nas mãos.

— Posso lavar os seus, se quiser. — ofereci, e ele deu de ombros e se aproximou para me entregar o que utilizara. Só então notei… — Sua cara tá suja.

Ele arqueou uma sobrancelha. Eu usei minha mão e apontei o local no meu próprio rosto. Ele pegou a faca e usou de espelho, confirmando que havia molho espalhado ao redor da boca. Reconheci um mínimo rubor tomando conta de suas bochechas, e quase sorri e fiz uma piada indefesa. Mas ele já estava constrangido, e eu já havia possivelmente o irritado poucos minutos mais cedo, então tive que me controlar.

Virei para lavar suas louças e não ouvi mais nenhum barulho, então simplesmente assumi que ele havia voltado à sala como eu mesma havia planejado fazer.

Qual foi minha surpresa quando, ao voltar-me para seguir meu plano inicial, ele ainda estava ali. Escorado na ilha no centro da cozinha, como Leigh havia feito mais cedo, enquanto mexia no celular distraidamente. Parei meus movimentos no mesmo instante, e meu chinelo em atrito com o chão fez um barulho irritante. Ele olhou para mim.

E ficamos assim por alguns segundos. Eu já tinha certeza que morreríamos daquele jeito, um olhando para a cara do outro sem ninguém falar nada. Mas Castiel interrompeu o silêncio.

— Você se mudou e voltou mais tímida?

Minhas sobrancelhas se arquearam quase como num reflexo.

— Não. Claro que não. Eu só… — não sabia o que dizer. Ou melhor, não sabia como dizer.

Tenho medo de levar patada sua.

Ele bufou e revirou os olhos, novamente com aquela sombra de um sorriso no canto dos lábios. Eu queimei por dentro.

De ódio. Vamos deixar claro.

— Tá com medo, Charlotte? Eu não mordo.

— Ah, sei.

Ele respirou fundo e soltou o ar lentamente. Desencostou da bancada. Deu um passo à frente. E depois outro. E quando eu vi, ele estava mais perto do que provavelmente era necessário.

— Charlotte, eu já pedi desculpas. Você já pediu desculpas. — ele estava sério. Sério mesmo. De verdade. Muito sério. — Você vai ficar pisando em ovos pra cima de mim ou a gente vai agir que nem os adultos que somos?

Eu realmente não fazia ideia de que aquilo estava por vir. Talvez a idade passando fazia minha memória falhar, ou talvez Castiel nunca havia sido tão direto comigo.

— Ok. — foi a única coisa que consegui dizer.

Então ele sorriu, um sorriso sincero, sem nenhum traço de seu cinismo habitual. Sem mostrar os dentes, mas ainda assim verdadeiro.

Virou-se. E foi embora.

Aparentemente essa era sua mais nova mania. Que me deixava pegando fogo - de ódio. Como já estabelecemos previamente.

Quando Leigh me disse, mais cedo, que Lysandre e Castiel haviam saído para ir ao mercado buscar coisas para o jantar, eu havia imaginado o básico. Talvez uma ou duas cabeças de alho, no máximo algum tempero diferente. Nunca passaria pela minha cabeça que eles haviam ido buscar farinha, fermento, azeite e quinze opções de recheio para que fizéssemos nossas próprias pizzas caseiras.

Sim, desde a massa. Como se estivéssemos nos tempos das cavernas.

Claro que não deixei passar e perguntei se as pizzarias da cidade não entregavam na roça onde estávamos, mas fui lindamente ignorada. A única resposta que recebi foi um olhar engraçado do ruivo, como quem me desse um tapinha nas costas pela tentativa de piada aprovada.

Como se eu precisasse da aprovação dele.

De qualquer forma, Alexy me convenceu a participar da oficina de cozinheiros alegando que seria uma experiência divertida. Eu não podia dizer ele estava certo, pois estaria mentindo, mas no fim das contas não foi tão ruim quanto eu imaginei. Quero dizer, depois de sujarmos a cozinha inteira, além de nós mesmos; e depois de perdermos algumas massas que grudaram no teto ou na luminária (e foi difícil tirá-las de lá); e até mesmo um utensílio que saiu voando pela janela aberta - até que foi proveitoso. Mas só pela comida que poderíamos desfrutar depois de todo o trabalho que tivemos.

Enquanto as pizzas assavam, cada um teve seu turno indo tomar banho para tirar toda a farinha e molho e queijo no qual estávamos todos cobertos enquanto um ou dois vigiavam. Eu fui uma das primeiras a ir me lavar, e ninguém me contradisse - provavelmente não querendo me irritar ainda mais.

Veja bem, o caso não era uma falha de caráter minha, na qual eu não passava de uma garota mimada e fresca. Mas eu já havia tomado banho mais cedo, não havia levado xampu o suficiente para aquela lambança toda, e acabei tendo que lavar uma calcinha no banho, ou também não teria o número do qual precisava para passar ainda mais um dia ali.

Mas não adiantava chorar sobre o leite derramado.

Voltei para a cozinha em alguns minutos e me encontrei sozinha enquanto as pizzas assavam. Não tínhamos colocados elas no forno há muito tempo, então aquilo me tranquilizou pois assim eu sabia que não iria precisar tirar nada do fogo ainda - pois claramente não conseguiria fazer isso com a ajuda dos meus dois braços fracos. Apenas sentei-me em cima de uma bancada (que alguém também já havia limpado, graças a deus) enquanto mexia no celular. E apesar do wi-fi ser muito bom, eu não queria usar a internet ou redes sociais naquele final de semana, pois não queria me preocupar com as coisas mundanas como trabalho ou faculdade.

Então gastei meu tempo jogando Two Dots.

Já havia completado o desafio da semana e outras duas fases quando ouvi o barulho da porta, indicando que outra pessoa havia chego. Não olhei para ver quem era, no entanto, porque aquele mesmo perfume amadeirado tomou conta de todo o ambiente. Fiz um quadrado com pontos amarelos e senti o calor de um braço encostando no meu. Pela visão periférica, notei Castiel espiando meu celular.

— Esse jogo é horrível. — foi o que ele teve a audácia de dizer.

Parei meus movimentos e olhei para ele. Ele me encarava com uma mistura de desdém e indiferença.

— Isso é um absurdo.

— Um absurdo é você jogar isso aí.

— Castiel! — ele deu de ombros. — Não existe jogo melhor que Dots.

— Claro que existe. Vários, inclusive.

— Vai dizer que você joga o que? Piano Tiles? — ele sorriu.

— Na verdade. Sim. — eu rolei os olhos e voltei a prestar atenção no meu jogo. — Muito superior a isso aí que está somente gastando memória no seu celular.

— Por favor.

Ficamos em silêncio.

Aquele era o tipo de discussão besta que tínhamos quando ainda estava tudo normal e minha vida não havia mudado de cabeça para baixo. Novamente aquele sentimento de nostalgia intensa tomou conta de mim. E eu não consegui conter um sorriso. E o ruivo ao meu lado também não, já que ouvi ele soltando um riso nasalado.

— Você não mudou nada. — ele disse.

Fiz outro quadrado, agora explodindo todos os pontos azuis e passando mais uma fase. Olhei para ele, que já me encarava de volta. Pensei ter visto suas pupilas deslizarem lentamente para a direção a sul dos meus olhos, mas…

Os outros voltaram para a cozinha. Ambas a minha atenção e a de Castiel se voltaram para eles, que já estavam todos de banho tomado também.

Não demorou muito para que estivéssemos comendo nossas pizzas, dessa vez do lado de fora da casa, olhando para o quintal e o céu estrelado. Jogamos conversa fora a noite inteira e foi como se o tempo não tivesse passado, nada tivesse mudado e ainda éramos o grupo de amigos que só sabiam se divertir no colégio como sempre.

Apaguei a luz ao mesmo tempo em que abria a porta do banheiro. Havia bebido água demais antes de dormir e, como resposta do meu organismo, tive que levantar para uma ida ao banheiro no meio da madrugada. A casa de Lysandre era enorme e, com isso, o quarto que foi designado a mim não era um dos mais próximos do banheiro. Era necessário andar um pouco e virar no fim do corredor, e chegava até a ser um pouco assustador.

Voltei para o quarto silenciosamente, nas pontas dos pés, e olhando para o chão a todo momento. O quarto era imediatamente ao lado da escada, e qual foi minha surpresa ao ouvir passos nos degraus. O coração disparou de medo, mas ao ver quem havia subido e se encontrava parado na minha porta com a mão erguida em punho, parecendo decidir se batia ou não na madeira; aquela foi a visão que realmente fez meus batimentos cardíacos irem à loucura.

Os cabelos vermelhos estavam presos para trás novamente, como estavam no show. Seu pescoço ficava exposto. Eu senti um arrepio passar por cada célula do meu corpo.

Ele não notou minha aproximação, e me quebrou ver que sua decisão final foi a desistência. Ele já havia descido alguns degraus quando me fiz percebida, de maneira sussurrada para não acordar os outros hóspedes.

— Castiel? — ele parou com os movimentos na hora. — O que queria, está tudo bem?

Ouvi um suspiro escapar de seus lábios antes que ele se virasse, não completamente, para me encarar.

— Não, eu só…

A frase não foi terminada.

Ele murmurou algo que não consegui ouvir mesmo com a distância não sendo longa. Passou os dedos pelos olhos em um gesto de cansaço e subiu um degrau.

Minha respiração falhou.

Castiel subiu mais um degrau, ficando no mesmo nível que eu, e agora estava com o corpo completamente virado em minha direção. Ficamos de frente um para o outro por mais alguns segundos, eu deveria estar o encarando completamente confusa enquanto ele se recusava a me olhar nos olhos, passando seu olhar por mim e pelo ambiente à nossa volta repetidas vezes, sem nunca parar em um único foco. Eu tremia um pouco de frio, já que meu pijama de flanela não esquentava muito e o matagal ao redor da fazenda fazia o clima se amenizar à noite, longe do sol escaldante do dia. Castiel devia entender, já que usava uma camiseta velha e uma calça de moletom para se proteger da baixa temperatura.

Mas o frio não era o único motivo da minha tremedeira.

Castiel não parecia mover um único milímetro do corpo além dos olhos inquietos, e sua falta de atitude já me causava nervoso. Eu estava a poucos segundos de exigir uma resposta quando ele soltou mais um suspiro, mais alto que os anteriores, e veio em minha direção com uma rapidez que me assustou.

Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, suas mãos já estavam emaranhadas em meus cabelos e sua boca já colada na minha.

Meus olhos se fecharam automaticamente.

O familiar gosto de sua língua invadiu meu paladar ao mesmo tempo em que meu corpo se impulsionava em direção ao dele, velhos conhecidos voltando a se encontrar. Era como uma dança onde tudo parecia se encaixar perfeitamente, e eu percebi que havia sentido muito mais falta do que tinha imaginado. Naquele momento era como se nada mais faltasse, e não era necessário buscar sentido em mais nada além daquele beijo.

Um de seus braços desceu e me puxou ainda mais próxima pela cintura, apertando meu quadril com certa força, mas sem nunca me machucar. Minhas unhas se arrastavam por sua nuca, e eu não conseguia me manter parada, e sabia pelos gestos que Castiel sentia o mesmo.

Não soube quanto tempo se passou naquele beijo que tanto faltara até que ele me soltasse e desse alguns passos para trás. Meu corpo imediatamente sentiu a ausência, e o calor que havia me preenchido há poucos já voltava a se esvair.

Castiel não me deu a chance de falar algo antes de descer rapidamente as escadas em direção ao seu “quarto”, uma sala-escritório no térreo da casa.

Permaneci ali por mais alguns minutos, respirando sem ritmo algum e tentando retomar o controle sobre mim mesma até que finalmente consegui me mover o suficiente para voltar ao quarto e perder horas de sono pensando no ruivo. Não foi uma boa noite.

Quer dizer, depende do ponto de vista.


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Notas finais do capítulo

ALSKDLSAKDOSPAOKDOSAKDOASKD
EU AMO ESSE CAPÍTULO!!!
E não é só por causa dessa cena final, ok?!?!? Eu gosto de todas as cenas desse capítulo, cada uma das interações da Lottie e do Castiel, eu AMO esse jeitinho deles, ai meu deus.
Tá permitido surtar com a própria fanfic? KSDKJASDK
Vou contar pra vocês que a cena do beijo foi uma das primeiras que eu escrevi, tipo, antes de metade dos outros capítulos estarem prontos ela já estava lá, certinha. Mudei ela de lugar várias vezes, inclusive. Mas finalmente acho que ela ficou perfeita assim.
E aí, gostaram???? Por favor, comentem!!
Espero postar em breve. Até lá! ♥



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