Onírico escrita por Deusa Nariko


Capítulo 4
Capítulo IV: Os Forasteiros


Notas iniciais do capítulo

Boa noite~
Quarto capítulo de Onírico, espero que gostem e boa leitura!



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CAPÍTULO IV:

Os Forasteiros

•♦•

HOUVE UMA COMOÇÃO ao redor de Sasuke e Sakura assim que o ancião pronunciou as suas estranhas boas-vindas. E se antes os aldeões os encaravam de soslaio, seguindo seus movimentos com o mínimo de discrição, agora se aglomeravam em volta de ambos cheios de perguntas na ponta da língua como de onde eles vinham e o que procuravam num lugar tão remoto.

Antes que a situação escalasse para algo fora de controle, Sachiko intercedeu em nome dos dois Shinobis, gesticulando com as mãos para que todos se afastassem:

— Por favor, eles salvaram a minha vida e a vida de Shouta-kun! Não são ameaça!

A declaração exasperada serviu para amainar os ânimos exaltados, mas não para fazer cessar o sentimento de desconfiança por parte dos moradores de Iwaki. Coube então às crianças explicarem o que houve usando o mínimo de palavras para relatar como foram encurralados por Iori e Susumo, e como foram salvos pelos ninjas de Konoha, que muito solicitamente também os acompanharam de volta para casa.

A mãe de Sachiko, que se chamava Yumiko, juntou-se à filha a seguir para dispersar a multidão de curiosos, e o olhar de gratidão que dedicou aos forasteiros depois de saber o que haviam feito por sua filha não passou despercebido.

Mas os moradores demonstraram abertamente que não se contentariam com meias palavras ou explicações vagas, e apesar de já não dardejarem olhares suspeitos, ainda não davam sinais de que tencionassem se afastar.

Pressentindo isso, tanto Sasuke e Sakura se preparavam para uma escapada dramática quando Yumiko abriu caminho pelo mar de pessoas a cotoveladas para mais ou menos intimar os Shinobis para que a acompanhassem sem demora.

Entreolhando-se — e vendo-se sem alternativa —, eles decidiram por segui-la, subindo por um aclive com Sachiko e seu avô no encalço, e um Shouta relutante um tanto mais atrás. Os seis se encaminharam, sem desvios, para uma casa modesta de madeira que se empoleirava no topo da inclinação, muito bem cuidada e com canteiros de flores ornamentando-a.

Yumiko e a filha foram as primeiras a passar pela porta, seguidas do avô. Elas gesticularam para que ambos entrassem na residência e a porta foi fechada assim que Shouta a atravessou, abafando os murmúrios e resmungos dos demais que foram deixados para trás.

Apertados no vestíbulo da casa, Yumiko e Sachiko se permitiram um suspiro de alívio. Sasuke e Sakura se entreolharam cautelosamente, aguardando com diligência o desdobramento do próximo acontecimento.

A Kunoichi foi a primeira a quebrar o silêncio, sentindo-se culpada pelo alvoroço que criaram lá fora:

— Sentimos muito. Asseguro que não era nossa intenção causar uma perturbação como essa no vilarejo.

Yumiko lhe sorriu gentil.

— Não precisa se desculpar. Se realmente salvaram a vida de minha filha e a de Shouta-kun, então sou eu quem precisa lhes pedir desculpas pelo comportamento grosseiro que presenciaram. Alguns de nossa comunidade aparentemente se esqueceram dos bons modos.

 — Não, não precisa pedir desculpas por isso! — Sakura se adiantou. — Sachiko-chan nos explicou o que está havendo e nós entendemos perfeitamente o sentimento de reserva e até mesmo de hostilidade que a visão de dois Shinobis pode desencadear no seu vilarejo.

Ela voltou seus olhos para o idoso, finalmente.

— E ficou bastante claro para mim que éramos esperados aqui, não é?

O velho enrubesceu, alisando o topo da careca e desviando os olhos em desconcerto. Mas ela ainda não havia terminado:

— O senhor nos vendeu um mapa do vilarejo sabendo exatamente quem éramos. E nos atraiu para cá para que lidássemos com a situação. Não estou equivocada, estou?

O velho limpou a garganta com uma tosse e fitou a ambos.

— Peço perdão pela maneira escusa como os recrutei, mas tempos desesperados requerem medidas desesperadas, e eu sabia que não poderia pedir ajudar abertamente, não sem chamar a atenção de Iori e de seu bando de criminosos. Vender sorrateiramente um mapa a vocês, Shinobis da Folha, foi o método mais discreto que encontrei...

— E que não funcionou, Jii-chan — Sachiko o interrompeu entre risos. — O senhor é um péssimo cartógrafo, fez Sasuke-san e Sakura-san andar em círculos por dias!

O velho voltou a enrubescer, mas não ofereceu qualquer réplica para a neta. O clima leve fez com que Sakura juntasse-se à menina no riso, e até mesmo Yumiko estava esboçando um sorriso ínfimo no fim.

— Mas, por favor, entrem, entrem! — a anfitriã os convidou, indicando o caminho.

A casa era pequena, porém aconchegante e muito organizada. Sasuke e Sakura se despojaram dos sapatos e das capas pesadas que usavam para avançar pelo vestíbulo rumo a um cômodo que Sakura deduziu se tratar de uma antessala própria para visitas. Havia uma mesa no centro com um vaso de peônias frescas decorando-o e foi ao redor dela que todos se espremeram.

Sasuke, um tanto desconcertado, notou os olhares atravessados que recebera por parte de Shouta para o seu braço esquerdo, ou melhor, para o que restara dele. Yumiko se ofereceu para preparar chá para todos e demandou a ajuda da filha, arrastando-a consigo para a cozinha e retornando minutos depois com um bule fumegante e copos para todos equilibrados sobre uma bandeja.

— Obrigada — Sakura agradeceu quando uma solícita Sachiko serviu chá de nêspera no copo de porcelana fina.

Sasuke bebericou seu chá, imerso num silêncio contemplativo, enquanto a Kunoichi preferiu iniciar uma conversação amigável.

— O vilarejo é muito mais bonito do que imaginei.

Yumiko aquiesceu, sorrindo.

— Precisa vê-lo na primavera quando todas as cerejeiras florescem desde o topo da montanha. Dificilmente encontrará visão mais inspiradora. — E, olhando de Sasuke para Sakura, acrescentou num tom de cumplicidade: — Ou mais romântica.

Sakura disfarçou o rubor delicado que esquentou suas faces com outro gole do chá e espiou a expressão de Sasuke, mas ele permanecia plácido como a superfície de um lago. Alheia a isso, Yumiko continuou:

— Além disso, há um templo no topo da montanha e uma lenda antiga que o cerca que diz que os casais que o visitam jamais se separam, isso porque a divindade que é cultuada lá é conhecida por abençoá-los com boa sorte. Era um dos motivos por que recebíamos tantos viajantes, especialmente jovens amantes. — Ela riu, agitando uma mão diante da face. — Ou pelo menos é o que dizem os supersticiosos.

Sasuke então se manifestou pela primeira vez desde que entrara na casa.

— As crianças nos contaram o que está havendo com o seu vilarejo.

Yumiko suspirou, as crianças se encolheram, com Shouta desviando o olhar raivoso para um canto vazio do cômodo, enquanto o único a se pronunciar foi o ancião:

— Eles chegaram um tempo depois que correram os boatos de que a Quarta Guerra Ninja havia terminado. Eram poucos no início, mas não demoraram a crescer, fixando raízes na nossa região como uma erva daninha. Eles assaltavam e ameaçavam os viajantes que vinham até o nosso vilarejo, e quando os turistas passaram a deixar de vir voltaram os olhos para o nosso vilarejo. Honestamente, não sei por que eles ainda estão aqui ou o que pretendem, mas tenho um péssimo pressentimento sobre isso.

“Além disso, o homem que os lidera jamais se revelou para nós. Não, ele sempre prefere enviar seus capangas para nos extorquir e fazer ameaças. — O ancião balançou a cabeça, pesaroso. — Alguns até tentaram lutar e resistir, mas foram severamente punidos por isso. Eles nos dominam pelo medo e pela força, e não possuem escrúpulos porque não se importam em amedrontar crianças, como a minha neta.

Ele estendeu uma mão manchada para acariciar o topo da cabeça de Sachiko de forma distraída.

— Peço desculpas mais uma vez pela forma como os recrutei em Moyama. Não era a minha intenção, a princípio, arrastá-los para os nossos problemas. Na realidade, eu preferiria informar o Raikage sobre o que está havendo e pedir por ajuda, mas não conheço nenhuma forma segura de fazer isso, não sem atrair a atenção daqueles bastardos!

— Tou-chan! — Yumiko o censurou por proferir o termo pejorativo na presença de suas crianças, o que fez o ancião enrubescer e se desculpar.

— Enfim — ele recomeçou —, quando ouvi os rumores de que estavam de passagem pela cidade, especialmente você — olhou para Sasuke de modo incisivo —, Uchiha Sasuke, eu soube que não poderia desperdiçar a oportunidade. Afinal, você é o último de uma linhagem afamada, embora igualmente perigosa.

Em seguida, dedicou um olhar afável para Sakura, acompanhado de um sorriso largo.

— E você, quem diria, é a discípula daquela mulher enérgica e beberrona! Conhecida por sua força bruta e por sua beleza — E gargalhou.

— O senhor conhece a Tsunade-sama?! — Sakura indagou, espelhando o sorriso do ancião, que anuiu repetidas vezes.

— Are, como haveria de me esquecer? Ela veio ao nosso vilarejo uma vez. Eu era um pouco menos velho do que sou hoje. E aquela mulher! Ela bebeu comigo e mais alguns amigos durante toda a noite, jogamos cartas e ela perdeu um valor notável para nós, a Lendária Perdedora.

— O senhor realmente a conhece — Sakura murmurou num tom desconcertado.

— Você me faz lembrar muito dela. Tem a mesma vivacidade e o mesmo espírito. E, é claro, a mesma beleza encantadora.

Sakura enrubesceu e murmurou um agradecimento ao ancião da forma mais polida que encontrou.

— Não há necessidade de formalidades, pode me chamar pelo meu nome: Isao.

Sakura curvou o corpo para frente, solene.

— Obrigada, Isao-sama. Nós agradecemos a todos pela hospitalidade — disse ao se empertigar, fitando Yumiko e as crianças.

— Nós é que temos que agradecê-los. Salvaram a vida de minha filha e a vida de Shouta — Yumiko replicou com um sorriso pequeno. — É o mínimo que eu podia fazer por ambos. E eu adoraria que ficassem para o jantar. Nossa casa é pequena e as refeições são simples, mas sempre há espaço para mais um... Ou dois, no caso. Além do mais, gostaria que aceitassem meu convite para dormirem essa noite aqui também. Suponho que estejam bastante cansados.

— Yumiko-san, é muita gentileza, mas eu não sei se poderíamos — Sakura se adiantou, mas foi interrompida por uma Sachiko suplicante.

— Por favor, aceitem! Dormiríamos mais tranquilos com ambos por perto também! Vocês acabaram de chegar, não podem estar planejando partir tão depressa, não é?!

Sem saber como respondê-la apropriadamente — e atenuar seus medos —, Sakura se limitou a sorrir para a menina com cortesia. Eles aceitaram o convite de Yumiko para o jantar, mas continuavam incertos sobre passar a noite ali. Mais tarde, ela decidiu que perguntaria a Yumiko se havia alguma estalagem disponível no vilarejo.

Quando todos se dirigiram à cozinha para começar a preparar o jantar, Sasuke abriu uma porta de correr que dava para a varanda. O céu estava profundamente alaranjado devido ao pôr do sol. Uma brisa suave soprava a grama nos outeiros e as flores perfumadas nos galhos das ameixeiras.

Sasuke recostou-se ao batente da porta e observou a paisagem com dedicação. O vilarejo estava bastante calmo àquela hora e viam-se poucos passantes nas vielas clivosas. Sakura se aproximou dele sem fazer ruído algum e baixou o tom para que aquela conversa sussurrada não fosse ouvida por mais ninguém.

— O que acha, Sasuke-kun? Depois de tudo o que ouvimos, eu me sentiria horrível se nós os deixássemos nas mãos de cretinos como Iori e Susumo. Essas pessoas estão sofrendo em silêncio há tempos demais.

Sasuke estreitou o único olho visível, negro feito uma lasca de azeviche.

— Ouviu o que Isao disse? O líder deles jamais se revelou, permaneceu esse tempo todo nas sombras — comentou sombrio.

— E isso te preocupa?

— Isso... me inquieta — ele admitiu relutante; uma brisa mais impetuosa afastou o cabelo negro do seu rosto e descobriu o olho esquerdo, revelando a órbita tomada pelo lilás com um padrão anelado de linhas negras que convergiam para uma pupila minúscula no seu centro: o olho do Rinnegan. — Talvez eles não sejam tão ineptos quanto pensamos; seus objetivos podem ser mais complexos do que aparentam.

— Talvez devamos aguardar um pouco, reunir mais informações e ver o que acontece — ela sugeriu.

Sasuke anuiu, apertando os olhos contra o horizonte.

— Não quero alertar o Kakashi sem necessidade, não se pudermos resolver a situação por conta própria. E ainda há o Raikage na equação. Parece que uma organização criminosa poderosa está se formando bem sob o nariz dele sem que ele tenha conhecimento.

— Todas essas pessoas estão assustadas demais para tentar buscar ajuda de Kumo — Sakura concluiu num suspiro. — Isao-sama parece ser o único que ainda está tentando.

— E aquele garoto — Sasuke acrescentou com o olhar vago. — Tem algo nele que me é familiar.

Sakura riu delicadamente.

— Shouta-kun? Ele me faz lembrar de você quando era genin.

Sasuke concordou, porém, suas palavras carregavam um sentimento agourento que pesou no peito de Sakura.

— Sim, a mesma escuridão. As mesmas sombras.

Sakura teve uma epifania, ligando pontos para os quais antes não tinha se atentado, advindos de comentários que ouviu de Sachiko mais cedo.

— Será que ele...?!

Apertou um punho contra o coração e cerrou a mandíbula, revoltada com a possibilidade de que a sua suspeita possuísse um fundo de verdade. Pensar em uma criança como Shouta passando pelo mesmo que Sasuke passou, sofrendo o que Sasuke sofreu a enraivecia e a enchia de pavor.

Mais tarde, o jantar foi servido e todos voltaram a se acomodar ao redor da mesa que, embora pequena, estava abarrotada de comida. Foi uma refeição muito agradável e ninguém ousou tocar em assuntos espinhosos. Yumiko e Sakura foram as que mais conversaram, com a mulher lhe fazendo todo tipo de pergunta sobre Konoha e sobre a vida de Kunoichi e Iryō-nin.

Horas depois, Sasuke e Sakura se despediam à porta da casa, pois ela havia sido enfática quanto a ambos dormirem numa estalagem para maior comodidade de todos. Yumiko e Isao relutaram, mas acabaram por aceitar.

— Se subirem essa rua — a mulher apontou para uma trilha arborizada e íngreme de cascalhos à direita —, encontrarão uma pensão no topo de uma elevação com muitas ameixeiras ao redor. A proprietária é a Mahina-san. Caso ela pergunte, podem dizer que eu a indiquei.

— Muito obrigada, Yumiko-san — Sakura agradeceu muito polidamente.

Desceu os olhos e encontrou o rosto inconsolável de Sachiko, escondida atrás da mãe. A Kunoichi sorriu apaziguadora.

— Não se preocupe, Sachiko-chan, amanhã nos veremos novamente!

— Promete? — Os olhos grandes e verdes da menina suplicavam por uma resposta positiva e foi o que Sakura deu a ela.

— Eu prometo. Sasuke-kun e eu não pretendemos ir a lugar algum.

Ela ainda acenou com entusiasmo para Sachiko, que retribuiu o gesto com um pouco mais de empolgação do que antes, agora que estava convencida de que eles não partiriam do vilarejo à surdina na calada da noite e os abandonariam à própria sorte para Iori e seu bando.

Sasuke e Sakura seguiram pelo caminho indicado num compasso despreocupado. Havia estrelas no céu noturno e a lua cheia abrilhantava o trajeto, clareando os troncos silenciosos das árvores antigas e os cascalhos da trilha. Grilos cricrilavam na mata e Sakura pensou ter ouvido o pio de uma coruja solitária em algum lugar.

Perto do fim da trilha, uma claridade incomum se infiltrou pelas árvores antes que ambos pudessem ter o primeiro vislumbre da pensão, erguida no topo da inclinação contra um paredão de pedra da montanha. Tratava-se de uma construção de três andares, de madeira, com um telhado anguloso, sacadas charmosas e lanternas de papel vermelho e amarelo penduradas na varanda do primeiro andar. Mariposas dançavam ao redor das lanternas, agitando suas asas num zumbido contínuo.

— Puxa! — Sakura sussurrou devido ao deslumbre da visão da fachada da pensão charmosa.

Aproximaram-se e ela abriu a porta de correr sem cerimônias.

— Estamos entrando!

Anunciou ao cruzar o vestíbulo só para se deparar com uma recepção muito bem organizada e charmosa. O assoalho de madeira era impecável, as paredes estavam decoradas por pinturas antigas e havia vasos grandes com plantas e flores, além de um balcão de madeira lustrosa de cerejeira num canto. Mas, que também estava vazia no momento.

Ela se aproximou do balcão, seguida por Sasuke, e espiou o corredor ao lado. Num instante, uma figura surgiu de um cômodo contíguo e se revelou para ambos na recepção bem iluminada. Era bela, e Sakura não lhe daria mais do que trinta e cinco anos, vestida com um quimono estampado bonito e com o cabelo escuro preso num penteado sofisticado. A pele era negra e os olhos, impressionantemente dourados.

Ela olhou de Sakura para Sasuke com um ar de indagação, o que fez Sakura se adiantar para explicar a situação.

— Desculpe-nos pela invasão, mas precisamos de um lugar para dormir e Yumiko-san muito gentilmente nos indicou a sua pensão. Você é a Mahina-san?

A mulher abriu um sorriso discreto com a menção do nome de Yumiko, mas seus olhos intensos e dourados ainda conservavam aquela aura de especulação e não pareciam se cansar de galgar de um rosto para o outro.

— Sim, eu sou a Mahina. E vocês devem ser os Shinobis de Konoha que causaram a comoção de mais cedo.

— Sou Haruno Sakura — ela se apresentou, cordial, e indicou para o homem ao seu lado: — E esse é o Sasuke-kun.

— Sei bem quem ele é — a mulher acrescentou de forma ambígua num murmúrio. — E vocês são bem-vindos para ficar na minha pensão por quanto tempo precisarem.

— Muito obrigada — Sakura anuiu, muito embora o comentário anterior daquela mulher misteriosa tivesse acendido uma centelha de desconfiança no seu íntimo.

Mahina apanhou um livro de registros sob o balcão e pediu para que ambos se registrassem, dando-lhes instruções concisas:

— Podem ficar com o quarto principal. Já faz algum tempo que a minha pensão não recebe hóspedes e vocês devem imaginar bem o motivo — comentou secamente. — Há uma casa de banhos nos fundos e as refeições são servidas nos próprios quartos, embora haja uma sala de refeições no primeiro andar caso seja de suas preferências.

— Assim está bom — Sasuke assegurou, manifestando-se pela primeira vez desde que pisara ali, talvez por que estivesse cansado e só quisesse subir logo para o quarto designado.

— Venham comigo — a hospedeira pediu assim que ambos se registraram, desaparecendo pelo corredor contíguo à recepção.

Mais uma vez despojados de seus sapatos e capas, ambos seguiram-na pelo corredor e depois por dois lances de escada até o último andar. Havia um único quarto no terceiro piso e foi para lá que Mahina os levou. Ela deslizou a porta e acendeu as luzes para revelar um cômodo muito espaçoso e organizado.

— Trarei yukatas limpos para que possam tomar banho num instante. Caso precisem de qualquer coisa, basta me chamar; estarei no térreo.

E se foi, fechando a porta e deixando para trás uma Sakura embasbacada que ainda tentava absorver a visão adorável daquele quarto. Havia um armário embutido numa parede para as bagagens e os pertences dos hóspedes, e as paredes ali ainda eram ornamentadas por belas pinturas e alguns vasos menores, porém meramente decorativos; sem flores ou plantas.

A janela-balcão estava cerrada, mas devia dar na sacada charmosa que Sakura vira antes. Além disso, o assoalho de madeira estava forrado por um carpete macio e, no centro, havia um único futon, grande o bastante para que duas pessoas o ocupassem — indiscutivelmente designado para um casal — e com uma manta estampada por motivos florais.

Sakura olhou para Sasuke num ímpeto, lutando contra o rubor e contra o martelar ensandecido do seu coração, mas ele apenas passou por ela e depositou sua bolsa no chão sem demonstrar qualquer sinal de que havia percebido o seu repentino estado de perturbação, ou se o fez preferiu não demonstrar.

Não seja boba, shannaro!, ralhou consigo mesma e suspirou. Seria uma longa, longa noite e uma parte dela, por menos que quisesse reconhecer, estava exultante por isso.

 

 


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo tem o quê?! Isso mesmo, perversão! >:D
Muito obrigada a todos que estão lendo, comentando e favoritando. Nos vemos no próximo (que eu tô mais do que ansiosa pra começar a escrever akskakska)
Até! o/



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